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Meios de Prova - RESUMO (Processo Penal)

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Meios de Prova 
CADEIA DE CUSTÓDIA 
Considera-se cadeia de custódia toda a tramitação 
desde a coleta do vestígio, até o descarte, criando-se 
sempre um verdadeiro mapeamento de todo o 
caminho do vestígio pelos peritos. (Art 158-A) 
 ETAPAS DA CADEIA DE CUSTÓDIA 
As etapas da cadeia de custódia se distribuem nas 
fases externa e interna. 
Fase externa: compreende todos os passos entre a 
preservação do local de crime ou apreensões dos 
elementos de prova e a chegada do vestígio ao órgão 
pericial encarregado de processá-lo. (1 a 7) 
Fase interna: compreende todas as etapas entre a 
entrada do vestígio no órgão pericial até sua 
devolução juntamente com o laudo pericial, ao órgão 
requisitante da perícia. (8 a 9) 
1. reconhecimento: ato de distinguir um 
elemento como de potencial interesse para a 
produção da prova pericial. É o que ocorre, por 
exemplo, quando um cadáver é identificado na cena 
do crime. 
2. Isolamento: ato de evitar que se altere o 
estado das coisas, devendo isolar e preservar o 
ambiente relacionado aos vestígios e local de crime. 
Ex.: Qnd a autoridade policial isola o cômodo e a casa 
onde o corpo foi encontrado; 
3.fixação: descrição detalhada do vestígio 
conforme se encontra no local de crime ou no corpo 
de delito, e a sua posição na área de exames, 
podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou 
croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo 
pericial produzido pelo perito responsável pelo 
atendimento. Ex.: devem constar do laudo de exame 
de local de morte fotografias mostrando a descrição 
detalhada da posição em que o cadáver foi 
encontrado; 
4. Coleta: ato de recolher o vestígio que será 
submetido à análise pericial, respeitando suas 
características e natureza. Ex.: No exemplo dado, o 
cadáver é retirado da casa. A coleta do vestígio deve 
ser realizada por profissionais de perícia criminal ou, 
excepcionalmente, na falta destes, por pessoa 
investida de função pública, nos termos do art. 159 e 
§§ do CPP. Além disso, deverão ser utilizados 
equipamentos de proteção individual (EPI) e materiais 
específicos para tal fim, com numeração inequívoca 
do vestígio de maneira a individualizá-lo. 
5. Acondicionamento: procedimento por meio do 
qual cada vestígio coletado é embalado de forma 
individualizada, de acordo com suas características 
físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, 
com anotação da data, hora e nome de quem realizou 
a coleta e o acondicionamento. Ex.: É o que ocorre 
quando o cadáver é acondicionado numa lona preta. 
 
6. Transporte: ato de transferir o vestígio de um local 
para o outro, utilizando as condições adequadas 
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de 
modo a garantir a manutenção de suas características 
originais, bem como o controle de sua posse. Nos 
casos das amostras biológicas, a cadeia de custódia 
deve ser a mais curta possível para evitar a 
degradação do material. Ex.: o cadáver será 
transportado em caminhão do Instituto Médico Legal, 
com condições adequadas para sua preservação. 
 
7. Recebimento: ato formal de transferência da posse 
do vestígio, que deve ser documentado com, no 
mínimo, informações referentes ao número de 
procedimento e unidade de polícia judiciária 
relacionada, local de origem, nome de quem 
transportou o vestígio, código de rastreamento, 
natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, 
assinatura e identificação de quem o recebeu. Ex.: É o 
que ocorre quando o cadáver é recebido pelo médico 
legista do IML. !!!!Momento de transição entre as 
fases interna e externa!!! 
 
8. Processamento: exame pericial em si, manipulação 
do vestígio de acordo com a metodologia adequada às 
suas características biológicas, físicas e químicas, a fim 
de se obter o resultado desejado, que deverá ser 
formalizado em laudo produzido por perito. Ex.: será 
realizado o exame pericial propriamente dito, no 
exemplo dado, uma necropsia. 
 
