Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO: PSICOLOGIA DISCIPLINA: ESTÁGIO EM PRÁTICAS PSICOTERAPÊUTICAS I PROFESSORA: JULIANE DE MOLINER ACADÊMICAS: NAIRA MANOELA MENDES CIOCHETTA PRODUÇÃO TEXTUAL III: ABORDAGEM PSICOTERAPÊUTICA (SISTÊMICA) A abordagem sistêmica é relativamente nova, tendo em vista as demais abordagens apresentadas, pois seu pensamento se constituiu a partir do século XX, onde entre as décadas de 30 e 40 surgiram seus primeiros sinais, que serviram de base para o que se conhece como a biologia organísmica, que surgiu em meados do século XX, como grande influenciadora do pensamento sistêmico, pois na época contradita ao mecanicismo, já que no organísmico, as partes pertencem ao todo, pois é constituído desse todo e não que certas partes as possuam. (BELTRÃO et al., 2014). Desde os organísmicos, que focaram principalmente na compreensão das relações e suas organizações, tais pensamentos se perpetuaram no campo da Ecologia, até o surgimento da física quântica, que também traz relações, e interconexões, onde o todo determina o comportamento das partes, embora tais movimentos tenham grande influência nos principais pilares do pensamento sistêmico, foi na década seguinte que surgiram os marcos influentes nesse campo, como a Teoria Geral dos Sistemas, do biólogo Ludwig Von Bertalanffy, além de à Cibernética, do matemático Norbert Wiener, ambas se desenvolviam simultaneamente, com a força da Teoria da Comunicação Humana, de Gregory Bateson e Paul Watzlawick, que as trouxe para o campo da psicologia. (BELTRÃO et al., 2014). O primeiro e grande pressuposto foi a Cibernética, de Norbert Wiener, que consiste em uma comunicação, por meio de feedbacks, sejam eles positivos ou negativos, a fim de proporcionar estabilidade dentro de um sistema, por meio deles, ou seja, por meio desse feedback, é que um sistema tem as informações para manter seu ciclo estável. (NICHOLS E SCHWARTZ, 2007). Partindo da Teoria Geral dos Sistemas, que, através do biólogo Ludwig Von Bertalanffy, que trouxe a biologia para esse pensamento sistêmico, onde na TGS de Bertalanffy, um sistema é maior que a soma de suas partes, assim como algo não pode ser resumido apenas ao que ele tem, pois existe o todo no qual ele está inserido, como é o caso de uma família, pois está inserida em uma comunidade, cultura e afins, ou seja, não é apenas seu núcleo, ela está sempre inserida em algo maior do que ela. (NICHOLS E SCHWARTZ, 2007). Em relação à Teoria da Comunicação Humana, que foi uma força influente na década de 40, com o surgimento e desenvolvimento da Cibernética e da Teoria Geral dos Sistemas, unindo tais pensamentos à psicologia. Já que a Teoria desenvolvida pelo antropólogo Gregory Bateson, compreendeu a complexidade humana na comunicação, em fatores como forma e linguagem, que estão presentes no processo inter-relacional. A teoria da comunicação traz a psicologia, principalmente para a terapia familiar, uma vez que um processo de comunicação, ou a falta dela, pode levar à dificuldade em se expressar, sejam sentimentos ou desejos, ou que não se sintam compreendidos e ouvidos, além de serem orientados pelo que não é dito e não confiarem nas palavras, que então, entram as contribuições cruciais da cibernética, com feedback. (VOGEL, 2011; CERVENY, 2004). Tais pensamentos foram essenciais para a fundamentação da abordagem sistêmica e para a terapia familiar. Atualmente, a abordagem sistêmica se faz eficaz no pensar em famílias e casais, pois compreende o olhar da família como um sistema, ampliando assim, o problema além da problemática apresentada. (BELTRÃO et al., 2014). Para tal, é necessário entender o contexto histórico da terapia familiar, para entendermos a importância de trazer esse sistema para o setting terapêutico, mas também, salientar que a abordagem sistêmica também abrange o atendimento individual, e não apenas, grupal. A Terapia Familiar teve seu início nos Estados Unidos, no ano de 1950, principalmente no período pós-guerra, onde ocorreu a imigração e a população foi se restabelecendo. A grande força do atendimento psiquiátrico na época era a abordagem psicanalítica individual. Nesse movimento que a psicanálise ganhava força, havia também suas contrapartidas, como um pensamento limitado quanto ao contexto de inserção dos pacientes, pois o ponto alto para a psicanálise naquele momento era o passado do indivíduo, as experiências internas e as sequências intrapsíquicas. A partir desse movimento, os próprios psicanalistas, como Sullivan, Horney, Thompson e Fromm-Reichman, obtiveram tentativas de ampliar as perspectivas da abordagem, abrindo assim o caminho centrado na família, especialmente com