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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DISCIPLINA PLANEJAMENTO AMBIENTAL I PROFESSOR: DRª MARIA CLARA BARRETO SANTOS MARTINS ALUNO: LÚCIO DA SILVEIRA FLORÊNCIO NUNES DATA: 15/05/2022 Atividade 1 1. Analise criticamente a expressão Desenvolvimento Sustentável. De acordo com Montebellier Filho (2008), em meados da Década de 1980 emerge o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”, o qual tem origem anglo-saxônica (Susteinable Development) e teria sido empregado pela primeira vez pela International Union for Conservasion Nature – IUCN (um organização civil internacional em prol da conservação da natureza), a qual chegou a defini-lo como “um novo paradigma” na conferência mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento, promovida pela própria IUCN, em 1986. Para Rodrigues (2005), os discursos que permeiam o Desenvolvimento Sustentável, tendo como ideário o ambiente como bem comum ou como questão transversal que estaria sob responsabilidade de todos, desviam o foco da discussão da intrínseca relação entre crise ambiental e acumulação capitalista. Além disto, para esta autora, há a desconsideração da apropriação privada e desigual das riquezas naturais, tendo como centro o modo de apropriação capitalista que depende, diretamente, do excedente e da superprodução. Mesmo permeado por contradições, o desenvolvimento sustentável tornou-se o grande foco da discussão socioambiental. E segundo Rodrigues (2005) é na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), promovida pela ONU, em 1992, na cidade do Rio de Janeiro intitulada como Eco-92 (ou ainda “Rio-92”), que conceito “desenvolvimento sustentável” recebe proporções globais de discussão e difusão. Tal conferência estabeleceu o Desenvolvimento Sustentável como o objetivo a ser perseguido pelas nações no Século XXI, estabelecendo uma série de diretrizes para orientar a busca desse desenvolvimento pelos países, as quais se encontram dispostas na “Agenda 21”, principal documento resultante da conferência. Então o que se viu foi a continuação de um modelo socioeconômico vigente, qual seja, o capitalismo. Frente a consolidação neoliberal que aprofundou as contradições referentes à continuidade do modelo de acumulação vigente, radicalizando os problemas socioambientais perante a continuidade de um sistema que não foge as suas próprias lógicas. A questão ambiental permaneceu então como retórica ou como “nova fronteira do capitalismo”, por meio da produção de discursos, práticas e mercadorias ditas “sustentáveis” (Tadeu e Lima, 2016). 2. Diferencie práticas ambientais preservacionistas de práticas conservacionistas. O preservacionismo, aborda a proteção da natureza independentemente de seu valor econômico e/ou utilitário, apontando o homem como o causador da quebra desse “equilíbrio”. De caráter explicitamente protetor, propõe a criação de santuários, intocáveis, sem sofrer interferências relativas aos avanços do progresso e sua consequente degradação. Em outras palavras, “tocar”, “explorar”, “consumir” e, muitas vezes, até “pesquisar”, tornam-se, então, atitudes que ferem tais princípios. De posição considerada mais radical, esse movimento foi responsável pela criação de parques nacionais, como o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos. Já a segunda corrente, a conservacionista, contempla o amor à natureza, mas aliado ao seu uso racional e manejo criterioso pela nossa espécie, executando um papel de gestor e parte integrante do processo. Podendo ser identificado como o meio-termo entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, o pensamento conservacionista caracteriza a maioria dos movimentos ambientalistas, e é alicerce de políticas de desenvolvimento sustentável, que são aquelas que buscam um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras. (Castro 2011, Fonte Site: Mundo Escola) 3. Defina os conceitos de 'Impacto ambiental' e 'Degradação ambiental'. Degradação ambiental é um termo de conotação claramente negativa. Seu uso na “moderna literatura ambiental científica e de divulgação é quase sempre ligado a uma mudança artificial ou perturbação de causa humana – é geralmente uma redução percebida das condições naturais ou do estado de um ambiente” (Johnson et al., 1997, p. 583). O agente causador de degradação ambiental é sempre o ser humano: “processos naturais não degradam ambientes, apenas causam mudanças” (Idem, p. 584). A degradação de um objeto ou de um sistema é muitas vezes associada à ideia de perda de qualidade. Degradação ambiental