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FOI A febre de origem indeterminada (FOI) constitui um problema clínico comum e representa uma importante causa de internações hospitalares. Classicamente ele é definido pela presença de temperatura axilar maior do que 37,8°C, em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e após uma semana de investigação hospitalar sem resultados. Essa definição possibilita a eliminação de infecções auto limitadas, sobretudo viroses, pacientes com hipertermia habitual e os casos em que o exame inicial identifica a causa da febre. A febre de origem indeterminada (FOI), considerada clássica, é um diagnóstico provisório para um quadro febril de duração superior a três semanas e de diagnóstico difícil. Ela é determinada quando a investigação, seja com o atendimento clínico ou exames, não permite esclarecer a causa da febre de imediato. Definição de Febre de origem indeterminada FOI clássica Febre ≥ 37,8°C em várias ocasiões Duração ≥ 3 semanas Ausência de diagnóstico após 3 dias de investigação hospitalar ou 3 consultas ambulatoriais FOI nosocomial Pacientes internados Febre ≥ 37,8°C em várias ocasiões Ausência de infecção ou doença incubada à admissão Ausência de diagnóstico após 3 dias apesar de investigação adequada (incluindo pelo menos 48h de cultura microbiológica) FOI no paciente neutropênico Neutrofilos < 500 mm3 Febre ≥ 37,8°C em várias ocasiões Ausência de diagnóstico após 3 dias apesar da investigação adequada (incluindo pelo menos 48h de cultura microbiológica) FOI associada ao HIV Infecção pelo HIV confirmada Febre ≥ 37,8°C em várias ocasiões Duração de ≥ 4 semanas (regime ambulatorial), ou 3 dias em pacientes internados Ausência de diagnóstico após 3 dias apesar de investigação adequada (incluindo pelo menos 48h de cultura microbiológica) Etiologia O uso indiscriminado de antibióticos e antiinflamatórios, erros ou má interpretação de exames laboratoriais e deficiências no sistema de saúde tem se responsabilizado pelo número de casos de FOI. ANAMNESE E EXAME FÍSICO A anamnese e exame físico deverão ser completos e repetidos periodicamente. Qualquer alteração deve ser valorizada. Os pacientes geralmente começam seu relato pelo momento mais dramático ou importante, que nem sempre coincide com o início efetivo da doença. Na anamnese não se pode esquecer de perguntar sobre aspectos profissionais, viagens, ambiente de moradia e trabalho, contato com pessoas doentes ou animais. Deve-se investigar as endemias das regiões de origem do paciente (esquistossomose, malária, doença de chagas, leishmaniose, tuberculose). Também deve ser investigado a história pregressa, indagando sobre tratamentos, traumas anteriores e cirurgias, inclusive dentárias. Os aspectos psíquicos também devem ser abordados para se pensar sobre a febre factícia ou fraudulenta. Na história familiar devem ser investigadas doenças semelhantes a do paciente (febre tifóide, esquistossomose aguda), e as de origem genética (colagenoses, febre familiar do mediterraneo). Diagnóstico etiológico da FOI A anamnese, o exame físico e os exames complementares são fundamentais para o esclarecimento da etiologia da FOI. Existem alguns achados que sugerem ou afastam as principais causas infecciosas e neoplásicas. Assim que for diagnosticado como FOI, é necessário realizar uma coleta sanguínea e conservar em armazenamento com temperatura de 4°C, para futuramente comparar as sorologias, permitindo saber se os títulos estão subindo ou caindo durante a evolução do paciente. FOI induzida por infecção ou por neoplasia Sugerem ou afastam INFECÇÃO • quanto maior a duração da síndrome febril, menor a probabilidade de origem infecciosa; • as doenças infecciosas geralmente são diagnosticadas no primeiro trimestre de estudo; • proteína C-reativa maior qu100mg/l sugere infecção bacteriana • teste com naproxeno negativo sugere infecção bacteriana • a leucocitose, com desvio à esquerda, sugere infecção bacteriana Sugerem ou afastam NEOPLASIA • A presença de mialgia e artralgia fala contra doença neoplásica. • O teste do naproxeno positivo sugere febre de origem neoplásica. • perda de mais de 1kg de peso corporal por semana sugere neoplasia • as neoplasias são mais raras quando a febre tem duração superior a um ano • eosinofilia sugere helmintose (especialmente esquistossomose) ou neoplasia (principalmente doença de Hodgkin) ✓ Febrícula: De 37,3℃ a 37,8℃; ✓ Febre: Acima de 37,8℃ ✓ Febre alta: Considera-se, em geral, a partir de 39℃ Sepse Sepse pode ser definida como a resposta inflamatória sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Manifestando-se como diferentes estágios clínicos de um mesmo processo fisiopatológico, é um desafio para o médico de praticamente todas as especialidades, dada a necessidade de pronto reconhecimento e tratamento precoce. Na prática, é muito difícil distinguir essas classificações. Lembre-se dos 5 sinais cardinais da inflamação: - Dor - Calor - Rubor - Edema - Perda de função A sepse é a disseminação de uma inflamação para todo o corpo, sendo uma inflamação generalizada. Tem por característica a lesão de órgão alvo. E, dependendo de qual órgão lesado, tem-se a predominância dos sintomas (ex. pulmão lesado terá dispneia; rim lesado etc.). Principalmente as bactérias gram- negativas (e. coli; pseudomonas). São os patógenos que vivem em ambiente hospitalar. Fisiopatologia O desencadeamento de resposta do hospedeiro à presença de um agente agressor infeccioso constitui um mecanismo básico de defesa. Dentro do contexto dessa resposta, ocorrem fenômenos inflamatórios, que incluem ativação de citocinas, produção de óxido nítrico, radicais livres de oxigênio e expressão de moléculas de adesão no endotélio. Há também alterações importantes dos processos de coagulação e fibrinólise. Deve-se entender que todas essas ações têm o intuito fisiológico de combater a agressão infecciosa e restringir o agente ao local onde ele se encontra. Ao mesmo tempo, o organismo contra regula essa resposta com desencadeamento de resposta anti- inflamatória. O equilíbrio entre essas duas respostas é fundamental para que o paciente se recupere [13]. O desequilíbrio entre essas duas forças, inflamatória e anti- inflamatória, é o responsável pela geração de fenômenos que culminam em disfunções orgânicas. A vasodilatação sistêmica leva a hipoperfusão tecidual, podendo levar o indivíduo ao choque. Quadro clínico O marco principal da sepse é uma inflamação exagerada. O normal é ter um balanço entre fatores inflamatórios e anti-inflamatórios pelo nosso corpo, no entanto, na sepse ocorre o desbalanço acentuado com predomínio da inflamação, principalmente pelas características anti-inflamatórias do próprio hospedeiro (idade, genética, ambiente). Diagnóstico O primeiro passo é distinguir de outras causas que levem a uma resposta inflamatória sistêmica, que tem como causas: - TEP - Pancreatite - IAM - Reação transfusional
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