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Semiótica A semiótica é a ciência que tem por objetivo de investigação todas as linguagens possíveis. ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido. Busca compreender como se dá a construção de um sistema de significação. Charles Sanders Peirce 1839 - 1914 Físico, matemático e químico, e era considerado um indivíduo de hábitos excêntricos, descuidado e solitário. Entre seus estudos estavam lógica, semiótica, astronomia, geodésia(ciência que estuda as dimensões, forma e o campo de gravidade da Terra), matemática, teoria e história da ciência, econometria e psicologia. Para Peirce, qualquer coisa que esteja ligada na nossa mente tem a natureza de um signo. Signo é o que dá o corpo ao pensamento, emoções e reações. Nos permitindo externalizar emoções e pensamentos, que se dá através do signo. Os efeitos interpretativos que os signos provocam em um receptor também não precisam ser necessariamente um pensamento bem formulado e comunicável. Porem ser uma reação física ou um sentimento. A teoria de Pierce fornece as bases para uma semiótica antirracionalista, antiverbalista e radicalmente original, pois permite analisar qualquer coisa semioticamente. Desde um suspiro, uma música, publicidade impressa ou televisiva, objetos de design, incluindo a percepção que temos deles. O signo, para Peirce, é tudo aquilo que, sub certos aspectos e em alguma medida substitui alguma outra coisa, representando-a para alguém. O mérito dessa definição é mostrar que um signo mantém uma relação solidária entre pelo menos três polos. Não há ligação direta entre o signo e o objeto. Por isso á a necessidade de um terceiro elemento que faça a mediação entre o signo e objeto: o interpretante (não confundir com interprete). Em suma quase tudo que existe pode ser analisado a partir da semiotica, visto que para que algo exista na mente humana, esta coisa precisa ter uma representação mental do objeto real. Esta condição já faz de tal objeto, por exemplo, um signo que pode ser interpretado semioticamente. Tríade Peirciana Representamen é a parte perceptível do signo. Representa algo. Objeto é a coisa propriamente dita. O objeto em si. Interpretante é aquilo que é criado na mente de quem vê o signo. É o signficado daquilo que vemos. A definição do signo nos mostra que a teoria de Peirce toma a seu cargo o feito do signo sobre o sujeito, considerando um ser social, determinado por suas experiências em um mundo historicamente dado. Além disso, todos os elementos estão inseridos dentro de um contexto. Fenomenologia Fenomenologia tem por função apresentar as categorias formais e universais dos modos como os fenômenos são apresentados pela mente. Fenômeno é tudo aquilo, qualquer coisa que aparece à percepção e a mente. Tríade Peirceana Primeiridade refere-se a tudo que esta à consciência naquele instante e todo aspecto de qualidade que vivenciar tal experiência. Tratam-se de aspectos puramente qualitativos e pré-reflexivos. A primeiridade é a impressão. Ex: cor, forma, textura, som... Secundidade é a reflexão envolvida nesse processo. É quando a pessoa lê com profundidade e compreensão o seu conteúdo. O observador faz uma comparação com experiências e situações vividas por eles. Factual, existente, manifestante. A Secundidade é a distinção. Terceiridade é a reflexão que você fará (pode ser uma ação, uma reflexão etc). É o pensamento em signos, a qual representamos e interpretamos. Potencial, previsão, conexão entre qualidade e fato. A terceiridade é a compreensão. Exemplo Primeiridade: impressão - azul Secundidade: Distinção - O céu está azul Terceiridade: Compreensão - O céu está azul, vai dar praia. As propriedades do signo O signo é uma coisa que representa outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se ele carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele. O signo não é o objeto. Ele apenas está no lugar do objeto. Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade. A palavra "casa", a pintura, o desenho, a fotografia, o esboço, uma maquete ou até mesmo seu olhar para uma casa, são todos os signos do objeto casa. Não são a própria casa, nem a ideia geral que temos da casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo modo que depende da natureza do signo. Representamen é o nome do objeto perceptível que serve como o signo para o receptor. É o veículo que traz para a mente algo de fora. O objeto pode ser uma coisa material do mundo, do qual temos um conhecimento perceptivo, mas também pode ser uma entidade meramente mental, ou imaginária. Portanto, o signo pode denotar qualquer objeto: sonhado, resultante de