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‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Rinossinusite introdução É definida por uma inflamação sintomática da mucosa do nariz e das cavidades paranasais. Dificilmente tem-se uma sinusite sem rinite. Classificação: A classificação mais usual é baseada no tempo de sintomas: • Aguda < 12 semanas • Crônica > 12 semanas • Aguda recorrente: 4 ou + episódios/ano, cada um com duração < 12 semanas, sempre retornando totalmente a linha de base. Classificação quanto à gravidade dos sintomas: Utiliza-se a Escala Analógico-Visual que consiste em uma linha de 10 cm. Pede- se ao paciente que marque na linha em que ponto está sua queixa em relação aos sintomas da rinossinusite. Após isso, é realizada uma medição com régua e considera-se: Leve: 0-3 cm Moderada: > 3-7 cm Grave: > 7-10 cm A partir de 5 cm considera-se que há impacto na qualidade de vida. ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Fisiopatologia É um quadro que ocorre com mais frequência quando se tem uma patologia de base. A alergia (rinite alérgica) é a causa mais comum, seguido por anormalidade ciliares e do muco, imunodeficiência e doenças granulomatosas. Fatores locais: rinite alérgica, hipertrofia adenoideana, DRGE, corpo estranho, pólipos e atresia coanal, desvio de septo, concha bolhosa, unciforme anômala, corneto paradoxal, bula proeminente e tumores. Fatores sistêmicos: discinesia ciliar, sinusite fúngica alérgica, imunodeficiência, infecção viral (diminui a função defensiva da mucosa) e doenças gerais (diminuem as defesas do organismo). Imunodeficiências: congênita, IgA, subclasses de IgG, quimioterapia e HIV/SIDA. Além disso, é mais comum em crianças que tiveram falha na amamentação, que frequentam creches, desnutridas, com falha no tratamento de rinossinusite aguda, mudanças de temperatura (distúrbios vasomotores) e grandes baixas ou altas de temperatura (diminui a atividade ciliar). A fisiologia normal mantém um equilíbrio entre a produção e o clearence de muco nas cavidades paranasais. Esse mecanismo é eficiente em proteger as vias aéreas superiores. Porém, diversos fatores podem causar um desequilíbrio nesse sistema causando um processo inflamatório. A principal causa de rinossinusite aguda é a infecção viral. Estima-se que adultos apresentam cerca de 2-5 resfriados/ano enquanto crianças em idade escolar apresentam 7-10 episódios de resfriado/ano, sendo o rinovírus e o influenza os patógenos mais comuns. O vírus atua na mucosa fazendo uma destruição epitelial, edema, aumento da produção de muco e liberação de mediadores inflamatórios, causando um quadro típico de obstrução nasal, dor local e rinorreia. No entanto, as infecções virais geralmente são autolimitadas e duram cerca de 7 dias. ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 A rinossinusite viral resulta em perda de cílios e células ciliadas, atingindo um ponto máximo em cerca de 1 semana após a infecção, mas o corpo recupera o número de cílios e células ciliadas em três semanas. Importante salientar que o transporte mucociliar normal é um mecanismo de defesa importante da prevenção dessa patologia, além disso, a diminuição da função mucociliar durante a rinossinusite viral resulta em maior exposição à infecção bacteriana. É muito difícil diferenciar a rinossinusite viral do resfriado comum, já que possuem quadros clínicos semelhantes. Rinossinusite pós viral: pode perdurar por mais tempo, mesmo sem infecção bacteriana associada, podendo manter o quadro por cerca de 7 a 10 dias com sintomas brandos. Rinossinusite Bacteriana: Em cerca de 2% dos casos o edema causado pela infecção viral causa uma obstrução dos ótimos de drenagem sinusal associado a um aumento de produção de muco, criando um ambiente favorável à infecção bacteriana no interior do seio paranasal acometido. Isso causa um aumento dos sintomas, eles se tornam mais localizados, com dor e rinorreia purulenta. É um quadro que geralmente dura um tempo > 7 dias, As bactérias mais comuns são: S. Pneumoniae, H. Influenzae e M. Catarrahalis, sendo a última mais comum em crianças. Existe uma dificuldade em diferenciar os quadros bacterianos dos virais, já que não tem algum exame específico ou de imagem consegue diferenciar de forma precisa. Atualmente utiliza-se o critério temporal e a localização dos sintomas. Tosse geralmente em crianças. DIAGNÓSTICO ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 O diagnóstico é clínico e deve ser considerado quando o paciente apresenta dois ou mais dos seguintes sintomas: • Bloqueio/obstrução/congestão nasal; • Pressão/dor facial; • Descarga nasal (gotejamento nasal anterior ou posterior); • Redução ou perda do olfato. Também podemos confirmar o diagnóstico através da observação de alterações endoscópicas: • Presença de pólipos e/ou rinorreia