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Dor abdominal aguda na infância - Thaynara Silva

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Emergências Pediátricas 1 
 
Dor abdominal aguda na infância e na adolescência 
Emergências pediátricas 2021/2- Thaynara Silva 
Dor abdominal aguda pode ser decorrente de situações clínicas autolimitadas e sem gravidade ou de casos em que o 
processo determinante de dor pode ser extremamente grave, exigindo abordagem emergencial ou cirúrgica, com 
alto risco de morbidade. 
 
Fisiopatologia 
Dor Decorrente de Processos Gerados em Vísceras Ocas: impulsos conduzidos por fibras nervosas não 
mielinizadas e bilaterais que adentram a medula em vários níveis, determinando um tipo de dor em peso, mal 
definida quanto à localização, tendendo a ser referida em área mediana. 
 Esôfago Inferior e Estômago: dor epigástrica. 
 Intestino Delgado: área periumbilical. 
 
Dor Parietal: deriva de estímulos originados no peritônio parietal. Os impulsos são conduzidos por fibras nervosas 
mielinizadas que alcançam as raízes dos gânglios nervosos espinhais em áreas específicas para cada dermátomo, o 
que possibilita a localização mais precisa do ponto doloroso. 
 
 
Anamnese: 
 Evolução e características da dor abdominal 
Início súbito-> causa cirúrgica 
Dor constante ou intermitente? 
 
 Características do vômito e diarreia 
 Medicações orais 
 História menstrual, sangramento vaginal; 
 Sintomas urinários; 
 Afecções hematológicas; 
 Infecções respiratórias; 
 Ingestão de água e alimentos contaminados. 
 
 
SINAIS CLÍNICOS DE ALERTA INDICATIVOS DE AFECÇÕES CIRÚRGICAS 
 
Exame físico: 
 Toxemia 
 Alterações cutâneas 
 Abdome: tensão, dor à palpação, DB, defesa muscular, RHA 
 Toque retal (sinal de hochemberg) 
 Sinais: Jobert, Proust, Rovising 
 
 Etiologias
Pela faixa etária 
<2 anos Gastroenterites 
ITU 
PNM 
Sepse 
Constipação 
Tonsilite 
2 a 5 anos Gastroenterites 
ITU 
PNM 
CAD: cetoacidose diabética 
Início súbito de dor abdominal deve 
apontar para uma causa cirúrgica até 
que se prove o contrário. 
Emergências Pediátricas 2 
 
 
 
Causas Gastrointestinais: 
 Gastroenterite aguda, 
 Linfadenite mesentérica (história de IVAS recente), 
 Apendicite aguda, 
 Constipação, 
 Trauma abdominal, 
 Obstrução intestinal, 
 Peritonite, 
 Intoxicação alimentar, 
 Úlcera péptica, 
 Doença inflamatória intestinal (DII), 
 Divertículo de Meckel 
 Intolerância à lactose. 
 
Causas Hepáticas, Esplênicas, do Pâncreas e do Trato Biliar: 
 Hepatite, 
 Colecistite, colelitíase, 
 Ruptura de baço, 
 Infarto esplênico e pancreatite. 
 
Causas Geniturinárias: 
 Infecção urinária, 
 Cálculo das vias urinárias, 
 Dismenorreia, 
 Dor do meio= dor de ovulação 
 Inflamação pélvica, 
 Torsão de cisto ovariano, 
 Torsão testicular, 
 Hematocolpos 
 Endometriose. 
 
Doenças Metabólicas: 
 Cetoacidose diabética (CAD) 
 Hipoglicemia, 
 Porfiria aguda 
 Insuficiência suprarrenal aguda. 
 
Causas Hematológicas: 
Pancreatite aguda 
Constipação 
Adenite mesentérica 
 
5 a 12 anos Gastroenterites 
ITU 
Faringite aguda 
CAD 
Pancreatite aguda 
Constipação 
Adenite mesentérica 
>12 anos Gastroenterites 
Nefrolitíase 
Causas ginecológicas: dismenorreia, dor da ovulação, anexite 
Pancreatite aguda 
Constipação 
Emergências Pediátricas 3 
 
 Anemia falciforme, 
 Púrpura trombocitopênica idiopática, 
 Púrpura de Henoch-Schönlein 
 Síndrome hemolítica urêmica. 
 