9. Armazenamento: procedimento referente à 
guarda, em condições adequadas, do material a ser 
processado, guardado para realização de 
contraperícia, descartado ou transportado, com 
vinculação ao número do laudo correspondente. Ex.: o 
cadáver é colocado numa geladeira do IML até o 
sepultamento; 
 
10. Descarte: procedimento referente à liberação do 
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando 
pertinente, mediante autorização judicial. Ex.:qnd o 
corpo é sepultado ou quando a droga apreendida é 
destruída, preservada, evidentemente, amostra 
necessária à realização do laudo definitivo e para fins 
de eventual contraprova 
 
 COLETA DOS VESTÍGIOS (art 158-C) 
A coleta de vestígios a partir do marco da lei 
13.964/19 deverá ser feita preferencialmente por 
Perito Oficial, sendo proibida a entrada em locais de 
crimes isolados, caracterizado assim como crime de 
Fraude Processual a violação do lugar (Art. 347, CP). 
 
 RECIPIENTES PARA ACONDICIONAMENTO DE 
VESTÍGIOS 
O art. 158-D do CPP cuida do recipiente destinado ao 
acondicionamento do vestígio, o qual será 
determinado pela natureza do material. Todos os 
recipientes deverão ser selados com lacres, com 
numeração individualizada, de forma a garantir a 
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o 
transporte. O recipiente deverá individualizar o 
vestígio, preservar suas características, impedir 
contaminação e vazamento, ter grau de resistência 
adequado e espaço para registro de informações 
sobre seu conteúdo. O recipiente só poderá ser 
aberto pelo perito que vai proceder à análise e, 
motivadamente, por pessoa autorizada. Após cada 
rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha 
de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula 
do responsável, a data, o local, a finalidade, bem 
como as informações referentes ao novo lacre 
utilizado. 
 
 CENTRAIS DE CUSTÓDIA (158-E) 
 
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma 
central de custódia destinada à guarda e controle dos 
vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente 
ao órgão central de perícia oficial de natureza 
criminal. Toda central de custódia deve possuir os 
serviços de protocolo, com local para conferência, 
recepção, devolução de materiais e documentos, 
possibilitando a seleção, a classificação e a 
distribuição de materiais, devendo ser um espaço 
seguro e apresentar condições ambientais que não 
interfiram nas características do vestígio. 
 
 DESTINAÇÃO DO MATERIAL APÓS A 
REALIZAÇÃO DA PERÍCIA 
 
Uma vez realizado o exame pericial, o material deverá 
ser devolvido à central de custódia, onde deverá 
permanecer. Atento às deficiências estruturais 
existentes em diversos institutos de criminalística 
Brasil afora, o art. 158-F, parágrafo único, do CPP, 
determina que caso a central de custódia não possua 
espaço ou condições de armazenar determinado 
material, deverá a autoridade policial ou judiciária 
determinar as condições de depósito do referido 
material em local diverso, mediante requerimento do 
diretor do órgão central de perícia oficial de natureza 
criminal. 
 
CORPO DE DELITO e EXAME DE CORPO DE DELITO 
Previsto no art. 158 do CPP - 
 Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, 
será indispensável o exame de corpo de delito, direto 
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do 
exame de corpo de delito quando se tratar de crime 
que envolva: 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou 
pessoa com deficiência 
O legislador, no art. 158 do CPP, parece ter adotado o 
sistema tarifário de provas, pois deixou claro que, 
quando o delito deixar vestígios, nenhum outro meio 
de prova poderá ser usado, se não o exame de corpo 
de delito. 
 
Conceito: Trata-se de conjunto de vestígios materiais 
deixados pela infração penal. A expressão de não 
necessariamente significa o corpo de uma pessoa, 
mas sim os vestígios deixados pelo crime, ou seja, diz 
respeito à materialidade da infração penal. 
 
