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Dados	Internacionais	de	Catalogação	na	Publicação	(CIP)
(Câmara	Brasileira	do	Livro,	SP,	Brasil)
Compêndio	de	orientação	profissional	e	de	carreira,	volume	1	:
perspectivas	históricas	e	enfoques	teóricos	clássicos	e	modernos	/	Marcelo
Afonso	Ribeiro,	Lucy	Leal	Melo-Silva	(organizadores).
--	1.	ed.	--	São	Paulo	:	Vetor,	2011.
Vários	autores.
Bibliografia
1.	Comportamento	-	Análise	2.	Escolha	de	profissão	3.	Psicologia	do
trabalho	4.	Orientação	profissional	I.	Ribeiro,	Marcelo	Afonso.
II.	Melo-Silva,	Lucy	Leal.
11-00877	CDD	–	158.6
Índices	para	catálogo	sistemático:
1.	Orientação	profissional	:	Análise	do
comportamento	:	Psicologia	aplicada	158.6
ISBN:	978-85-7585-811-0
Projeto	gráfico:	Adriano	oliveira
Capa:	Enio	Rodrigues
Revisão:	Mônica	de	Deus	Martins
©	2011	–	Vetor	Editora	Psico-Pedagógica	Ltda.
É	proibida	a	reprodução	total	ou	parcial	desta	publicação,	por	qualquer	meio
existente	e	para	qualquer	finalidade,	sem	autorização	por	escrito	dos	editores.
Sumário
Prefácio
Maria	do	Céu	Taveira
Introdução
Marcelo	Afonso	Ribeiro,	Lucy	Leal	Melo-Silva
Parte	I	–	Introdução	à	Orientação	Profissional
1.	Breve	histórico	dos	primórdios	da	Orientação	Profissional
Marcelo	Afonso	Ribeiro
2.	Orientação	Profissional:	uma	proposta	de	guia	terminológico	
Marcelo	Afonso	Ribeiro
3.	Enfoques	teóricos	em	Orientação	Profissional	
Marcelo	Afonso	Ribeiro
PARTE	II	–	Teorias	de	escolha	e	desenvolvimento	de	carreira:	origens,	evolução
e	conquistas	atuais
4.	Primeira	demanda-chave	para	a	Orientação	Profissional:	Como	ajudar	o
indivíduo	a	realizar	seu	ajustamento	vocacional/ocupacional?	Enfoque	traço-
fator
Marcelo	Afonso	Ribeiro,	Maria	da	Conceição	Coropos	Uvaldo
5.	Segunda	demanda-chave	para	a	Orientação	Profissional:	Como	ajudar	o
indivíduo	a	entender	os	determinantes	de	sua	escolha	e	poder	escolher?	Enfoque
psicodinâmico
Yvette	Piha	Lehman,	Fabiano	Fonseca	da	Silva,
Marcelo	Afonso	Ribeiro,	Maria	da	Conceição	Coropos	Uvaldo
6.	Terceira	demanda-chave	para	a	Orientação	Profissional:	Como	ajudar	o
indivíduo	a	desenvolver	sua	carreira?
Enfoque	desenvolvimentista	e	evolutivo	
Maria	Célia	Pacheco	Lassance,	Ângela	Carina	Paradiso,
Cíntia	Benso	da	Silva
7.	Quarta	demanda-chave	para	a	Orientação	Profissional:	Como	ajudar	o
indivíduo	a	compreender	seu	processo	de	tomada	de	decisões	e	desenvolver	um
método	de	escolha?
Enfoque	decisional	e	cognitivo	
Maria	Odília	Teixeira
8.	Quinta	demanda-chave	para	a	Orientação	Profissional:	como	ajudar	o
indivíduo	a	entender	e	enfrentar	as	múltiplas	transições	em	sua	carreira?
Enfoque	transicional	
Mauro	de	Oliveira	Magalhães
Sobre	os	autores
Prefácio
Em	fevereiro	de	2009,	celebrou-se	o	centenário	de	um	marco	histórico	da
Orientação	Profissional,	a	edição	da	obra	Choosing	a	vocation,	de	autoria	do
norte-americano	Frank	Parsons.	Nesse	livro,	é	apresentado	o	primeiro	modelo	de
aconselhamento	no	âmbito	da	Orientação,	que	guia,	ainda,	muito	do	pensamento
e	da	ação	dos	profissionais	de	orientação	pelo	mundo	fora	e	também	a	ideia	que
muitas	pessoas	da	comunidade	em	geral	ainda	têm	acerca	dessa	área	de
intervenção	psicossocial.
É	relevante	e	inspirador	que	durante	o	ano	de	celebração	de	tal	marco	histórico,
dois	investigadores	sul-americanos,	Marcelo	Afonso	Ribeiro	e	Lucy	Leal	Melo-
Silva,	tenham	iniciado	a	organização,	no	Brasil,	do	Compêndio	de	Orientação
Profissional	e	de	Carreira,	vindo	a	lume	neste	ano.	Trata-se	de	uma	obra	ímpar	e
também	um	marco,	não	só	pelo	tributo	que	presta	a	mais	de	um	século	de
investigação	sobre	as	escolhas	e	a	evolução	das	pessoas	em	relação	à	sua	vida	de
trabalho	e	restantes	ocupações,	como,	sobretudo,	por	criar	alicerces	firmes	para
um	novo	enfoque	teórico-técnico	no	domínio.
Com	efeito,	em	1909,	a	orientação	constituiu-se	como	uma	abordagem
deliberada,	humanista	e	reformadora,	dos	processos	de	entrada	e	estadia	de
jovens	e	adultos	no	mundo	profissional.	Nessa	época,	vários	acontecimentos
sociopolíticos	e	do	mundo	educativo	e	econômico	transformavam	rapidamente	a
sociedade	rural	norte-americana	numa	sociedade	industrial,	com	uso	de	novas
tecnologias,	criação	de	empregos	e	profissões	e	corrida	das	populações	para	a
urbe.	As	novas	mudanças	na	vida	pessoal	e	social	de	muitos	cidadãos	trouxeram
novos	problemas,	em	boa	parte,	resolvidos	pela	ciência	e	ação	inteligente	e
sistemática	de	diversos	profissionais.	A	obra	e	o	modelo	de	aconselhamento	de
Frank	Parsons	inserem-se	nesse	contexto.
Entretanto,	ao	longo	de	mais	de	um	século,	centenas	de	investigadores
trabalharam	arduamente	para	compreender	e	explicar,	de	modo	mais	profundo,	o
papel	do	trabalho	e	das	ocupações	na	vida	das	pessoas	em	diferentes	grupos	e
culturas.	Foram	desenvolvidos	diversos	enfoques	teóricos	complementares	sobre
essas	questões,	bem	como	técnicas	e	estratégias	novas	de	avaliação	e	intervenção
vocacional,	a	maioria	das	quais	baseadas	na	ciência	psicológica.
Dispomos,	na	atualidade,	de	um	corpo	de	conhecimentos	que	em	muito
ultrapassa	já	os	contributos	de	Frank	Parsons,	mas	nem	por	isso	é	demais
recordar	o	papel	que	desde	essa	época	a	Orientação	passou	a	ter,	entre	outros
aspectos,	na	liberdade	e	autodeterminação	das	pessoas	e	dos	povos.
Estamos	numa	nova	era,	com	necessidade	de	novos	arranjos	da	vida	pessoal	e
social	e,	mais	que	nunca,	a	Orientação	Profissional	volta	a	ter	um	papel	ímpar	na
solução	dos	novos	problemas	da	sociedade	global	e	do	conhecimento.
Internamente,	o	domínio	da	Orientação	Profissional	tem	também	necessidade	de
exercitar	a	integração	do	seu	legado	científico	e	partir	para	novos	enfoques
teórico-técnicos,	respondendo	uma	vez	mais	às	necessidades	de	novos	tempos.	É
exatamente	a	essas	funções	que	o	presente	compêndio	cumpre:	dar	a	conhecer	de
modo	historicamente	contextualizado	uma	visão	integrada	do	legado	científico	e
técnico	da	Orientação	Profissional	ao	mesmo	tempo	em	que	oferece	uma	base
para	novos	avanços	e	propostas	nesse	âmbito.
Referimos	um	handbook	organizado	em	dois	volumes,	cada	um	dos	quais	com
duas	partes	principais.	O	volume	I	incide	sobre	as	Perspectivas	históricas	e
enfoques	teóricos	clássicos	e	modernos	da	orientação.	O	volume	II	aborda	os
Enfoques	teóricos	contemporâneos	e	modelos	de	intervenção	no	âmbito	da
orientação	e	da	carreira.
Mais	especificamente,	no	volume	I	deste	compêndio,	a	Primeira	Parte	é	de
Introdução	à	Orientação	Profissional.	Engloba	três	capítulos	de	Marcelo	Afonso
Ribeiro,	da	Universidade	de	São	Paulo,	que	nos	apresenta	uma	visão	panorâmica
da	história	da	Orientação	Profissional,	um	glossário	dos	seus	conceitos
principais	e	um	método	analítico	para	o	desenvolvimento	de	um	novo	enfoque
teórico-técnico	da	Orientação	Profissional.	Um	enquadramento	que	explicita	e
critica	as	bases	epistemológicas,	teóricas	e	metodológicas	dos	modelos	já
produzidos	no	campo	da	Orientação	e	que,	ao	mesmo	tempo,	permite	lançar
novos	contributos	nesse	campo.
A	Segunda	Parte,	mais	alargada,	incide	sobre	as	Teorias	da	escolha	e	do
desenvolvimento	da	carreira	e	inclui	cinco	capítulos,	ao	longo	dos	quais
diferentes	investigadores	de	renome,	brasileiros	e	portugueses,	seguem	o	modelo
proposto	por	Marcelo	Afonso	Ribeiro	e	apresentam,	por	ordem	cronológica,	os
diferentes	enfoques	da	Orientação	Profissional	–	desde	o	enfoque	traço-fator	e	o
psicodinâmico,	passando	pelo	enfoque	desenvolvimentista	e	evolutivo,	e	pelo
decisional	e	cognitivo	até	ao	enfoque	transicional.
O	volume	II	da	obra	aborda	os	enfoques	teóricos	contemporâneos	e	modelos	de
intervenção	no	âmbito	da	orientação	e	da	carreira	a	partir	dos	contributos	de
investigadores	nacionais	e	internacionais.	A	Primeira	Parte	deste	segundo
volume,	sob	o	título	Teorias	de	escolha	e	desenvolvimento	de	carreira:	enfoques
contemporâneos,	contém	dois	capítulos	que	apresentam	uma	interessante
discussão	integradora	dos	enfoques	tratados,	bem	como	uma	proposta	de
enfoque	construcionista	social	para	a	Orientação.
A	Segunda	Parte,	intitulada	Métodos	de	intervenção	e	avaliação	em	Orientação
Profissional,	é	composta	por	três	capítulos,	dois	dos	quais	problematizam	a
avaliaçãopsicológica	e	de	serviços	da	Orientação	Profissional	e	as	questões	da
sua	integração	nas	intervenções	de	carreira.	Um	terceiro	e	último	capítulo,	de
grande	relevância	também,	sobre	discussão	das	políticas	públicas	de	Orientação,
no	âmbito	internacional	e	no	Brasil.
Estamos	desejosos	que	este	compêndio	enriqueça,	do	ponto	de	vista	reflexivo,	o
domínio	da	Orientação	Profissional	e	todos	aqueles	que	se	interessam,	estudam	e
trabalham	nesse	domínio,	pois	seguramente	que,	ao	lê-lo	e	discuti-lo	com	outros
e	para	outros,	contribuirão	mais	rápida	e	eficazmente	para	o	desenvolvimento	de
teoria	e	práticas	de	Orientação	Profissional,	relevantes	e	cientificamente
informadas	e	de	qualidade.
Maria	do	Céu	Taveira
(Escola	de	Psicologia	da	Universidade	do	Minho	–	Portugal)
Introdução
Marcelo	Afonso	Ribeiro
Lucy	Leal	Melo-Silva
A	Orientação	Profissional	vem	recebendo	demandas	cada	vez	mais	diferenciadas
em	função	do	atual	momento	de	instabilidade	e	profunda	transformação	a	que	o
mundo	está	submetido,	configurando-se	numa	era	de	transição	que	afeta	a	tudo	e
a	todos,	pois	as	antigas	estruturas	que	organizavam	esse	mundo	estão
fragilizadas	e	novas	estruturas	ainda	não	se	consolidaram.	Diante	disso,	a
Orientação	Profissional	também	se	encontra	em	momento	de	transição,	tendo	de
repensar	seus	conceitos	e	suas	estratégias	para	constatar	o	que	pode	ser	utilizado
na	atual	configuração	mundial	e	o	que	não	tem	mais	a	validade	que	possuía	em
outros	contextos	históricos.
A	Orientação	Profissional,	então,	deve	realizar	uma	autorreflexão	para
vislumbrar	as	possibilidades	presentes	e	os	planos	futuros,	para	começar	a
reconstrução	de	seu	projeto,	na	qualidade	de	área	de	pesquisa	e	intervenção.