mucopurulenta, principalmente no meato médio e/ou: • Edema/obstrução de mucosa, também no meato médio. O diagnóstico pode ser feito por alterações na tomografia do complexo ostiomeatal e/ou seios paranasais, porém na rinossinusite aguda geralmente não é utilizado para diagnóstico. ➔ O diagnóstico de rinossinusite aguda deve ser feito quanto temos os critérios anteriores por um período inferior a 3 meses. ➔ A rinossinusite viral aguda normalmente dura < 7-10 dias. ➔ A rinossinusite pós viral tem persistência dos sintomas após 10 dias, como uma tosse que permanece após esse período. As diretrizes sugerem que a infecção é bacteriana quando: • Sintomas persistentes ou sinais compatíveis com rinossinusite aguda com duração > 10 dias sem melhora clínica; • Início com sintomas graves ou febre alta (>39ºC) e secreção nasal purulenta ou dor facial com duração de pelo menos 3-4 dias consecutivos; • Recaída (dupla piora) de sintomas ou sinais por novo aparecimento de febre, cefaleia ou aumento da secreção nasal após uma infecção respiratória superior típica com duração de cerca de 5-7 dias e que já havia melhorado inicialmente. Associados a pelo menos 3 dos critérios a seguir: • Qualquer tipo de secreção com predominância unilateral ou francamente purulenta no cavum; • Dor de característica intensa unilateral/localizada; • Febre > 38ºC; • Elevação do VHS ou PCR. ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Exames complementares Rinoscopia anterior: pode detectar hiperemia e edema de mucosa de conchas inferiores e médias, secreção purulenta na cavidade nasal ou na orofaringe e pólipos. Endoscopia nasal: edema e hiperemia da mucosa nasal, secreção em meato médio, superior e/ou recesso esfenoetmoidal. Avalia a qualidade da secreção, se mucoide, mucopurulenta, serosanguinolenta. Microbiologia: apesar de não ser imperativa, a cultura de meato médio ou de secreção nasal pode ajudar na escolha terapêutica em casos especiais, como imunodeprimidos, casos recidivantes, etc. Diagnóstico por imagem: o RX de seios tem utilidade limitada para rinossinusite por baixa especificidade. Nessa patologia não tem necessidade para confirmar o diagnóstico e sua utilização não é recomendada. A TC é melhor para a avalição de seios paranasais, mas deve ser utilizada apenas em suspeita de complicação, em falha terapêutica, ou quando suspeita de uma condição associada, principalmente tumoral. O endoscópico é ótimo, já o RX geralmente é usado mais na pediatria, a TC pode ser solicitada menosna rino aguda, RM para fúngica ou avaliar complicação, USG em gestante se quiser, mas como o diagnóstico é clínico, não é necessário. ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Rinossinusite Aguda: Geralmente ocorre após IVAS ou inflamação alérgica. Apenas 0.5 – 2% evoluem para bacteriana; As IVAS são mais frequentes nas crianças, devido a imaturidade do sistema imune, anatomia nasossinusal, vegetações adenoideanas e fatores ambientais (escolas e creches). Suspeitar de bacteriana quando: Tratamento: Deve ter cuidado com o uso de corticoide. Em salvador geralmente não se usa amoxicilina sozinha, prefere-se utilizar associada ao clavulanato. Rinossinusite crônica Prevalência igual em ambos os sexos; Cerca de 6-59% dos portadores de HIV desenvolvem RSC. Quinta enfermidade em frequência de prescrição de ATB. ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Microbiologia: Evitar os sistêmicos pois eles deixam a secreção mais espessa, os tópicos só devem ser usados até 5 dias para não causar efeito rebote. Rinossinusite crônica com polipose A causa é multifatorial: infecção bacteriana, alterações estruturais, participação de células e mediadores químicos, além de uma predisposição genética. O processo inflamatório crônico é o elemento central, com interação de células inflamatórias e células residentes da mucosa e aumento de mediadores inflamatórios. O diagnóstico pode ser feito com o achado de pólipo nasal por: Rinossinusite fúngica Processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e paranasal de origem fúngica. 10-20% dos pacientes com rinossinusite crônica que são submetidos a cirurgia tem o fungo como principal agente causador. Inicia com a inalação de esporos e sua nidação na mucosa da via aérea superior. ‘Otorrinolaringologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Alguns fungos são capazes de colonizar os epitélios sem penetrar ou invasor a superfície, provocando uma resposta inflamatória e imunológica, semelhante aos que invadem. Outro mecanismo: antígenos fúngicos estimulam uma reação de hipersensibilidade. referencias PIGNATARI, Shirley Shizue Nagata (Org.); ANSELMO-LIMA, Wilma Terezinha (Org.). Tratado de otorrinolaringologia. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. + Aula do profo Bruno
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