 EXAME DECORPO DE DELITO 
Trata-se de uma análise feita por pessoas com 
conhecimentos técnicos ou científicos (peritos) sobre 
os vestígios deixados pela infração penal, seja para 
fins de comprovação da materialidade do crime, seja 
para fins de comprovação da autoria (espectrograma 
da voz). Salienta-se que, em razão da adoção do 
sistema do livre convencimento motivado, todos os 
meios de prova têm valor relativo. Portanto, o exame 
de corpo de delito não é uma prova com valor 
probatório absoluto ou superior às demais. 
Além disso, a competência para determinar a 
realização do exame de corpo de delito será: 
 Do juiz 
 Do delegado 
 Do Ministério Público (poder de investigação) 
 
 Obs.: em relação ao incidente de insanidade 
mental, a competência é exclusiva do juiz. 
(Art. 149) 
 
Laudo de exame de corpo de delito: Trata-se da peça 
técnica elaborada pelos peritos por ocasião da 
realização do exame pericial. 
 
Momento para juntada do laudo pericial: Em regra, 
o laudo pericial não tem condição de procedibilidade. 
Ou seja, é possível juntar o laudo pericial durante o 
processo, não é necessário que seja fornecido com a 
denúncia.. 
 Exceções: 
1.Crimes previstos na Lei de Drogas 
2. Crimes contra propriedade imaterial 
Nas exceções apontadas acima, o laudo pericial 
assume a condição de procedibilidade. Logo, não é 
possível oferecer a denúncia sem a sua presença. Caso 
contrário, a denúncia ou queixa será rejeitada com 
base no artigo 395, II, do CPP (ausência das condições 
da ação). 
Não há, de forma explicita, na lei o prazo para que o 
laudo pericial seja juntado ao processo. De acordo 
com Renato Brasileiro, o prazo será 10 dias antes da 
audiência de instrução, tal conclusão é extraída pela 
doutrina do art. 159. 
 
 OBRIGATORIEDADE DE REALIZAÇÃO DO 
EXAME DE CORPO DE DELITO 
 
Infrações transeuntes ou delitos de fatos transeuntes 
 São as infrações penais que não deixam 
vestígios. 
 Não é necessário realizar exame de corpo de 
delito, uma vez que não seria possível sua 
realização 
 
Infrações não transeuntes ou delitos de fatos 
permanentes 
 São as infrações penais que deixam vestígios. 
 É necessária a realização do exame de corpo 
de delito. 
 
 EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO E 
INDIRETO 
 
Direto: É aquele realizado DIRETAMENTE pelo perito 
oficial (ou por dois peritos não oficiais) sobre o corpo 
de delito (riqueza de detalhes e força de 
convencimento para o juiz). 
 
Indireto: 
 1ªC: Quando os vestígios desaparecerem, a 
prova testemunhal ou documental poderá suprir a 
ausência do exame pericial. Prevalece na 
jurisprudência (sendo assim, não será um exame, será 
uma prova testemunhal, comprovará a materialidade 
a partir das testemunhas). 
 
 Art. 167. Não sendo possível o exame de 
corpo de delito, por haverem desaparecido os 
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-
lhe a falta. 
 
 2ª C: seria um exame pericial, porém feito por 
peritos a partir da análise de documentos ou do 
depoimento das testemunhas. 
 
 
 
 AUSÊNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO 
 
Se o exame de corpo de delito não tiver sido 
realizado, deve ser declarada a nulidade ab initio do 
processo ou o acusado deve ser absolvido por 
ausência de prova da materialidade da infração 
penal? Sim. 
 
O art. 564, inciso III, “b”, do CPP, haverá nulidade por 
falta do exame de corpo de delito nos crimes que 
deixam vestígios, ressalvado o disposto no art. 167 do 
CPP. Como o art. 572 do CPP não ressalvou essa 
nulidade dentre aquelas que podem ser sanadas (ou 
seja, nulidades relativas), conclui-se que se trata de 
uma nulidade absoluta. Logo, se era possível a 
realização do exame direto, ou, ainda, se a ausência 
do exame direto não foi suprida pelo exame de corpo 
de delito indireto, deverá o processo ser anulado, a 
partir do momento em que o laudo deveria ter sido 
juntado ao processo. Afinal de contas, é a própria lei 
que estabelece que, quando a infração deixar 
vestígios, será indispensável o exame de corpo de 
delito. 
 