Se	pensarmos	na	definição	clássica	de	projeto,	ele	se	constitui	num	plano	de
ação	presente,	com	base	no	passado	para	ser	realizado	no	futuro,	visando	atender
as	novas	demandas	que	irão	surgir.	Nesse	sentido,	para	pensarmos	o	presente	e	o
futuro,	teremos	de	olhar	para	o	passado;	razão	esta	que	justifica	uma	obra	como
a	que	aqui	se	apresenta,	que	visa	reconstruir	a	história	da	Orientação	Profissional
por	meio	de	um	passeio	pelos	seus	enfoques	teórico-técnicos	construídos,
principalmente	com	base	na	Psicologia	Vocacional,	ao	longo	do	século	XX	para
verificarmos	o	que	se	mostra	atual	e	o	que	já	se	transformou	em	passado	não
atualizável.
Nossa	tarefa	será,	portanto,	fazer	uma	breve	revisão	histórica	do	campo	da
Orientação	Profissional,	na	tentativa	de	levantar	os	fundamentos	teóricos	e
técnicos,	que	embasaram	e	embasam	essa	área,	por	meio	das	demandas	que
foram	surgindo	ao	longo	dos	tempos.
O	método	empregado	para	tal	tarefa	será	a	utilização	de	um	modelo	de	quadro	de
referência,	que,	aplicado	a	todos	os	enfoques	teórico-técnicos	apresentados,
servirá	para	compararmos	os	avanços	da	Orientação	Profissional.
Esse	quadro	de	referência,	embasado	nas	sugestões	de	Bisquerra-Alzina	(1998),
Bohoslavsky	(1977),	Bujold	e	Gingras	(2000),	Crites	(1974),	Rivas	(1988),
Savickas	e	Walsh	(1996)	e	Shertzer	e	Stone	(1972),	delimitará	uma	base	teórica
e	uma	estratégia	de	intervenção	por	meio	de	alguns	pontos	principais	que	todo
enfoque	teórico-técnico	em	Orientação	Profissional	deve	ter:
a)	Bases	epistemológicas	e	teóricas
–	Concepção	de	ser	humano
–	Bases	teóricas	e	epistemológicas
–	Logística:	teoria	vocacional/ocupacional	subjacente
–	Princípios,	objetivos	e	funções
b)	Bases	metodológicas:	estratégia,	tática	e	técnica
–	Estratégia	e	tática	(métodos	empregados)
–	Técnica	(instrumentos	utilizados)
Finalizaremos	o	livro	tentando	mostrar,	a	cada	capítulo,	o	que	a	Orientação
Profissional	tem	a	oferecer	ao	mundo	atual	em	termos	de	possibilidades	e
limites,	levantando	sugestões	para	serem	concretizadas.
O	Compêndio	de	orientação	profissional	e	de	carreira	está	dividido	em	2
volumes.
O	volume	1	apresenta	um	breve	histórico	da	Orientação	Profissional,	propõe	um
guia	terminológico,	analisa	as	questões	centrais	da	área,	discute	a	concepção	de
teoria	em	Orientação	Profissional	e	apresenta	os	enfoques	teóricos	clássicos	e
modernos	(traço-fator,	psicodinâmico,	desenvolvimentista	e	evolutivo,
decisional	e	cognitivo,	transicional).
O	volume	2	apresenta	os	enfoques	teóricos	contemporâneos	(caos,
desenvolvimentista-contextual,	contextualista	e	life	design),	duas	contribuições
brasileiras	com	base	na	Psicanálise	e	no	Construcionismo	Social	e	os	principais
modelos	de	intervenção	(avaliação	e	testagem	como	estratégia	de	Orientação,
avaliação	do	processo	de	Orientação	e	políticas	públicas	em	Orientação
Profissional).
Referências
BISQUERRA-ALZINA,	R.	Modelos	de	orientación	e	intervención
psicopedagógica.	Barcelona:	Praxis,	1998.
BOHOSLAVSKY,	R.	Orientação	vocacional:	a	estratégia	clínica.	São	Paulo:
Martins	Fontes,	1977.
BUJOLD,	C.;	GINGRAS,	M.	Choix	professionnel	et	développement	de	carrière.
Montréal:	Gaëtan	Morin,	2000.
CRITES,	J.	O.	Psicología	vocacional.	Buenos	Aires:	Paidós,	1974.
RIVAS,	F.	Psicología	vocacional:	enfoques	del	asesoramiento.	Madrid:	Morata,
1988.
SAVICKAS,	M.	L.;	WALSH,	W.	B.	(Orgs.).	Handbook	of	career	counseling:
theory	and	practice.	Palo	Alto:	Davies-Black,	1996.
SHERTZER,	B.;	STONE,	S.	Manual	para	el	asesoramiento	psicológico.	Buenos
Aires:	Paidós,	1972.
Parte	I
Introdução	à	Orientação	Profissional
Capítulo	1
Breve	histórico	dos	primórdios	da	Orientação	Profissional
Marcelo	Afonso	Ribeiro
É	sempre	complicado,	senão	impossível,	estabelecer	pontos	de	partida	em
história,	pois	isso	pode	negar	as	contribuições	diretas	e/ou	indiretas	do	passado,
por	isso	levantemos	os	primórdios	da	Orientação	Profissional,	entendidos	como
ideias	e	ações	desenvolvidas	no	passado	que	geraram	no	século	XX	esse	campo
teórico-técnico	–	objeto	central	do	presente	livro.
1.1	A	necessidade	da	orientação
A	ideia	e	a	prática	da	orientação	sempre	foram	preocupações	muito	presentes	ao
longo	da	história	da	humanidade,	configurando	geralmente	um	auxílio	ou
conselho	de	uma	pessoa	mais	experiente	na	resolução	de	problemas	ou	na
escolha	de	caminhos,	pois	sempre	houve	uma	contínua	busca	do	homem	em
relação	à	sua	maneira	de	viver.
Na	Pré-História	havia	uma	ajuda	mútua	para	a	sobrevivência	e	estabilidade.	Na
Grécia	Antiga,	os	mestres	acompanhavam	o	desenvolvimento	dos	seus
discípulos,	descobriam	talentos	e	indicavam	caminhos.	Na	Idade	Média	a	Igreja
guiava	o	rumo	do	mundo	pelos	ditames	do	cristianismo.	Os	sacerdotes
orientaram	os	seguidores	da	dada	religião	por	toda	história.	Assim	como	os	pais
orientaram	seus	filhos	ao	longo	dos	tempos,	os	mestres	de	ofício	orientaram	os
jovens	artesãos	e	assim	por	diante,	numa	infinidade	de	exemplos	históricos
inesgotáveis.
A	Orientação	Profissional	não	foge	à	regra:	a	ideia	de	que	nem	todas	as	pessoas
poderiam	exercer	todas	as	ocupações,	fazeres,	artes	ou	ofícios	também	percorre
toda	a	história.
Sócrates	falava	da	importância	do	conhecimento	de	si	mesmo.	Platão	em	seu
livro	A	república	colocava	a	importância	da	determinação	das	aptidões
individuais	para	a	adaptação	social.	Aristóteles	valorizava	o	desenvolvimento	da
razão	para	a	escolha	de	atividades	em	consonância	como	os	interesses	do	sujeito.
Cícero	guiava	as	pessoas	durante	o	Império	Romano	(originando	a	expressão
ciceronear	como	sinônimo	de	guiar).	Santo	Tomás	de	Aquino	destacava	a
importância	do	desenvolvimento	das	potencialidades	humanas.	Muitos
colocavam	que	existiam	pessoas	com	dons	especiais;	alguns	começavam	a
descrever	as	diversas	ocupações	que	iam	surgindo	em	guias	e	manuais	e
frisavam	a	importância	da	informação	ocupacional.	Palavras,	como	aptidão,
habilidade,	engenho,	talento,	tornavam-se	cada	vez	mais	frequentes,	mas	um
pequeno	detalhe	ainda	estava	por	se	consolidar:	a	possibilidade	de	as	pessoas
realizarem	escolhas.
1.2	A	possibilidade	de	fazer	escolhas
A	necessidade	de	tomar	decisões	sempre	foi	uma	das	principais	tarefas	na	vida
das	pessoas	desde	a	Pré-História,	momento	em	que	cada	dia	era	vivido	como
único	e	as	decisões	acerca	da	sobrevivência	determinavam	a	vida	das	pessoas:
uma	decisão	mal	refletida	poderia	significar	sua	morte.A	história	da	humanidade	intercalou	momentos	em	que	as	pessoas	tinham
alguma	possibilidade	de	escolher	e	tomar	decisões	com	momentos	nos	quais
estavam	submetidas	a	uma	ordem	superior	que	guiava	seus	passos.
Na	Grécia	Arcaica,	os	deuses	determinavam	o	destino	dos	homens,	que	não
tinham	muita	escolha	a	não	ser	cumprir	seu	destino	programado.
Na	Grécia	Clássica,	os	filósofos	acreditavam	poder	dominar	sua	natureza	pela
reflexão	e,	dessa	maneira,	determinar	seu	futuro,	mas	isso	era	destinado	apenas	a
poucos	escolhidos,	pois	a	maioria	nascia	com	seu	destino	traçado:	ou	se	era
nobre,	ou	se	era	soldado,	ou	se	era	servo.
Na	Idade	Média,	a	religião,	como	ordem	superior	suprema,	volta	a	guiar	os
passos	das	pessoas,	que	tinham	suas	decisões	norteadas	pelos	princípios	da	fé:
ou	se	era	abençoado	por	seguir	os	mandamentos	de	Deus	ou	se	era	condenado
por	cometer	seguidos	pecados.
O	Renascimento	surge	como	possibilidade	do	resgate	da	experiência	subjetiva,
ou	seja,	de	poder	assumir	sua	vida	e	determinar	para	si	o	que	é	certo	ou	que	é
errado,	trazendo	a	abertura	da	escolha	e	a	insegurança	da	falta	de	uma	referência
segura	a	quem	seguir.
As	artes,	as	ciências,	as	navegações,	o	comércio	são	frutos	desse	período	de
experimentações,	que	parece	ter	atravessado	a	vida	de	todos	e,	de	maneiras
diferenciadas,	possibilitava	a	tomada	de	decisões	mais	autônomas:	essa	era	a
ilusão	que	se	vivia	na	época.
A	escolha	e	a	tomada	de	decisão	guiavam	a	vida	das	pessoas,	mas	até	esse
momento	da	história,	a	questão	da	escolha	profissional¹	não	se	colocava	como
uma	das	muitas	tarefas	da	vida	das	pessoas,	que	se	viam	presas	a	determinantes
hereditários,	ou	seja,	o	seu	futuro	como	trabalhador	estava	marcado	pela	sua
família	de	origem.
Apesar	disso,	alguns	poucos	pensadores	começaram	a	estudar	e	propor	algumas
ideias	com	ações	isoladas	e	parciais,	dentre	eles:
–	Rodrigo	Sanches	Arévalo,	em	sua	obra	Speculum	Vitae	Humanae	de	1498,
dizia	que	o	“exercício	da	profissão	obedece	a	um	impulso	natural	e	pressupõe
uma	escolha”	(SILVA,	1996,	p.	19),	ou	seja,	o	que	deveria	ser	levado	em	conta
numa	escolha	seriam	as	inclinações	naturais	e	as	circunstâncias	de	vida
oferecidas	pelos	diversos	ofícios	(CHABASSUS,	1981).
–	Antonio	Pérsio,	em	seu	Trattato	dell	ingegno	dell’huomo	de	1576,	postulou
que	o	engenho,	causado	pelo	espírito,	atribui	a	cada	pessoa	uma	inclinação
para	diferentes	ocupações	(SILVA,	1996).
–	Juan	Huarte	de	San	Juan,	em	sua	obra	Examen	de	ingenios	para	las	ciências,
de	1575,	apontava	que	as	pessoas	tinham	diferenças	individuais	(engenhos²)	e
que	os	engenhos	conduziriam	a	pessoa	a	uma	atividade	que	melhor	se	adaptasse
a	eles	(BOHOSLAVSKY,	1977).
–	Jourdain	Guibelet	que,	em	1631,	dizia	que	a	escolha	era	fruto	do	poder	da
vontade,	não	do	exercício	de	uma	habilidade	natural.
–	Campbell,	em	1474,	e	Garzoni,	em	1585,	deram	sua	contribuição	redigindo
guias	com	a	descrição	dos	ofícios	de	sua	época	(ZYTOWSKI,	1972).
Todas	essas	ideias	marcariam	o	desenvolvimento	posterior	da	Orientação
Profissional,	mas,	nesse	contexto	ainda,	uma	questão	parecia	claramente	posta:
para	que	orientar	alguém	que	não	tinha	escolhas	e	já	nascia	com	seu	futuro
ocupacional	determinado?
Até	meados	do	século	XV,	em	pleno	Renascimento,	as	ocupações³	ainda	eram
determinadas	hereditariamente,	não	havendo	mobilidade	social	ou	possibilidade
de	inserções	diversas	no	mundo	do	trabalho	que	começava	a	se	transformar.	O
Renascimento	configura	o	reconhecimento	da	singularidade	pelos	indivíduos,
possibilitando	a	emergência	de	uma	nova	mentalidade,	que	gradativamente	vai
operando	uma	troca	no	mundo	ocupacional:	a	transmissão	hereditária	dos	ofícios
cede	lugar	à	liberdade	de	escolha	segundo	as	capacidades	de	cada	um.
