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Lupus eritematoso sistêmico Doença inflamatória sistêmica autoimune Protótipo da doença por imunocomplexos → anticorpos se ligam a antígenos e formam imunocomplexos Polimórfica É uma doença que não tem cura, e intercala períodos de exacerbação e remissão aspecto de asa de borboleta • Epidemiologia: + em mulher em idade fértil → pois o estrógeno tem papel fisiopatogênico na doença → diminui a apoptose dos linfócitos B → os linfócitos B, então, estarão produzindo auto anticorpos Raro: em crianças e idosos Em jovens: tende a fazer mais manifestações graves → mais neurológico e mais renal + em Afrodescendentes • Etiologia do Lupus: Complexa e multifatorial Precisa de inter-relação de fatores: -Genéticos: deficiência de complemento e HLA -Hormonal: estrógeno -Ambiental: exposição solar (radiação UV leva a apoptose dos queratinócitos da pele – os restos apoptóticos servem de estímulo para o sistema imunológico), tabagismo, medicações (lúpus farmacoinduzido) e infecções (principalmente infecções virais). • Fisiopatologia: Os fatores etiológicos irão interagir e vão levar à perda da tolerância imunológica (o sistema imune não tolera mais antígenos próprios) Interação multifatorial → perda da auto tolerância → linfócitos B passam a produzir auto anticorpos e o linfócito B não entra em apoptose, pois há → aumento do BAFF/Blys = fator indutor da sobrevida do linfócito → e há diminuição do linfócito T regulador Imunocomplexo formado pela ligação do anticorpo com antígeno: → vai estimular a resposta imune inata → IL-1 e TNF → estimulam a inflamação Imunocomplexos fazem consumo exaustivo do sistema complemento e → quando precisa de fato do complemento, não tem → diminuição do clearence dos imunocomplexos e restos apoptóticos → isso vai estimular mais o sistema imunológico e vai levar a dano tecidual ❖ Manifestações clínicas: Extremamente variável Há um “padrão” nos primeiros 5 anos Sintomas constitucionais Mais comum: cutâneo-articular → manifestações leves Grave: renal, sistema nervoso, miocárdio, pulmonar, vasculite ➔ Rash malar em “asa de borboleta” lúpus agudo Polpa a parte nasolabial ➔ Lesões anulares e fotossensíveis Lúpus subagudo ➔ Lesões cicatriciais e atróficas Lúpus discoide ➔ Úlceras orais indolores ➔ Vasculite cutânea: • Manifestações articulares: -Artralgia inflamatória -Poliartrite simétrica → NÂO EROSIVA = diferencial de artrite reumatoide → Artropatia de Jaccoud: Disfunção ligamentar (frouxidão ligamentar da mão) obs: na radiografia não há erosão (pois o problema não é ósseo – é o ligamento que é frouxo) • Manifestações cardiopulmonares: Dor torácica Pericardite (+ comum) Miocardite Hipertensão pulmonar Fibrose miocárdica Pleurite (+ comum) Derrame pleural Pneumonite lúpica (extremamente rara) Hemorragia alveolar Shrinking lung (raro – quando há paralisia diafragmática – síndrome do pulmão encolhido) • Manifestações neuropsiquiátricas: Sistema nervoso central: Meningite asséptica Mielopatia Coréia Convulsões Cefaleia Doença cerebrovascular Síndrome desmielinizante Estado confusional agudo Distúrbios cognitivos Psicose Distúrbios do humor Sistema nervoso periférico: Neuropatia craniana Polineuropatia Plexopatia Mononeurite simples/múltipla Polirradiculopatia inflamatória aguda (Guillain Barré) Desordens autonômicas Miastenia gravis Nefrite lúpica: O envolvimento renal do lúpus = através de glomerulonefrite Geralmente pega a nefrite lúpica no começo, apresentando: -Hematúria dismórfica -Leucocitúria -Proteinúria -Cilindrúria (altamente específico de nefrite lúpica) -Cilindros hemáticos: nefrite ativa Obs: disfunção renal não é obrigatório • Manifestações hematológicas: Leucopenia e/ou linfopenia Anemia de doença crônica Anemia hemolítica (em 10% dos casos) Plaquetopenia Pancitopenia (pensar em síndrome de ativação macrofágica) → paciente evolui com febre, alteração de transaminases, elevação de ferritina, hiperglicerinemia ❖ Diagnóstico: • Critérios classificatórios SLICC de 2012: Ao menos 4 critérios (1 clínico + 1 imunológico) • Critérios classificatórios de 2019: Critério de entrada (obrigatório): Fatores antinucleares (FAN) com um título > ou igual 1:80 + Critérios adicionais (pelo menos 10 pontos): -não ter outra explicação plausível -pelo menos uma vez de frequencia -se mais de uma manifestação dentro do mesmo domínio, pontua o de maior score ➔ O que mudou? -a obrigatoriedade do FAN positivo como critério de entrada -sistema de pontos -manifestações neurológicas mais restritas -lúpus discoide apenas -ausência de “coombs direto positivo” e “cilindros hemáticos” -“Febre” como critério aditivo • FAN: Fator antinuclear É um teste de triagem para detecção de autoanticorpos -não é patognomônico de Lupus (posso ter FAN + em infecções, em neoplasias dermatológicas, em uso de certas medicações) -auxilia no diagnóstico do Lupus -não é prognóstico -pode negativar ou mudar (por isso não é usado para o acompanhamento da doença) • Anticorpos no Lupus: -Atividade clínica: Anti-dsDNA Anti-P -Específicos de doença: Anti-dsDNA Anti-P Anti-Sm • Anti-RO: Não especifico, mas tem associação com o lúpus neonatal; com o sjogren secundário; com o lúpus cutâneo subagudo • Tratamento: -Fotoproteção! Varia de acordo com: atividade o remissão e sistemas envolvidos Cloroquina – para todos (exceto se houver contraindicação – ex: evoluiu com macolopatia por cloroquina) Prednisona se doença ativa Se paciente já estiver em remissão – fazer o desmame do corticoide Pulsoterapia: Fazer com corticoide nos primeiros dias– para manifestação grave (neurológico e renal) Após – fazer pulsoterapia com ciclofosfamida – varia de 6 mess a 1 ano Fase de indução: 6 meses a 1 ano Fase de manutenção: 3 a 5 anos Alvo: remissão sustentada • Armadilhas do diagnóstico LES: →Lupus cutâneo é diferente de lúpus sistêmico →Sempre questionar o diagnóstico →Não pedir auto anticorpos e complemento se não há clínica compatível • Profilaxia de osteoporose induzida por glicorcoticoides: Se paciente faz uso de prednisona 5mg por pelo menos 3 meses = já tem indicação de fazer profilaxia → Feita com: suplementação de vitamina D (ao menos 30); ingesta diária de cálcio 1000mg; exercício físico com carga (que estimula a produção de massa óssea) • Tratamento específico de lúpus: Tratar de acordo com a manifestação clínica do paciente; Se mais de 1 sistema em atividade: escolher o mais grave Se órgão-nobre/potencial grave: fazer pulsoterapia Para todos os pacientes: Hidroxicloroquina – 5mg/kg Corticóide oral ou ev – usado só em fase ativa da doença Pulsoterapia: Indicada em casos potencial grave/órgão nobre SNC, renal, vasculite Profilaxia de estrongiloidíase disseminada → em pacientes que irão receber metilprednisolona introvenosa Metilprednisolona 500-1g/ dia por 3 dias Ciclofosfamida 500mg – 1g/m2 mensal 6 a 12 meses -Eventos adversos: Infecção – principal Caso de metilprednisolona: alucinação; osteonecrose Casos de ciclofosfamida: cistite hemorrágia; mielotoxicidade; insuficiência ovariana A hidroxicloroquina: É um imunomodulador Não aumenta risco infeccioso