PERITOS 
Trata-se de um auxiliar do juízo (por isso, deve ser 
imparcial), dotado de conhecimentos técnicos ou 
científicos sobre determinada área do conhecimento 
humano, que tem a função estatal de realizar exames 
periciais, fornecendo dados capazes de auxiliar o 
magistrado por ocasião da sentença. 
 ESPÉCIES: 
Oficial: é um funcionário público com atribuição para 
realizar perícias. Em regra, basta apenas um perito 
oficial para realização do laudo pericial. 
 Tratando-se de perícia complexa (aquela que 
envolve mais de uma área do conhecimento 
humano), poderá haver a designação de mais 
de um perito oficial. 
Não oficial: trata-se de pessoa que possui 
conhecimento da área, devendo ser portador de 
diploma de curso superior. Quando o exame for 
realizado por perito não oficial exige-se duas pessoas 
 
Policial poderá ser perito não oficial, a exemplo da 
perícia realizada em arma de fogo, a fim de atestar o 
seu funcionamento 
 
Assistente técnico: Trata-se de um auxiliar das partes, 
que tem conhecimento técnico sobre determinada 
área do conhecimento humano. 
 
PERITO ASSISTENTE TÉCNICO 
Atua na fase investigativa 
ou processual 
Atua na fase processual 
(art. 159, §5º, II) 
Sujeito a causas de 
IMPEDIMENTO e 
SUSPEIÇÃO, nos termos 
do art. 280 do CPP 
Não está sujeito às 
causas de suspeição e 
impedimento 
Funcionário público para 
fins penais (inclusive o 
perito não oficial). 
Não é considerado 
funcionário público 
Responde por falsa 
perícia (art. 342) 
NÃO responde por falsa 
perícia. A depender do 
caso concreto, PODE 
responder pelo crime 
de falsidade ideológica 
 
CRIME CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL 
Nos crimes contra a propriedade imaterial o exame 
poderá ser feito por amostragem, sendo 
desnecessária a identificação dos titulares dos direitos 
autorais violados. Súmula 574-STJ: 
PRIORIDADE EM CERTOS CRIMES 
A Lei nº 13.721/2018 acrescentou o parágrafo único 
ao art. 158 do CPP afirmando deverá ser dada 
prioridade à realização do exame de corpo de delito 
quando se tratar de crime que envolva: 
 Violência doméstica e familiar contra mulher; 
 Violência contra criança ou adolescente 
 Violência contra idoso ou 
 Violência contra pessoa com deficiência. 
Segundo Renato Brasileiro, trata-se de mais uma lei 
que visa atender interesses eleitorais do que fins 
práticos, tendo em vista que não estabelece qual seria 
a prioridade e nem sanções para os casos de 
descumprimento. 
Por fim, o STF (ADI 6039) passou a entender que a 
realização de exames periciais em vítimas de crimes 
sexuais do sexo feminino deve ser feita por uma 
mulher. 
INTERROGATÓRIO JUDICIAL 
Conceito: É o ato processual pelo qual o juiz ouve o 
acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que 
lhe é feita. Ato composto de duas partes. 
 
Natureza jurídica: Há três correntes acerca da 
natureza jurídica do interrogatório judicial. Vejamos: 
 
1ª: Trata-se de um meio de prova, tendo em vista que 
o art. 187 do CPP está localizado no Capítulo dos 
Meios de Prova. 
 
2: Trata-se de um meio de defesa, eis que o acusado 
possui o direito de audiência (desdobramento da 
ampla defesa autodefesa), bem como possui direito 
ao silêncio. É a corrente majoritária. 
Com o advento da Lei 11.719/08, o interrogatório 
passou a ser o último ato da instrução, o que acaba 
reforçando sua natureza de meio de defesa. 
3ª C Trata-se de um meio de defesa e de uma fonte de 
prova. 
 MOMENTO DA REALIZAÇÃO DO 
INTERROGATÓRIO JUDICIAL NO 
PROCEDIMENTO COMUM E NO 
PROCEDIMENTO DO JÚRI 
 
Antes de 2008, o interrogatório era o primeiro ato da 
instrução. 
Com o advento da Lei 11.719/08, o interrogatório 
passou a ser o último ato da audiência, nos termos do 
art. 400 do CPP (procedimento comum), 411 do CPP 
(primeira fase do júri) e 472 do CPP (fase do plenário 
no júri). 
 