esquizofrênicos e delinqüentes, que até então obtinham tratamento convencional. (VOGEL, 2011). O psiquiatra infantil Salvador Minuchin foi um grande nome no que se refere aos estudos centrados na família com jovens delinqüentes. Minuchin foi o idealizador da Terapia Estrutural Familiar, uma das mais influentes quando falamos em Terapia Familiar, tornando-se em 1970 a abordagem mais amplamente praticada e influente, trabalhando com famílias. (NICHOLS E SCHWARTZ, 2007). A Terapia Familiar Estrutural tem três fenômenos: estrutura, sistemas e limites. A estrutura familiar é a forma como a família está organizada e a definição dos papéis que cada membro irá desempenhar. Os subsistemas são criados involuntariamente, definidos por gênero, gerações e também pelos interesses que têm em comum e são delimitados por fronteiras. Os limites são a delimitação de papéis, os pais assumem o papel de liderança fazendo com que a estrutura hierárquica ocorra. O objetivo da terapia familiar estrutural é organizar a estrutura familiar disfuncional para que ela possa resolver seus problemas. Para isso, o terapeuta estrutural visa adequar às estruturas que já estão inseridas na família criando uma estrutura hierárquica, através de técnicas como união e acomodação, mapeamento estrutural, encenação e afins. (NICHOLS E SCHWARTZ, 2007). Com isso, as técnicas de Minuchin, assim como de outros estudiosos, foram atualizadas ao longo do tempo para se adequar aos estudos atuais, expandindo-se não apenas para pacientes esquizofrênicos e jovens delinqüentes, como eram chamados na época, além de vê-los em outros abordagens, como a encenação no campo do Psicodrama. Trazendo o contexto familiar para a abordagem sistêmica na atualidade e os impactos dos sistemas que se insere o paciente, ressaltando alguns pontos, como, crenças, mitos, segredos e afins, que são importantes saber, para entender o contexto daquela pessoa, além do que chamam de transgeracionalidade, intergeracionalidade e multigeracionalidade. O primeiro se refere aos componentes que transcorre a história familiar, se mantendo entre gerações. Já, o segundo, a passagem de uma geração para outra e, por fim, relacionada à quantidade e envolvimento de mais de uma geração, sem amparar os fatores de ligação entre elas (gerações). (FALCKE E WAGNER, 2005). Portanto, devido a todo o contexto histórico da abordagem sistêmica ao que entendemos hoje, visto anteriormente, ela está altamente relacionada ao cuidado familiar e atendimento grupal, mas a Abordagem Sistêmica também tem uma inserção no cuidado individual. No atendimento sistêmico individual, segue-se a visão da terapia relacional sistêmica, com foco no indivíduo em um sistema de relacionamento. Como benefício, tal cuidado individual visa um processo de autonomia, desenvolvimento da consciência, ajudando a enxergar seu funcionamento. Nesse processo de trabalho clínico, é necessário saber por qual motivo foi solicitado o encaminhamento e a condição da solicitação, pois a escolha das sessões, tarefas, horários e afins, serão definidos de acordo com cada sessão realizada, a fim de suprir as necessidadespertinentes. (ROSSET, 2008). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BELTRÃO, L. G. et al. As Origens do Pensamento Sistêmico: Das Partes para o Todo. Pensando em Famílias [Online], Santa Catarina, p. 3-16, dez. 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v18n2/v18n2a02.pdf. Acesso em: 13 de maio de 2022. CERVENY, C. M. O. Família e Comunicação: In: Cerveny, Ceneide M. O. (Org.). Família e… Comunicação, divórcio, mudança, resiliência, deficiência, lei, doença, religião. 2ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, p. 13-24. FALCKE, D.; WAGNER, A. A dinâmica familiar e o fenômeno da transgeracionalidade: definição de conceitos: In: A. Wagner (Org.). Como se perpetua a família?. 1ª ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005, p. 25-45. NICHOLS, M. P.; SCHWARTZ, R. Os Conceitos Fundamentais da Terapia Familiar: In:___. Terapia familiar: conceitos e métodos. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2007, p. 181-204. NICHOLS, M. P.; SCHWARTZ, R. A Terapia Familiar Estrutural: In:___. Terapia familiar: conceitos e métodos. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2007, p. 181-204. ROSSET, S. M. Terapia Individual Relacional Sistêmica: In:___. Terapia Relacional Sistêmica: Famílias; Casais; Indivíduos; Grupos. Curitiba: Sol, 2008, p. 55-70. VOGEL, Andrea. Um breve histórico da Terapia Familiar Sistêmica. IGT na Rede, [Online], V. 8, Nº 14, p. 116-129, 2011. Disponível em: https://biblat.unam.mx/hevila/IGTnarede/2011/vol8/no14/8.pdf. Acesso em: 13 de maio de 2022.
Compartilhar