As	possibilidades	de	escolha	profissional	e	de	inserções	diversas	no	mundo	do
trabalho	só	se	tornaram	uma	realidade	por	conta	de	três	fatores	da	história	da
humanidade,	que	começaram	a	ganhar	corpo	em	meados	do	século	XVIII
(SILVA,	1996):
–	As	mudanças	no	modo	de	produção:	passagem	de	uma	relação	manual	e
mecânica	com	o	trabalho	para	uma	relação	especializada	e	cada	vez	mais
complexa,	fruto	do	avanço	tecnológico	crescente	da	revolução	industrial.
–	As	doutrinas	liberais:	passagem	de	um	modelo	social	no	qual	não	havia
possibilidade	de	mobilidade	social	para	um	modelo	que	valorizava	o	esforço
pessoal	como	forma	de	ascensão	social,	iniciado	com	a	revolução	francesa.
–	Surgimento	e	desenvolvimento	da	Psicologia:	possibilidade	de	identificar
cientificamente	as	capacidades	individuais	e	auxiliar	no	processo	de	inserção	no
mundo	do	trabalho.
Segundo	Bisquerra-Alzina	(1998)	e	Brewer	(1926),	inúmeros	autores	deram	sua
contribuição	ao	longo	do	século	XIX	para	o	surgimento	da	Orientação
Profissional	por	meio	de:	palestras	sobre	o	mercado	de	trabalho,	como	Edward
Hazen	em	1836;	propostas	incipientes	de	orientação	em	escolas,	como	George
Merril,	em	1895;	ou	publicações	como	o	guia	de	ocupações	de	John	Sydney
Stoddard	em	1899	e	o	livro	Vocophy,	de	Lysander	S.	Richards,	em	1881,	no	qual
desenvolvia	um	sistema	capaz	de	ajudar	a	pessoa	a	refletir	e	a	planejar	seu	futuro
embasado	na	frenologia.
Tudo	o	que	nós	pretendemos	fazer	é	trazer	ordem	no	lugar	do	oportunismo	e	do
caos	e	instituir	ou	estabelecer	um	sistema	para	capacitar	a	pessoa	a	encontrar	o
mais	adequado	trabalho	através	do	qual	ela	consiga	obter	o	maior	sucesso
possível	(RICHARDS,	1881	apud	BREWER,	1926,	p.	22).
Estava,	portanto,	configurada	a	base	para	o	surgimento	da	Orientação	formal
como	uma	nova	área	de	atuação	nas	Ciências	Humanas	no	início	do	século	XX	e
coube	a	Frank	Parsons	cumprir	esse	papel	na	história.
Beck	(1977)	nos	aponta	que,	como	toda	novidade,	a	Orientação	surge	com	vários
problemas	e	com	um	dado	importantíssimo:	a	emergência	da	prática	impediu
uma	elaboração	filosófica	e	teórica	mais	aprofundada,	em	virtude	da	carência	de
pesquisas	e	da	falta	de	interesse	e	tempo	dos	profissionais	que	começaram	a
encampar	essa	área.	Com	a	formalização	e	expansão	da	educação	e	com	o
crescimento	desenfreado	do	mercado	de	trabalho,	o	problema	da	Orientação	se
colocava	como:	alguma	coisa	deve	ser	feita	agora.
Wrenn	(apud	BECK,	1977,	p.	7)	faz	uma	bela	analogia	do	momento	inaugural	da
Orientação	com	o	súbito	surgimento	de	um	novo	bairro:
Numa	área	em	que	se	fazem	muitas	construções	e	com	muita	rapidez	haverá
necessidade	imperiosa	de	ruas.	A	pavimentação	de	rodovias	pode	ser	feita	com
tanta	pressa,	que	o	nivelamento	cuidadoso	e	a	preparação	das	fundações	são
negligenciados.	As	ruas	podem	comportar	o	tráfego	e	livrar	as	pessoas	da	lama,
mas	logo	vão	apresentar	buracos	aqui	e	ali,	ou	não	dar	vazão	à	água	em	épocas
de	fortes	chuvas.	Além	disso,	tais	ruas	podem	apresentar	falta	de	consistência	de
material	ou	de	estrutura	–	com	um	quarteirão	de	concreto	e	outro	de	asfalto,
sarjetas	aqui	e	não	ali,	placas	de	rua	no	meio-fio	num	quarteirão	e	em	postes,	em
outro.	Um	observador	ao	ver	tal	sistema	de	ruas	poderia	protestar	ser	isso	o
resultado	de	“conveniência”,	de	“oportunismo”	e	até	mesmo	de	“corrupção”,
mas	é	provável	que	este	observador	não	estivesse	presente	na	hora	do	aperto.
Esse	fato	é	fundamental	para	entendermos	o	desenvolvimento	do	campo	da
Orientação:	mudanças	ocorreram	no	mundo	criando	a	necessidade	de	orientação
para	as	pessoas	nas	mais	variadas	esferas	(educação,	trabalho,	ocupação),	e
profissionais	assumiram	essa	tarefa	como	uma	urgência	prática,	e	não	como	uma
descoberta	teórica,	o	que	ocasionou	o	grande	desenvolvimento	inicial	de	técnicas
e	a	pouca	produção	teórica.
Rascován	(2004)	afirma	que	a	Orientação	Vocacional	surgiu	como	resposta	às
demandas	socioeconômicas	do	começo	do	século	XX	e	pode,	dessa	forma,
estabelecer-se	como	uma	disciplina	e	uma	prática	social,	voltada	à	escolha	e
realização	de	um	fazer	humano	relativo	aos	problemas	genericamente	chamados
de	vocacionais,	basicamente	educacionais	e	laborais.
A	Orientação	Vocacional	é	um	“invento”	da	modernidade	para	auxiliar	pessoas
que	se	perguntam	por	seu	fazer	presente	e	futuro.	Como	intervenção,	tem
diversas	particulares	em	relação,	tantoao	marco	conceitual	com	o	qual	se
trabalha,	quanto	também	ao	contexto	em	que	se	exerce	sua	prática.
(RASCOVÁN,	2004,	p.	2).
As	áreas	de	saber	que	mais	contribuíram	para	a	Orientação	foram	a	Psicologia	e
a	Sociologia,	tendo	ainda	a	Filosofia,	a	Economia	e	a	Pedagogia	sua	parcela	de
contribuição.
Referências
BECK,	C.	E.	Fundamentos	filosóficos	da	orientação	educacional.	São	Paulo:
EPU,	1977.
BISQUERRA-ALZINA,	R.	Modelos	de	orientación	e	intervención
psicopedagógica.	Barcelona:	Praxis,	1998.
BOHOSLAVSKY,	R.	Orientação	vocacional:	a	estratégia	clínica.	São	Paulo:
Martins	Fontes,	1977.
BREWER,	J.	M.	The	vocational	guidance	movement.	New	York:	Macmillan
Company,	1926.
CHABASSUS,	H.	Para	a	história	da	orientação	vocacional	I	-	Rodrigo	Sanches
de	Arévalo.	Síntese,	v.	9,	n.	26,	p.	71-86,	1981.
RASCOVAN,	S.	Lo	vocacional:	una	revisión	crítica.	Revista	Brasileira	de
Orientação	Profissional,	v.	5,	n.	2,	p.	1-10,	2004.
SILVA,	L.	B.	C.	A	escolha	da	profissão:	uma	abordagem	psicossocial.	São
Paulo:	Unimarco,	1996.
ZYTOWSKI,	D.	G.	Four	hundred	years	before	Parsons.	Personnel	and	Guidance
Journal,	v.	50,	n.	6,	p.	443-450,	1972.
¹	Escolha	profissional,	escolha	vocacional	e	escolha	de	carreira	são	termos
utilizados,	em	geral,	de	forma	indiscriminada,	o	que	pode	se	configurar	num
problema	para	a	comunicação,	por	conta	disso	no	capítulo	2	será	realizada	uma
análise	mais	aprofundada	acerca	das	terminologias	em	Orientação	Profissional.
²	O	engenho	é	uma	nomenclatura	ancestral	da	ideia	de	aptidão,	concepção	que
será	definida	no	capítulo	2.
³	Ocupação	também	será	um	termo	a	ser	definido	no	capítulo	2.
Capítulo	2
Orientação	Profissional:	uma	proposta	de	guia	terminológico
Marcelo	Afonso	Ribeiro
2.1	Nomeação:	delimitação	do	conceito	e	evolução	da	Orientação
Profissional
A	Orientação	se	dividiu	basicamente	em	três	grandes	áreas	no	começo:	a
Orientação	Educacional	(OE),	a	Orientação	Vocacional	(OV)	e	a	Orientação
Profissional	(OP).
A	OE	atuaria	no	interior	das	instituições	educacionais	sendo	responsável	pelo
auxílio	ao	indivíduo	como	um	todo,	ou	seja,	em	todas	as	esferas	do	seu
desenvolvimento	(pessoal,	profissional,	comunitário,	social,	educacional,	sexual,
familiar);	a	OV	se	consolidaria	como	um	auxílio	ao	jovem	que	desejava
ingressar	em	um	curso	de	nível	superior;	a	OP	seria	o	auxílio	ao	indivíduo	para
seu	ingresso	no	mercado	de	trabalho.	Temos	ainda	como	área	correlata	a	Seleção
Profissional,	que	seria	a	escolha	de	indivíduos	para	atuarem	em	determinado
lugar	ou	posto	de	trabalho.
Frank	Parsons	é	tido	como	o	precursor	da	Orientação	mundial,	pois	foi	um	dos
primeiros	a	executar	sistematicamente	trabalhos	de	Orientação	no	Vocation
Bureau	dentro	do	Civic	Service	House,	em	Boston	(EUA),	a	partir	de	1908.
Atuava	em	duas	frentes:
–	Orientação	Vocacional:	auxílio	a	jovens	oriundos	do	atual	ensino	médio,	que
desejavam	orientação	para	o	ingresso	numa	universidade;
–	Orientação	Profissional:	auxílio	a	pessoas	que	desejavam	ingressar	no	mundo
do	trabalho.
Utilizou	pela	primeira	vez	o	termo	Vocational	Guidance	(Orientação	Vocacional)
e	lançou	o	livro	Choosing	a	vocation,	em	1909	(PARSONS,	2005),	tido	como
marco	inaugural	das	publicações	na	área	de	Orientação	Vocacional,	um	ano	após
sua	morte,	não	dando	continuidade	a	seu	trabalho	pioneiro.	Estava	oficialmente
fundada	a	área	da	Orientação.	E	nosso	foco	será	a	OP,	ou	será	a	OV?	Ou	ainda	a
Psicologia	Vocacional?
Bisquerra-Alzina	(1998)	faz	uma	breve	retomada	das	terminologias	utilizadas
em	OP	e	nos	auxiliará	nessa	tarefa,	assim	como	o	glossário	em	quatro	línguas
(inglês,	alemão,	espanhol	e	francês)	do	Office	national	d’information	sur	les
enseigments	et	les	professions	(ONISEP,	2001).
Parsons	(2005)	utilizou	o	termo	Vocational	Guidance	(Orientação	Vocacional),
batizando,	assim,	a	área	de	auxílio	a	jovens	que	buscavam	orientação	para	o
ingresso	em	um	curso	superior.	Surgiu	na	mesma	época	o	termo	Educational
Guidance	(Orientação	Educacional),	que	determinaria	o	trabalho	de	orientação
no	interior	das	instituições	de	ensino	e	que	visava	ao	desenvolvimento	global	do
indivíduo,	não	apenas	um	aspecto	das	suas	relações	com	o	mundo,	como	no	caso
da	Orientação	Vocacional,	que	visava	à	orientação	para	as	escolhas	vocacionais
(vide	Quadro	1).
Quadro	1.	Orientação	Vocacional	(glossário	em	quatro	línguas)
Inglês Alemão Espanhol Francês
Vocational	Guidance Berufsorientierung Orientación	Vocacional Orientation	Vocationnelle
A	ideia	que	estava	embutida	nessa	nomeação	era	a	da	vocação	como	algo	a	ser
descoberto,	portanto	o	trabalho	de	Orientação	Vocacional	seria	o	diagnóstico	das
características	das	pessoas	e	a	escolha	das	ocupações	que	melhor	se	ajustassem	a
esse	perfil	na	filosofia	do	the	right	man	for	the	right	place	(o	homem	certo	para	o
lugar	certo)	e	a	posterior	orientação	(base	do	enfoque	traço-fator	em	Orientação
Profissional).
Essa	forma	de	entender	e	trabalhar	em	Orientação	sofreu	uma	modificação	por
volta	dos	anos	1940,	com	o	advento	das	ideias	do	Counseling	(Aconselhamento),
que	colocavam	a	Orientação	não	mais	como	um	processo	diagnóstico,	mas	sim
um	processo	de	construção	das	escolhas	vocacionais,	pelo	Counseling,	a
Vocational	Guidance	se	torna	Vocational	Counseling	(Aconselhamento
Vocacional),	conforme	pode	se	ver	no	Quadro	2.
