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CONCEITOS → DEFINIÇÃO: dermatites caracterizadas por eritema, edema, infiltração, vesiculação, crostas, escamas e liquenificação/ doenças cutâneas inflamatórias -> dermatites/ apresentação depende da fase da lesão - Grupo de dermatoses inflamatórias, pruriginosas, com características clínicas e histopatológicas comuns e muito bem definidas - Quadro pode ser classificado em agudo, subagudo e crônico, traduzido pela ocorrência de erupção eritematovesiculosa, eritematopapulovesiculosa, eritematocrostosa e eritematoescamosa, com ou sem exsudação - Como consequência da duração e intensidade do prurido, surge outro elemento: a liquenificação, que traduz a cronicidade do processo → CARACTERÍSTICAS GERAIS - Eritema - Fissuras - Exulceração - Edema - Vesículas - Crostas - Descamação - Liquenificação - Lesões se sucedem ou se associam, aspectos multiformes - Ebulição - Prurido - Evolução das lesões: agudo (eritema/ vesícula), subagudo (escamas/ úlceras) ou crônico (liquenificação/descamação) - Causas: agentes exógenos ou endógenos → COMPLICAÇÕES - Complicação principal: infecção secundária -> perda da barreira cutânea -> porta de entrada para agentes externos → EPIDEMIOLOGIA - Ocorrem com muita frequência, sendo mais comum o eczema de contato, seguido do atópico e do seborreico - Acometem igualmente ambos os sexos - Com relação à faixa etária, o eczema de contato pode ocorrer em qualquer época da vida, sendo a dermatite das fraldas (eczema de contato por irritante primário) muito frequente no lactente, enquanto o eczema de contato por sensibilização é mais frequente após a infância - Eczema atópico, em geral, inicia-se a partir do 3º ou 4º mês de vida, podendo ter início mais tardio, inclusive na adolescência e na idade adulta DERMATITE DE CONTATO → CARACTERÍSTICAS - Dermatose de origem exógena - Irritante primário ou por sensibilização (alérgica -> reação de hipersensibilidade tardia) - Substância do meio ambiente que entra em contato com a pele e desencadeia o processo de sensibilização - Localizada em região do corpo que teve contato - Desencadeada: ocupação (pintor, do lar, pedreiro), medicamentos e cosméticos - Classificação: irritante primário, alérgica, fototóxica e fotoalérgica - Teste de contato -> dermatite de contato alérgica - Alérgica: pode ser no sítio de contato ou distante (sistêmica) - Aumento da hiperlinearidade palmar → DIAGNÓSTICO 1- Mapeamento topográfico 2- Seletividade profissional 3- Seletividade utilitária (uso diário ou esporádico) 4- Correlação antígeno/ utilidade → TESTES DE CONTATO - Para a realização do teste, a dermatose do indivíduo deve estar em fase inativa para não exacerbar o quadro - As substâncias padronizadas são aplicadas no dorso do paciente, em pele limpa, seca e sã - Após 48h da aplicação, os testes são retirados e é feita a primeira leitura e a segunda leitura é feita em 96h - Critérios adotados para leitura (–) negativo (+) discreto eritema com algumas pápulas (++) eritema, pápulas e vesículas (+++) intenso eritema, pápulas e vesículas confluentes → TRATAMENTO - Prevenção das dermatites de contato, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) no trabalho – como luvas, sapatos, macacões etc. – e o desenvolvimento de produtos hipoalergênicos seriam os principais objetivos a alcançar - Afastar o agente causal e priorizar o tratamento de infecções secundárias eventuais - Na DCA, a conduta dependerá da fase e da extensão do quadro; na fase aguda, inicia-se o tratamento com banho ou compressas, preferencialmente com soluções antissépticas como solução de permanganato de potássio durante as primeiras 24h DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO (DCPI) → CARACTERÍSTICAS E EPIDEMIOLOGIA - Decorre dos efeitos tóxicos e pró- inflamatórios de substâncias capazes de ativar a imunidade da pele ainda que de maneira não específica - Exposição a agentes externos gerando danos teciduais . Agentes mais comuns: sabões, detergentes, ácidos, álcalis, plantas (aroeira), pesticidas, fezes, urina, cosméticos - 80% dos casos de DC - Provocada, em geral, por substâncias alcalinas ou ácidas fracas que, não sendo capazes de provocar queimadura