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ODONTOLOGIA INFANTIL II Diagnóstico e planejamento do tratamento (24/03/2022) Prof. Patrícia Crianças hospitalizadas, entubadas, em diversos tipos de tratamento médico, também precisam de acompanhamento odontológico para manutenção do meio oral, qualidade de vida e diagnóstico de patologias durante o período de internação. É preciso que a odontologia infantil vá além da doença cárie e atue nas diversas áreas da odontologia. A odontopediatria de excelência deve seguir uma ordem de processos: anamnese correta, exame clínico completo, diagnóstico e plano de tratamento. Seguir os protocolos de biossegurança também é muito importante na odontopediatria, principalmente em relação ao uso de máscaras pelas crianças e pelos seus responsáveis (é importante reforçar esse uso). OBS: as famílias são variadas e é preciso ter sensibilidade para escutar e não se manifestar, contra ou a favor, a tipos de família. Exame adequado O exame pode ser: de urgência, panorâmico (visão geral) ou completo. A primeira consulta é extremamente importante: a afinidade do primeiro contato com o paciente, mesmo que seja um caso de urgência, é muito importante. O operador deve transmitir segurança à criança e aos responsáveis e deve ter um olhar diferente, tendo em mente que o paciente não deve ser visto apenas como uma boca cheia de dentes. Na verdade, o paciente é uma criança que, dentre outros aspectos, possui boca e dentes – muitas vezes a solução para tratar e controlar a doença deve ser conectada aos aspectos familiares e sociais da criança, que podem influenciar no surgimento e progressão, ou controle da doença. Tratar uma criança é diferente de tratar um adulto: a criança é lúdica, gosta de brincar e de fantasia, e isso pode ser utilizado a favor do exame. Fatores que influenciam o exame: Idade da criança Pouco estudo das características da boca e de doenças A boca é pouca examinada Problemas de origem local e/ou sistêmica Dificuldade de se expressar com clareza - a idade da criança pode interferir, mas ela sempre deve ser incluída no exame, através de perguntas diretas à criança, não só ao responsável. Limitações: o médico, geralmente, quando examina a boca, o faz de forma limitada. O dentista, geralmente, quando está presente, tem melhor formação sobre cárie, porém menos para outras áreas. Prontuário O prontuário infantil é bastante extenso, pois há necessidade de se conhecer a história da criança, que está em desenvolvimento e crescimento: a depender da idade, o problema de saúde deve ser tratado de maneira diferente. É fundamental que o responsável pela criança autorize o tratamento da criança através da assinatura do prontuário. Roteiro da consulta inicial (a consulta começa quando a criança entra na clínica) 1. Anamnese: Pergunte a criança Queixa principal História da doença atual História odontológica História médica Antecedentes familiares Hábitos 2. Exame extra e intrabucal: devem incluir inspeção, palpação, percussão e auscultação. Exame físico geral Exame físico extrabucal Exame físico intrabucal OBS: A cadeia ganglionar é de fundamental importância, assim como a anatomia da cavidade bucal (o que é visualizado e verificado pelo CD). 3. Exames complementares: baseados na história clínica e necessidade. Exame radiográfico Outros 4. Diagnóstico: é a arte ou ato de identificar uma doença pelos seus sinais e sintomas. Em caso de dúvida, é importante discutir e estudar o caso e encaminhar para fechar o diagnóstico (compartilhar a dúvida). 5. Prognóstico: prever a avaliação relativa à evolução, duração e cura da doença. 6. Plano de tratamento: após o exame e realização do diagnóstico. Inclui prevenção da cárie dentária, doença periodontal e mal oclusão. Sequência favorável de tratamento (diz o que em cada fase será feito) Fase 1: Urgência em primeiro lugar - casos de dor, trauma (se não tiver, risca a fase 1); Fase 2: Adequação do meio (preparação) – selante, fluorterapia; Fase 2: Reabilitação estético-funcional; Fase 4: Tratamento eletivo - aparelho ortodôntico, necessidade de clareamento, etc. Exemplos de casos que vão além da cavidade oral mas são de competência do odontopediatra: 1. Aumento de linfonodo e assimetria facial são sinais importantes que apontam um processo de doença: edema, calor, dor e hiperemia (processo inflamatório agudo). 2. Caso de hemangioma: 3. Criança com deficiência auditiva - caso que deve ser acompanhado com o médico pediatra – drenagem crônica no ouvido. 4. Cortes profundos na língua: podem ser confundidos com lesões como papilomas escamosos, por exemplo. 5. Distúrbio endócrino gerando aumento tecidual oral, deslocando os dentes e alterando a oclusão - caso que também deve ser acompanhado com o médico pediatra. O CD participa do diagnóstico diferencial, uma vez que faz uma boa anamnese e pode oferecer informações importantes (nesse caso, a criança apresentava menstruação precoce). 