Melhora perfil lipídico do paciente Diminui risco de trombose e flare da doença Maculopatia: fazer rastramento anual para ela – em caso de maculopatia = suspender a medicação • Gestação e anticoncepção: Gravidez planejada: alto risco Fora de atividade e fora de uso de drogas teratogênicas Sempre pesquisar antifosfolípedes e anti RO Progestágeno e métodos de barreira = escolha para anticoncepção Obs: não escolherestrógeno – estimula a trombose • Vacinação: Pneumococo, influenza, hepatite B e HPV Feita fora dos períodos de atividade Cuidado com ativação de vírus vivo: feita quando paciente está em remissão e sem uso de imunossupressores • Biológicos no LES: Indicados no lúpus refratário -Rituximabe (anti CD20): indicado em quadro renal, cutâneo, hematológico, musculoesquelético -Belimumabe (anti Blys) – contra o fator que aumenta produção de linfócito B: indicado em caso refratários de acometimento articular e cutâneo Corticóide: Prednisona de via oral Metilprednisolona se endovenoso Tem efeito mais rápido que imunossopressor Tem mais efeitos colaterais que o imunossupressor Usar corticoide na menor dose possível, no menor tempo possível Prescrição: Tomar 1x ao dia pela manhã (aproveitando o pico do cortisol) Se muito grave: fraciona em 2 Iniciar desmame assim que a remissão e efeito do IS →Paciente com uso de corticoide = fazer profilaxia da osteoporose (OIPG) Imunossupressor/imunomodulador: Escolha depende do sistema alvo Mais leve: hidroxicloroquina Mais imunossupressor: ciclofosfamida Reavaliação periódica dos efeitos colaterais • Tratamento para cada caso: Atividade cutânea: Protetor solar Localizada: tópico/infiltração Prednisona 0,5mg/kg (caso mais extenso) + droga poupadora de glicocorticoide, como = Hidroxicloroquina, metrotexate, azatioprina, talidomida, dapsona Manifestação hematológica: Prednisona 1mg/kg ou pulsoterapia = em caso espectro alto Droga de base: azatioprina, micofenolato mofetil, ciclosporina, danazol Atividade articular: Prednisona 5-15mg/dia Papel poupador: hidroxicloroquina, metotrexate, leflunomida, sulfassalazina Atividade SNC: Predinisona 1mg/kg ou pulsoterapia Ciclofosfamida, azatioprina, micofenolato mofetil • Acompanhamento dos pacientes: Periodicamente: Anti DNA e complemento; hemograma, função hepática, função renal; perfil osteometabólico; níveis de albumina (importantes na nefrite lúpica); VHS e PCR (não marcam atividade de LES – importante para imunossuprimidos, devido infecções); urina I com pesquisa de dismorfismo eritrocitário; relação proteína/creatinina na urina ❖ Nefrite lúpica: Não é obrigatório ter disfunção renal Detecta por exame de urina básico É assintomática na fase precoce Síndrome nefrítica é mais frequente que a nefrótica Anti dsDNA positivo e complemento consumido Anticorpo associado com nefrite lúpica: Anti-dsDNA Classificação da nefrite lúpica: Classe III e IV: hipertensão, DNA + , complemento baixo, hematúria, proteinúria Classe V: anti P+, complemento normal, proteinúria nefrótica ➔ Quando indicar biopsia: Proteinúria > 1g/dia Proteinúria > 500mg/dia + cilindros Hemáticos e/ou hematúria dismórfica Perda de função renal sem causa aparente ➔ Tratamento da nefrite lúpica: Classe III, IV e V: Indução → com pulsoterapia = usar metilprednisolona (EV- 1g/dia por 3 dias), depois == prednisona (VO o,5-1mg/kg/dia) Depois = ciclofosfamida (EV 500-1g/m2 por mês) ou micofenolato mofetil 3g/dia -Tratamento de manutenção: 3-5 anos Micofenolato mofetil 2g/dia Azatioprina 2-3mg/kg/dia
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