Quadro	2.	Aconselhamento	Vocacional	(glossário	em	quatro	línguas)
Inglês Alemão Espanhol Francês
Vocational	Counseling Berufsberatung Asesoramiento	Vocacional Conseil	D’Orientation
Nos	anos	1950	surgem	as	ideias	desenvolvimentistas	que	apresentam	um	novo
paradigma	para	a	Orientação:	até	esse	momento	a	Orientação	era	focada	nos
momentos	de	escolha,	a	partir	de	então	ela	seria	um	auxílio	a	qualquer	pessoa
em	qualquer	período	da	vida,	que	necessitasse	ajuda	para	o	seu	desenvolvimento
vocacional,	ou	seja,	o	orientador	atuaria	no	auxílio	do	desenvolvimento	da	vida
profissional	dos	indivíduos,	e	não	mais	simplesmente	no	momento	de	escolha	de
um	caminho	profissional¹.
A	ideia	de	descoberta	da	vocação	é	trocada	pela	do	desenvolvimento	vocacional,
ou	seja,	a	vocação	é	substituída	pelo	desenvolvimento	da	carreira	e,	assim,
Vocational	Counseling	se	torna	Career	Counseling	(Aconselhamento	de
Carreira)	ou	Career	Guidance	(Orientação	de	Carreira)	ou	Career	Development
(Desenvolvimento	de	Carreira),	dando	base	para	o	enfoque	desenvolvimentista
em	Orientação	Profissional	(vide	Quadros	3-5).
Quadro	3.	Aconselhamento	de	Carreira	(glossário	em	quatro	línguas)
Inglês Alemão Espanhol Francês
Career	Counseling Berufliche	Beratung Asesoramiento	Profesional Conseil	D’Orientation
Quadro	4.	Orientação	de	Carreira	(glossário	em	quatro	línguas)
Inglês Alemão Espanhol Francês
Career	Guidance berufliche	Orientierung Orientación	Profesional Orientation	Professionnelle
Quadro	5.	Desenvolvimento	de	Carreira	(glossário	em	quatro	línguas)
Inglês Alemão Espanhol Francês
Career	Development Laufbahnentwicklung Desarrollo	de	la	Carrera Développement	de	Carrière
Atualmente	o	termo	Desenvolvimento	de	Carreira	(Career	Development)	é	o
mais	utilizado	para	designar	o	que	estamos	chamando	de	Orientação	Profissional
ao	longo	do	texto	e	também	a	Educação	para	a	Carreira	(Career	Education)
quando	realizado	dentro	do	projeto	pedagógico	de	uma	instituição	educacional
(vide	Quadro	6).
No	Brasil,	o	termo	Orientação	Profissional,	e	em	alguns	lugares	sua	ampliação
para	Orientação	Profissional	e	de	Carreira,	é	o	mais	utilizado	para	designar	o	que
no	contexto	internacional	tem	sido	denominado	de	Desenvolvimento	de	Carreira
(Career	Development).
Quadro	6.	Educação	para	a	Carreira	(glossário	em	quatro	línguas)
Inglês Alemão Espanhol Francês
Career	Education Berufswahlunterricht Educación	para	la	Carrera Éducation	à	la	Carrière
É	importante	frisar	que	o	termo	guidance	é	traduzido	em	português	por
orientação	e	o	termo	counseling	por	aconselhamento,	mas	que	isso	pode	levar	a
interpretações	errôneas.	O	guidance	traz	a	ideia	de	uma	orientação	mais	diretiva
e	informativa,	com	o	orientador	trazendo	informações,	guiando	caminhos,	sendo
uma	tradução	mais	adequadaa	ideia	de	assessoria	ou	aconselhamento	(no
sentido	de	dar	conselhos).
Enquanto	o	counseling,	ao	ser	traduzido	por	aconselhamento,	trouxe	a	ideia	de
alguém	que	dá	conselhos,	ou	seja,	que	indica	caminhos,	e	é	justamente	o	oposto,
pois	o	counseling	surge	com	uma	ideia	de	não	diretividade,	ou	seja,	seu	papel	de
orientador	seria	auxiliar	o	jovem	a	construir	seu	caminho	profissional,	mas	quem
determina	esse	caminho	é	ele	próprio,	sendo	a	melhor	tradução	orientação.
Rivas	(1988)	reforça	essa	ideia	dizendo	que	o	counseling	traduzido	por	consejo
(aconselhamento)	traz	uma	ideia	errônea	do	processo	de	Asesoramiento
Vocacional	(Orientação	Vocacional),	pois	conselho	qualquer	pessoa	é	capaz	de
fornecer	e	a	informação	aí	contida	não	é	de	responsabilidade	de	quem	emite,
enquanto	a	orientação	requer	uma	qualificação	e	um	preparo,	pois	você	é	um
profissional	responsável	pelo	que	faz.
Atualmente	no	Brasil,	a	utilização	das	nomenclaturas	Orientação	Vocacional	ou
Orientação	Profissional	é	associada	ao	trabalho	de	psicólogos	e	pedagogos	que
auxiliam	jovens	nas	escolhas	que	devem	ser	efetuadas	para	o	ingresso	no	mundo
da	educação	(cursos	técnicos,	cursos	superiores,	reescolha	de	cursos,	pós-
graduação)	e,	em	geral,	acontecem	nas	escolas,	consultórios	e	universidades.
Por	sua	vez,	a	Orientação,	o	Planejamento,	a	Gestão	ou	o	Desenvolvimento	de
Carreira	estariam	mais	associados	ao	trabalho	de	consultores	(psicólogos,
engenheiros,	administradores,	entre	outros),	que	tenham	conhecimento	do
mercado	de	trabalho,	dominem	algumas	ferramentas	de	orientação	e	auxiliem
jovens	e	adultos	no	ingresso,	nas	transições	e	na	saída	do	mundo	do	trabalho,
sendo	realizados,	em	geral,	em	consultorias	de	recursos	humanos,	empresas	e
alguns	consultórios,	escritórios	e	universidades.
Obviamente	este	é	um	quadro	genérico	que	está	mudando	e	se	interpenetrando,	o
que	possivelmente	não	permitirá	mais	essa	divisão	tão	nítida.
Como	um	dado	para	concluir	a	questão	terminológica,	a	atual	entidade	que
representa	a	Orientação	Profissional	no	mundo	é	nomeada	como	Associação
Internacional	de	Orientação	Vocacional	e	Educacional:
–	IAEVG	–	International	Association	for	Educational	and	Vocational	Guidance;
–	IVSBB	–	Internationale	Vereinigung	für	Schul-	und	Berufsberatung;
–	AIOEP	–	Asociación	Internacional	para	la	Orientación	Educativa	y
Profesional;
–	AIOSP	–	Association	Internationale	d’Orientation	Scolaire	et	Professionnelle.
Temos,	também,	como	instituição	parceira	a	National	Career	Development
Association	(NCDA),	Associação	Nacional	de	Desenvolvimento	de	Carreira
(EUA)	e,	no	Brasil,	a	Associação	Brasileira	de	Orientadores	Profissionais
(ABOP),	o	que	mostra	uma	diversidade	de	nomenclaturas	com	a	marca	do	seu
tempo,	ou	seja:	Orientação	Vocacional	e	Educacional	(IAEVG,	cunhada	em
1951),	Desenvolvimento	de	Carreira	(NCDA,	cunhada	em	1986)	e	Orientação
Profissional	(ABOP,	cunhada	em	1993).
Mas	qual	será	a	nomeação	que	usaremos	neste	livro?
Toda	e	qualquer	escolha	de	uma	nomenclatura	carregará	uma	tradição,	uma
história	e	uma	opção	epistemológica,	metodológica	e	sócio-histórica,	que	será
sempre	parcial	e	criticável,	entretanto	se	faz	necessária	para	marcar	uma	posição
e	operacionalizar	a	redação	do	presente	livro.
A	expressão	Orientação	Profissional	constituirá	a	nomeação	aqui	utilizada	(como
já	está	sendo	anunciado	desde	os	primeiros	parágrafos	do	texto	e	no	próprio
título	do	livro),	pois,	no	nosso	entender,	melhor	representa	a	tradição	brasileira
na	Orientação	e	sua	tarefa	para	o	século	XXI,	além	de	ser	a	representação	social
predominante	da	área	no	Brasil.
Mas	qual	é	a	importância	de	uma	terminologia?	Uma	nomeação	não	é
simplesmente	um	título	sem	significado,	mas	carrega	o	pensamento	das	teorias
dominantes	em	cada	época	e	expressa	a	identidade	e	as	representações	sociais
vigentes.
A	Orientação	Profissional,	por	meio	de	suas	bases	epistemológicas	e	teóricas	que
são	as	áreas	da	Psicologia	Vocacional/Ocupacional	e	da	Sociologia	Ocupacional,
construiu	e	se	utilizou	de	vários	termos,	ao	longo	de	sua	história,	considerados
centrais	para	sua	teorização	e	intervenção	prática,	que	nem	sempre	tiveram	um
consenso	em	sua	definições,	o	que	pode	ocasionar	problemas	e	usos
inapropriados.
Façamos	uma	tentativa	de	síntese	das	definições	dos	principais	termos-chave
utilizados	em	Orientação	Profissional,	conscientes	de	que	as	definições
propostas	têm	mais	um	caráter	de	convite	ao	debate	do	que	propriamente	sua
finalização.
2.2	Precisões	terminológicas:	proposta	de	definição	de	alguns	dos	principais
termos-chave	para	Orientação	Profissional
Muitos	conceitos	são	utilizados	no	campo	da	Orientação	Profissional,	mas	nem
sempre	de	forma	homogênea	ou	consistente,	o	que	levou	vários	autores	e
associações	a	desenvolverem	glossários	dos	principais	termos-chave	empregados
na	área.
As	definições	apresentadas	a	seguir	representam	uma	tentativa	de	sistematizar
esse	conhecimento	produzido	e	estão	baseadas	nas	sugestões	internacionais	de
Bisquerra-Alzina	(1998),	Bohoslavsky	(1977),	Bujold	e	Gingras	(2000),	Crites
(1974),	Dupont	e	Pereira	(1996),	Greenhaus	e	Callanan	(2006),	Rivas	(1988;
2003),	Sears	(1982),	Silva	(1996),	Super	(1976;	1985);	Super	e	Bohn	Jr.	(1972);
nas	sugestões	nacionais	de	Mello	(2000)	e	Melo-Silva	(2001);	e	na	própria
tentativa	do	autor	em	realizar	tal	tarefa	(Ribeiro,	2004,	2009a,	2009b).
Além	disso,	serão	acrescentados	os	correlativos	em	inglês,	alemão,	espanhol	e
francês,	conforme	propõe	o	glossário	organizado	em	2001	pela	International
Association	for	Educational	and	Vocational	Guidance	(IAEVG)	e	pela	Office
National	d’Information	sur	les	Enseigments	et	les	Professions	(ONISEP).
Como	forma	de	tentar	garantir	alguma	uniformidade	ou	padrão	nas	definições,
serão	apresentadas²	propostas	que	introduzam	as	principais	dimensões,	quando
possível,	de	compreensão	de	cada	noção	com	seus	significados	etimológicos,
genéricos,	socioeconômicos,	sócio-históricos,	psicológicos	e	psicossociais.
Adaptabilidade	de	carreira
–	Career	Adaptability	(inglês);
–	Berufliche	Anpassungsfähigkeit	(alemão);
–	Adaptabilidad	profesional	(espanhol);
–	Adaptabilité	professionnelle	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	adaptação	constante	da	pessoa	ao	mundo	do
trabalho	para	responder	às	demandas	que	lhe	são	colocadas	e	poder,	nele,
permanecer	inserido	(DUPONT;	PEREIRA,	1996).
•	Significado	psicológico:	prontidão	para	enfrentar	as	tarefas	desenvolvimentais
previsíveis	e	as	transições	ocupacionais	e	constantes	crises	não	previsíveis	que	a
pessoa	passará	durante	toda	a	vida;	adaptar-se	às	novas	circunstâncias
apresentadas	pelo	mundo	do	trabalho;	e	poder,	nele,	permanecer	inserido
(GREENHAUS;	CALLANAN,	2006;	SAVICKAS,	1997;	SUPER,	1985).
Adaptação	vocacional
–	Vocational	Adaptation	(inglês);
–	Berufliche	Bearbeitung	(alemão);
–	Adaptación	vocacional	(espanhol);
–	Adaptation	professionnel	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	adaptação	constante	entre	pessoa	e	mercado	de
trabalho	que	deve	gerar	um	pleno	desenvolvimento	da	pessoa	no	trabalho	e	da
economia	de	um	país	(DUPONT;	PEREIRA,	1996).
•	Significado	psicológico:	conceito	funcionalista	dinâmico	que	preconiza	que	a
interação	entre	as	pessoas	e	a	realidade	profissional/ocupacional	se	dá	a	partir
de	respostas	flexíveis	e	mutantes;	interação,	na	qual	pessoas	e	realidade	se
modificam	para	uma	adaptação	mútua	e	recíproca	que	deve	resultar	em
satisfação	e	êxito	na	carreira	–	base	do	enfoque	desenvolvimentista	em
Psicologia	Vocacional	(MELLO,	2000;	SAVICKAS,	1997;	SUPER;	BOHN	JR.,
1972).
