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CLÍNICA MÉDICA TIREOTOXICOSE: Tireoide: é uma glândula que regula a função de órgãos importantes. Ela produz o hormônio T3 e T4. Definição: · Tireotoxicose: manifestações clínicas e bioquímicas de quantidades excessivas de hormônios tireoidianos na circulação e não sabemos a causa (pode ser desde hipertireoidismo ou não). · Hipertireoidismo: superprodução de hormônios tireoidianos. Causas: · Hiperfunção tireoidiana: · Doença de Graves – autoimune que acomete mais mulheres. · Bócio multinodular tóxico. · Nódulo na palpação e pode se tornar funcionante. · Quando é um só que se torna funcionante é Adenoma tóxico, quando é mais de um ai chamamos de bócio multinodular tóxico. · Adenoma tóxico. · Induzida por iodo (Jod-Basedow) · Exemplo é o uso de Amiodarona (trata arritmia) e no comprimido dela tem 75mg de iodo sendo que o corpo precisa só de 150 microgramas, então tem muito mais. · Hipersecreção de TSH. · TSHoma: tumor de hipófise produtor de TSH. Único caso que vai ter TSH e T4 livre alto. Raro. · Obs: nos casos acima, com exceção da hipersecreção de TSH, acabam tendo o T4 alto e TSH baixo. · Sem hiperfunção da tireóide: · Tireoidites: de Quervain ou subaguda, silenciosa ou linfocítica, pós parto, induzido por amiodarona. · Tireotoxicose factícia. · Tem pessoas que tratam a obesidade com um remédio “milagroso” e muitas vezes tem T3 nessa formula, que é o hormônio ativo (ele que dá o efeito do hormônio tireoidiano). · Se o paciente está tomando T3 puro, o T4 vai estar baixo e o TSH baixo também e o paciente com sintoma de hipermetabolismo. · Hipertireoidismo induzido pelo HCG. · O HCG é bem parecido com o TSH. · Quanto mais filhos a mãe está gravida, maior é a quantidade de HCG e isso pode gerar uma tireotoxicose. · Nem tem sintomas pois esses hormônios vão para o bebe. · Doenças trofoblásticas (coriocarcinoma). · Tecido tireoidiano ectópico (Struma ovarii) · Tumor de ovário benigno (que tem cabelo, dente) e alguns podem ter glândula tireoidiana dentro e isso vai produzir muito hormonio– tireotoxicose por uma glândula no tumor. Eixo hipotálamo – hipófise – tireóide: · Quando precisamos de mais hormônio do que o corpo esta produzindo, vai ter o feedback positivo, que aumenta o TRH no hipotálamo que estimula o TSH na hipófise e isso faz a tireoide funcionar. · No caso de T4 livre aumentado vai ter o feedback negativo, então o TRH vai estar baixo, assim como o TSH. · Só medimos o TSH, já o TRH não. · Funções do hormônio tireoidiano: · Controla o metabolismo e também controla a função de vários órgãos. Sintomas: · Perda de peso – pois aumentou o metabolismo (mas ele não para). · Fadiga. · Palpitações – pode até ter arritmia. · Ansiedade. · Sudorese. · Intolerância ao calor. · Diarreia – mudança de habito para mais. · Prurido. Sinais: · Hipertireoidismo: · Lid lag. · Nesse caso o SNC está inibido. · · Vai ter a esclera em cima da pupila. · Bócio. · Miopatia proximal. · Fraqueza que o paciente tem, como no movimento de levantar o braço. · Taquicardia (fibrilação atrial). · Tremores. · Pele quente. · Onicólise. · Doença de Graves: · Oftalmopatia: edema periorbital, edema conjuntival, proptosis e diplopia. · O anticorpo vai estimular e atacar aumentando tanto a parte inflamatória como o acumulo de gordura e também pode filtrar. · Então o paciente tem um olho para frente, com inflamação, com sintomas de lacrimejamento e sensação de corpo estranho. · Acropatia tireoidiana. · Mixedema pré-tibial. · Paciente parece que está com edema na perna, só que faz o sinal de cacifo e o dedo não afunda, pois esse edema é de proteína. 