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Meios de Prova CADEIA DE CUSTÓDIA Considera-se cadeia de custódia toda a tramitação desde a coleta do vestígio, até o descarte, criando-se sempre um verdadeiro mapeamento de todo o caminho do vestígio pelos peritos. (Art 158-A) ETAPAS DA CADEIA DE CUSTÓDIA As etapas da cadeia de custódia se distribuem nas fases externa e interna. Fase externa: compreende todos os passos entre a preservação do local de crime ou apreensões dos elementos de prova e a chegada do vestígio ao órgão pericial encarregado de processá-lo. (1 a 7) Fase interna: compreende todas as etapas entre a entrada do vestígio no órgão pericial até sua devolução juntamente com o laudo pericial, ao órgão requisitante da perícia. (8 a 9) 1. reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial. É o que ocorre, por exemplo, quando um cadáver é identificado na cena do crime. 2. Isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente relacionado aos vestígios e local de crime. Ex.: Qnd a autoridade policial isola o cômodo e a casa onde o corpo foi encontrado; 3.fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento. Ex.: devem constar do laudo de exame de local de morte fotografias mostrando a descrição detalhada da posição em que o cadáver foi encontrado; 4. Coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e natureza. Ex.: No exemplo dado, o cadáver é retirado da casa. A coleta do vestígio deve ser realizada por profissionais de perícia criminal ou, excepcionalmente, na falta destes, por pessoa investida de função pública, nos termos do art. 159 e §§ do CPP. Além disso, deverão ser utilizados equipamentos de proteção individual (EPI) e materiais específicos para tal fim, com numeração inequívoca do vestígio de maneira a individualizá-lo. 5. Acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento. Ex.: É o que ocorre quando o cadáver é acondicionado numa lona preta. 6. Transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse. Nos casos das amostras biológicas, a cadeia de custódia deve ser a mais curta possível para evitar a degradação do material. Ex.: o cadáver será transportado em caminhão do Instituto Médico Legal, com condições adequadas para sua preservação. 7. Recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu. Ex.: É o que ocorre quando o cadáver é recebido pelo médico legista do IML. !!!!Momento de transição entre as fases interna e externa!!! 8. Processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito. Ex.: será realizado o exame pericial propriamente dito, no exemplo dado, uma necropsia. 9. Armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente. Ex.: o cadáver é colocado numa geladeira do IML até o sepultamento; 10. Descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. Ex.:qnd o corpo é sepultado ou quando a droga apreendida é destruída, preservada, evidentemente, amostra necessária à realização do laudo definitivo e para fins de eventual contraprova COLETA DOS VESTÍGIOS (art 158-C) A coleta de vestígios a partir do marco da lei 13.964/19 deverá ser feita preferencialmente por Perito Oficial, sendo proibida a entrada em locais de crimes isolados, caracterizado assim como crime de Fraude Processual a violação do lugar (Art. 347, CP). RECIPIENTES PARA ACONDICIONAMENTO DE VESTÍGIOS O art. 158-D do CPP cuida do recipiente destinado ao acondicionamento do vestígio, o qual será determinado pela natureza do material. Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. CENTRAIS DE CUSTÓDIA (158-E) Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio. DESTINAÇÃO DO MATERIAL APÓS A REALIZAÇÃO DA PERÍCIA Uma vez realizado o exame pericial, o material deverá ser devolvido à central de custódia, onde deverá permanecer. Atento às deficiências estruturais existentes em diversos institutos de criminalística Brasil afora, o art. 158-F, parágrafo único, do CPP, determina que caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. CORPO DE DELITO e EXAME DE CORPO DE DELITO Previsto no art. 158 do CPP - Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: I - violência doméstica e familiar contra mulher; II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência O legislador, no art. 158 do CPP, parece ter adotado o sistema tarifário de provas, pois deixou claro que, quando o delito deixar vestígios, nenhum outro meio de prova poderá ser usado, se não o exame de corpo de delito. Conceito: Trata-se de conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. A expressão de não necessariamente significa o corpo de uma pessoa, mas sim os vestígios deixados pelo crime, ou seja, diz respeito à materialidade da infração penal. EXAME DECORPO DE DELITO