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Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - Internato Obstetrícia 9º Semestre de 2022 Rotura Prematura das Membranas Ovulares A ruptura prematura das membranas ovulares (RPMO) é definida como ruptura do âmnio que ocorre antes do início do trabalho de parto, independentemente da ida- de gestacional (IG). Quando ocorre antes da 37ª semana de gestação é referida como ruptura prematura pré-ter- mo. Raramente a causa é conhecida, porém contamina- ção bacteriana local tem sido sugerida. Das complicações possíveis, a corioamnionite é bastante preocupante e po- de preceder endomiometrite ou sepse do recém-nascido (RN). Pode ser espontânea ou iatrogênica,quando decorrente de procedimento invasivo como a amniocentese, por exemplo. Os principais fatores envolvidos MO são: sobredisten- ção uterina (polidrâmnio, gestação múltipla), incompe- tência istmo cervical, cerclagem, tabagismo, redução da progesterona. FATORES DE RISCOFATORES DE RISCOFATORES DE RISCO Embora possam atuar isoladamente ou em conjunto, na maioria das vezes não existe um fator de risco identifi- cado. Contudo, entre as causas isoladas de RPMO, a in- fecção do trato genital inferior é mais comum. QUADRO CLÍNICOQUADRO CLÍNICOQUADRO CLÍNICO As pacientes relatam jato súbito de líquido ou vaza- mento contínuo. Podem auxiliar na identificação: cor e consistência do líquido, presença de manchas de verniz ou mecônio, tamanho reduzido do útero e proeminência aumentada do feto à palpação. A AU pode estar reduzida quando a perda de líquido é intensa e rápida, e muitas vezes, é possível palpar partes fetais. O exame especular permite a visualização do líqui- do escorrendo pelo orifício cervical. Além disso, a perda visível do LA pelo canal cervical quando a paciente tosse ou realiza manobra de Valsalva e a observação de oligo- drâmnio na ultrassonografia (USG) também auxiliam na elucidação do quadro. DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO Maior parte dos casos é feito pela anamnese e exame físico mas em casos de dúvida diagnóstica podem ser re- alizados alguns testes como: - Detecção do pH vaginal: O pH do LA é alcalino (7,1 e 7,3) e o vaginal é ácido (4,5 a 6). Alguns testes se basei- am na diferença de pH como o teste do papel de nitrazi- na e teste de fenol vermelho. - Prova de cristalização do líquido amniótico (Teste de Fern): Análise do LA em microscopia óptica apresenta pa- drão de samambaia devido ao estriol. - Teste do azul do nilo (Teste de Kittrich): pesquisa de ele- mentos fetais CONDUTACONDUTACONDUTA Está indicada conduta ativa em gestações acima de 34 semanas, na presença de corioamnionite, sofrimento fe- tal ou em franco TP. Alguns cuidados incluem: - Internação hospitalar - Cálculo preciso da IG - Avaliação da vitalidade fetal - Avaliação clínica e infecciosa: hemograma completo, PCR, urina 1 e urocultura - Avaliação da ocorrência de TPP - Avaliação da ocorrência de corioamnionite - Pesquisa para estrepto tipo B em swab vaginal e anal. RPMO pré- viá- vel (<24 sema- nas): se- guimen- to ambu- latorial Prognóstico perinatal muito ruim Avaliar sinais de infecção, contração uterina Se não tiver sinais de infecção pode voltar para casa, caso contrário INTERNAÇÃO. Hiper-hidratação e reavaliação do ILA em 48- 72hrs na esperança de resselarem das membra- nas Hemograma completo e PCR 2x na semana Avaliação do bem-estar fetal Biometria fetal a cada 15 dias BCF 2x na semana Repouso Antibioticoterapia Não realizar tocólise Não realizar corticoide Interrupção imediata da gestação se houver si- nais de corioamnionite ou se a paciente entrar em trabalho de parto *Suplementação com progesterona vaginal com início entre 16 e 24 semanas pode ser ofertada a paciente com história de RPMO pré-termo para reduzir o risco de recorrência *Nos casos de RPMO antes de 24 semanas e co- lo curto (<25mm), há indicação de cerclagem cervical em próxima gestação. RPMO entre 24 e 34 se- manas: conduta hospita- lar Repouso no leito Hidratação oral (3 a 4L por dia) Curva térmica e sinais vitais de 4/4hrs Hemograma completo e PCR 2x por semana ou se surgirem sinais de infecção Cultura para estrepto B (swab vaginal e anal) Avaliar a presença de contrações uterinas Evitar toques vaginais Avaliação do bem-estar fetal: - BCF 2 a 3x por dia Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes - Internato Obstetrícia 9º Semestre de 2022 - CTB diária ou pelo menos 2x na semana - Perfil biofísico fetal diário se ILA<5cm e 2x por semana se ILA>5cm Não realizar tocólise RPMO > ou igual 34 sema- nas Resolução da gestação se RPMO com IG de 34 semanas ou mais, enquanto outros indicam 36 semanas (Febrasgo e Zugaib) Indicações de resolução da gestação na RPMO: TP, corioami- nionite, SF, DPP, IG> ou igual a 34 semanas < 32 semanas e parto iminente: Sulfato de Magnésio para neuroproteção fetal 4-6g EV em 20 min (ataque) + 2g/h EV por 12hrs « Antibioticoterapia:Antibioticoterapia:Antibioticoterapia: Leva a um aumento do período de latência e deve ser usada conforme o esquema a seguir: Ampicilina IV, 2g de 6/6hrs por 48hrs + Azitromicina, 1g VO, dose única. Após as primeiras 48hrs, suspender a ampicilina e manter azitromicina, 500mg VO de 8/8hrs por 5 dias « Corticoterapia:Corticoterapia:Corticoterapia: Entre 24 e 34 semanas está indicada. Betametasona 12mg IM a cada 24hrs por 2 dias (2do- ses) OU Dexametasona 6mg IM de 12/12hrs por 2 di- as (4 doses). CI: evidência de infecção e/ou parto imi- nente, hipersensibilidade à droga. « Profilaxia para estreptococos do grupo B:Profilaxia para estreptococos do grupo B:Profilaxia para estreptococos do grupo B: A cultura deve ser coletada com swab vaginal e anal no PN en- tre 35 e 37 semanas, e o resultado tem validade por 5 semanas. Nos casos em que a paciente não reali- zou a cultura, o exame deve ser coletado na admis- são hospitalar. Indicações de profilaxia para estrepto B Independente da IG Cultura + História de RN prévio infectado por estrepto. (Não é cultura + em gesta prévia) Bacteriúria por estrepto (urocultura + na gesta) RPMO Pré-termo SEMPRE! Exceto se cultura - Suspender após 48hrs ou se resultado - da cultura cole- tada na admissão RPMO a termo Cultura não realizada + presença de algum dos FR: membranas rotas> 18hrs, febre intraparto (Maior ou igual 38) Profilaxia intraparto para GBS Recomendado Penicilina G, 5 milhões UI IV dose inicial, depois de 2,5 milhões UI IV a cada 4hrs até o parto Alternativa Ampicilina 2g IV dose inicial, depois 1g a cada 4hrs ou 2g a cada 6hrs até o parto Se alérgica a penicilina Clindamicina 900mg IV a cada 8hrs até o parto Se alérgica a penicilina (alternativa) Vancomicina 1g IV a cada 21hrs até o parto « Tocólise:Tocólise:Tocólise: o uso de tocolíticos para a inibição do TPP está CONTRAINDICADO nos casos de RPMO CORIOAMNIONITECORIOAMNIONITECORIOAMNIONITE Pode ser a causa (mecanismo de defesa da infecção fe- tal), ou consequência dela (nos casos de bolsa rota por períodos prolongados). Após o diagnóstico de infecção a conduta é resolutiva, independente da IG. Os organismos que mais causam corioamnionite são E. Coli, estrepto B e D. Principais FR são: 6 ou + exames vaginais durante o TP, TP> 12hrs, RPMO>24hrs, líquido meconial. É a complica- ção mais temida de uma RPMO prolongada. Critérios diagnósticos de corioamnionite Critérios MS: - Hipertermia (37,8ºC) e pelo menos 2 dos seguintes si- nais: Útero doloroso Odor vaginal desagradável Taquicardia materna > 100bpm Taquicardia fetal > 160bpm Leucocitose > 15000células/mL Tratamento ATB de amplo espectro: Ampicilina 2g IV de 6/6hrs + Gentamicina 1,5mg/kg IV 1x ao dia (dose máxima: 240mg/d) + Metronidazol 500mg IV de 8/8hrs. Manter a ATB até 48hrs após o parto ou após o último pico febril. O diagnóstico de corioamnionite indica a reso- lução imediata da gestação, independente da IG, via de parto é preferencialmente vaginal.
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