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Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes 9º Semestre 2022 - Internato Obstetrícia Prematuridade A prematuridade consiste no nascimento do feto transcorri- do entre 22 e 37 semanas de gestação. Antes deste intervalo, considera-se abortamento (já que não há viabilidade fetal), e posteriormente, um parto a termo (≥ 37 e <42 semanas) ou um parto pós-termo (≥ 42 semanas). O bebê prematuro pode ainda ser classificado em: - Pré-termo tardio: nascimento com ≥ 34 semanas; - Pré-termo moderado: nascimento com ≥ 30 e < 34 semanas; - Pré-termo extremo: nascimento com < 30 semanas. ETIOLOGIAETIOLOGIAETIOLOGIA Originada tanto por causas evitáveis, quanto não evitáveis, sendo elas: « Sobredistensão uterinaSobredistensão uterinaSobredistensão uterina, que ocorre, por exemplo, na poli- dramnia e na gestação gemelar ou quando há miomas ou malformações uterinas, como hipoplasia e defeitos de fu- são; « Rotura prematura de membranas ovulares (Rotura prematura de membranas ovulares (Rotura prematura de membranas ovulares (RPMO)RPMO)RPMO), tam- bém denominada amniorrexe prematura, que pode ser primária ou secundária (a infecções, principalmente); « Gestação de alto riscoGestação de alto riscoGestação de alto risco, que pode levar ao parto prematuro por dois mecanismos: 1) as alterações endócrinas podem levar ao aumento da con- tratilidade uterina; 2) devido às complicações maternas e/ou sofrimento fetal, o parto prematuro deve ser indicado; « Hemorragias da Hemorragias da Hemorragias da 2ª metade da gestação2ª metade da gestação2ª metade da gestação, principalmente placenta prévia e descolamento prematuro de placenta (DPP); « Incompetência Incompetência Incompetência istmocervicalistmocervicalistmocervical, que se caracteriza pelo en- curtamento e dilatação do colo cervical antes do fim da gestação, sendo a origem de abortos tardios e partos pre- maturos; « InfecçõesInfecçõesInfecções, que além de elevarem a cinética uterina, po- dem causar corioamnionite, responsável por desencadear o óbito fetal ou RPMO « IatrogeniaIatrogeniaIatrogenia, havendo a interrupção da gestação motivada por patologias maternas ou fetais ou por conta de cesaria- na eletiva com idade gestacional erroneamente calculada. FATORES DE RISCOFATORES DE RISCOFATORES DE RISCO - Fatores anatômicos: uterinos (miomatose ou malformações uterinas) ou cervicais (colo curto < 25mm) - História prévia de prematuridade - Infecções sistêmicas e doenças sexualmente transmissíveis - Drogas - Ansiedade - Gestação múltipla - Polidramnia - Estresse - Ansiedade diagnósticodiagnósticodiagnóstico O diagnóstico do trabalho de parto prematuro (TPP) é clínico e se dá pela associação entre atividade uterina e alteração cer- vical ou rotura prematura de membranas ovulares (RPMO), an- tes de 37 semanas de gestação. Sendo que estas alterações po- dem ser evidenciadas da seguinte forma: - Atividade uterina: 4 contrações em 20 minutos ou 8 contra- ções em 60 minutos; - Alteração cervical: dilatação > 2 cm ou apagamento ≥ 80% ou progressão na reavaliação cervical; - RPMO: visualização de líquido amniótico ao exame especular associada ao teste da cristalização ou da nitrazina. **Um dos diagnósticos diferenciais do TPP é a ameaça de tra-ameaça de tra-ameaça de tra- balho de parto prematurobalho de parto prematurobalho de parto prematuro. Para diferenciá-los, a ultrassonogra- fia transvaginal é fundamental, uma vez que havendo constata- ção de cervicometria > 30 mm, confirma-se a ameaça de traba- lho de parto prematuro.