alucinação, existente, esperado etc. Os signos tem capacidade de elaborar representações da realidade. A capacidade essencial dos signos é de representar a realidade. Devemos sempre fazer a separação do que é a realidade e o que é pensamento. Existe a realidade e um processo de semiose que constrói o pensamento desta realidade. Se existe uma realidade concreta, então existem objetos nesta realidade. O objeto imediato (dentro do signo, no próprio signo) fiz respeito ao modo como o objeto dinâmico (aquilo que o signo substitui) está representando no signo. Se trata de um desenho figurativo, o objeto imediato é a aparência do desenho, no modo como ele intenta representar por uma semelhança a aparência do objeto (uma paisagem, por exemplo). Se se trata de uma palavra, o objeto imediato é a aparência gráfica ou acústica daquela palavra como suporte portador de uma lei geral, pacto coletivo ou convenção social que faz com que essa palavra, que não representa nenhuma semelhança real ou imaginária com o objeto, possa, no entanto, representá-lo. O interpretante não se refere ao intérprete do signo, mas a um processo relacional que se cria na mente do intérprete. A partir da relação de representação que o signo mantém com seu objeto, produz-se na mente interpretadora um outro signo que traduz o significado do primeiro (é o interpretante do primeiro signo). O significado de um signo é outro signo - Seja este uma imagem mental ou palpável, uma ação ou mera reação gestual, uma palavra ou mero sentimento de alegria, raiva, uma ideia ou seja lá o que for. O interpretante imediato consiste naquilo que o signo está apto a produzir numa mente interpretadora qualquer. Não se trata daquilo que efetivamente produz na minha ou na sua mente, mas daquilo que, dependendo de sua natureza, ele pode produzir. Há signos que são interpretáveis na forma de qualidades de sentimento; há outros que são interpretáveis através da experiência concreta ou ação~; outros são passíveis de interpretação através de uma série infinita. Daí decorre o interpretante dinâmico, isto é, aquilo que o signo efetivamente produz na sua, na minha mente, em cada mente singular. E isso ele produzirá dependendo da sua natureza de signo e do seu potencial como signo. Há um objeto dinâmico e este objeto está relacionado aos objetos da realidade. Quando uma pessoa entra em contato com qualquer objeto da realidade há um signo e este signo gera a representação do objeto da realidade. Este objeto que é gerado pelo signo é chamado de objeto imediato. Este processo se consolida através de um terceiro signo que se chama interpretante. As propriedades do signo Quali-signo é um signo qualitativo, uma qualidade sensível tomada como signo. é apenas uma qualidade, uma característica e está no campo das ideias. Para se tornar signo, precisaria estar concretizado. Uma cor por exemplo, a sensação de vermelho. Ex: as impressões que o azul é rosa podem causar num indivíduo. Antes de singularidades, são quali-signos, meras sensações ou qualidades. Sin-signo(sin= “aquilo que é uma vez só”, como em “singular”) é um objeto ou evento (ou uma coisa atualmente existente), tomado como signo. É o resultado da singularização do quali-signo. Como exemplo, citamos um determinado quadro, uma palavra como representação. Ex: se o indivíduo acha que as sensações são de seriedade, para o azul, e de delicadeza, para o rosa, é porque ele percebe essas cores de forma singular. Legi-signoé uma lei, ou tipo geral, tomado como signo. É um protótipo, que se manifesta e se significa por corporificações concretas. Como exemplo, as letras do alfabeto, independentemente de sua realização impressa, uma placa de trânsito (pare). Ex: a ideia geral de que "azul transmite seriedade e deve ser associada ao sexo masculino" e "rosa transmite delicadeza e deve ser associada ao sexo feminino" é uma convenção. O signo em referência ao objeto Ícone -> Semelhança (ou aproximação com o objeto) Índice-> causa (Estabelece uma relação causal) Símbolo-> Convenção (Estabelece uma relação convencional) Ícone é um representamen que, em virtude de qualidades próprias, se qualifica em relação a um objeto, representando-o por traços de semelhança ou analogia. Um ícone é um signo que tem como fundamento um quali-signo. O vermelho lembra sangue: o que dá poder a essa cor para funcionar como signo é somente sua qualidade. Só pode lembrar algo por uma semelhança entre a cor e o sangue. O ícone só pode sugerir ou evocar algo porque a qualidade que ele exibe se assemelha a outra qualidade. ÍCONES SÃO QUALI-SIGNOS QUE SE REPORTAM A SEUS OBJETOS POR SIMILARIDADE! Peirce dividiu os signos icônicos em três