Algumas leis especiais colocam o interrogatório como 
o primeiro ato da instrução, a exemplo da Lei de 
Drogas, do CPM, da Lei 8.038/90 e da Antiga Lei de 
Licitações.Inicialmente, em razão do princípio da 
especialidade, tais leis continuaram válidas. 
O STF, após a AP 528, passou a entender que não 
haveria lógica fazer o interrogatório no início da 
instrução no procedimento originário, passando a 
adotar a mesma sistemática do art. 400 do CPP. Em 
2016, o STF entendeu que a nova sistemática do art. 
400 do CPP deveria ser adotada para todos os 
procedimentos especiais, ainda que estivesse em 
norma penal expressa. Destaca-se que os 
interrogatórios anteriores não foram anulados, a 
decisão passou a valer a partir da publicação da ata de 
julgamento (2016). 
CONDUÇÃO COERCITIVA: 
Conceito: Trata-se de uma medida cautelar pessoal, 
diversa da prisão, em que há a condução de 
determinada pessoa contra a sua vontade para prática 
de um ato que depende da sua presença. 
 
Competência: Apesar de o STF possuir um julgado no 
sentido de que o delegado poderia determinar a 
condução coercitiva, o ideal é entender que apenas 
juiz poderá determinar, sendo medida sujeita a 
reserva de jurisdição. 
 
Finalidade: A condução coercitiva visa: 
 Interrogatório 
 Reconhecimento de pessoa 
 Identificação 
 
 Inconstitucionalidade da condução coercitiva 
para interrogatório 
 
Salienta-se que o STF, na ADPF 395/DF, firmou 
entendimento de que não é válida a condução 
coercitiva do investigado ou do réu para 
interrogatório no âmbito da investigação ou da ação 
penal. 
Contudo, o art 260, CPP: 
O stf DECLAROU QUE A EXPRESSÃO “PARA O 
INTERROGATÓRIO” PREVISTA NO ART. 260 DO CPP N 
foirecepcionada pela Constituição Federal, tendo em 
vista o princípio do nemo tenetur se detegere 
(ninguém é obrigado a produzir provas contra si 
mesmo), o acusado possui direito ao silêncio. Assim, 
caso seja determinada a condução coercitiva de 
investigados ou de réus para interrogatório, tal 
conduta poderá ensejar: 
 responsabilidade disciplinar e civil do agente 
ou da autoridade 
 a ilicitude das provas obtidas 
 a responsabilidade civil do Estado 
 crime de abuso de autoridade previsto no art. 
10. 
 
 AUSÊNCIA DE INTERROGATÓRIO 
O interrogatório judicial é um meio de defesa. 
Portanto, para o acusado é um ato facultativo, 
escolhendo se quer ou não ser interrogado. 
Quando o acusado manifesta o interesse de ser 
interrogado e há ausência, haverá nulidade absoluta, 
em razão da violação da ampla defesa. 
 CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO 
1. Ato personalíssimo: Ninguém pode prestar 
depoimento em substituição ao acusado. Quanto à 
pessoa jurídica, o interrogatório se dá na pessoa de 
seu representante legal. 
2. Ato contraditório: Antes da lei 10.792/03, não era 
obrigatória a presença das partes. Era um ato 
privativo do juiz. Como prova marcante da 
contraditoriedade que vige no atual interrogatório 
judicial, pode-se citar o art. 188 do CPP, 
 
 Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o 
juiz indagará das partes se restou algum fato 
para ser esclarecido, formulando as perguntas 
correspondentes se o entender pertinente e 
relevante. 
 
Ou seja, podem as partes se manifestarem sobre o 
depoimento, fazendo reperguntas, se necessário. 
 