Ajustamento	vocacional
–	Vocational	adjustment,	vocational	fitness	(inglês);
–	Berufliche	Anpassung	(alemão);
–	Ajuste	vocacional	(espanhol);
–	Épanouissement	professionnel	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	combinação	do	perfil	pessoal	com	o	da	ocupação
gerando	um	pleno	desenvolvimento	da	pessoa	no	mundo	do	trabalho	e	da
economia	de	um	país	(DUPONT;	PEREIRA,	1996).
•	Significado	psicológico:	conceito	mecanicista	que	pressupõe	a	combinação
entre	as	características	pessoais	(perfil	vocacional)	com	as	característicasdas
profissões/ocupações	(perfil	profissiográfico),	vistas	como	realidades	estáveis	e
definidas,	para	assumir	uma	ocupação/profissão	no	mundo	do	trabalho	que
resulta	em	satisfação	e	êxito	na	carreira.	Base	do	enfoque	traço-fator	em
Psicologia	Vocacional	(DAWIS;	LOFQUIST,	1984;	PARSONS,	2005).
Aptidão
–	Aptitude	(inglês);
–	Anlagen,	Begabung,	Fähigkeiten	(alemão);
–	Aptitude	(espanhol);
–	Aptitude	(francês).
•	Significado	genérico:	aptidão	é	sinônimo	de	vocação,	como	a	característica
que	definiria	a	escolha	vocacional.
•	Significado	psicológico:	a	aptidão	teria	relação	com	comportamentos
específicos,	estáveis	no	tempo	e	unitários	indicativos	da	facilidade	ou
predisposição	natural	para	aprender	(SUPER;	BOHN	JR.,	1972;	SUPER;
CRITES,	1962)	ou	da	capacidade	de	obter	eficiência	ou	executar	uma	tarefa
com	sucesso	(SANTOS,	1978).	Seria	indicativa	do	provável	nível	de	habilidade
futura	que	um	indivíduo	terá	para	executar	uma	atividade	(GREENHAUS;
CALLANAN,	2006).	O	talento	seria	o	superlativo	de	aptidão,	sendo	definido	de
forma	semelhante	a	ela	(VAN	KOLCK,	1974).
Capacidade
–	Capacity	(inglês);
–	Leistungsfähigkeit	(alemão);
–	Capacidad	(espanhol);
–	Capacités	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	possibilidade	individual	de	vinculação	e
realização	de	atividades	em	um	dado	trabalho.
•	Significado	psicológico:	potencialidade	individual	para	o	exercício	de
qualquer	função	definida	em	relação	a	quanto	uma	pessoa	já	possui	de	domínios
aprendidos	necessários	para	a	realização	de	uma	dada	atividade	(dimensão
passada),	englobando	tanto	a	habilidade	(dimensão	presente)	quanto	a	aptidão
(dimensão	futura),	embora	nem	sempre	fique	clara	a	fronteira	entre	esses
conceitos	(CRITES,	1974;	SUPER;	CRITES,	1962).
Carreira
–	Career	(inglês);
–	Berufliche	Laufbahn,	Laufbahn	(alemão);
–	Carrera	(espanhol);
–	Carrière	(francês).
•	Significado	socioeconômico:
a)	estruturas	de	trabalho	inseridas	em	organizações	(BLAU;	DUNCAN,	1967;
DUPONT;	PEREIRA,	1996;	RIVAS,	1988);
b)	respostas	às	forças	do	mercado	de	trabalho	(ARTHUR,	HALL;	LAWRENCE,
1989).
•	Significado	social:
a)	desempenho	de	papéis	sociais	no	trabalho	(BERGER;	LUCKMANN,	1980);
b)	mobilidade	social	(BOUDON;	BOURRICAUD,	1994).
•	Significado	sócio-histórico:	percurso	construído	ao	longo	da	vida	pelo	vínculo
a	uma	série	de	ocupações	e	profissões,	que	constituem	o	histórico	de	vida	no
mundo	do	trabalho	(SEARS,	1982;	SUPER;	BOHN	JR.,	1972).
•	Significado	psicológico:
a)	realização	vocacional	no	mundo	(HOLLAND,	1985);
b)	sequência	evolutiva	das	experiências	de	trabalho	de	uma	pessoa	em	dado
contexto	ao	longo	do	tempo,	que	se	constitui	em	um	veículo	de	autorrealização
psicológica	(SUPER,	1976);
c)	resposta	individual	mediada	às	requisições	externas	dos	papéis	sociais
(SAVICKAS,	1997);
d)	“Desenvolvimento	do	comportamento	vocacional	ao	longo	do	tempo.”
(SAVICKAS,	2002,	p.	151).
•	Significado	psicossocial:
a)	síntese	da	relação	dialética	de	construção	psicossocial	contínua	entre
indivíduo	e	mundo	social	e	do	trabalho	(RIBEIRO,	2004;	RIVAS,	2003);
b)	narrativa	de	vida	no	trabalho	direcionada	ao	outro	que	é	organizadora	da
experiência	de	si	no	trabalho	e	das	possibilidades	de	construção	de	carreira	no
mundo,	gerando,	ao	mesmo	tempo,	o	reconhecimento	social	e	a	compreensão	da
trajetória	de	vida	(RIBEIRO,	2009b;	YOUNG;	COLLIN,	2004).
Comportamento	vocacional
–	Vocational	behavior	(inglês);
–	Berufsverhalten	(alemão);
–	Conducta	vocacional	(espanhol);
–	Comportement	professionnel	(francês).
•	Significado	psicológico:
a)	respostas	de	uma	pessoa	ao	escolher	uma	ocupação	e	adaptar-se	a	ela,	com
caráter	processual	e	acompanhando	o	desenvolvimento	da	pessoa	pela
atualização	de	suas	experiências	(BISQUERRA-ALZINA,	1998;	CRITES,	1974;
SUPER,	1976);
b)	ações	contínuas	de	escolha,	adaptação	e	realização	vocacional	(MARTINS,
1978).
•	Significado	psicossocial:
a)	“Manifestação	da	relação	dialética	entre	a	pessoa	e	o	meio	socioprofissional
que	marca	a	finalização	do	processo	evolutivo	de	socialização	do	ser	humano	no
seu	meio	produtivo.”	(RIVAS,	1988,	p.	13);
b)	conjunto	de	processos	psicossociais	que	uma	pessoa	mobiliza	em	relação	ao
mundo	profissional/ocupacional,	no	qual	já	está	instalada	ou	pretende	envolver-
se	ativamente,	e	que	representam	o	tipo	de	vínculo	que	cada	sujeito	estabelece
com	o	mundo	naquele	momento	pela	síntese	da	relação	dialética	entre	as
demandas	sociais	e	pessoais	(RIBEIRO,	2004;	RIVAS,	2003).
Construção	da	carreira
–	Career	construction	(inglês);
–	Laufbahn	konstruktion	(alemão);
–	Construcción	de	la	carrera	(espanhol);
–	Construction	de	carrière	(francês).
•	Significado	psicossocial:
a)	concepção	de	construção	de	carreira	com	base	no	construtivismo³:	conceito
funcionalista	dinâmico	que	preconiza	que	a	interação	entre	as	pessoas	e	a
realidade	profissional/ocupacional	se	realiza	por	meio	da	construção	da	forma
como	as	pessoas	adaptam	o	trabalho	em	suas	vidas	(não	como	as	pessoas	se
ajustam	às	ocupações)	e	da	construção	da	trajetória	do	comportamento
vocacional	da	pessoa	(não	da	análise	do	comportamento	vocacional	em	si),
sendo	esta	a	ideia	da	construção	de	carreira	(SAVICKAS,	2002;	DUARTE,
2009);
b)	concepção	de	construção	de	carreira	com	base	no	construcionismo:
construção	é	a	operação	básica	de	relação	entre	pessoa	e	contexto,	num	processo
de	coevolução	indissociável,	pelo	qual	a	pessoa	constrói	sua	trajetória	no	mundo
do	trabalho,	elaborando	e	realizando	continuamente	projetos	de	vida	no	trabalho
que	integrem	as	várias	dimensões	de	sua	vida	pela	transformação	contínua
dessas	dimensões	e	constituam	sua	identidade	profissional	(RIBEIRO,	2004;
YOUNG,	VALACH;	COLLIN,	2002).
Desenvolvimento	de	carreira
–	Career	development	(inglês);
–	Laufbahnentwicklung	(alemão);
–	Desarrollo	de	la	carrera	(espanhol);
–	Développement	de	carrière	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	progressão	dos	indivíduos	em	termos
psicológicos,	sociais	e	econômicos	no	mundo	do	trabalho	pelo	desenvolvimento
contínuo	da	carreira	(BUJOLD;	GINGRAS,	2000;	RIVAS,	1988;	SEARS,	1982).
•	Significado	psicossocial:	percepção	das	relações	entre	autoconceito	e
trabalho,	e	dos	passos	necessários	para	a	concretização	do	padrão	de	carreira
(projeto	de	vida	no	trabalho)	pela	atualização	da	identidade	profissional
realizada	pelo	desempenho	de	papéis	profissionais	(SUPER,	1985).
Desenvolvimento	vocacional
–	Vocational	development	(inglês);
–	Berufliche	Entwicklung	(alemão);
–	Desarrollo	profesional	(espanhol);
–	Développement	professionnel	(francês).
•	Significado	psicológico:	atualização	do	autoconceito	vocacional	realizada
pelo	comportamento	vocacional,	que	propicia	a	formação,	clarificação	e
maturação	das	tendências	vocacionais,	bem	como	a	realização	desse
autoconceito	na	realidade	ocupacional/profissional	pelas	constantes	sínteses
geradas	pelas	experiências	de	relação	com	essa	realidade	(MELLO,	2000;
SUPER;	BOHN	JR.,	1972).
Escolha	vocacional,	profissional	ou	de	carreira
–	Vocational	choice;	career	choice	(inglês);
–	Berufswahlentscheidung;	berufswahl	(alemão);
–	Elección	profesional;	elección	de	carrera	(espanhol);
–	Choix	professionnel;	choix	de	carrière	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	intenção	de	ingressar	e	ocupar	um	lugar	no
mundo	do	trabalho	(CRITES,	1974).
•	Significado	psicológico:
a)	resposta	do	ego	diante	de	um	objeto	interno	danificado	que	clama	por
reparação,	sendo	a	escolha	de	uma	maneira	de	ser,	por	meio	de	algo	que	a	pessoa
faz	e	é	corporificado	nas	ocupações	(BOHOSLAVSKY,	1977);
b)	atualização	do	autoconceito	por	meio	das	constantes	experiências	com	a
realidade	ocupacional/profissional	(SUPER;	BOHN	JR.,	1972);
c)	expressão	da	intenção	de	ingressar	numa	área	profissional/ocupacional	que
melhor	represente	suas	preferências	e	aspirações	numa	predição	acerca	de	sua
adaptação	profissional/ocupacional	futura	(CRITES,	1974);
d)	processo	sociocognitivo	de	tomada	de	decisão	no	mundo	do	trabalho	(LENT;
BROWN;	HACKETT,	1994;	KRUMBOLTZ,	1981).
•	Significado	psicossocial:
a)	síntese	possível	entre	asdemandas	do	vocacional	(desejo	inconsciente)	e	do
ocupacional	(exigências	do	sistema	produtivo	em	relação	às	expectativas	de
papel),	num	caminho	dialético	do	psíquico	ao	social	e	vice-versa
(BOHOSLAVSKY,	1983);
b)	estratégias	que	o	sujeito	utiliza	para	construir	um	lugar	no	mundo	do	trabalho
pela	síntese	operada	na	relação	dialética	entre	identidade	vocacional	e	identidade
profissional	(RIBEIRO,	2004;	RIVAS,	2003).
Habilidades
–	Skills	(inglês);
–	Fertigkeiten,	Können,	Fachkenntnis	(alemão);
–	Habilidades,	destrezas	(espanhol);
–	Habiletés	(francês).
•	Significado	psicológico:	capacidade	de	execução	de	uma	dada	atividade
adquirida	por	experiência	ou	aprendizagem	na	dimensão	do	presente	(CRITES,
1974;	GREENHAUS;	CALLANAN,	2006;	SUPER;	CRITES,	1962).
Identidade	ocupacional
–	Sem	correlativos	em	outras	línguas.
•	Significado	psicológico:	“autopercepção,	ao	longo	do	tempo,	em	termos	de
papéis	ocupacionais”	(BOHOSLAVASKY,	1977,	p.	55),	que	permite	a	integração
de	suas	diferentes	identificações	na	relação	com	os	sujeitos	sociais,
representantes	de	formas	de	ser	e	estar	no	mundo,	sendo	uma	resposta	ao	o	quê,
ao	de	que	modo	que	e	ao	em	que	contexto	da	escolha.
•	Significado	psicossocial:	veicula,	expressa	e	articula	as	determinações
subjetivas	e	objetivas	da	identidade,	possibilitando	estar	no	mundo	do	trabalho
de	forma	transitória	e	temporária	por	meio	de	uma	atividade	de	passagem	que
vai	mediar	essas	determinações	(RIBEIRO,	2004;	SILVA,	1996).
Identidade	vocacional/profissional
⁴
–	Vocational	identity	(inglês);
–	Berufsidentität	(alemão);
–	Identidad	vocacional	(espanhol);
–	Identité	professionnelle	(francês).