tipos: Imagem: relação de semelhança com seu objeto no nível da aparência. Diagrama: similaridade entre as relações internas que o signo exibe e as relações internas do objeto que o signo visa representar. Metáfora: representa seu objeto por similaridade no significado do representante e do representado. A metáfora aproxima o significado de duas coisas distintas. Índice é um signo que se refere ao Objeto designado em virtude de ser realmente afetado por ele. Tendo alguma qualidade em comum com o objeto. É o fato de sua ligação direta com o objeto que o caracteriza como índice, e não os traços de semelhança. Qualquer coisa existente é composta de qualidades que podem funcionar como ícones. Mas a ação do índice é distinta do aspecto icônico. Para agir indicialmente, o signo deve ser considerado no seu aspecto existencial como parte de outro existente para o qual o índice aponta e de que o índice é uma parte. Ícone + Índice A fotografia funciona como ícone porque guarda semelhança com o objeto. Mas também funciona como índice porque é resultado entre uma conexão de fato entre a tomada de foto e a montanha. Símbolo é um signo que se refere ao Objeto em virtude de uma convenção, lei ou associação geral de ideias. Atua por meio de réplicas. Implica ideia geral. A palavra é o símbolo por excelência. Ícone Objeto imediato = modo como sua qualidade pode sugerir ou evocar outras qualidades. Sugere através de associações por semelhança. Índice Objeto imediato = modo particular pelo qual esse signo indica seu objeto. Indica através de uma conexão de fato. Símbolo Objeto imediato = o modo como o símbolo representa o objeto dinâmico. Representa através de uma lei. O signo em referência ao interpretante Um REMA é um signo que é interpretado por seu interpretante final como representando alguma qualidade que poderia ser encarnada em algum objeto possivelmente existente. É assim que o quali-signo é compreendido no interpretante final, como presença de um signo de uma qualidade que poderia estar corporificada em alguma ocorrência ou alguma entidade apenas possível. No Nível de Secundidade, o DICENTE é um signo que será interpretado pelo seu interpretante final como propondo e veiculando alguma informação sobre um existente. O meio mais fácil de reconhecer o dicente é saber que ele ou é verdadeiro ou é falso, mas em contraposição ao argumento, o dicente não nos fornece razões por que é falso ou verdadeiro. Ele é um signo puramente referencial, reportando-se a algo existente. Desse modo, seu interpretante terá uma relação existencial, real com o objeto do dicente, tal como este mesmo tem. ARGUMENTO é um signo de raciocínio lógico que relaciona premissas sugerindo uma conclusão verdadeira. Nivel de Terceiridade. Exemplos: Formas poéticas, Resenhas, Letras de música. Interpretante imediato: é interno ao signo. Trata-se do potencial interpretativo do signo, ainda no nível abstrato, antes do signo encontre um intérprete em que esse potencial se efetive. É algo que pertence ao signo na sua objetividade. Interpretante dinâmico: se refere ao efeito que o signo efetivamente produz em um intérprete. Tem-se aí a dimensão psicológica do interpretante, pois se trata do efeito singular que o signo produz em cada intérprete particular. O primeiro efeito que um signo está apto a provocar em um interprete é uma simples qualidade de sentimento, isto é, um interpretante emocional (primeiridade).Ícones tendem a produzir esse tipo de interpretante com mais intensidade: músicas, poemas, certos filmes trazem qualidades de sentimentos para o primeiro plano. Interpretantes emocionais estão sempre presentes em quaisquer interpretações, mesmo quando não nos damos conta deles. O segundo efeito provocado pelo signo é o energético (secundidade), que corresponde a uma ação física ou mental. Ou seja, o interpretante exige um dispêndio de energia de alguma espécie. Índices tendem a produzir esse tipo de interpretante com mais intensidade, pois os índices chamam nossa atenção, dirigem nossa retina mentalmente, ou nos movimentam na direção do objeto que elas indicam. O terceiro efeito de um signo é o interpretante lógico (terceiridade). Quando um signo é interpretado através de uma regra internalizada pelo intérprete. Sem essas regras interpretativas, os símbolos não poderiam significar, pois o símbolo está associado ao objeto que representa através de um hábito associativo que se processa na mente do intérprete e que leva o símbolo a significar o que ele significa. O símbolo está conectado ao seu objeto em virtude de uma ideia na mente de quem usa o símbolo. É no interpretante que se realiza, por meio de uma regra