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Resenha Documentário ONU Brasil - Consciência Negra

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Atividade: Assistir ao vídeo “ONU Brasil lança documentário sobre o Dia da Consciência Negra” e escrever um comentário de até três laudas digitadas sobre o filme, relacionando-o aos textos discutidos.
Reflexões sobre a questão racial no Brasil
O documentário lançado pela ONU Brasil em novembro de 2015 traz comentários de personalidades, artistas, militantes e intelectuais negros e brancos sobre a questão racial no Brasil, além de dados estatísticos que ajudam a contextualizar a temática. Como ponto de partida, já se remete ao processo de imigração forçada pelo qual milhares de africanos passaram, tendo sido trazidos ao país contra sua vontade. Este processo foi marcado por uma série de violências sistêmicas, sejam estas físicas, institucionais ou de outros formatos, de modo que deixou sequelas na população negra brasileira até os dias de hoje. Concomitantemente, aspectos socioculturais da população africana incorporaram-se à brasileira, seja por aspectos esportivos, culturais ou religiosos, ainda que muitas vezes criminalizados. Nas palavras do cantor Carlinhos Brown no documentário, “a cultura negra não passa, no Brasil, de cultura afro-ameríndia”. 
Outros pontos importantes são explorados no vídeo, como: o fato da maioria da população brasileira ser negra conforme dados do IBGE e ainda assim ter baixa representatividade em vários espaços. Após a abolição da Lei Áurea em 1888, a população negra esteve às margens da sociedade, sem uma devida inserção nesta dos espaços de trabalho ou acesso à direitos sociais como moradia e educação. No vídeo, o professor Douglas Belchior discute sobre como o movimento negro desde sempre lutou justamente por acesso à estes bens e direitos essenciais. 
Na sequência dos dados apresentados no vídeo que reforçam este processo de marginalização e negação do acesso à direitos, está o de que os jovens negros dispõem de 2,5 vezes mais chances de serem assassinados do que um jovem branco no Brasil. o escritor Paulo Lins aponta como a raíz desde problema e a ausência de distribuição de renda, que gera o aumento de violência, de circulação de armas e de mortes causadas pelas forças policiais. Isso sem contar que a maioria das pessoas encarceradas, julgadas e condenadas no país são justamente pretas ou pardas. 
A questão educacional também é um problema que afeta particularmente a população negra no Brasil. O vídeo evidencia como o ambiente acadêmico é hostil, exige recursos que não são acessíveis e dispõe de espaços compostos por pessoas majoritariamente brancas. É apresentada a iniciativa inovadora e positiva da Faculdade Zumbi dos Palmares em incluir a população negra no acesso ao Ensino Superior. Ademais, as políticas afirmativas de inclusão em universidades públicas e privadas também foram avanços para esta inclusão fundamental.
O documentário nos ajuda a refletir sobre a existência dos considerados “novos” movimentos sociais surgidos a partir da década de 1970. Esta acepção, de Alain Touraine, reconhece a existência de novos movimentos que passaram a se constituir neste ano defendendo pautas diferentes das dos movimentos tradicionais, focados até então principalmente na luta de classes. Estas pautas incluem o movimento de mulheres, pela igualdade racial, em defesa do meio ambiente entre outras. 
Uma acepção trazida pela filósofa Nancy Fraser acerca desta dualidade são os conceitos de redistribuição e reconhecimento. Grosso modo, a redistribuição diz respeito à distribuição de renda, focando na questão da luta de classes dos movimentos sociais tradicionais; enquanto o reconhecimento correlaciona-se aos novos movimentos sociais, indicando as demandas dos grupos específicos em serem reconhecidos de fato. Adentrando estes conceitos e relacionando-os à questão racial, Paulo Neves aponta que: 
No Brasil, o debate entre redistribuição e reconhecimento perpassa as discussões sobre a questão racial. Por um lado, a posição tradicional da esquerda tem sido a de tentar explicar o racismo no Brasil a partir das desigualdades sociais que, por conta de um passado histórico marcado pela escravidão, impõem aos negros as posições sociais mais baixas. Os movimentos negros, por outro lado, vão procurar defender a idéia de que o racismo é a principal clivagem da sociedade brasileira, a tal ponto que ele dificulta a ascensão social da população de origem negra no país. (NEVES, 2005, p. 86)
De fato, ainda que a população negra represente em termos raciais o grupo que sofre mais as consequências da desigualdade social no Brasil, o racismo estruturante da sociedade brasileira impede que esta população alcance patamares mais altos na sociedade e ainda que tenham negros que alcancem lugares de prestígios, estes continuam sendo vítimas de preconceitos em decorrência da cor da pele. Deste modo, criar novas políticas públicas e fomentar as já existentes em prol da igualdade racial no Brasil são de extrema importância e deve ser um compromisso institucional do país. 
Referências 
· ONU Brasil lança documentário sobre o Dia da Consciência Negra
· Luta anti-racista: entre reconhecimento e redistribuição 
· Ação Coletiva, Cultura e Sociedade Civil: Secularização, atualização, inversão, revisão e deslocamento do modelo clássico dos movimentos sociais

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