Trata-se de uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos ou científicos (peritos) sobre os vestígios deixados pela infração penal, seja para fins de comprovação da materialidade do crime, seja para fins de comprovação da autoria (espectrograma da voz). Salienta-se que, em razão da adoção do sistema do livre convencimento motivado, todos os meios de prova têm valor relativo. Portanto, o exame de corpo de delito não é uma prova com valor probatório absoluto ou superior às demais. Além disso, a competência para determinar a realização do exame de corpo de delito será: Do juiz Do delegado Do Ministério Público (poder de investigação) Obs.: em relação ao incidente de insanidade mental, a competência é exclusiva do juiz. (Art. 149) Laudo de exame de corpo de delito: Trata-se da peça técnica elaborada pelos peritos por ocasião da realização do exame pericial. Momento para juntada do laudo pericial: Em regra, o laudo pericial não tem condição de procedibilidade. Ou seja, é possível juntar o laudo pericial durante o processo, não é necessário que seja fornecido com a denúncia.. Exceções: 1.Crimes previstos na Lei de Drogas 2. Crimes contra propriedade imaterial Nas exceções apontadas acima, o laudo pericial assume a condição de procedibilidade. Logo, não é possível oferecer a denúncia sem a sua presença. Caso contrário, a denúncia ou queixa será rejeitada com base no artigo 395, II, do CPP (ausência das condições da ação). Não há, de forma explicita, na lei o prazo para que o laudo pericial seja juntado ao processo. De acordo com Renato Brasileiro, o prazo será 10 dias antes da audiência de instrução, tal conclusão é extraída pela doutrina do art. 159. OBRIGATORIEDADE DE REALIZAÇÃO DO EXAME DE CORPO DE DELITO Infrações transeuntes ou delitos de fatos transeuntes São as infrações penais que não deixam vestígios. Não é necessário realizar exame de corpo de delito, uma vez que não seria possível sua realização Infrações não transeuntes ou delitos de fatos permanentes São as infrações penais que deixam vestígios. É necessária a realização do exame de corpo de delito. EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO E INDIRETO Direto: É aquele realizado DIRETAMENTE pelo perito oficial (ou por dois peritos não oficiais) sobre o corpo de delito (riqueza de detalhes e força de convencimento para o juiz). Indireto: 1ªC: Quando os vestígios desaparecerem, a prova testemunhal ou documental poderá suprir a ausência do exame pericial. Prevalece na jurisprudência (sendo assim, não será um exame, será uma prova testemunhal, comprovará a materialidade a partir das testemunhas). Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir- lhe a falta. 2ª C: seria um exame pericial, porém feito por peritos a partir da análise de documentos ou do depoimento das testemunhas. AUSÊNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO Se o exame de corpo de delito não tiver sido realizado, deve ser declarada a nulidade ab initio do processo ou o acusado deve ser absolvido por ausência de prova da materialidade da infração penal? Sim. O art. 564, inciso III, “b”, do CPP, haverá nulidade por falta do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no art. 167 do CPP. Como o art. 572 do CPP não ressalvou essa nulidade dentre aquelas que podem ser sanadas (ou seja, nulidades relativas), conclui-se que se trata de uma nulidade absoluta. Logo, se era possível a realização do exame direto, ou, ainda, se a ausência do exame direto não foi suprida pelo exame de corpo de delito indireto, deverá o processo ser anulado, a partir do momento em que o laudo deveria ter sido juntado ao processo. Afinal de contas, é a própria lei que estabelece que, quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito. PERITOS Trata-se de um auxiliar do juízo (por isso, deve ser imparcial), dotado de conhecimentos técnicos ou científicos sobre determinada área do conhecimento humano, que tem a função estatal de realizar exames periciais, fornecendo dados capazes de auxiliar o magistrado por ocasião da sentença. ESPÉCIES: Oficial: é um funcionário público com atribuição para realizar perícias. Em regra, basta apenas um perito oficial para realização do laudo pericial. Tratando-se de perícia complexa (aquela que envolve mais de uma área do conhecimento humano), poderá haver a designação de mais de um perito oficial. Não oficial: trata-se de pessoa que possui conhecimento da área, devendo ser portador de diploma de curso superior. Quando o exame for realizado por perito não oficial exige-se duas pessoas Policial poderá ser perito não oficial, a exemplo da perícia realizada em arma de fogo, a fim de atestar o seu funcionamento Assistente técnico: Trata-se de um auxiliar das partes, que tem conhecimento técnico sobre determinada área do conhecimento humano. PERITO ASSISTENTE TÉCNICO Atua na fase investigativa ou processual Atua na fase processual (art. 159, §5º, II) Sujeito a causas de IMPEDIMENTO e SUSPEIÇÃO, nos termos do art. 280 do CPP Não está sujeito às causas de suspeição e impedimento Funcionário público para fins penais (inclusive o perito não oficial). Não é considerado funcionário público Responde por falsa perícia (art. 342) NÃO responde por falsa perícia. A depender do caso concreto, PODE responder pelo crime de falsidade ideológica CRIME CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL Nos crimes contra a propriedade imaterial o exame poderá ser feito por amostragem, sendo desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados. Súmula 574-STJ: PRIORIDADE EM CERTOS CRIMES A Lei nº 13.721/2018 acrescentou o parágrafo único ao art. 158 do CPP afirmando deverá ser dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: Violência doméstica e familiar contra mulher; Violência contra criança ou adolescente Violência contra idoso ou Violência contra pessoa com deficiência. Segundo Renato Brasileiro, trata-se de mais uma lei que visa atender interesses eleitorais do que fins práticos, tendo em vista que não estabelece qual seria a prioridade e nem sanções para os casos de descumprimento. Por fim, o STF (ADI 6039) passou a entender que a realização de exames periciais em vítimas de crimes sexuais do sexo feminino deve ser feita por uma mulher. INTERROGATÓRIO JUDICIAL Conceito: É o ato processual pelo qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é feita. Ato composto de duas partes. Natureza jurídica: Há três correntes acerca da natureza jurídica do interrogatório judicial. Vejamos: 1ª: Trata-se de um meio de prova, tendo em vista que o art. 187 do CPP está localizado no Capítulo dos Meios de Prova. 2: Trata-se de um meio de defesa, eis que o acusado possui o direito de audiência (desdobramento da ampla defesa autodefesa), bem como possui direito ao silêncio. É a corrente majoritária. Com o advento da Lei 11.719/08, o interrogatório passou a ser o último ato da instrução, o que acaba reforçando sua natureza de meio de defesa. 3ª C Trata-se de um meio de defesa e de uma fonte de prova. MOMENTO DA REALIZAÇÃO DO INTERROGATÓRIO JUDICIAL NO PROCEDIMENTO COMUM E NO PROCEDIMENTO DO JÚRI Antes de 2008, o interrogatório era o primeiro ato da instrução. Com o advento da Lei 11.719/08, o interrogatório passou a ser o último ato da audiência, nos termos do art. 400 do CPP (procedimento comum), 411 do CPP (primeira fase do júri) e 472 do CPP (fase do plenário no júri). Algumas leis especiais colocam o interrogatório como o primeiro ato da instrução, a exemplo da Lei de Drogas, do CPM, da Lei 8.038/90 e da Antiga Lei de Licitações.Inicialmente, em razão do princípio da especialidade, tais leis continuaram válidas. O STF, após a AP 528, passou a entender que não haveria lógica fazer o interrogatório no início da instrução no procedimento originário, passando a adotar a mesma sistemática do art. 400 do CPP. Em 2016, o STF entendeu que a nova sistemática do art. 400 do CPP deveria ser adotada para todos os procedimentos especiais, ainda que estivesse em norma penal expressa. Destaca-se que os interrogatórios anteriores não foram anulados, a decisão passou a valer a partir da publicação da ata de julgamento (2016). CONDUÇÃO COERCITIVA: Conceito: Trata-se de uma medida cautelar pessoal, diversa da prisão, em que há a condução de determinada pessoa contra a sua vontade para prática de um ato que depende da sua presença. Competência: Apesar de o STF possuir um julgado no sentido de que o delegado poderia determinar a condução coercitiva, o ideal é entender que apenas juiz poderá determinar, sendo medida sujeita a reserva de jurisdição. Finalidade: A condução coercitiva visa: Interrogatório Reconhecimento de pessoa Identificação Inconstitucionalidade da condução coercitiva para interrogatório Salienta-se que o STF, na ADPF 395/DF, firmou entendimento de que não é válida a condução coercitiva do investigado ou do réu para interrogatório no âmbito da investigação ou da ação penal. Contudo, o art 260, CPP: O stf DECLAROU QUE A EXPRESSÃO “PARA O INTERROGATÓRIO” PREVISTA NO ART. 260 DO CPP N foirecepcionada pela Constituição Federal, tendo em vista o princípio do nemo tenetur se detegere (ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo), o acusado possui direito ao silêncio. Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal conduta poderá ensejar: responsabilidade disciplinar e civil do agente ou da autoridade a ilicitude das provas obtidas a responsabilidade civil do Estado crime de abuso de autoridade previsto no art. 10. AUSÊNCIA DE INTERROGATÓRIO O interrogatório judicial é um meio de defesa. Portanto, para o acusado é um ato facultativo, escolhendo se quer ou não ser interrogado. Quando o acusado manifesta o interesse de ser interrogado e há ausência, haverá nulidade absoluta, em razão da violação da ampla defesa. CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO 1. Ato personalíssimo: Ninguém pode prestar depoimento em substituição ao acusado. Quanto à pessoa jurídica, o interrogatório se dá na pessoa de seu representante legal. 2. Ato contraditório: Antes da lei 10.792/03, não era obrigatória a presença das partes. Era um ato privativo do juiz. Como prova marcante da contraditoriedade que vige no atual interrogatório judicial, pode-se citar o art. 188 do CPP, Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. Ou seja, podem as partes se manifestarem sobre o depoimento, fazendo reperguntas, se necessário. 3. Assistido tecnicamente: É obrigatória a presença do advogado. Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. Além de obrigatória a presença do defensor, o acusado também tem o direito de entrevista prévia e reservada com o defensor (constituído ou nomeado), antes do início do interrogatório - Art. 185, § 5º 4. Ato público: Em regra, deve-se atentar para a publicidade ampla. O acusado preso deve ser interrogado, em tese, dentro do presidio, assegurando a publicidade, de forma restrita por razões de segurança. Art. 185, § 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. Na prática isso não acontece. O interrogatório acaba acontecendo no fórum, mediante escolta ou por videoconferência. 5. Ato oral: Pelo menos, em regra, as perguntas são respondidas oralmente. Quando ao surdo-mudo, o art. 192 do CPP assim dispõe: Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte: I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente; II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas. Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 6. Ato individual: Um corréu não pode estar presente ao interrogatório do outro. Cada um é ouvido separadamente, somente os advogados podem estar presentes, nos termos do art. 191 do CPP, sob o fundamento: preservar uma futura acareação. Pelo mesmo fundamento as testemunhas também são ouvidas separadamente. INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA A Lei Estadual 11.819/05, do Estado de SP, regulamentou o interrogatório por videoconferência. O STF entendeu que a referida lei era formalmente inconstitucional, uma vez que tratava de Direito Processual Penal, portanto, a competência para a regulamentação seria da União e não dos Estados. Diante disso, todos os interrogatórios por videoconferência foram anulados. Em 2009, editou a Lei 11.900/09 que incluiu o interrogatório por videoconferência ao CPP. A Lei 11.900/09 não validou os interrogatórios anteriores. 1ª Consideração: Tem caráter excepcional, ou seja, só ocorre em casos específicos; 2ª Consideração: Sua realização depende de decisão fundamentada da autoridade judiciária, devendo as partes serem intimadas com 10 dias de antecedência (art. 185, §3º) 3ª Consideração: É obrigatória a presença de advogados do réu no presídio e no fórum; O ato por videoconferência deve atender a alguma das finalidades previstas, quais sejam (art. 185 §2º): Prevenir risco à segurança pública (réu preso); Não pode ser um risco genérico, que é inerente a qualquer transporte de preso. Deve ser demonstrada fundada suspeita no sentido de o réu integrar organização ou que vá fugir. Viabilizar a participação do acusado no ato processual (aqui pode se referir a réu solto); - Seja por enfermidade ou qualquer circunstância pessoal que dificulte sua presença na sede do juízo, como localização diversa e longínqua da comarca onde corre a causa OBS: Vale lembrar que a videoconferência não serve apenas para interrogatório, mas para garantir a presença do acusado em qualquer ato processual. Para impedir a influência do acusado no ânimo da testemunha ou da vítima. Para responder à gravíssima questão de ordem pública. CONFISSÃO Prevista nos arts. 197 a 200 do CPP. CONCEITO: Ocorre a confissão quando o próprio acusado admite a veracidade acerca da imputação, quer perante a autoridade policial quer perante a autoridade judiciária. Alguns autores afirmam que a confissão é um testemunho duplamente qualificado, uma vez que: Do ponto de vista objetivo, a confissão recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa. Do ponto de vista subjetivo, a confissão provém do próprio acusado e não de terceiros
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