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Vírus da Raiva: Características e Patogenia

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Características gerais 
• Zoonose, o vírus é neurotrópico (capaz de infectar 
neurônios) e causa uma encefalomielite aguda 
progressiva e fatal. 
• Capaz de infectar a maioria dos mamíferos terrestres 
e aéreos – reservatórios. 
• Final do século XIX → Pasteur determina o 
neurotropismo e estabelece uma cepa estável em 
laboratório, e começa a testar uma vacina em 
animais e humanos. 
• Corpúsculos de Negri, corpúsculo intracitoplasmático 
mais denso próximo ao núcleo da célula infectada 
(neurônio). 
 
• O vírus da raiva (RaV) pertence a ordem 
Mononegavirales, família Rhabdoviridae, gênero 
Lyssavírus. 
• Seu genoma é RNA fita simples, polaridade negativa, 
onde encontramos a proteína N, formando um 
nucleocapsideo com o RNA. A partícula viral é 
envelopada, simetria helicoidal, em formato 
característico de projétil. 
• Apenas uma espécie de RaV, várias estirpes 
selvagens e vacinais. 
• As proteínas N, L e P, juntas formam o complexo 
ribonucleoproteínas (RNP). 
• O envelope viral está associado a proteína matriz, ele 
é formado por uma bicamada lipídica onde 
encontramos a proteína G, que é responsável pela 
absorção e entrada viral. 
→ O vírus possui uma forma de projetil. 
 
Biossíntese 
O vírus da raiva se replica em células musculares 
utilizando o receptor de entrada nicotínico da acetilcolina, 
posteriormente, ocorre uma replicação viral nos 
neurônios utilizando NCAM (molécula de adesão da 
célula neural) e p75 (neurorreceptor p75), o virus adsorve 
e entra por endocitose mediada por esses receptores, 
tendo uma fusão dependente de pH ácido, posterior da 
membrana do endossomo com o envelope viral. Em 
seguida ocorre a transcrição do genoma de DNA com 
polaridade negativa em RNA mensageiros a partir do 
complexo de proteínas RNP. Após esses RNAs serem 
produzidos e traduzidos ocorre uma mudança de fase, 
onde é sintetizado o RNA genômico de polaridade 
negativo para a montagem de novas partículas virais. 
Essa encapsidação e liberação demoram dias, por isso o 
ciclo replicativo é longo, eventualmente esse virus pode 
atingir neurônios, e dentro dele, o virus é transportado 
lentamente até chegar na raiz do gânglio, onde o núcleo 
neuronal se encontra. 
Patogenia 
Inoculação viral: o vírus é encontrado em abundancia na 
saliva do animal infectado, que ao morder um novo 
hospedeiro, inocula através da saliva aberta, expõe o 
tecido ao virus. Outra forma de infecção é por meio da 
lambida na mucosa ou de aspirações de secreções, 
sendo que a entrada via mucosa é grave devido a 
proximidade com o sistema nervoso central. 
A partir da infecção no musculo esquelético, ocorre um 
aumento da carga viral, disseminando o virus que está 
presente no musculo para o neurônio que inerva esse 
musculo por meio da placa motora. Ocorre a ascensão 
do virus através do axônio do neurônio até chegar na 
medula espinhal, essa replicação viral no tecido 
muscular no local e entrada leva dias a semanas para 
acontecer. 
Em seguida ocorre a invasão da fibra nervosa via junção 
neuromuscular, por meio do receptor nicotínico da 
acetilcolina. 
Disseminação do virus a partir desse neurônio via nervo 
muscular ao SNC, ao chegar no SNC, ocorre uma maior 
disseminação desse virus, para estruturas superiores, 
como o encéfalo, e a partir dele, outra redistribuição 
ocorre, para glândulas salivares e outras regiões. 
Ao chegar no encéfalo ele infecta o sistema límbico, onde 
é controlado nossas emoções, esse sistema fica 
desregulado e a pessoa começa a ter um decaimento 
neurológico. 
 
Em seguida o virus se dissemina para região cortical 
(córtex), onde ocorre a observação de sintomas, como, a 
raiva paralitica, em que o paciente perde funções 
motoras, fica letárgico e apático, até chegar ao coma, e 
desenvolver para um quadro fatal. 
O virus desregula o neurotransmissor GABA, que inibe o 
sistema nervoso central, diminuindo a atividade de certas 
regiões, o que influencia a sintomatologia. 
• Pouco dano e morte celular 
• Pouco infiltrado leucocitário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manifestações Clínicas em Humanos 
 
Esse período prolongado se deve a variedade de estirpes 
virais selvagens que possuem períodos de incubação 
diferentes, e também quanto mais próximo a mordedura 
ou lambedura for do SNC, ou a região ser mais ou menos 
inervada influencia na velocidade da evolução da raiva 
clinica no paciente. 
Prodrômico acompanha o movimento centrípeto do RaV 
em direção ao SNC e apresenta sintomas inespecíficos, 
mais específicos, como, fotofobia, hiperestesia e 
parestesia. 
Neurológico específico (inicial): 
• Raiva furiosa: cães. 
• Raiva paralítica: morcego. 
 