1. Onicolise. 2. Exoftalmopatia. 3. Lid lag. 4. Bócio difuso. Tipos de bócios: · Difuso – pensar mais em tireoidite ou doença de graves. Manifestações clínicas: · Anamnese: · Inicio dos sintomas (súbito ou gradual). · Doença de graves ou o nódulo multi ou uni nodular – sintomas graduais. Muitos nem percebem quando começou. · Quadro de tireoidite é agudo, então o paciente sabe até o dia que começou como suor, batedeira, febre e muito mais. · Historia familiar. · Outras doenças auto-imune. · Gravidez ou puerpério. · Pode ter a tireoidite pós parto. · Exame físico: · Se bócio difuso ou nodular, consistência, sopro, frêmito, doloroso, móvel. · Oftalmopatia presente. · Dermatopatia infiltrativa. · Frequência cardíaca e ritmicidade. · Pressão arterial. · Peso – vai estar perdendo peso. · Paralisia flácida hipocalêmica. Exames diagnósticos: · TSH. · T4 livre. · T3 total (nódulos). · Anticorpos Anti TPO Anti tireoglobulina TRAB. · Cintilografia de tireoide (gravida não pode fazer). · Se nódulo palpável US tireoide. · Pacientes com sintomas muito inespecíficos ai é necessário fazer exames. · Nódulo uni ou multinodular toxico só fechamos diagnostico com cintilografia. Paciente tem que tomar iodo radioativo, que vai para a tireoide e vai para onde tem mais hiperfunção. DOENÇA DE GRAVES: · É uma doença auto-imune mais frequente (60-80%) caracterizada por bócio difuso, tireotoxicose podendo ser acompanhada por oftalmopatia infiltrativa e ocasionalmente dermopatia infiltrativa. · Prevalência: 2% nas mulheres e 0,2% nos homens. É mais comum na 3ª e 4ª década de vida. · Exames diagnósticos: TSH baixo e FT4 alto. -Idoso: · Tipo apático – um monte de sintomas e a única coisa que chama atenção é o coração que pode estar taquicardico ou com arritmia. · Prostração. · Depressão. · Fraqueza muscular. · Bócio pequeno ou ausente. · Eventos cardiovasculares (FA). Fisiopatologia: · Metabolismo basal. · Lipólise. · Tônus simpático e da sensibilidade cardíaca as catecolaminas. · Excreção de cálcio e fósforo pela urina e pelas fezes, aceleração principalmente da reabsorção óssea · Fluxo sanguíneo renal e taxa de filtração glomerular e massa eritrocitária. · Desencadeada pelo estresse, como psicológico, iodo, garvidez e muito mais. Fisiopatologia – auto imune: · Auto anticorpos estão direcionados contra o receptor de TSH (Anti-TRAB) Estimulam a tireóide. · Levando a supressão da secreção do TSH e hipersecreção de T3 e T4. Tem que pedir cintilografia. BÓCIO NODULAR TÓXICO (Plummer): · Não apresenta exoftalmia. · Não apresenta mixedema pré tibial. TIREOIDITES: · Dolorosa: · Aguda. · Granulomatosa subaguda (de Quervain). · Por traumas ou palpação vigorosa. · Actínica. Etiologia: · Bacteriana. · Viral. · Trauma. · Radiação. · Não dolorosa: · Linfocítica – tireoidite de Hashimoto. · Pós-parto · Fibrosante (de Riedel). · Por drogas. Etiologia: · Auto imune · Idiopática · Interferon alfa 1 · Interleucina - 2 · Amiodarona Tireoidite é autolimitada. Tireoidite Aguda: · Bacteriana: gram positivo ou negativo. · Tem origem: · Hematogênica. · Fistula a partir