Identidade	profissional
•	Significado	socioeconômico:	características	semelhantes	associadas	a	uma
dada	profissão,	que	congrega	grupos	específicos	de	trabalhadores	reunidos
como	categoria	profissional	(DUPONT;	PEREIRA,	1996).
•	Significado	psicológico:	resultado	da	síntese	identificatória	desenvolvida	na
contínua	interação	entre	fatores	internos	e	externos	à	pessoa	(BOHOSLAVSKY,
1977;	SUPER,	1976).
•	Significado	psicossocial:	“expressão	das	determinações	objetivas	da
identidade	que	possibilita	o	vínculo	ao	social	pelo	fazer	como	possibilidade	de
subjetivação”	(RIBEIRO,	2004,	p.	104),	ou	seja,	ser	ao	fazer.
Identidade	vocacional
•	Significado	psicológico:
a)	expressão	da	personalidade	e	da	subjetividade	(dimensão	subjetiva	da
condição	humana),	sendo	uma	resposta	ao	para	que	e	ao	por	quê	da	escolha
profissional	(BOHOSLASKY,	1977);
b)	“Representações	simbólicas	que	são	pessoalmente	construídas,
intersubjetivamente	determinadas	e	linguisticamente	comunicadas”
(SAVICKAS,	2002,	p.	161),	responsáveis	por	controlar,	guiar	e	avaliar	o
comportamento	vocacional	(SAVICKAS,	1985;	VONDRACEK,	1992);
c)	Guichard	(2000,	2005,	2009)	caracteriza	a	identidade	vocacional	como	formas
identitárias	subjetivas	e	as	define	como	um	“conjunto	de	modos	de	ser,	agir	e
interagir	em	relação	a	uma	certa	visão	de	si	mesmo	em	dado	contexto”
(GUICHARD,	2009,	p.	253),	que	permitirão	a	construção	de	si	no	mundo	social
e	laboral.
•	Significado	psicossocial:	expressão	das	condições	subjetivas	da	identidade	que
sobredetermina	a	construção	da	identidade	profissional,	mas	também	se
modifica	nessa	relação	pelo	desempenho	de	papéis,	ou	seja,	não	é	algo	a	ser
descoberto,	mas	algo	que	se	reconstrói	a	cada	momento	de	integração
identificatória	(RIBEIRO,	2004;	SUPER,	1985).
Interesses
–	Interests	(inglês);
–	Interesse	(alemão);
–	Intereses	(espanhol);
–	Intérêts	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	empenho	a	favor	de	alguém	ou	de	alguma	coisa.
•	Significado	psicológico:	o	interesse	é	o	aspecto	que	mais	relação	teve	com	o
desenvolvimento	da	Orientação	Profissional	e	foi	definido	por	vários	autores,
podendo	significar:
a)	“uma	resposta	a	uma	preferência;	enquanto	que	a	aversão	é	uma	resposta	a	um
desagrado”	(STRONG,	1943,	p.	6),	sendo	visto	como	um	aspecto	do
comportamento	humano,	ligado	às	atitudes	e	à	personalidade,	não	a	uma
instância	em	si	mesma;
b)	“atividades	ou	objetos	através	dos	quais	se	perseguem	valores”	(SUPER;
BOHN	JR.,	1972,	p.	105);
c)	“fator	ou	conjunto	de	fatores	determinantes	da	atração	ou	repulsão	que	o
indivíduo	pode	sentir	em	relação	a	pessoas,	objetos	e	atividades	do	meio	que	o
rodeia”	(ANGELINI,	1984,	p.	31-32),	sendo	o	aspecto	consciente	da	motivação.
Maturidade	adaptativa	(maturidade	de	carreira)
–	Career	maturity	(inglês);
–	Berufs(wahl)reife	(alemão);
–	Madurez	profesional	(espanhol);
–	Maturité	professionnelle	(francês).
•	Significado	psicológico:	possibilidade	de	transformação	e	adaptação	contínua
ao	mundo	do	trabalho	a	cada	crise	da	carreira,	pela	mobilização	das
competências	e	estratégias	necessárias	a	esse	processo	(PATTON;	LOKAN,
2001;	RASKIN,	1998;	SAVICKAS,	1997;	SUPER,	1985;	SUPER;	SAVICKAS,
1996).
Maturidade	vocacional
–	Vocational	maturity	(inglês);
–	Berufswahlreife	(alemão);
–	Madurez	vocacional	(espanhol);
–	Maturité	vocationnelle	(francês).
•	Significado	psicológico:	prontidão	para	enfrentar	as	tarefas	desenvolvimentais
apropriadas	ao	estágio	de	vida	no	mundo	do	trabalho	(CRITES,	1974;	SUPER;
BOHN	JR.,	1972)	ou	“a	similaridade	entre	seu	comportamento	vocacional	e	dos
indivíduos	mais	velhos	do	estágio	do	desenvolvimento	vocacional	no	qual	se
encontra”	(SEARS,	1982,	p.	141),	sendo	a	maturidade	vocacional	constituída
por	um	processo	de	maturação	de	estruturas	internas	e	subjetivas	(SAVICKAS,
2002).
Mercado	de	trabalho
–	Labour	market	(inglês);
–	Arbeitsmarkt	(alemão);
–	Mercado	laboral	(espanhol);
–	Marché	du	travail	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	conjunto	de	atividades	ocupacionais	e
profissionais	em	dada	sociedade	em	dada	época,	calcadas	sobre	as	relações	de
oferta	de	trabalho	(por	parte	dos	empregadores)	e	procura	de	trabalho	(por
parte	dos	demandantes	de	trabalho	ou	trabalhadores).	É	constituído	por	todas
as	possibilidades	de	trabalho	oferecidas	pelo	mercado	formal,	sendo	parte
integrante	do	mundo	do	trabalho	(GREENHAUS;	CALLANAN,	2006).
Mundo	do	trabalho
–	World	of	work	(inglês);
–	Welt	der	Arbeit	(alemão);
–	El	mundo	del	trabajo	(espanhol);
–	Monde	du	travail	(francês).
•	Significado	socioeconômico:	Conjunto	de	determinantes	e	processos	sociais
que	definem,	articulam	e	regulam	tanto	as	atividades	ocupacionais	e
profissionais,	quanto	toda	e	qualquer	forma	de	trabalho	(formal	ou	informal,
produtivo	ou	reprodutivo)	em	dada	sociedade	em	determinada	época,	dando-
lhes	forma,	significado	e	legitimação	social.	É	constituído	por	todas	as
possibilidades	de	trabalho	oferecidas	pelo	mercado	formal	e	informal,	sendo	o
mercado	de	trabalho	parte	integrante	do	mundo	do	trabalho	(GREENHAUS;
CALLANAN,	2006).
Ocupação
–	Occupation	(inglês);
–	Beruf,	Berufung	(alemão);
–	Oficio,	ocupación,	profesión	(espanhol);
–	Profession	(francês).
•	Significado	genérico:	ato	ou	modo	de	estar	ocupado,	independentemente	do
status	com	que	se	realiza	o	trabalho	(SEBASTIÁN-RAMOS,	2003).
•	Significado	socioeconômico:	atividade	institucionalizada	pela	organização	do
trabalho,	sem	vinculação	a	uma	formação	prévia	específica	em	uma	área	da
ciência,	o	que	inclui	o	exercício	de	qualquer	forma	de	atividade	de	trabalho,	que
independe	do	nível	de	qualificação	(SEBASTIÁN-RAMOS,	2003;	RIVAS,	1988;
SEARS,	1982).
•	Significado	psicológico:	nome	com	o	qual	se	designa	a	síntese	de	expectativas
do	papel	profissional	a	ser	desempenhado	pelos	indivíduos	(BOHOSLAVSKY,
1977).
•	Significado	psicossocial:	atividade	desempenhada	no	mundo	do	trabalho	de
forma	transitória	e	sem	vinculação	psicossocial,	configurando	algo	que	eu	tenho
ou	faço	(BUJOLD;	GINGRAS,	2000;	RIBEIRO,	2004).
Papel	profissional
–	Occupational	role	(inglês);
–	Rollenberuf	(alemão);
–	Role	ocupacional/profesional	(espanhol);
–	Rôle	professionnel	(francês).
•	Significado	socioeconômico:
a)	sistema	organizado	de	funções	(scripts	sociais)	realizado	por	meio	de	uma
sequência	estabelecida	de	ações	apreendidas	e	executadas	por	uma	pessoa	em
contexto	de	interação	profissional	e/ou	ocupacional(RIVAS,	1988);
b)	conjunto	de	expectativas	sociais	atribuídas	às	posições	ocupadas	no	mundo	do
trabalho	(SUPER,	1980).
•	Significado	psicológico:	“sequência	estabelecida	de	ações	aprendidas,
executadas	por	uma	pessoa	em	situação	de	interação”	(BOHOSLAVSKY,	1977,
p.	56).
Plano	de	ação
–	Action	plan	(inglês);
–	Aktion	splan	(alemão);
–	Plan	de	acción	(espanhol);
–	Plan	d’action	(francês).
•	Significado	genérico:	um	conjunto	de	ações	para	atingir	um	fim.
•	Significado	psicológico:
Enunciado	relativo	a	uma	representação	antecipadora	e	finalizante	de	uma
estrutura	ordenada	de	operações	susceptíveis	de	conduzirem	ao	estado-final	da
realidade-objecto	do	processo	de	transformação	que	constitui	uma	acção
singular.	É	a	imagem	antecipadora	de	um	processo	de	transformação	do	real.	É
uma	representação	de	operações.	(BARBIER,	1996,	p.	71).
Profissão
⁵
–	Vocation;	profession	(inglês);
–	Gehobene	beruf	(alemão);
–	Profesión	(espanhol);
–	Profession	(francês).
•	Significado	etimológico:	associada	etimologicamente	à	palavra	latina
proffessio,	que	sugere	a	ideia	de	declarar	ou	professar	publicamente	algo.
•	Significado	socioeconômico:	atividade	institucionalizada	pela	organização	do
trabalho	vinculada	a	uma	formação	específica	prévia	em	uma	área	da	ciência,
claramente	identificada	com	espaço,	tarefas	e	funções	próprias	(SEBASTIÁN-
RAMOS,	2003;	RIVAS,	1988).
•	Significado	psicossocial:	uma	atividade	no	trabalho	centrada	na	pessoa,	sendo
um	espaço	institucionalizado	de	expressão	da	identidade,	no	qual	eu	professo	o
que	eu	sou,	possibilitando	ser	ao	fazer	(RIBEIRO,	2004).
Projeto	de	vida
–	Life	project,	life	design	(inglês);
–	Life	projekt,	life	design	(alemão);
–	Proyecto	de	vida	(espanhol);
–	Projet	de	vie	(francês).
•	Significado	etimológico:	palavra	oriunda	do	latim	proiectus	(lançado)	e	do
verbo	projicere	(lançar	adiante).
•	Significado	genérico:	estado	que	se	pretende	atingir	ou	identidade	que	se
pretende	construir.
•	Significado	filosófico:	“direcionamento	do	ser	para	o	futuro:	o	homem	é
apenas	o	que	ele	projeta	ser	pelas	seguidas	escolhas	que	faz	[...]	propósito	de
vida	com	horizonte	no	futuro,	na	relação	com	o	passado	e	com	a	intenção	de
transformação	do	presente”	(RIBEIRO,	2004,	p.	89).
•	Significado	psicológico:	possibilitador	da	compreensão	do	sentido	de	vida	dos
indivíduos	na	articulação	do	seu	passado,	presente	e	futuro,	pela	“organização
de	meios	e	recursos	concretizadores	das	aspirações	e	objetivos	dos	indivíduos,
num	campo	concreto	de	possibilidades	e	limitações”	(CATÃO,	2001,	p.	24).
•	Significado	psicossocial:
Seria	um	ponto	de	ultrapassagem	da	oposição	sujeito/sociedade	aparecendo
como	uma	variável	intermediadora	das	relações	de	limitações	recíprocas	entre
indivíduo	e	mundo	social,	permitindo,	então,	a	articulação	dos	tempos	de	vida
dos	indivíduos,	bem	como	a	construção	de	representações	sobre	si	e	sobre	o
mundo	(autonomia	e	práxis),	pois	todo	projeto	é	construído	intersubjetivamente
e	baseado	em	representações	sociais,	que	orientam	o	agir	e	operam	suas
transformações.	(RIBEIRO,	2004,	p.	90).
Saliência	de	carreira
–	Career	salience	(inglês);
–	Bedeutung,	wichtigkeit	der	berufsrolle	(alemão);
–	Importancia	del	trabajo	(espanhol);
–	Prépondérance	de	la	carrière	(francês).
•	Significado	etimológico:	saliência	é	oriunda	do	latim	salire,	que	significa	sair
ou	se	destacar	do	resto,	ser	proeminente	(GREENHAUS;	CALLANAN,	2006).
•	Significado	psicológico:	padrão	organizado	da	totalidade	de	papéis	que	uma
pessoa	desempenha	ao	longo	da	vida,	no	qual	há	a	hierarquização	em	termos	de
importância	de	cada	papel	a	cada	momento	do	ciclo	vital,	gerando	a	base
estrutural	para	definição	da	identidade	e	da	ação	da	pessoa	no	mundo
(LASSANCE;	SARRIERA,	2009;	SAVICKAS,	2002;	SUPER,	1985).