6. Hiperplasia gengival e aumento tecidual na região da testa - a criança apresentava uma síndrome proteica com repercussão na cavidade oral. PRONTUÁRIO A parte de orto você chama o professor pra fazer com você e/ou para conferir. Odontograma Dependendo da idade, a criança pode ter dentição decídua, mista ou permanente. Devemos circular todos os dentes presentes, inclusive a ponta do dente permanente que está irrompendo na cavidade oral (mesmo que ainda tenha o decíduo, deve-se marcar todos os dentes ou parte de dentes presentes). Devemos marcar a condição de cada face. Os ausentes, que ainda não erupcionaram, devem estar em branco. Os dentes perdidos por exodontia, devem ser marcados com um “X”. A data do exame é muito importante, pois a criança está passando por mudanças na arcada dentária, e é importante comparar a situação entre as consultas. O risco ou atividade de cárie, valorizem essa folha, vai ser nosso norteador para a decisão de tratamento (o que fazer, qual o material restaurador, etc). Pacientes com alta atividade de cárie precisa de flúor para que o processo de cárie seja controlado. O plano de tratamento deve ser feito e lido com muita atenção, pois antes de cada consulta, todos os materiais e instrumentais devem estar organizados e as técnicas necessárias para atender a criança devem ser conhecidas: isso é fundamental para o sucesso do tratamento (o tempo com a criança deve ser o mais objetivo possível – muitas perdem a paciência ou podem ficar agitadas com demoras). Tentar planejar hemiarcos por consulta (para caso precise anestesiar, utilize-se menos anestésicos), mas apenas se achar que for capaz. Só começa a realizar o plano de tratamento depois que o professor assinar. A evolução do tratamento deve ser anotada após cada consulta: deve ser anotado o procedimento do dia e o comportamento da criança durante a consulta (se o paciente colaborou ou não, se mostrou resistência para abrir a boca ou não, se faltou, etc.). Isso é importante para elaborar/alterar técnicas de atendimento, comparar o estado de saúde oral e geral da criança e lembrar que outra pessoa também pode acompanhar o caso da criança, e precisa ter o máximo de informações sobre a situação de saúde, procedimentos realizados e comportamentos exibidos pela criança. OBS: É importante saber conversar com o responsável sobre tópicos sensíveis (anestesia, cirurgia, procedimentos, etc), assim como conversar com a criança evitando palavras como “dor” (substituir por “incômodo”, por exemplo), para diminuir ou evitar aumentar o nível de estresse no momento. ODONTOLOGIA INFANTIL II Imaginologia em odontopediatria (2022) Prof. Patrícia Utilizado para o diagnóstico e plano de tratamento. Critérios para realizar o exame: Completa avaliação e exame Expectativa da doença estar presente Possibilidade de alteração da normalidade Julgamento profissional e orientação Proteção contra a radiação: a criançaé um ser em desenvolvimento e precisa de uma proteção maior que os adultos. Utilizar filmes ultra-rápidos; Avental de chumbo; Técnica e revelação corretas - o acerto evita repetições e estresse na criança; Protetor de tireóide - evita estímulos desnecessários que podem causar distúrbios endócrinos. Posicionador infantil - o posicionador para adultos pode servir para crianças maiores. Técnicas radiográficas (sugerem) mais utilizadas: Interproximal Periapical Oclusal Panorâmica As técnicas dependem de fatores como: Idade; Colaboração do paciente - o paciente precisa fica imóvel durante o exame; Tamanho da cavidade oral Número de dentes Finalidade da radiografia A técnica da aleta oclusal com fita crepe pode ser modificada: a aleta, nesse caso da imagem, está mais para cima, com o objetivo de fazer com que o filme radiográfico permaneça mais para baixo na cavidade oral (isso permite que o CD visualize toda a extensão do dente na radiografia). Cada criança deve ser bem examinada antes do exame radiográfico, pois cada caso é diferente (a anatomia da criança, principalmente). Sequência da radiografia interproximal: utilizar a técnica “dizer, mostrar e fazer”, sempre guiando a criança durante o exame. Imagem acima: Radiografia da esquerda: uso de filme para adultos dobrado ao meio. Radiografia da direita: filme para adulto utilizado em uma criança grande. TÉCNICAS MODIFICADAS 1. Técnica de radiografia periapical modificada: no seu longo eixo, o filme é dobrado (⅓ do filme), é prendido um rolo de algodão em 2/3 do filme (com fita crepe) e o filme é inserido na boca da criança. Exemplo de radiografia de dente supranumerário: 2. Radiografia periapical modificada para oclusal: é realizada com filme periapical adulto com o intuito de reproduzir uma imagem radiográfica oclusal. A incidência dos feixes segue a mesma lógica da periapical normal, mas é utilizado um filme para adultos. Exemplos: Dependendo da idade da criança, com 4 tomadas radiográficas, pode-se visualizar todos os dentes: 2 interproximais, 1 periapical modificada para oclusal na arcada superior e 1 periapical modificada para oclusal na arcada inferior. EXEMPLOS DE CASOS CLÍNICOS Caso 1 Nesse caso, a criança chegou na clínica com dentes fraturados e um aumento de volume na região vestibular maxilar devido a um traumatismo. Foram utilizadas as técnicas: periapical e técnica de Fazzi. Com a técnica de Fazzi, foi visto que com o trauma, o