e/ou necrose, produzem apenas irritação cutânea . Ao entrarem em contato com a pele, causam lesão aos queratinócitos, surgindo, posteriormente, reação inflamatória na derme papilar - Não há necessidade de sensibilização prévia e não ocorre a formação de células de memória e frequentemente ficará restrita ao local do contato - É frequentemente dermatose de caráter ocupacional (pedreiros, químicos, pintores, donas de casa etc.) . Duas condições muito corriqueiras são a dermatite das mãos da dona de casa (detergentes e sabões são alcalinos) e a dermatite das fraldas (ação irritativa de fezes e urina) → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Caracteriza-se por eritema, descamação e, por vezes, vesículas e bolhas, que surgem horas depois do contato com agentes irritantes mais fortes, ou depois de semanas de contato continuado com agentes irritantes fracos - Prurido é discreto ou ausente, sendo substituído por sensação de dor ou queimação → TRATAMENTO - Invariavelmente requer a interrupção do contato com o agente desencadeador - Uso de corticosteroides é de grande valia, devendo-se adequar a potência ao local acometido e às características clínicas da lesão → DERMATITE DE FRALDAS - Trata-se de uma reação inflamatória aguda, que acomete as regiões cobertas pelas fraldas, geralmente em crianças com menos de 2 anos de idade (início frequente entre o 1º e o 2º mês de vida) - Principal fator desencadeante é a oclusão constante da pele pela fralda, com inevitável hidratação e consequente maceração da epiderme - Manifestações clínicas . Lesões variadas, sendo mais intensa nas superfícies convexas, enquanto as dobras são tipicamente poupadas . Inicialmente, a pele apresenta eritema de intensidade variável, com brilho e pregueamento característicos; se houver agravamento do quadro, podem surgir edema, pápulas, vesiculação, erosões e ulcerações . Fase mais tardia, o eritema perde o brilho e ocorre descamação, que pode ser intensa . Inflamação induzida pela irritação friccional e química promove aumento da permeabilidade, facilitando, assim, infecção secundária por Candida albicans, Proteus, Pseudomonas e B. faecalis . Salpicado de pápulas -> colonização por Candida albicans - Tratamento . Emolientes espessos que agem como barreira contra urina e fezes . Nistatina com óxido de zinco . Associação com candidíase: cremes com cetoconazol . Lavar com água e sabonete neutro, troca de fraldas várias vezes ao dia, manter o local seco e arejado . Poupa dobras DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA (DCA) → CARACTERÍSTICAS - Pode apresentar-se de 3 maneiras, sempre com muito prurido: . Aguda (eritema, vesículas, exsudação e crostas) . Subaguda (eritema, pápulas, escamas e crostas) . Crônica (liquenificação) - Tempo de processo de sensibilização: dias, meses, anos - Observar uso de acessórios, cosméticos, esmaltes, tinturas, pigmentos, luvas, materiais de limpeza e outras - Pode ser localizada ou sistêmica, atingindo locais distantes do contato - Em geral, a hipersensibilidade adquirida persiste por toda a vida, embora, eventualmente, ocorra o desenvolvimento de tolerância com a exposição continuada, havendo então a cura. → ETIOPATOGENIA - Ativação do sistema imunológico -> reação de hipersensibilidade tardia -> células T de memória - Hipersensibilidade adquirida/ mediada por células -> existe envolvimento primário do sistema imunológico/ hipersensibilidade tipo IV da classificação de Gell e Coombs - Agentes etiológicos: metais (cromo, níquel, mercúrio,cobalto), antibióticos (neomicina), esmaltes, objetos plásticos, perfumes (bálsamo do peru), formaldeído (tinturas e tecidos), ouro, timerosal (colírios), bacitracina → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Eventualmente, encontramos lesões a distância do local original, ocorrendo por disseminação do alérgeno pelas mãos do paciente ao se coçar - Frequente impetiginização secundária, bem como a função de porta de entrada para desenvolvimento de erisipela ou celulite DERMATITE ATÓPICA → CARACTERÍSTICAS - Principal manifestação cutânea de atopia(alergia a antígenos alimentares ou inalantes) - Tendência hereditária a desenvolver alergia a antígenos alimentares ou