Valores
–	Values	(inglês);
–	Werte	(alemão);
–	Valores	(espanhol);
–	Valeurs	(francês).
•	Significado	psicológico:	os	valores	são	uma	dimensão	significativa	para	a
escolha	profissional,	apesar	de	ser	um	conceito	pouco	estudado	e	nem	sempre
lembrado	pelos	orientadores.	Podem	ser	compreendidos	como	qualidades	ou
objetivos	abstratos	considerados	desejáveis	e	que	são	buscados	pela	ação	nas
atividades	em	que	as	pessoas	se	inserem,	nas	situações	que	vivem	e	nos	objetos
que	produzem	ou	adquirem.	Tem	caráter	abstrato	e	estabelecem-se	mais	tarde
do	que	os	interesses	(SUPER,	1969;	SUPER;	BOHN	JR.,	1972).
Vocação
–	Vocation,	call	(inglês);
–	Beruf,	neigung,	berufung	(alemão);
–	Vocación	(espanhol);
–	Vocation	(francês).
•	Significado	etimológico:	associada	etimologicamente	à	palavra	latina	vocatio,
que	significa	chamamento	interno,	inclinação,	disposição,	tendência	ou	dom,	ou
seja,	a	descoberta	de	algo	que	está	dentro	de	si	e	que	emergirá	por	um	estímulo
externo	ou	mesmo	interno.	Na	língua	inglesa	tem	o	duplo	sentido	de	inclinação,
mas	também	de	tarefa,	atividade,	ocupação	ou	profissão,	à	qual	se	dedica	uma
pessoa	(BUJOLD;	GINGRAS,	2000;	CRITES,	1974;	SUPER;	BOHN	JR.,	1972).
•	Significado	filosófico:	também	tem	duplo	sentido,	podendo	ser	definida	como
inclinação	imperiosa	para	uma	atividade	laboral	ou	destinação	individual	de
cada	ser	humano	(LALANDE,	1999).
•	Significado	psicológico:	o	que	uma	pessoa	se	sente	atraída	a	fazer	(pela
mobilização	de	processos	psicológicos	em	relação	ao	mundo	do	trabalho	ou
profissão	exercida)	por	uma	pessoa	cujo	engajamento	se	dá	por	sua	significação
psicológica	(RIVAS,	1988;	SEARS,	1982;	SUPER,	1976).
2.3	Construção	de	uma	definição:	no	caminho	de	uma	concepção	para	a
Orientação	Profissional
Ao	longo	da	história,	várias	foram	as	definições	e	os	enfoques	teóricos
construídos	na	tentativa	de	formar	o	corpo	da	Orientação	Profissional,	e	não	nos
cabe	aqui	apresentar	tudo	já	postulado,	mas	sim	verificar	algumas	constâncias
históricas	e	analisar	dados	necessários	para	uma	definição.	Vamos	conferir
apenas	algumas	definições.
Parsons	(2005,	p.	13)	primeiramente	definiu	a	Orientação	Profissional	como	o
processo	especializado	de	ajuda	para:
A	questão	fundamental,	que	supera	em	importância	todas	as	outras,	que	é	a
questão	do	ajustamento	–	a	questão	de	unir,	tanto	quanto	possível,	as	melhores
habilidades	e	interesses	do	homem	com	o	cotidiano	do	trabalho	que	ele	tem	que
realizar.
O	ajustamento	seria	realizado	por	meio	de:
(1)	uma	clara	compreensão	de	si	mesmo,	de	suas	aptidões,	capacidades,
interesses,	ambições,	recursos,	limites	e	de	suas	causas;	(2)	um	conhecimento
dos	requisitos	e	condições	de	sucesso,	vantagens	e	desvantagens,	remuneração,
oportunidades	e	das	perspectivas	nos	diferentes	tipos	de	trabalho;	(3)	uma
resultante	verdadeira	das	relações	entre	esses	dois	grupos	de	fatores.
(PARSONS,	2005,	p.	5).
Brewer	(1926,	p.	11)	diria	que	a	Orientação	Profissional	é	um	processo	para
“ajudar	as	pessoas	a	escolher	e	se	preparar	para	entrar	e	progredir	nas
ocupações”.
Claparède	(1922,	p.	37-38)	postulava	a	Orientação	Profissional	como	um
processo	que	“tem	como	fim	guiar	um	indivíduo	até	a	profissão	que	lhe	ofereça
mais	probabilidades	de	êxito,	pois	esta	corresponde	mais	às	suas	atitudes
psíquicas	e	físicas”,	assim	como	apontava,	da	mesma	maneira,	Myers	(1941)	e
Mira	y	Lopez	(1947),	definindo	a	Orientação	Profissional	como	o:
Processo	de	auxiliar	os	indivíduos	a	escolher	uma	ocupação,	preparar-se	para
isso,	entrar	e	progredir	nela.	Ele	está	fundamentalmente	interessado	em	ajudar	os
indivíduos	a	tomar	decisões	e	fazer	escolhas	relativas	ao	planejamento	do	futuro
e	a	construção	de	uma	carreira.	(MYERS,	1941,	p.	19).
Processo	de	auxílio	a	um	indivíduo	na	escolha	de	uma	profissão	ou	carreira;	de
prepará-lo	para	ela,	de	fazê-lo	ingressar	e	progredir	nela.	Isto	se	refere,
essencialmente,	ao	auxílio	que	se	oferece	a	uma	pessoa	para	que	ela	tome	a
decisão	de	escolha	de	uma	carreira	e	planeje	sua	vida	futura	considerando,
necessariamente,	o	mais	satisfatório	ajuste	de	cada	indivíduo	à	vida	profissional.
(NVGA,	1945	apud	MYERS,	1941,	p.	13).
Atuação	científica	completa	e	persistente,	destinada	a	conseguir	que	cada	sujeito
se	dedique	ao	tipo	de	trabalho	profissionalno	qual	ele	obtenha	o	maior
rendimento,	aproveitamento	e	satisfação	para	si	e	para	a	sociedade,	com	o	menor
esforço.	(MIRA	Y	LÓPEZ,	1947,	p.	1).
Até	então	vemos,	como	princípios	para	a	Orientação	Profissional,	uma	relação
especializada	de	ajuda,	por	meio	de	um	método	científico,	visando	à	escolha
profissional,	pontual	e	permanente,	pelo	ajustamento	vocacional	e	buscando	o
desenvolvimento	pessoal	e	social.	Jones	(1930)	amplia	esses	princípios,
acrescentando	que	a	autonomia	e	a	aprendizagem	de	um	processo	de	escolha	são
metas	para	a	Orientação	Profissional,	que	deve	ser	oferecida	para	todos,	em
todos	os	contextos	e	fases	da	vida.
Orientação	é	a	ajuda	dada	por	uma	pessoa	para	outra	no	sentido	de	fazer
escolhas,	ajustamentos	e	resoluções	de	problemas.	A	orientação	objetiva	auxiliar
o	orientando	a	crescer	em	independência	e	ter	habilidade	de	ser	responsável	por
si	mesmo.	É	um	serviço	que	é	universal	–	não	restrito	a	escola	ou	a	família.	É
encontrado	em	todas	as	fases	da	vida	–	em	casa,	nos	negócios	e	na	indústria,	no
governo,	na	vida	social,	em	hospitais,	em	prisões;	de	fato	ele	está	presente	onde
existirem	pessoas	que	necessitem	ajuda	e	onde	existirem	pessoas	que	possam
ajudar.	(JONES,	1930,	p.	5).
Super	(1951)	e	Ojer	(1965)	enfatizam	o	desenvolvimento	pessoal	e	social	como
princípios	para	a	Orientação	Profissional,	definindo-a	como	“a	integração	do
homem	na	sociedade	em	que	vive,	através	do	ponto	de	vista	de	sua	profissão	ou
campo	de	atividade”	(OJER,	1965,	p.	19)	e:
Processo	mediante	o	qual	se	ajuda	uma	pessoa	a	desenvolver	e	aceitar	uma
imagem	completa	e	adequada	de	si	mesma	e	de	seu	papel	no	mundo	laboral,
pondo	a	prova	este	conceito	diante	da	realidade	cotidiana	e	a	convertendo	em
uma	realidade	que	traga	satisfação	pessoal	e	benefício	social.	(SUPER,	1951,	p.
89).
Podemos	perceber,	nessas	definições	já	bem	conhecidas,	elementos	centrais	para
uma	definição	atual	da	Orientação	Profissional,	a	saber:
•	é	um	processo	de	ajuda	realizado	por	uma	pessoa	com	conhecimentos	técnicos,
que	visa	beneficiar	outra	pessoa	ou	grupo	de	pessoas	que	estejam	necessitados;
•	objetiva	trabalhar	com	o	processo	de	escolha,	as	inserções	ocupacionais	e	a
elaboração	e	o	acompanhamento	de	um	projeto	profissional/ocupacional;
•	deve	ser	realizado	ao	longo	de	toda	vida,	dirigido	a	todos	os	indivíduos	e
realizado	nos	mais	variados	espaços	sociais;
•	visa	ao	auxílio	à	integração	psicossocial	dos	indivíduos,	via	inserção
ocupacional/profissional,	objetivando	o	desenvolvimento	pessoal	e	social.
Para	completar	nossa	definição	de	Orientação	Profissional	vamos	recorrer	a	dois
autores	mais	recentes:	Rivas	(1988)	e	Bisquerra-Alzina	(1998).	Os	elementos
centrais	a	serem	adicionados	seriam:
•	tem	caráter	mediador	e	com	um	sentido	cooperativo,	ou	seja,	a	Orientação
Profissional	conta	com	um	profissional	que	media	o	processo,	mas	conta
principalmente	como	o	orientando,	que	tem	a	responsabilidade	exclusiva	de
colocar	seus	projetos	em	prática;
•	apresenta	intervenção	continuada,	sistemática,	técnica	e	profissional;
•	tem	como	princípios	a	prevenção,	desenvolvimento	e	intervenção	social;
•	requer	a	implicação	da	comunidade.
Em	2001,	durante	as	comemorações	dos	50	anos	da	IAEVG	(International
Association	for	Educational	and	Vocational	Guidance),	foi	elaborada	uma	carta
de	princípios	para	a	Orientação	Profissional	que	reforçava	sua	universalização	e
diversificação	de	objetivos	e	métodos,	bem	como	a	necessidade	de	padrões	de
qualidade	para	os	orientadores.	Segue	um	trecho	desta	carta:
Uma	Orientação	Profissional	e	Educacional	efetiva	deve	auxiliar	indivíduos	a
compreender	seus	talentos,	potencialidades	e	habilidades	e	possibilitá-los	a
planejar	os	passos	necessários	para	o	desenvolvimento	das	competências
essenciais	que	guiarão	para	a	evolução	pessoal,	educacional,	econômica	e	social
relativa	aos	indivíduos,	às	famílias,	às	comunidades	e	às	nações.	Uma
Orientação	Profissional	e	Educacional	de	qualidade	é	um	processo	contínuo	e
regular,	não	uma	simples	intervenção.	Acompanha	e	melhora	a	aprendizagem
continuada	e	ajuda	indivíduos	a	evitar	períodos	de	desemprego.	A	Orientação
Profissional	e	Educacional	contribui	para	a	igualdade	de	oportunidades	e	não
auxilia,	somente,	para	o	desenvolvimento	pessoal	e	para	a	oportunidade	de
carreira	para	cada	indivíduo,	mas	também	contribui	para	o	desenvolvimento
social,	econômico	e	sustentável	como	um	todo	(IAEVG,	2001;	2007).
A	Orientação	Profissional	teria	quatro	princípios	básicos	(BISQUERRA-
ALZINA,	1998):
–	antropológico:	concepção	de	ser	humano	como	sujeito	de	escolhas;
–	prevenção	primária:	projeto	profissional/ocupacional	como	agente	de	saúde;
–	desenvolvimento:	agente	ativador	e	facilitador	do	desenvolvimento;
–	intervenção	social:	agente	de	mudança	social.
O	princípio	de	intervenção	social	remete	a	modelos	ecológicos,	que	levam	em
conta	o	contexto	no	qual	atuam	e	que	propõe	tanto	a	adaptação	do	sujeito	ao
ambiente	quanto	a	adaptação	do	ambiente	ao	sujeito.	(BISQUERRA-ALZINA,
1998,	p.	46).
Como	síntese,	temos	que	a	Orientação	Profissional	é	um	processo	de	ajuda	de
caráter	mediador	e	cooperativo	entre	um	profissional	preparado	teórica	e
tecnicamente	com	as	competências	básicas	exigidas	e	desenvolvidas	para	um
orientador	profissional	e	um	sujeito	ou	grupo	de	sujeitos,	que	necessite	auxílio
quanto	à	elaboração	e	consecução	do	seu	projeto	de	vida
profissional/ocupacional	com	todos	os	aspectos	envolvidos	do	seu
comportamento	vocacional	(conhecimento	de	seu	processo	de	escolha,
autoconhecimento,	conhecimento	do	mundo	do	trabalho	e	dos	modelos	de
elaboração	de	projetos).	Pode	ser	realizado	durante	toda	a	vida,	em	todas	as
idades,	com	todos	os	sujeitos	(não	somente	os	problemáticos)	e	em	todos	os
espaços	de	organização	social.	Requer	a	implicação	da	comunidade,	pois	é	uma
responsabilidade	individual	e	social.	Não	é	uma	intervenção	focal,	mas
continuada,	pois	visa	auxiliar	o	bom	desenvolvimento	ocupacional	dos	sujeitos,
bem	como	o	desenvolvimento	socioeconômico	de	cada	nação.