dente foi intruído e vestibularizado, dando o aumento de volume na região vestibular: OBS: Na técnica de Fazzi o filme periapical deve ser posicionado verticalmente ao lado do nariz (extrabucal). É muito utilizada em casos de traumatismo (para pesquisar dentes decíduos intruídos, profundidade de intrusão e posição das raízes). Exemplo da posição do filme nessa técnica: Outra técnica bastante utilizada é a técnica de localização de Clark: após uma tomada radiográfica convencional, é realizada outra radiografia com deslocamento horizontal do feixe de raios-X (mesiorradial ou distorradial). Isso faz com que estruturas mais distantes sejam deslocadas no mesmo sentido de deslocamento do feixe de raios-X, enquanto estruturas mais próximas do feixe se deslocam no sentido contrário. Essa técnica é muito utilizada para pesquisar dentes inclusos, por exemplo. Caso 2 Dente decíduo não foi reabsorvido a tempo e por isso teve que ser extraído: É importante observar os dentes já erupcionados para avaliar se há necessidade de exodontia, se há alinhamento dos arcos dentários, se há espaço para os dentes permanentes, etc. Caso 3 Caso de contenção rígida realizada em um hospital de emergência: Caso 4 Dente decíduo quase esfoliando, com presença de sucessor, visto na radiografia e clinicamente (é importante saber se há sucessor e se a esfoliação do dente decíduo está seguindo o curso fisiológico). → Dentes após esfoliação: Caso 5 Incisivos permanentes em oclusão e um incisivo lateral superior decíduo ainda presente na boca. Foi necessário fazer uma radiografia, para pesquisar o motivo da não irrupção do permanente: Caso 6 Restos radiculares na cavidade oral, com dente sucessor presente. Nunca se deve colocar uma alavanca na direção do dente sucessor! Quando um dente permanente está em processo de erupção e próximo ao dente decíduo, tomamos isso como um sinal fisiológico (reabsorção fisiológica). A imagem abaixo compara uma situação fisiológica e uma situação patológica: há uma reabsorção com lesão de furca e grande destruição coronária: processo patológico, que deve ser tratado com exodontia. Outro exemplo de processo patológico e fisiológico (imagem abaixo): na imagem da esquerda, temos um processo fisiológico (sucessores permanentes próximos dos dentes decíduos). Nas imagens da direita, é possível visualizar um processo patológico de cárie, que pode levar a uma pulpectomia ou exodontia. Na imagem de baixo, o dente sucessor está distante, o que destaca a reabsorção patológica. OBS: se os dentes (decíduo e sucessor) estiverem próximos, não é recomendado interferir: é preferível deixar que o resto radicular seja reabsorvido naturalmente, para evitar lesões no dente permanente. No entanto, caso seja necessário interferir, o afastamento das raízes e a luxação podem ser feitos com uma espátula, pois tanto o dente decíduo como o espaço entre decíduo e sucessor são pequenos. Na radio superior esquerda há uma pulpotomia. Caso 7 Nesse caso, a criança não fechou a boca corretamente e as imagens apresentam erro do tipo meia lua. É importante ficar orientando a criança durante o exame, sempre pedindo para que ela mantenha a boca fechada e fique imóvel. EXAMES RADIOGRÁFICOS EXTRABUCAIS (deu pouca atenção) A radiografia panorâmica é utilizada para pesquisar dentes supranumerários, alterações sistêmicas, suspeita de síndromes, questões ortodônticas, etc. Indicação: Diagnóstico geral inicial e proservação de tratamentos; Grandes áreaspatológicas; Problemas de ATM Desvio de septo nasal Extração de terceiros molares Verificação de crescimento e desenvolvimento na ortodontia e odontopediatria Fraturas de mandíbula Exemplo de uso da panorâmica (encontrados 18 supranumerários): Caso 8 Paciente bebê com muitas pregas que limitavam sua abertura bucal. Foi realizada uma tomografia, que mostrou que a paciente possuía agenesia de alguns dentes: O tratamento envolveu a cirurgia de remoção das pregas e confecção de prótese para as brechas dos dentes ausentes. Caso 9 Reabsorção precoce, sem germe do permanente, além de reabsorção coronária. Quando o dente que está se reabsorvendo está com seu periápice distante da coroa do permanente, significa reabsorção patológica: Caso 10 Coroa de aço pré-fabricada mal adaptada: Caso 11 Fratura dental com sentido apical - é sempre importante radiografar em caso de fratura, pois a radiografia ajuda na decisão de manter ou não o dente na cavidade. Nesse caso, foi realizada a exodontia, visto que a fratura se estendia à porção radicular do dente. Caso 12 Corpo estranho invaginando na mucosa de um paciente bebê (é uma forma de negligência): Caso 13 Odontoma composto visto na radiografia e coroas de aço pré-moldadas: Caso 12 Lesão extensa de cárie no dente decíduo. Nesse caso, os dentes decíduos e permanentes estão próximos, então é recomendado deixar que o dente siga seu curso fisiológico de reabsorção (reabsorção fisiológica). Caso 13 Caso de dentes supranumerários em que, à medida que foram irrompendo na cavidade oral, foram sendo removidos cirurgicamente (o paciente foi acompanhado ao longo dos anos):
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