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Antropologia do Direito Alguns problemas surgidos na pré- história da antropologia e seus desdobramentos na sociedade contemporânea demonstram que o estudo do direito não pode restringir- se apenas ao aspecto dogmático, que implica meras sistematizações e classificações de normas jurídicas emanadas do Estado. As conexões do direito com a antropologia são evidentes, visto que o ser humano constitui objeto central dessas duas áreas do conhecimento, motivo pelo qual temas como igualdade e diferença são, ao mesmo tempo, jurídicos e antropológicos. Além disso, o direito constitui um dos aspectos da cultura, e esta constitui objeto específico da antropologia cultural. A antropologia, tal como o direito, também se interessa pelos conflitos sociais, principalmente no que diz respeito à intervenção normativa na decisão jurídica desses conflitos, bem como pelo desdobramento da ordem jurídica diante das transformações culturais, sociais, políticas e econômica. Aproximações e afastamentos Não há acordo entre os teóricos do direito sobre o método e o objeto da ciência jurídica. Também não há acordo sobre a definição do conceito de direito Podem-se colher entre os juristas dois tipos de definições: as genéricas e as restritivas. As definições genéricas, quando isoladas do contexto donde emanam, isto é, do complexo teórico que as fundamentam, são imprestáveis para traçar os limites daquilo que se define. Já as definições restritivas esbarram em dificuldades insuperáveis, porque, em virtude de serem muito circunstanciadas, perdem a sua pretendida universalidade Na primeira (definição genérica) predomina um enfoque zetético; enquanto na outra (definição restritiva) predomina um enfoque dogmático. Não há uma linha divisória entre zetética e dogmática, porque toda investigação jurídica sempre utiliza os dois enfoques. O enfoque dogmático não questiona suas premissas (dogmas); predomina o sentido diretivo do discurso; visa dirigir o comportamento de uma pessoa, induzindo-a a adotar uma ação. Nessa trilha, a dogmática jurídica enfoca mais as premissas técnicas (normas jurídicas), suas sistematizações, classificações, divisões e conceitos. O enfoque zetético preocupa-se com o problema especulativo; predomina o sentido informativo do discurso; visa descrever certo estado das coisas. Nessa linha, a zetética jurídica enfatiza os aspectos antropológicos, filosóficos, históricos e sociológicos. Assim, numa perspectiva dogmática, o direito tende a se afastar da antropologia e de outras áreas do conhecimento; já, na perspectiva zetética, o direito se aproxima da antropologia e de outras áreas do conhecimento. O Fenômeno Jurídico O direito serve para expressar e produzir a aceitação da situação existente, mas aparece também como sustentação moral da indignação e da rebelião. Assim, de um lado, o direito nos protege do poder arbitrário exercido à margem de toda regulamentação, dá oportunidades iguais e ampara os desfavorecidos. Por outro lado, é também um instrumento manipulável que frustra as aspirações dos menos privilegiados e permite o uso de técnicas de controle e dominação. O estudo do direito exige precisão e rigor científico, mas também abertura para o humano, para a história, para o social, numa forma combinada que a sabedoria ocidental, desde os romanos, vem esculpindo como uma obra sempre por acabar. Estudo do direito A partir do século XIX, como resultado da positivação direito, passa a predominar no estudo jurídico o enfoque dogmático e a ciência jurídica passa a ser concebida como ciência dogmática. Essa ciência enxerga seu objeto, o direito posto e dado previamente pelo Estado, como um conjunto compacto de normas que lhe compete sistematizar, classificar e interpretar, tendo em vista a decisão de possíveis conflitos. Assim, no mundo contemporâneo, o direito aparece como um fenômeno burocratizado, um instrumento de poder, e a ciência jurídica, como uma tecnologia. Há entretanto, uma tendência no sentido de redirecionar o estudo do direito até como forma de evitar alienação na qual a dogmática jurídica tende a colocar o profissional do direito. Essa tendência reconhece que o estudo do direito não se reduz a mera sistematização de normas. Antropologia Jurídica De modo geral, a sociologia jurídica sempre se preocupou com o estudo do direito das sociedades complexas, sociedades metropolitanas e industriais, enquanto a antropologia jurídica investigava o direito das sociedades simples e primitivas. REFERÊNCIAS ASSIS, Olney Queiroz e KRÜMPEL, Vitor Frederico. Manual de antropologia jurídica. São Paulo: Saraiva, 2011. ROCHA, José Manuel de Sacadura. Antropologia jurídica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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