 
Epidemiologia da Raiva 
Ciclo de transmissão da raiva: essa infecção em 
qualquer momento pode ser transmitida a seres 
humanos. 
Em herbívoros: os animais parecem estar se 
engasgando e a preocupação do dono, leva a 
exposição ao vírus. 
 
 
 
 
 
 
No Brasil no período de 2010 a 2020, foram registrados 
38 casos de raiva humana, sendo que em 2014, não 
houve caso. Desses casos, nove tiveram o cão como 
animal agressor, vinte por morcegos, quatro por 
primatas não humanos, quatro por felinos. 
→ Transmissão humana é rara. 
 
 
 
Prevenção da Raiva 
O vírus da raiva possui apenas uma espécie podendo ter 
sua prevenção por meio da vacinação em animais 
domésticos, em herbívoros. Outra forma de prevenção é 
apreensão de cães errantes e também a realização de 
atendimento de pessoas envolvidas em agravos com 
animais e a observação clínica de animais suspeitos. 
• Profilaxia das pessoas expostas ou sob risco. 
• Vigilância epidemiológica. 
• Controle das áreas de focos. 
• Educação em saúde. 
Profilaxia da Raiva 
Pré-exposição 
Indicada para pessoas que trabalham com animais 
deve ser realizado a vacinação. 
Vacinas da pré exposição 
Até 2000 → Fuenzalida e Palácios: produzida em cérebro 
de camundongos recém-nascidos e inativada – doenças 
desmielinizantes. 
→ 3 Doses, IM – 0, 7 e 14 dias pós-exposição. 
A partir de 2010 → Vacinas de cultura celular (PVCV – 
Vero Cells; HDCV – chick embryo; PDEV – duck embryo). 
→ 3 DOSES, IM ou ID, 0, 7 e 28 dias. 4ª dose de 
reforço após 14 dias da 3ª caso necessário. 
Pós-exposição 
Imunização ativa (vacinação) e passiva (soro imunes - 
anticorpos). 
Oque fazer em casos de acidentes? 
1. Lavagem do local da ferida. 
2. Antissepsia da ferida com polvedine, álcool iodado 
ou digluconato de clorexidina. 
3. Caso a ferida seja profunda e de difícil antissepsia, 
usar soro antirrábico. 
Classificação de Risco 
• Acidentes leves: ferimentos superficiais, pouco 
extensos, únicos, em regiões pouco inervadas (tronco 
e membros – exceto mãos e pés). Mordidas, 
arranhadura, lambeduras da pele pouco ferida (pele 
intacta – sem risco). 
• Acidentes graves: ferimentos profundos, múltiplos, 
extensos, com sangramento – puntiformes nem 
sempre sangram. Regiões inervadas (mãos e pés) ou 
próximas ao SNC. Lambedura de mucosas e pele 
com lesão grave. Arranhadura profunda por unha de 
gato e mordidas de morcego. 
 
Vacinação 
Animal doméstico sem suspeita ou vacinado 
• Contato indireto com animal doméstico vacinado e 
sem suspeita → lavar região afetada. 
• Contato direto com acidente leve com animal 
doméstico sem suspeita → lavar ferimento e 
observar animal por 10 dias. Se animal se tornar 
raivoso, morrer ou desaparecer, vacinar com 4 doses 
(0,3, 7 e 14). 
• Acidente grave com animal doméstico sem suspeita 
→ lavar ferimento e observar o animal por 10 dias, 
duas doses de vacina (0 e 3). Se for raivoso, sumir ou 
morrer, soro antirrábico e totalizar 4 doses de vacina 
(7 e 14). 
Animal suspeito 
• Contato indireto com animal suspeito de raiva → 
lavar a região afetada. 
• Contato direto com acidente leve com animal 
suspeito → lavar ferimento, 2 doses de vacina (0 e 3), 
e observar. Se sumir, morrer ou for raivoso, totalizar 4 
doses de vacina. 
• Acidente grave com animal suspeito→ lavar 
ferimento, injetar soro antirrábico, dar 4 doses devacina e observar o animal por 10 dias. 
Animal silvestre ou confirmado 
• Contato indireto com animal silvestre ou confirmado 
→ lavar local. 
• Contato direto com acidente leve com animal 
silvestre ou confirmado → lavar o ferimento e 4 doses 
de vacina. 
• Acidente grave com animal silvestre ou confirmado 
→ lavar ferimento, injetar soro antirrábico, dar 4 
doses de vacina. 
 
Tratamento 
Protocolo de Milwaukee: indução de coma e antivirais 
(amantadina - tratamento da Doença de Parkinson e de 
infecções virais) → Protocolo de Recife (biopterina – 
cofator enzimático envolvido na síntese de 
neurotransmissores).

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