** CONDUTACONDUTACONDUTA A condução do trabalho de parto prematuro depende da idade gestacional (IG). Em gestações com 34 semanas ou mais, o parto é conduzido normalmente com a profilaxia para Estrep- tococos do grupo B, já que a prematuridade, neste caso, é tar- dia e exerce pouca influência sobre a sobrevida neonatal. Em gestações abaixo de 24 semanas, o feto ainda é pré-viá- vel e o prognóstico bastante ruim. Dessa forma, a situação de- ve ser explicada para a família e deve-se proceder a indução do parto, o esvaziamento e a curetagem. Já em gestações ≥ 24 e < 34 semanas, o feto já é viável, mas ainda não tem a maturação pulmonar suficiente. Por isso, o parto é retardado por meio da tocólise, enquanto são adminis- trados corticoides que auxiliam na maturação pulmonar e na profilaxia de enterocolite necrotizante. Logo, de forma geral, a inibição do TPP só deve ser realizada se o resultado neonatal for passível de melhora com as medidas tomadas, e isso acon- tece entre 24 e 34 semanas. As condutas gerais incluem: - Internação - Repouso relativo - Avaliação da vitalidade fetal - USG para avaliação do peso fetal estimado, apresentação fe- tal, presença de malformações, ILA e perfil biofísico fetal. - Rastreio infeccioso - Tocólise entre 24 e 34 semanas para a realização da corticote- rapia. « TocóliseTocóliseTocólise A tocólise consiste na inibição do trabalho de parto, reduzin- do a força e a frequência das contrações, e tem como objetivo fornecer tempo suficiente para a administração do corticoide, que é o real responsável por reduzir a morbimortalidade dos recém-nascidos. Está indicada nos casos de período de latência do TP e o esvaecimento do colo não pronunciado. Contraindi- cações: RPMO, DPP, morte fetal, corioamnionite, doença cardí- aca materna. Os tocolíticos que podem ser usados incluem a indometaci- na, a nifedipina e a terbutalina. Indometacina A indometacina faz parte da classe dos inibidores de COX e é utilizada da seguinte forma: - Dose de ataque: 50 mg, via retal (supositório) ou 50-100 mg, Maria Eduarda de Souza Trigo Fernandes 9º Semestre 2022 - Internato Obstetrícia via oral. - Dose de manutenção: 25-50 mg de 4/4h por 48h (não ultra- passar 200 mg/24h). Há algumas contraindicações adicionais relacionadas à indo- metacina: disfunção renal ou hepática materna, úlcera péptica ativa, oligodramnia, IG > 32s ou uso por mais de 48 horas. Ademais, entre os efeitos colaterais desta droga se encon- tram: náuseas, azia, fechamento precoce do canal arterial, hi- pertensão pulmonar fetal, diminuição reversível da função re- nal fetal com oligodramnia, hemorragia intraventricular, hiper- bilirrubinemia e enterocolite necrotizante. Nifedipina A nifedipina faz parte dos bloqueadores dos canais de cálcio e executa seu efeito tocolítico por meio da redução da concen- tração citoplasmática de cálcio nas células miometriais, diminu- indo a quantidade e a força das contrações uterinas. É utilizada da seguinte maneira: - Dose de ataque: 30 mg, via oral, dose única. - Dose de manutenção: 20 mg de 8 em 8 horas, via oral, até contrações cessarem, mantendo por até 48 horas. Os efeitos colaterais da nifedipina envolvem: rubor facial, ce- faleia, tonturas, palpitações e hipotensão arterial, não havendo dados sobre efeitos colaterais fetais. Devido às altas taxas de resposta e efeitos colaterais mais discretos, a nifedipina é a droga de escolha, na maioria das vezes. Terbutalina A terbutalina é um medicamento agonista-ẞ-adrenérgico que também reduz a concentração intracelular de cálcio das células miometriais, através da ativação da adenilciclase, que catalisa a conversão de ATP em AMP cíclico Deve ser administrada do seguinte modo: - Diluir 5 ampolas de terbutalina (1 ampola = 0,5 mg) + 500 ml de soro glicosado (SG) a 5%. - Dose de ataque: 2,5 μg/minuto (10 gotas/minuto), endoveno- so, aumentando-se 10 gotas/minuto de 20 em 20 minutos até cessarem as contrações (máximo de 80 gotas/min) - Dose de manutenção: manter a dose capaz de cessar as con- trações por 24 horas, diminuindo 10 gotas de 20 em 20 min até a suspensão total. Entre os efeitos colaterais da terbutalina se encontram: dor torácica, taquicardia, dispneia, mal-estar e edema agudo de pulmões, cefaleia, tonturas e tremores na gestante. Dessa for- ma, deve-se realizar o eletrocardiograma materno prévio; con- trolar com cuidado o pulso e a pressão arterial, mantendo o pulso materno abaixo de 120 batimentos por minuto; auscultar periodicamente