inalantes, manifestando-se por eczema, asma ou rinite alérgica - Sinonímia: eczema atópico, prurigo disseminado e prurigo diatésico - Trata-se de doença genética, de herança poligênica, com evidentes alterações imunológicas, fortemente influenciada por fatores ambientais e, eventualmente, emocionais - Etiopatogenia: multifatorial -> fator constitucional, ambiental, psicológico, alterações do sistema imunológico, de barreira lipídica, bem como as infecções contribuem para seu desencadeamento → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Tríade atópica: asma, rinite e dermatite - Fator familiar envolvido - Lesões simétricas - Dermatose crônica de evolução flutuante, podendo ocorrer em qualquer idade a partir do 3o mês de vida - Prurido é intenso e está sempre presente morfologia e a distribuição das lesões variam com a idade, tendendo a ser mais exsudativas na primeira infância e liquenificadas nas faixas etárias mais avançadas - Crianças de até 3 meses: poupa o centro facial, mais comum em couro cabeludo e face - 2 anos aos 12 anos: mais comum nas flexuras, simétricas, fossas cubitais, punhos, atrás dos joelhos - Adulto: parecido com a fase pré puberal - Sinal de Hertog: perda da cauda da sobrancelha/ rarefação do terço distal dos supercílios, devido à coçadura - Linhas de Dennie-Morgan: dupla prega infraorbital/ prega supranumerária infraciliar - Tubérculo de Kaminsky: protuberância centrolabial superior - Hiperlinearidade palmar - Ceratose pilar: frequente na face lateral dos braços e coxas - Dermatite das mãos e ceratose punctata palmoplantar: mais frequente em negros → TRATAMENTO - Objetivo: evitar a coçadura, a xerodermia e afastar os agravantes - Recomendar o corte das unhas semanalmente, visando assim diminuir as escoriações - Higienização do ambiente (retirada de cortinas e carpetes), afastando os alergênicos inalantes em geral - Orientar sobre o curso da doença, afastar fatores desencadeantes, emolientes (hidratantes), ATB se necessário, anti-histamínicos, corticoterapia, ciclosporina, imunomodulador e imunobiológicos se necessário → DIAGNÓSTICO Clínico (HF e pessoal de atopia) + Critérios + Eosinofilia + Aumento de IgE circulante - Diagnóstico Diferencial: dermatite seborreica, dermatite de contato, eczema numular, escabiose, psoríase (principalmente palmoplantar), dermatite herpetiforme e doença de Darier - Classificação de Hanifin e Rajka: necessária a associação de um mínimo de 3 critérios maiores a 3 menores 0 a 14: dermatite atópica leve 15 a 40: dermatite atópica moderada acima de 41: dermatite atópica grave → CARACTERÍSTICAS - Prurido - Xerose - Lesões eczematosas (vesículas e crostas) - Recorrente em qualquer idade a partir do 3º mês de vida, prurido intenso, morfologia e distribuição das lesões de acordo com a faixa etária, 3 fases evolutivas (lactente, infantil e puberal) - Áreas de eczemas, simétricas, mais eritematosas, áreas flexoras - Ceratose pilar (sinal menor): comum em glúteos, coxas → CAUSAS 1- Deficiência na função de barreira cutânea em decorrência do metabolismo anormal de lipídeos, o que determina a pele seca 2- Disfunção da imunidade cutânea inata (queratinócitos e células de Langerhans) 3- Alterações na microbiota cutânea-> colonização bacteriana 4- Influência psicossomática que resulta na alteração do SNA, com aumento de mediadores de diversas células inflamatórias, como eosinófilos e leucócitos 5- Relaciona-se com história familiar ou pessoal de rinite, asma e alergias (atopias familiares) → FASE PRÉ-PUBERAL (2 A 10 ANOS) - Pele é seca e áspera, prurido ocorre nas pregas ante cubitais e poplíteas, resultando no espessamento e no aparecimento de placas circunscritas → DERMATITE ATÓPICA GRAVE - Uso de antibiótico e de corticoide tópico prévio - Principais fatores agravantes: detergentes, alvejantes, sabões, amaciantes, roupas sintéticas, sabonetes, etiquetas de roupas, cloro de piscinas, materiais abrasivos, fumaça de cigarro, condições extremas de temperatura e umidade, fricção e estresse. - Recomendações: evitar o excesso de banhos, não passar produtos diretamente na pele, evitar atrito de sabonetes e roupas, outros - Medidas gerais para se evitar ou minimizar essas exposições devem ser