3. Assistido tecnicamente: É obrigatória a presença 
do advogado. 
 Art. 185. O acusado que comparecer perante 
a autoridade judiciária, no curso do processo 
penal, será qualificado e interrogado na 
presença de seu defensor, constituído ou 
nomeado. 
Além de obrigatória a presença do defensor, o 
acusado também tem o direito de entrevista prévia e 
reservada com o defensor (constituído ou nomeado), 
antes do início do interrogatório - Art. 185, § 5º 
4. Ato público: Em regra, deve-se atentar para a 
publicidade ampla. O acusado preso deve ser 
interrogado, em tese, dentro do presidio, 
assegurando a publicidade, de forma restrita por 
razões de segurança. 
 Art. 185, § 1º O interrogatório do réu preso 
será realizado, em sala própria, no 
estabelecimento em que estiver recolhido, 
desde que estejam garantidas a segurança do 
juiz, do membro do Ministério Público e dos 
auxiliares bem como a presença do defensor e 
a publicidade do ato. 
Na prática isso não acontece. O interrogatório acaba 
acontecendo no fórum, mediante escolta ou por 
videoconferência. 
5. Ato oral: Pelo menos, em regra, as perguntas são 
respondidas oralmente. Quando ao surdo-mudo, o 
art. 192 do CPP assim dispõe: 
 Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo 
ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte: 
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as 
perguntas, que ele responderá oralmente; 
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, 
respondendo-as por escrito; 
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por 
escrito e do mesmo modo dará as respostas. 
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou 
escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob 
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 
 
6. Ato individual: Um corréu não pode estar presente 
ao interrogatório do outro. Cada um é ouvido 
separadamente, somente os advogados podem estar 
presentes, nos termos do art. 191 do CPP, sob o 
fundamento: preservar uma futura acareação. Pelo 
mesmo fundamento as testemunhas também são 
ouvidas separadamente. 
 
 INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA 
 
A Lei Estadual 11.819/05, do Estado de SP, 
regulamentou o interrogatório por videoconferência. 
O STF entendeu que a referida lei era formalmente 
inconstitucional, uma vez que tratava de Direito 
Processual Penal, portanto, a competência para a 
regulamentação seria da União e não dos Estados. 
Diante disso, todos os interrogatórios por 
videoconferência foram anulados. 
Em 2009, editou a Lei 11.900/09 que incluiu o 
interrogatório por videoconferência ao CPP. A Lei 
11.900/09 não validou os interrogatórios anteriores. 
 1ª Consideração: Tem caráter excepcional, ou 
seja, só ocorre em casos específicos; 
 2ª Consideração: Sua realização depende de 
decisão fundamentada da autoridade 
judiciária, devendo as partes serem intimadas 
com 10 dias de antecedência (art. 185, §3º) 
 3ª Consideração: É obrigatória a presença de 
advogados do réu no presídio e no fórum; 
O ato por videoconferência deve atender a alguma 
das finalidades previstas, quais sejam (art. 185 §2º): 
 Prevenir risco à segurança pública (réu preso); 
Não pode ser um risco genérico, que é 
inerente a qualquer transporte de preso. Deve 
ser demonstrada fundada suspeita no sentido 
de o réu integrar organização ou que vá fugir. 
 Viabilizar a participação do acusado no ato 
processual (aqui pode se referir a réu solto); - 
Seja por enfermidade ou qualquer 
circunstância pessoal que dificulte sua 
presença na sede do juízo, como localização 
diversa e longínqua da comarca onde corre a 
causa 
 
 OBS: Vale lembrar que a videoconferência não 
serve apenas para interrogatório, mas para 
garantir a presença do acusado em qualquer ato 
processual. 
 
 Para impedir a influência do acusado no 
ânimo da testemunha ou da vítima. 
 Para responder à gravíssima questão de 
ordem pública. 
 
 
CONFISSÃO 
 
Prevista nos arts. 197 a 200 do CPP. 
CONCEITO: Ocorre a confissão quando o próprio 
acusado admite a veracidade acerca da imputação, 
quer perante a autoridade policial quer perante a 
autoridade judiciária. 
Alguns autores afirmam que a confissão é um 
testemunho duplamente qualificado, uma vez que: 
 Do ponto de vista objetivo, a confissão recai 
sobre fatos contrários ao interesse de quem 
confessa. 
 Do ponto de vista subjetivo, a confissão 
provém do próprio acusado e não de terceiros

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