Vejamos,	então,	quais	são	as	competências	básicas	para	um	orientador
profissional,	segundo	proposta	da	IAEVG	(International	Association	for
Educational	and	Vocational	Guidance),	após	pesquisa	realizada	com	amostra	dos
cinco	continentes.
2.4	Competências	básicas	para	o	orientador	profissional
Segundo	a	IAEVG	(2003/2007),	o	exercício	pleno	da	Orientação	Profissional
exige	onze	competências	centrais	(core	competencies),	além	das	competências
especializadas	(specialized	competencies)	requisitadas	para	a	atuação	nas	dez
áreas	de	especialização	do	orientador	profissional.
Os	Critérios	Internacionais	de	Qualificação	para	o	Orientador	Educacional	e
Vocacional	incorporam	uma	abordagem	baseada	em	competências,	focalizando
os	conhecimentos,	habilidades	e	atitudes	necessárias	ao	provimento	de	serviços
de	qualidade.	Elas	estão	divididas	em	duas	categorias	principais:	(1)
competências	centrais	que	todos	os	profissionais	precisam	ter
independentemente	de	seus	ambientes	de	trabalho,	e	(2)	competências
especializadas	que	são	habilidades,	conhecimentos	e	atitudes	adicionais	que
podem	ser	necessárias,	dependendo	do	ambiente	de	trabalho	e	dos	grupos	de
clientes	que	estão	sendo	atendidos.	Alguns	profissionais	precisarão	de	uma
ampla	gama	de	competências	especializadas,	enquanto	outros	podem	precisar	de
poucas,	dependendo	da	natureza	dos	serviços	que	eles	prestam.	As	competências
especializadas	são	vistas	como	igualmente	importantes,	representando	áreas
diferentes	de	atendimento,	que	não	são	nem	mais,	nem	menos	importantes.
(TALAVERA	et	al.,	2004).
As	competências	centrais	são:
1)	Demonstrar	comportamento	ético	e	conduta	profissional	apropriados	na
realização	de	seus	papéis	e	responsabilidades.
2)	Demonstrar	defesa	e	liderança	na	evolução	da	aprendizagem,	interesses
pessoais	e	desenvolvimento	de	carreira	dos	clientes.
3)	Demonstrar	respeito	e	consideração	às	diferenças	culturais	dos	clientes	para
interagir	efetivamente	com	todos	os	públicos-alvo.
4)	Integrar	teoria	e	pesquisa	na	prática	do	aconselhamento,	do	desenvolvimentode	carreira,	da	orientação	e	da	supervisão.
5)	Ter	capacidade	de	elaborar,	implementar	e	avaliar	programas	e	intervenções
de	aconselhamento	e	orientação	profissional.
6)	Levar	em	consideração	suas	próprias	capacidades	e	limitações.
7)	Ter	habilidade	de	se	comunicar	com	colegas	e	clientes,	utilizando	nível	de
linguagem	apropriada.
8)	Obter	informações	atualizadas	sobre	questões	educacionais,	de	formação,
tendências	de	emprego,	mercado	de	trabalho	e	sociedade	em	geral.
9)	Ter	sensibilidade	social	e	transcultural.
10)	Ter	capacidade	de	cooperar	efetivamente	numa	equipe	profissional.
11)	Demonstrar	conhecimento	dos	processos	de	desenvolvimento	de	carreira	ao
longo	da	vida	(IAEVG,	2003/2007).
As	competências	especializadas,	que	não	são	pré-requisitos	na	íntegra	para	ser
um	orientador	profissional,	mas	são	demandadas	de	acordo	com	a	especialidade
da	intervenção	a	ser	realizada,	são:
1)	Diagnóstico:	aplicar,	avaliar,	integrar	e	comunicar	resultados	de	avaliação
psicológica.
2)	Orientação	educacional:	atender	as	necessidades	de	alunos	em	contextos
educacionais	e	integrá-las	com	professores,	família	e	comunidade.
3)	Desenvolvimento	de	carreira:	facilitar	na	elaboração,	implementação,
adaptação	e	transição	de	planos	e	projetos	de	carreira.
4)	Orientação	(counseling):	auxiliar	na	promoção	do	autoconhecimento,	nas
tomadas	de	decisão	e	na	resolução	de	dificuldades	dos	orientandos.
5)	Gestão	da	informação:	organizar	e	oferecer	informações	profissionais	e
educacionais	atualizadas	aos	orientandos,	bem	como	auxiliá-los	no	seu	uso
efetivo.
6)	Supervisão	e	coordenação:	orientar	pais,	professores,	diretores	de	escola,
empregadores	e	agentes	comunitários	a	facilitar	o	progresso	educacional	e	o
desenvolvimento	de	carreira	de	pessoas	que	estes	assistem.
7)	Pesquisa	e	avaliação:	pesquisa	e	avaliação	teórica	e	técnica	em	Orientação
Profissional.
8)	Gestão	de	programas	e	serviços	em	Orientação	Profissional.
9)	Desenvolvimento	da	capacidade	comunitária:	fomentar	a	colaboração	entre	os
membros	das	comunidades	para	o	desenvolvimento	social.
10)	Colocação:	auxiliar	pessoas	que	buscam	a	inserção	no	mercado	de	trabalho.
2.5	Ensino,	orientação	(counseling)	e	psicoterapia
O	campo	da	Orientação	Profissional,	por	conta	de	sua	polissemia,	diversidade	e
interdisciplinaridade,	tem	causado	confusões	conceituais	e	metodológicas,	entre
elas,	a	dimensão	de	atuação	do	orientador:	ele	ensinaria,	orientaria	ou	faria
psicoterapia?
As	delimitações	entre	esses	campos	de	intervenção	são	tênues	e	alguns	autores
defendem	que	seria	secundária	a	divisão,	principalmente,	entre	aconselhamento
(guidance),	orientação	(counseling)	e	psicoterapia	(psychotherapy),	pois	ela	não
se	daria	a	priori	e,	sim,	em	função	da	demanda	ou	pedido	de	ajuda	do	cliente
(SCHMIDT,	1987).
Stefflre	(1976),	Scheeffer	(1976)	e	Hahn	(1953)	também	indicam	a	dificuldade
de	delimitação	desses	campos	de	intervenção,	embora	afirmem	ser	necessária	a
realização	dessa	tarefa.
Conheço	poucos	orientadores	ou	psicólogos	que	estejam	completamente
convencidos	de	que	tenham	sido	feitas	distinções	claras	[...]	Talvez	haja	mais
consenso	quanto	aos	seguintes	pontos:	(1)	não	é	possível	distinguir	claramente
orientação	de	psicoterapia;	(2)	os	orientadores	praticam	o	que	muitos
psicoterapeutas	chamam	psicoterapia;	(3)	os	psicoterapeutas	praticam	o	que	os
orientadores	consideram	aconselhamento	ou	orientação;	e	(4)	apesar	de	tudo	que
foi	dito,	psicoterapia,	aconselhamento	e	orientação	são	diferentes.	(HAHN,
1953,	p.	232).
Diante	desse	desafio	difícil,	mas	necessário,	façamos	um	esforço	de	realizar	uma
distinção	(ao	menos	didática,	pois	muitas	vezes	na	prática	ela	não	é	tão	clara)
entre	ensino	(teaching)	ligado	ao	aconselhamento	(guidance),	orientação
(counseling)	e	psicoterapia	(psychotherapy),	por	meio	de	um	quadro
esquemático	para	fins	didáticos	contando	com	as	reflexões	de	Scheeffer	(1976),
Schmidt,	(1987),	Stefflre	(1976)	e	Williamson	(1965).
Na	Tabela	1	podemos	perceber,	como	indica	a	APA	(American	Psychological
Association	–	Associação	Americana	de	Psicologia),	que	ensino,	orientação	e
psicoterapia	são	gradações	de	um	mesmo	processo	que	visa	ao	desenvolvimento
integral	da	pessoa,	sendo	o	ensino	(teaching)	de	natureza	mais	desenvolvimental,
a	orientação	(counseling)	de	natureza	mais	profilática	e	a	psicoterapia
(psychotherapy)	de	natureza	mais	curativa.
Uma	outra	discussão	importante	diz	respeito	ao	papel	do	orientador,	que	pode
ser	caracterizado	como	de	um	diagnosticador,	facilitador,	clarificador,	orientador,
educador,	assessor	e	conscientizador.	São	papéis	mais	tradicionais	e	podem	ser
associados,	respectivamente	aos	enfoques	teóricos	da	Orientação	Profissional,	a
saber:	diagnosticador	(enfoque	traço-fator),	clarificador	e	facilitador	(enfoques
psicodinâmicos),	orientador	(enfoques	desenvolvimentistas	e	transicionais),
educador	e	assessor	(enfoques	decisionais	e	cognitivos)	e	conscientizador
(enfoque	sócio-histórico).
Um	novo	papel	que	vem	sendo	discutido	seria	o	papel	de	intermediário,
compreendido	como	um	lugar	que	permitiria	a	construção	de	um	espaço	de
transição,	no	qual	o	orientando	pode	recriar	seu	projeto	ocupacional/profissional,
papel	necessário	num	mundo	em	constante	transformação	(KAËS,	1997;	2005).
Tabela	1.	Comparação	entre	ensino	(teaching),	orientação	(counseling)	e
psicoterapia	(psychotherapy).
Ensino	(Teaching)
Alcance	da	intervenção Desenvolvimento	cognitivo
Objetivos	e	demandas -	Desenvolvimento	e	aprendizagem	(insight	cognitivo);	-	Lidar	com	situações	esperadas	de	desenvolvimento	pessoal	do	ciclo	de	vida;	-	Propiciar	o	desenvolvimento	pessoal.
Clientes Qualquer	pessoa
Profissionais Educadores	e	orientadores
Método Duração	preestabelecida	1.	Elaboração	de	um	plano	de	ensino;	2.	Execução	(fornecimento	de	informações	e	facilitação	da	aprendizagem);	3.	Avaliação	do	processo.
Resultados	esperados Aprendizagem	por	meio	do	desenvolvimento	de	competências	(resultado	em	termos	de	produto	esperado)	e	desenvolvimento	da	competência	de	aprender	a	aprender	(resultado	em	termos	de	processo).
2.6	Código	de	ética	e	deontologia	da	Orientação	Profissional
É	evidente	a	indispensabilidade	de	um	código	deontológico	que	estabeleça	os
deveres	profissionais	de	cada	categoria,	fundamentados	em	princípios	éticos,
mesmo	em	áreas	interdisciplinares	como	a	Orientação	Profissional,	pois
cumprem	a	função	de	orientar	o	comportamento	e	a	atuação	profissional.
Cada	categoria	profissional	possui	seu	próprio	código	de	ética	e	as	áreas	que
lidam	diretamente	com	seres	humanos	têm,	em	geral,	princípios	fundamentais
muito	semelhantes	e	apontam	que	existem	em	função	da	dimensão	ética	do	ser
humano	e	não	de	uma	ética	do	profissional	ou	da	profissão	específica	e,	nesse
sentido,	buscam	princípios	éticos	para	o	próprio	ser	humano.	O	Código	de	Ética
Profissional	do	Psicólogo,	por	exemplo,	postula	como	Princípios	Fundamentais
que:
I	-	O	psicólogo	baseará	o	seu	trabalho	no	respeito	e	na	promoção	da	liberdade,
da	dignidade,	da	igualdade	e	da	integridade	do	ser	humano,	apoiado	nos	valores
que	embasam	a	Declaração	Universal	dos	Direitos	Humanos.
II	-	O	psicólogo	trabalhará	visando	promover	a	saúde	e	a	qualidade	de	vida	das
pessoas	e	das	coletividades	e	contribuirá	para	a	eliminação	de	quaisquer	formas
de	negligência,	discriminação,	exploração,	violência,	crueldade	e	opressão.
III	-	O	psicólogo	atuará	com	responsabilidade	social,	analisando	crítica	e
historicamente	a	realidade	política,	econômica,	social	e	cultural.
IV	-	O	psicólogo	atuará	com	responsabilidade,	por	meio	do	contínuo
aprimoramento	profissional,	contribuindo	para	o	desenvolvimento	da	Psicologia
como	campo	científico	de	conhecimento	e	de	prática.
V	-	O	psicólogo	contribuirá	para	promover	a	universalização	do	acesso	da
população	às	informações,	ao	conhecimento	da	ciência	psicológica,	aos	serviços
e	aos	padrões	éticos	da	profissão.
VI	-	O	psicólogo	zelará	para	que	o	exercício	profissional	seja	efetuado	com
dignidade,	rejeitando	situações	em	que	a	Psicologia	esteja	sendo	aviltada.
VIII	-	O	psicólogo	considerará

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