seria, assim, uma perda ou deterioração da qualidade ambiental. Segundo Gomes (2016) O termo degradação ambiental, se refere apenas para impactos negativos que ocorrem no meio ambiente, não possuindo nenhum caráter positivo em si, diferentemente do termo impacto ambiental, que pode apresentar um lado positivo, uma frente benéfica para o meio ambiente. Para Louzada (2013), compreendem se por degradação, as alterações e desequilíbrios originados no meio ambiente que acabam por prejudicar os seres vivos, impedindo dessa forma, os processos vitais existentes antes dessas alterações. Moreira (2004) considera que as áreas degradadas são extensões naturais que perderam a capacidade de recuperação natural após sofrerem distúrbios. Baseado na lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional de Meio Ambiente, o Art. 3, inciso II, define degradação ambiental como “degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente.” (BRASIL, 1988). Branco (1988, p. 57) conceitua impacto ambiental como “[...] uma poderosa influência exercida sobre o meio ambiente, provocando o desequilíbrio do ecossistema natural”. O mesmo autor discorre que “desde o surgimento do homem na Terra, a frequência e os tipos de impacto ambiental têm aumentando e diversificado muito” (BRANCO, 1988, p. 18). Na resolução nº 001 de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) consta a seguinte definição de impacto ambiental: Qualquer alteração das propriedades físicas químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem: I -a saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV - a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1986) Portanto, “impacto ambiental é, pois, uma espécie de “trauma ecológico” que segue ao choque causado por uma ação ou obra humana em desarmonia com as características e o equilíbrio do meio ambiente” (BRANCO, 1988, p. 18). 4. Como as mudanças no cenário internacional interferiram na política ambiental brasileira? Segundo Queiroz (2005) o processo de construção das políticas ambientais no Brasil, ocorreram por força das questões mais complexas sobre a pauta internacional do chamado Desenvolvimento Sustentável. Vale ressaltar, que as temáticas ambientais não só se tornaram recorrentes, mas também estiveram presentes nas agendas dos governos e das políticas internacionais, e em especial nas principais agências do Sistema ONU. Notadamente, por exemplo, o sistema GATT/OMC (Organização Mundial do Comércio) que tem como atribuições tratar das questões relacionadas ao comércio internacional, forçando a analisar e tratar sobre o impacto das questões ambientais no âmbito das negociações comerciais, o que influenciariam e influenciaram na formulação e regulamentação das políticas públicas econômicas, determinando novos padrões de produção e consumo nos países, pautado no conceito de Desenvolvimento Sustentável, presente no acordo de Marraqueche (1994). REFERÊNCIAS: BRANCO, S.M. O meio ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1988. Coleção polêmica. BRASIL. Lei Nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em: 15/05/2022 BRASIL. Resolução CONAMA nº 001 de 1986 que dispõe sobre transporte de produtos perigosos em território nacional. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> Acesso em: 15/05/2022 LOUZADA, A. Gestão ambiental, conceitos e definições Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABQDYAJ/gestao-ambiental-conceitos-definicoes Acesso em: 15/05/2022. MONTIBELLER-FILHO, G. O mito do desenvolvimento sustentável: meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. Santa Catarina: UFSC, 2008. MOREIRA, P. R. Manejo do solo e recomposição da vegetação com vistas à recuperação de áreas degradadas pela extração de Bauxita, Poços de Caldas, MG. 2004. 139 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas). Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2004. QUEIROZ, F. A. Meio ambiente e comércio na agenda internacional: A questão ambiental nas negociações da OMC e dos blocos econômicos regionais. Ambiente & Sociedade, v.8, n.2, p.1- 13, 2005. RODRIGUES, A. M. Problemática ambiental = Agenda política: Espaço, Território, Classes sociais. Boletim Paulista de Geografia: “Perspectiva Crítica” nº 8, p.91 a 110, Dezembro de 2005. TADEU, N. D.; LIMA, B. A. Questão ambiental como nova fronteira do Capitalismo: Reflexões críticas a partir da Economia Ecológica e do Ecomarxismo. Anais do II Simpósio Interdisciplinar de Ciência Ambiental. pp. 302-316. Instituto de Energia e Ambiente – USP. São Paulo, 2016.
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