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Delirium em Idosos: Diagnóstico e Tratamento

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Geriatria – Amanda Longo Louzada 
1 DELIRIUM 
INTRODUÇÃO: 
 É uma emergência geriátrica, definida como uma 
síndrome cerebral orgânica sem etiologia 
específica, com duração variável e gravidade 
que vai de formas leves a muito graves. 
 É a complicação mais comum na internação 
hospitalar nos idosos acima de 65 anos e pode 
ser o principal ou o único sintoma de doença 
potencialmente grave. 
 É de início agudo e curso flutuante, varia muito 
ao longo do dia. 
 Fisiologia: relaciona-se ao desequilíbrio da 
liberação, degradação e síntese de 
neurotransmissores além da predisposição 
genética. 
 Resulta da interação entre a vulnerabilidade do 
paciente (fatores predisponentes) e a ocorrência 
de um insulto nocivo, (fatores precipitantes). 
 Fatores psicossociais como estresse psicológico 
e perda do suporte social e ambiente não 
familiar, também devem ser considerados. 
 Este quadro pode permanecer após a alta 
hospitalar por até 6 meses ou 1 ano. 
 A avaliação inicial é centrada em três aspectos 
simultâneos: 
 (1) estabelecer o diagnóstico sindrômico e 
investigar etiologia do Delirium; 
 (2) determinar a(s) causa(s) potencial (i)s e 
descartar problemas que possam levar a risco 
de vida e 
 (3) manejo dos sintomas com medidas 
farmacológicas e não farmacológicas. O 
instrumento mais utilizado para identificação de 
delirium, é o Confusion Assestment method 
(CAM), que apresenta mais de 95% de 
especificidade e 90% de confiabilidade. 
 Para pacientes entubados ou que não possam 
verbalizar, há uma adaptação para aplicação 
este instrumento 
DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO: 
 DSM-V: 
 A. Distúrbio da atenção (capacidade reduzida 
para dirigir,focar ,manter ou desviar a atenção) 
e da consciência (diminuição da percepção do 
ambiente) Distúrbio da cognição, atenção e 
consciência; 
 B. O distúrbio desenvolve-se em curto espaço 
de tempo (usualmente horas a dias), 
representa uma mudança com respeito a 
atenção e consciência prévias e tende a flutuar 
durante o curso do dia.Sintomas precoces 
predominantes noturnos, mas pode ser 
insidioso, com irritabilidade, diminuição da 
concentração, insônia, pesadelos ou 
alucinação transitória e alteração no ciclo 
sonovigília; 
 C. Uma alteração na cognição adicional 
(deficiência de memória, linguagem, habilidade 
visuoespacial ou percepção) Hipo ou 
hiperatividade motora; 
 D. Os distúrbios de A e C não são atribuído a 
um transtorno neurocognitivo preexistente, 
estabelecida ou em evolução , e não ocorre no 
contexto de um nível de estimulação 
extremamente reduzido como o coma Ilusões e 
alucinações principalmente visuais e anomia e 
disgrafia 
 E. Existe evidência na história, exame físico ou 
achado laboratorial de que o distúrbio seja 
causado por uma condição médica, intoxicação 
ou abstinência por uma substância, ou evento 
adverso de medicamentos. 
 Quadros adicionais que podem acompanhar o 
delirium e confusão incluem o seguinte: 
 Distúrbios psicomotores, como hipoatividade, 
hiperatividade com aumento de atividade 
simpática e prejuízo da duração e arquitetura 
do sono. 
 Distúrbios emocionais variáveis como medo, 
depressão, euforia ou perplexidade. Pode se 
apresentar como: Delirium hiperativo, com 
agitação psicomotora, hiperalerta, com 
alucinações, perambulação, agressividade 
(risco de uso de benzodiazepínico com piora) – 
25%;Delirium hipoativo, com letargia, 
sonolência, apatia e discurso lento (forma mais 
frequente, confusão frequente com quadro 
depressivo). 25%; Delirium misto, em que há 
alternância de características dos dois 
padrões.(45%) 
DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO: 
 História clínica minuciosa e exame físico 
 Revisão de todos os fármacos em uso. (Os 
prescritos e não prescritos, os de administração 
sistêmica e/ou tópica, de uso regular, irregular e 
esporádico e seu tempo de uso) 
 Atenção para novos medicamentos prescritos ou 
mudança de dose muito recentemente. 
