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Avaliação Conflitos Sociais

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Avaliação Conflitos Sociais
1) Para Karl Marx a “luta de classes é o motor da história”. Qual o significado disso para entender os conflitos sociais nas sociedades modernas? Quais grupos sociais encarnariam esses conflitos?
 
O sociólogo Karl Marx propõe a análise social a partir da luta de classes, que seria um constante embate entre aqueles que detém os meios de produção e os que precisam vender sua força de trabalho para sobreviver. As duas classes sociais principais que protagonizam este embate seriam então, respectivamente, a burguesia e o proletariado. Esta acepção faz com que os conflitos sociais estejam postos justamente no cerne da sociedade e surgiu em um contexto onde era cada vez mais visível o embate social: com a nova revolução industrial, os trabalhadores, crianças, mulheres e idosos eram explorados enquanto apenas um pequeno grupo enriquecia. No momento atual, podemos dizer que a situação não sofreu profunda alteração. Como exemplo no Brasil temos uma grande concentração de terras e de renda nas mãos de um grupo pequeno de pessoas, enquanto a grande maioria da classe trabalhadora, que vive nas periferias, no campo e também nas cidades, trabalha mas em condições cada vez mais precarizadas e longe de chegarem a deter meios de produção de fato. 
2) Em que sentido autores como Max Weber e Norbert Elias se opõem a essa visão?
Max Weber também discorre acerca dos conflitos sociais, mas na acepção deste autor o conflito de classes em si não é o ponto de partida principal destes, como em Marx. Weber defende a posição de que existem conflitos de outras abrangências, podendo ser gerados por divergências políticas, de gênero, na busca por status e outras questões, não sendo diretamente causadas pelas classes sociais em si. Já Norbert Elias, autor de “Os estabelecidos e os outsiders", acredita que os conflitos gerados na sociedade advém da relação entre os grupos estabelecidos em espaços de poder, quando se chocam com interesses de quem está às margens dele, que seriam os outsiders propriamente ditos. Exemplificando com a situação do país: homens brancos de renda acima da média da população brasileira que detém a maioria dos espaços na política institucional e nos cargos eletivos têm dificuldades de lidar e existem choques de interesse quando mulheres negras também ocupam estes espaços e o reivindicam. 
3) Para Alain Touraine a cultura e os valores são fundamentais para entender a dinâmica dos movimentos sociais. Como isso acontece? Considere a realidade de movimentos tais como o dos jovens de periferia, o feminista, o de negros ou dos LGBTQI na sua resposta.
Alain Touraine, analisando os movimentos sociais, os divide em duas categorias, os primeiros, ou “antigos” seriam aqueles que surgiram focados na questão de classe, alinhando-se à perspectiva marxista. Aqui, o ponto principal é a luta por uma igualdade social partindo da questão econômica. Já a partir da década de 70, temos os novos movimentos sociais, que são aqueles cujas reivindicações são norteadas pelas questões culturais, que passam a ser mais importantes que as classes. São estes os movimentos pela igualdade racial, da luta das mulheres, pela ecologia etc. O autor acredita que as teses clássicas sobre os movimentos sociais não eram capazes de abranger as novidades da sociedade contemporânea. Os novos movimentos caracterizam-se por terem valores alinhados, seus membros possuírem uma identidade e reivindicarem sua presença nos espaços de poder e na sociedade de maneira geral, deixando de serem outsiders dos espaços sociais. Um exemplo é o movimento LGBTQIA+: pessoas que se aglutinaram reivindicando o direito de terem sua sexualidade e particularidades respeitadas na sociedade, podendo ser quem são e sem sofrer retaliação por parte da sociedade e do Estado por isso.
4) Para você, podemos afirmar que o movimento feminista negro ou o das mulheres do MST conseguem aglutinar demandas por reconhecimento com as demandas por redistribuição?
A filósofa Nancy Fraser agrupa os movimentos da contemporaneidade como de reconhecimento ou de redistribuição. Fazendo um paralelo com a divisão de Touraine, diríamos que os de redistribuição seriam os antigos e os de reconhecimento os novos movimentos sociais. Na definição da autora, a redistribuição diz respeito a redistribuição de renda e um olhar especial sobre a questão da classe social; e o reconhecimento se alinha ao desejo de grupos de serem reconhecidos com sua identidade e alcançarem locais e legitimidade na sociedade. Acredito que o movimento feminista negro consegue de alguma forma aglutinar as duas demandas. Ao mesmo tempo que reivindica um lugar na sociedade fazendo o enfrentamento concomitante ao racismo e ao patriarcado, as mulheres negras estão na base de uma pirâmide de opressões, recebendo também menores salários e dispondo de rendimentos baixos, vivendo na maioria das vezes nas periferias das grandes cidades. Por isso, sua pauta de luta inclui também a necessidade de redistribuição, uma vez que sem condições de equidade social é ainda mais difícil encarar a própria luta pelo reconhecimento. No fim, ambas caminham juntas em busca de dignidade e garantia de direitos.

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