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14/02/2022 Nefrologia Natalia Lisboa Síndrome nefrítica Evidências de inflamação glomerular resultando na maioria das vezes em diminuição do RFG (ritmo de filtração glomerular) por ruptura dos vasos, proteinúria não nefrótica com edema e hipertensão de início recente, bem como hematúria e cilindros hemáticos. Na síndrome nefrítica tem o aparecimento súbito de edema, hipertensão arterial e hematúria. Classificação Etiológica • Primarias: lesões mínimas, GESF, membranosa, nefropatia por IgA • Secundarias: doenças metabólicas, doenças autoimunes, infecções Complemento • Via clássica: imunoglobulinas se liga ao patógeno ou indiretamente por anticorpos e ativa a cascata • Via alternativa: amplificação de todas C3q • Via de lecitina: proteínas da família das lecitinas se ligam a imunoglobulinas 14/02/2022 Nefrologia Natalia Lisboa • Complemento normal: PAN, Wegener, Berger etc. • Complemento baixo: LES, GNDA etc. Glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica (GNDA) É um processo de origem imunológica que acomete todos os glomérulos devido a estreptococcia da pele ou de vias aéreas, causada pelo estreptococo B-hemolítico do grupo A. O aparecimento do quadro clínico é precedido em 7 a 21 dias por infecção estreptocócica. • Ocorre mais em crianças, e o pico é de 5-12 anos • O paciente apresenta início abrupto de oligúria, ganho de peso, edema generalizado e hipertensão arterial. Fisiopatologia O antígeno estreptococo se liga ao anticorpo, formando um imunocomplexo circulante. Esse imunocomplexo vai se depositar na região subendotelial do capilar glomerular, e isso ativa o sistema complemento promovendo: • Alteração na membrana basal • Perda da barreira física: proteinúria e hematúria e piuria (cilindros) • Redução da luz do capilar com aumento da creatinina • Túbulos permanecem normais e continuam reabsorvendo água: edema, HAS e congestão pulmonar. Diagnóstico Anamnese + exame físico (oligúria, edema e hipertensão). Laboratorial/imunilógico: • Urina: hematúria dismorfica, cilindros hemáticos, leucocituria e proteinúria variável • Complementos: C3 e CH50 diminuidos com retorno ao normal em 4 a 8 semanas. C4 pode estar normal. • A ASLO pode evidenciar a infecção por estreptococo, e deve ser pedida entre o 7º e o 21º dia para detectar a infecção. • Creatinina estará elevada se IR • Aumento de IgG e IgM em 70% dos casos • Crioglobulinemia em 60% dos casos • Anemia e plaquetopenia as vezes Evolução Na maioria dos casos há uma remissão completa dos sintomas em 2 a 4 semanas. A hematúria microscópica e proteinúria <1g pode persistir por meses. O complemento se normaliza após 6 a 8 semanas. Em 90% dos casos a cura é espontânea, sendo que 10% podem evoluir para glomerulonefrite rapidamente progressiva. Tratamento • Controle do edema: diuréticos e restrição de sal • Controle da PA • Antibioticoterapia: indicado se infecção presente • Corticoides: em situações de GNRP Mau prognostico: hipocomplementenemia persistente, HAS persistente e proteinúria > 12 meses. Glomerulonefrite por LES – Nefrite lúpica LES é uma doença autoimune inflamatória multissitêmica crônica e de causa desconhecida. 14/02/2022 Nefrologia Natalia Lisboa Mecanismo • Perda de tolerância ao Self-IgG: deixa de reconhecer as próprias células como sendo suas • Fatores ambientais: UVB e doenças infecciosas • Imunocomplexos patogênicos • Fatores genéticos HLA I e II • Fatores hormonais: estrogênios Todos esses mecanismos levam a uma hiperreatividade de linfócitos B, além de disfunções de linfócitos T, fazendo com que os anticorpos ajam contra o DNA, gerando inflamação. Fisiopatologia • Acúmulo de imunocomplexos • Autoanticorpos (DNAds) • Antígeno Sm e C1q • Ligação direta dos Acs à membrana basal • Hipertensão glomerular e ativação da cascata de coagulação. Manifestações renais • Síndrome nefrítica ou nefrótica ou nefríticas-nefróticas • Edema, hematúria, proteinúria, hipertensão arterial, oliguria, perda de função renal • Associam-se à presença de anti-ds-DNA • Formas mesangiais são mais brandas, enquanto as proliferativas são mais agressivas e tem pior diagnóstico em termos de IRC dialítica. Biópsia renal no LES • Elevação da creatinina sérica • Proteinúria >1g isolada ou >0,5g associada a hematúria • Anti-DNA nativo e hipocomplementenemia (C3 e C4) • Rim > 9cm/no mínimo 8 glomérulos • Motivo: classificação e avaliação do grau de atividade e cronicidade bem como o compartimento vascular. Classificação I. Mesangial mínima II. Mesangial proliferativa III. Focal IV. Difusa: proliferação endotelial e mesangial em mais de 50% dos glomérulos V. Membranosa VI. Esclerosante Diagnóstico • Está em atividade lúpica? Se sim, dosar níveis séricos de CH50, da fração de C3 e anti-DNA • Avaliação do sedimento urinário de forma seriada • Creatinina: as variações geralmente subestimam a gravidade das lesões. • FAN, anti-DNAds, complemento, pesquisa de hemácias dismórficas, sorologia para hepatite B, C, HIV e sífilis. Tratamento Varia de acordo com a classe da nefrite lúpica 14/02/2022 Nefrologia Natalia Lisboa Nefropatia por IgA É uma glomerulonefrite proliferativa mesangial que se caracteriza por deposição mesangial difusa de IgA. O padrão é idêntico ao encontrado na pupura de Henoch-Schonlein. Acomete mais os adultos jovens, e é precipitado por episódios infecciosos em até 50% dos casos. Causas secundárias: cirrose alcoólica, doença de Crohn, hanseníase etc. Manifestações clínicas • Hematúria macroscópica (2-3 dias) e hematúria microscópica e proteinúria assintomáticas • IRA < 5% em todos os casos, mas com aumento na idade acima de 65 anos • IRC em 20% dos pacientes Fatores de mau prognóstico • Homens • Idade > 35 anos • Síndrome nefrótica persistente • Presença de esclerose glomerular a biópsia e quadros que se apresentam com hematúria microscópica e proteinúria assintomáticas Tratamento • iECA ou BRA • Corticoides ou imunossupressores em casos de síndrome nefrótica ou IR por 6 meses se TFG > 50% • Alvo pressórico: 130/80mmHg Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP) Perda de mais de 50% da função renal dentro de 3 meses. Geralmente o acometimento renal está associado a um quadro sistêmico • Tipo 1: Ac anti-membrana basal glomerular (acometimento pulmonar grave) • Tipo 2: depósitos por imunocomplexos (LES, PHS, crioglobulenemia) • Tipo 3: ANCA relacionados (vasculites-granulomatose com poliangeíte e a poliangeíte microscópica) É uma urgência médica! Tratamento • Imunossupressão de urgência com doses de indução, pulsoterapia • Verificar se o paciente não está em infecção • No tipo 1 associar a plasmaferese de acordo com a dosagem do Ac AMB • Hemodiálise de urgência se grave IR • Pacientes com creatinina superior a 4 no diagnóstico tem pior prognóstico.
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