da laringe (crianças). · Inicio abrupto. · Quadro clínico: · Sinais flogisticos no pescoço: dor, calor, rubor, edema e abscesso (pode ter ou não). · Febre, calafrio, linfadenomegalia cervical. · Tireoide muito dolorosa. · Antibiótico. · Drenagem de abscesso. · Acompanhamento com função tireoidiana. · Se fizer hipo, você trata, pois pode ser transitório. · Acompanha até 1 ano. Tireoidite subaguda: · Granulomatosa, células gigantes e não supurativa. · É de etiologia viral. Mais ou menos a 10 dias. · Antecedentes: historia recente de processo infeccioso viral (Coxsackie, sarampo, caxumba e adenovírus). · Predisposição genética: HLA B35. · Quadro clinico: · Bócio difuso, doloroso (só que não tem sinais fluogisticos). · Febre, mialgia, anorexia, taquicardia e astenia. · Hipertireoidismo (2 a 6 semanas). · Diagnostico: · Função tireoidiana: hiper hipotireoidismo. · Aumento da tireoglobulina, do VHS, anemia e leucocitose. · Cintilografia com iodo 131: captação diminuída. · Tratamento: · Beta-bloqueador (inibe a conversão periférica de T4 em T3, então se diminui o T3 vai diminuir o sintoma). · Anti-inflamatorio (indometacina) se não melhorar a dor deve entrar com corticoide. · Acompanhamento de funçãotireoidiana deve entrar com levotiroxina se hipotireoidismo. Tireoidite pós-parto: · Prevalência: 3% a 16% das gestantes. · Diagnósticos diferenciais: doença de Graves. · Bócio menor na tireoidite. · Sintomatologia menos exuberante. · Menos concentrações de T3 e T4. · Ausência de oftalmopatia. · Melhora após 3-4 semanas. · Pode recorrer em outras gestações (10-20%). Tireoidite de Riedel: · Tireoidite fibrosa, tireoidite invasiva. · Patologia: tem muita fibrose (bem dura), infiltração de macrófagos e eosinófilos. · Patogênese: desordem fibrosante primária. · Quadro clínico: · Bócio: fixo, consistência aumentada (pétrea). · Rouquidão, disfagia e desconforto. · Tratamento: tireoidectomia parcial se sintomas compressivos. TRATAMENTO DO HIPERTIREOIDISMO: · Iodo radioativo é a primeira escolha no Brasil · No bócio multi e uni nodular é o iodo. · Na gravidez o certo é dar o propil, mas ele pode dar mais efeito colateral. · Na crise tireotoxica é melhor o propil, pois melhora os sintomas mais rápidos. · Metimazol tem a vantagem de dar uma vez só ao dia. Não precisa ter jejum. Efeitos colaterais das drogas antitireoidianas: · Prurido – usa antialérgico. · Rash cutâneo. · Agranulocitose: · Maior risco nos primeiros 3 meses. · Possivelmente menor risco com carbimazol/metimazol. · Orientar o paciente em relação à necessidade de avaliação medica em caso de dor de garganta. · Os hormônios tireoidianos inibem a produção de células da medula óssea, então pode ter anemia até a agranulocitose. IODO 131: · Seguro. · Efetivo. · Barato. · Protocolo com dose fixa: · 400-800 MBq. · Repetir 6 meses depois, se necessário. · Hipotireoidismo – causa ele usando iodo: · Risco de 20-30% no primeiro ano. · 2-5% por ano, posteriormente. · Não há risco de malignidade em longo prazo. Indicação do Iodo radioativo: · Idosos. · Bócio multinodular. · Bócio uninodular. · 2ª escolha quando falha no tratamento clínico da doença de Graves. · Primeira escolha nos EUA. · Recidiva de hipertireoidismo pós-tratamento cirúrgico. · Efeitos colaterais graves com tionamidas. · Não é contra indicado para pacientes com alergia a contraste iodado. Papel