 Colher a história com um familiar - estabelecer a 
função cognitiva basal 
 Perguntar os meses de trás para frente (1 erro é 
o máximo permitido) 
 Para pacientes intubados - CAM ICU 
 Exame neurológico para déficits focais 
 Procurar infecção oculta 
 Avaliação laboratorial (individual) 
Geriatria – Amanda Longo Louzada 
2 DELIRIUM 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
 Demência: estado confusional por muito tempo - 
mais insidioso 
 Demência com sobreposição de delirium 
 Depressão 
 Desordens psicóticas não orgânicas – 
esquizofrenia, transtorno bipolar 
TRATAMENTO: 
 O tratamento farmacológico de primeira escolha 
é o haloperidol, seguido pela risperidona, 
olanzapina, quetiapina e em circunstâncias 
específicas, o lorazepam. 
 As medidas preventivas farmacológicas 
apresentam baixa evidência de boa resposta, 
dessa forma, não há recomendação para fazê-lo 
na literatura. 
 Só dá para o delirium hiperativo 
 Pode ser feito apenas nos momentos de 
agitação 
FATORES DE RISCO: 
 Déficit cognitivo 
 Imobilidade 
 Privação sono 
 Déficit sensorial, Visual, auditivo, 
 Desidratação 
 Desnutrição 
 Disfunção intestinal, urinária 
 Hipóxia, 
 Dor 
 Polifarmácia 
 Ambiente 
INTERVENÇÕES DA EQUIPE: 
DÉFICIT COGNITIVO: 
 Falar calmamente e evitar confronto 
 Se o paciente vê algo inexistente, referir: “eu não 
posso ver, mas sei que isso incomoda você” 
 Atentar para protocolos institucionais de 
segurança, para evitar acidentes e quedas 
 Reorientação através da orientação verbal, 
quadro branco com data e nome dos 
profissionais que assistem o paciente, relógio, 
todos em locais visíveis e 
 Orientação para realidade: se identificar (nome, 
ocupação e o que vai fazer) e falar data, horas e 
onde o paciente está 
IMOBILIDADE: 
 Mobilização precoce (no leito, deambulação), 
sentar em cadeira. 
 Evitar contenção, evitar uso de equipamentos 
que limitem os movimentos (sondas e cateteres) 
 Banho fora do leito, quando possível (com 
participação do paciente e da família) 
 Visita a sala de vivência 
PRIVAÇÃO DO SONO: 
 Restringir uso de fármacos psicoativos, medidas 
de higiene do sono,medidas não farmacológicas 
para redução da ansiedade, evitar longos 
períodos diurnos de sono (> 1h), estimular 
paciente para visita fora do apartamento 
 Educação para silêncio no ambiente, evitar baixa 
luminosidade (como penumbra) diurna 
 Ajuste dos horários de medicações e 
procedimentos médicos e de enfermagem,no 
período noturno, para permitir sono ininterrupto 
(preservar 4 h) 
DÉFICIT SENSORIAL\ VISUAL\ AUDITIVO: 
 Orientar familiares trazer órteses 
auditivas/visuais 
 Iluminação adequada ou outros instrumentos 
para otimizar visão, estímulo diário 
 Identificar necessidade de avaliação médica 
específica (ORL,oftalmologista) 
DESIDRATAÇÃO: 
 Reconhecimento precoce da desidratação e 
reposição de volume 
 Restaurar níveis séricos de eletrólitos e outros 
componentes 
DESNUTRIÇÃO: 
 Avaliação nutricionista, fonoaudiólogo, 
odontólogo de acordo com demandas 
 Suplementos ou nutrição enteral , espessantes 
 Providenciar órteses/prótese dentária 
DISFUNÇÃO INTESTINAL\ URINÁRIA: 
 Prevenir e tratar constipação 
 Interromper cateterismo vesical o mais precoce 
possível 
HIPÓXIA: 
 Posicionamento no leito, suplementação 
oxigênio 
 Avaliação e intervenção da fisioterapia, 
instituição de ventilação não invasiva 
DOR: 
Geriatria – Amanda Longo Louzada 
3 DELIRIUM 
 Avaliação de dor objetiva e pela expressão de 
dor( em pacientes sem comunicação) 
 Aplicar escala de dor 
 Providenciar analgesia se presença ou suspeita 
de dor 
POLIFARMÁCIA: 
 Suspender medicamentos desnecessários 
 Evitar interação medicamentosa e redundância 
 Minimizar uso de diazepínicos e anticolinérgicos 
 Evitar abstinência de psicotrópicos 
(antidepressivos e diazepínicos anticolinérgicos, 
antihistamínicos)AMBIENTE: 
 Humanização do ambiente: solicitar a familiares 
fotos e objetos pessoais 
 Orientar convívio com familiares e cuidadores de 
costume 
 Evitar excesso de pessoas no ambiente 
 Manter o ambiente tranquilo, livre de ruídos e 
muito movimento. Desligar TV e rádio 
 Quando o paciente não está usando 
 Evitar conversas e ruídos de carros de limpeza e 
nutrição no corredor das unidades abertas

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