adotadas precocemente → LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES - Lactente: face, poupando a região central, couro cabeludo, no tronco e na região extensora dos membros (pregas) DERMATITE NUMULAR → CARACTERÍSTICAS - Causa desconhecida - Terreno atópico pode predispor sua ocorrência - Colonização maciça por estafilococos agrava a sua evolução - Xerodermia pode desencadear o seu aparecimento, assim como o estresse emocional - Mais prevalente em idosos e no inverno → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Placa eritematosa circular ou oval, com bordas claramente demarcada - Mais comum em MMII, mãos, antebraço e tronco - Lesão típica é caracterizada por uma ou mais lesões em formato de moeda (numismática), eritematosa, com vesículas de parede fina, muitas vezes extremamente pruriginosa e que, na fase aguda, apresenta componente exsudatocrostoso - Recorrente/ Tende à cronicidade - Depois de tempo variável (semanas a meses), podem surgir lesões contralaterais e até mesmo disseminação - Comum a reativação de lesões quiescentes, sobretudo quando há interrupção do tratamento precocemente → DIAGNÓSTICO - Diferencial: dermatofitose (tinea corporis), psoríase, impetigo, pitiríase rósea → TRATAMENTO - Hidratação -> pele bem seca/ xirótica - Emolientes - Corticoterapia tópica se necessário por 5 a 7 dias ou coaltar 2 a 5% e antibióticos antiestafilocócicos tópicos - Nas fases mais agudas, banhos ou compressas, corticosteroides tópicos, antibióticos sistêmicos e, excepcionalmente, corticosteroides sistêmicos DERMATITE DE ESTASE → CARACTERÍSTICAS - Eczema consequente à hipertensão venosa, a qual provoca diminuição no fornecimento de oxigênio aos tecidos e sequestro de leucócitos, com liberação de enzimas proteolíticas e radicais livres, causando lesão tecidual e reação inflamatória - Maior frequência, em mulheres de meia-idade ou idosas, em geral acompanhadas de outras manifestações de insuficiência venosa crônica - Surgimento pode ser abrupto ou insidioso → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Placas eritematodescamativas pruriginosas costumam surgir na parte interna do terço distal da perna - Quadro clínico, em geral, está modificado pela associação a dermatite de contato medicamentosa, infecções e coçadura → DIAGNÓSTICO - Diagnóstico diferencial: outros eczemas, psoríase, líquen plano hipertrófico e dermatofitose. → TRATAMENTO - Deve ser dirigido à insuficiência venosa, além de se prescrever o uso de corticoide de baixa potência, bem como o tratamento das infecções ECZEMA DISIDRÓTICO → CARACTERÍSTICAS - Síndrome eczematosa das mãos e/ou pés - Desencadeado por contato com substâncias que causam alergia, tensão emocional, fungos nas unhas ou em áreas próximas - Avaliar fator emocional do paciente e ocupação - Pacientes tem a queixa com muita frequência -> recorrente - Etiologia é diversa,podendo apresentar origem exógena ou endógena - Quando agudo, vesículas e mesmo bolhas e, quando crônico, a descamação e fissuras → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Acometimento, geralmente simétrico e bilateral, mais frequentemente das mãos do que dos pés - Múltiplas vesículas acometendo extremidades (dedos, mãos, palmar dos pés) - Vesículas com conteúdo citrino (claro) e muito prurido - Começa nos dedos podendo abranger toda a mão - Dependendo do tamanho das lesões, elas serão mais ou menos dolorosas e, se infectadas, tornarão mais intensa a sintomatologia álgica - Tendência à infecção secundária devido ao prurido intenso - Surtos duram em torno de 3 semanas - Cronicidade leva à liquenificação com espessamento da camada córnea (ceratose), crostas, descamação mais intensa e fissuras extremamente dolorosas, que chegam a impossibilitar atividades laborai - Complicação mais frequente: infecção secundária por S. aureus → DIAGNÓSTICO - Diferencial: herpes simples, dermatite de contato → TRATAMENTO - Antibioticoterapia tópica (risco de infecção secundária) -> desonida, diprogenta (gentamicina + betametasona) - Dependendo da extensão, pode-se avaliar o uso de antibioticoterapia sistêmica (Cefalexina) - Orientar o paciente sobre os fatores desencadeantes
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