da cirurgia no hipertireoidismo: CRISE TIREOTÓXICA: · É uma resposta anormal do organismo frente ao hormônio tireoidiano. · Isso ocorre por um estresse muito grande, desde psicológico até trauma. · É uma apresentação grave da tireotoxicose. · Início abrupto. · Desencadeada por infecção, trauma, cirurgias, parto, cetoacidose diabética. · Causa: liberação de citocinas e as alterações imunológicas agudas provocadas pela condição desencadeante. Classificação da tempestade tireotóxica: Tratamento da crise tireotóxica: · Correção de desidratação, hiperexia (não usar salicilatos), hipernatremia, suporte ventilatório se necessário. · Propiltiouracil 300 a 400 mg 4 a 6 hs ( inibe a conversão periférica de T4 para T3 pelo bloqueio da desiodinase tipo1). · Lugol 10 gts 2-3 vezes ao dia (Efeito Wolff – Chaikoff – excesso de iodo em uma tireoide suficiente bloqueia a glândula) · Hidrocortisona 100 mg 6/6hs ou Dexametasona 0,5 mg 6/6 hs ( inibe a glândula conversão periférica de T3 para T4). Diminuir o efeito inflamatório. · Bloqueadores beta- adrenérgicos (Se contra-indicação usar diltiazem). CASO CLÍNICO 1: · Jéssica, 34 anos, casada, branca, secretária de um escritório de advocacia. · Procurou Unidade de Pronto Atendimento com queixa de emagrecimento progressivo de cerca de 5 kg há 6 meses, sem hiporexia. Não pratica atividade física, o trabalho no escritório toma todo o seu tempo, mas o que a incomoda é a sudorese exagerada, principalmente nas mãos e face e um calor excessivo. Refere também que durante a noite mesmo em repouso, sente o coração batendo no pescoço .Reclama de lacrimejamento nos olhos e sensação de areia. Exame físico: · Ao exame físico apresenta-se agitada, impaciente, pele úmida e quente. Presença de exoftalmopatia bilateral moderada, sinal de von Graefe (Lid Lag) e sinal de Moebius positivos (um olho vai para o lado e o outro não por conta da infiltração gordurosa no musculo). Cabelos oleosos e rarefeitos. PA: 140X 80 mmHg. Pulso: 139 bpm e irregular. Peso: 47 Kg. Estatura: 1,68 m. IMC: 17 kg/m2. · Tireoide: aumento difuso, consistência fibro-elástica, com frêmito e sopro na ausculta (+1/+6). Ausência de gânglios cervicais. · Pulmões: sem alterações. · Sistema cardiovascular observa-se ictus cordis palpável e propulsivo, de 3 cm, ritmo cardíaco regular, taquicárdico, em 2 tempos, com sopro sistólico (2+/6+) mais audível no foco mitral. · Membros: pele infiltrada em face anterior de ambas as pernas (aspecto de casca de laranja). Conclusão: · Doença de Graves. CASO CLÍNICO 2: · Amanda 38 anos de idade, sexo feminino procura serviço médico referindo febre e mialgia há uma semana. Observou ainda nervosismo, insônia, hiperdefecação e tremores de extremidades há 10 dias. · EXAME FÍSICO · Apresenta-se agitada · Temperatura: 37,5º · Pele quente e úmida Olhos sem alterações · Sinal de von Graefe (Lid Lag) positivo · Sinal de Moebius negativo · Cabelos normais · PA: 120X 60 mmHg. · Pulso: 120 bpm e regular. · Peso: 72 Kg. · Estatura: 1,68 m. · IMC: 22 kg/m². · Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. · Mãos: tremores finos de extremidades · MMII: sem alterações · Tireóide: bócio difuso muito doloroso à palpação. DISCUSSAO = tireoidite subaguda, pois não apresenta sinais flogísticos na pele. Não importa se apresentar febre.
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