associativa, uma associação de ideias na mente do intérprete que estabelece a conexão entre o signo e seu objeto. O símbolo se constitui como tal apenas através do interpretante. Dentro do interpretante lógico, Peirce introduziu um conceito muito importante, o de interpretante lógico último, que equivale a mudanças de hábito. De fato, se as interpretações sempre dependessem de regras interpretativas internalizadas, não haveria espaço para a transformação e a evolução. A mudança de hábito introduz esse elemento transformativo e evolutivo no processo de interpretação. Juntando os conceitos Semiotica e suas matrizes Matriz sonora O ritmo e a primeiridade. O ritmo provoca sensações capazes de levar em poucos minutos de um mundo a outro; de um sentimento a outro; da calma à exaustão. Por essa capacidade de fazer sentir, emocionar, o ritmo pode ser considerado a matriz sonora que se classifica como primeiridade ou quali-signo.2. A melodia e a secundidade Depois das sensações, surge a reação. O todo sequencial do ritmo pode provocar a melodia que se constrói de unidades menores que motivam. A melodia é o tema que se fixa na mente do interpretante. Pode-se perceber que a melodia passa a ser lembrada como o tema de um filme ou de determinada personagem de novela.3. A harmonia e a terceiridade. A harmonia na música é mais complexa porque é ela que dá à melodia profundidade. Segundo Santaella, corresponde, na pintura, à profundidade. Quando se ouve a música e se aprecia, ela é sentida como um todo,pois não se está tratando-a como especialistas e sim como ouvintes. Degusta-se o ritmo, a melodia e a harmonia no todo da música. A harmonia, como terceiridade, contém os princípios anteriores (primeiridade e secundidade), e vai além na constituição de regras e convenções. Matriz visual O mundo das imagens pode-se apresentar como representações visuais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, esculturas, imagens cinematográficas e televisivas e, nesse sentido, temos objetos materiais, signos que representam o nosso meio ambiente visual. O segundo mundo é o do domínio imaterial das imagens na nossa mente. Nele, imagens aparecem como visões, fantasias, imaginações, esquemas ou, em geral, como representações mentais. Ambos os domínios da imagem não existem separados, pois estão ligados já na sua origem. Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais. Percebe-se assim que a matriz visual se coloca no molde da secundidade. No caso de um audiovisual, por exemplo, entende-se como sendo uma linguagem híbrida, pelo fato de mesclar som e imagens. Dizer que a matriz visual corresponde à secundidade, não quer dizer que ela não se estenda à primeiridade e à terceiridade. A matriz visual que estende para o domínio icônico e simbólico: existem imagens não figurativas e imagens simbólicas. Matriz verbal Vamos entrar no mundo da palavra, do signo linguístico, arbitrário e convencional, logo, no domínio do legi-signo, do simbólico. Por pertencerem ao sistema de uma língua, as palavras são signos quando se manifestam num discurso. Estão subordinadas às leis e convenções do sistema, do código. Essa matriz corresponde à linguagem verbal escrita, uma vez que quando a linguagem é verbal-falada, a mesma torna-se automaticamente uma linguagem híbrida, misturando as matrizes verbal e sonora. Santaella explica que" por mais variações qualitativas que possam existir nas manifestações concretas, nas réplicas orais ou escritas de uma palavra ou de um padrão frasal, elas sempre se conformarão a uma invariância que é a da palavra ou do padrão como lei. "Mas, pode se dizer que a matriz verbal apresenta no seu interior correspondências com os caracteres icônicos e indiciais. Por exemplo, o caso das onomatopeias e dos adjetivos e dos discursos descritivos, proeminentemente icônicos, e o caso dos pronomes, por exemplo ‘este’, ‘aquele’, que mantêm relações existenciais com seus objetos e também é o caso das narrativas. Linguagens híbridas Observando as linguagens, notamos que muitas delas são híbridas. As utilizadas no design, na publicidade e no jornalismo inclusive. Estamos falando de hibridismo no sentido em que as linguagens e meios se misturam, provocando um sistema de signos integrados. São muitas as razões para que tenha ocorrido o fenômeno da hibridização. A mistura de materiais, suportes e meios está cada vez mais acentuada. A imagem contemporânea apresenta acasalamentos e interpenetrações de imagens no cotidiano da fotografia, por exemplo, que importou procedimentos pictóricos e esses movimentos começaram a surgir na pintura. A computação gráfica herdou plasticidade da pintura e assim sucessivamente.