Drogas e Toxinas: 
 Intoxicação por chumbo, 
 Eritromicina, 
 Salicilatos e 
 Toxinas de animais peçonhentos. 
 
Causas Pulmonares: 
 Pneumonias lobares 
 Pleurisia diafragmática. 
 
Miscelânea: cólica infantil, dor funcional, faringite e edema angio-neurótico. 
 
CÓLICA INFANTIL 
 
Síndrome comportamental de neonatos e lactentes jovens caracterizada por episódios paroxísticos de choro e 
irritabilidade que se iniciam e desaparecem repentinamente sem causa aparente, preferencialmente ao final da tarde. 
Tende à resolução espontânea aos 3-4 meses. 
Afeta aproximadamente 10 a 20% dos lactentes nos primeiros 3 meses de vida. 
Exame clínico é invariavelmente normal. 
Não existe tratamento analgésico ou nutricional eficaz. 
Conduta: orientação dos pais quanto à benignidade de transitoriedade dos sintomas. 
 
 
 
DOR ABDOMINAL RECORRENTE 
 
Dor abdominal crônica (> 3 meses de duração) na infância pode ser provocada por causas orgânicas (alterações 
estruturais, fisiológicas ou biológicas) ou por causa funcional ou não orgânica. 
 
Causas “Funcionais”: síndrome da dor abdominal recorrente, dispepsia não ulcerosa e síndrome do intestino 
irritável, provocadas por mecanismos de hipersensibilidade visceral e dismotilidade intestinal devido a alterações 
do sistema nervoso autônomo e alterações psíquicas (associadas à depressão e à ansiedade). 
 
Características clínicas da dor abdominal recorrente “funcional”: 
 Idade de início após os seis anos; 
 Localização periumbilical e na linha média preferencialmente (mas pode ser epigástrica ou suprapúbica); 
 Intensa a ponto de interromper a atividade da criança; 
 Duração superior a dois meses 
 
Emergências Pediátricas 4 
 
 
 
 
 
Emergências Pediátricas 5 
 
 
 
Diagnóstico: após exclusão de causas orgânicas, após exclusão das causas orgânicas, exceto quando a história e o 
exame físico forem absolutamente compatíveis com a dor abdominal recorrente. 
* Sinais e Sintomas de “Alerta” para Suspeita de Causas Orgânicas: 
 Dor que acorda o paciente à noite 
 Perda de peso/estatura 
 Vômitos 
 Sangue nas fezes 
 Febre 
 Idade <6 anos 
 Artralgia/artrite 
 Dor localizada em flancos ou quadrantes abdominais (direita ou esquerda) 
 Sensibilidade dolorosa à palpação abdominal 
 Fissuras retais 
 Visceromegalias 
* Algum sinal ou sintoma sugestivo de doença orgânica deve nos remeter a solicitação de um mínimo de exames, 
tais como: 
 Hemograma completo 
 VHS 
 EAS 
 Coprocultura 
 Se necessário: exames de imagem como ultrassonografia de abdome total e/ou vias urinárias. 
 
Emergências Pediátricas 6 
 
 
 
Tratamento: síndromes funcionais não possuem um tratamento específico, e o mais importante é assegurar a 
família sobre a benignidade do distúrbio, estando o mesmo muitas vezes exacerbado por aspectos de estresse 
emocional (ex.: ansiedade, depressão). 
 Sintomas Dispépticos: (dor epigástrica em queimação) podem ser aliviados com o uso de antiácidos, 
como bloqueadores H2 ou inibidores da bomba de prótons (ex.: Omeprazol). 
 Síndrome do Intestino Irritável: beneficiam-se com aumento de fibras na dieta. 
 Casos Graves de Depressão/Ansiedade: podem ser tratados com ADT (ex.: amitriptilina, nortriptilina). 
 Muitas síndromes funcionais estão associadas à intolerância a lactose, e quando isto for detectado, deve-se 
evitar a ingestão dietética da mesma. 
 
INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL 
 
Intussuscepção ou invaginação intestinal é a entrada de uma alça intestinal proximal dentro de sua parte distal, em 
trechos adjacentes,ptte através da VIC. Se não houver redução, a tendência é congestão venosa, sangramento da 
mucosa, comprometimento arterial, isquemia, infarto, necrose, perfuração de alça, peritonite, sepse e morte. 
Doença obstrutiva do lactente jovem. 
Predomínio no sexo masculino (4:1). 
Causa exata da invaginação não é conhecida. 
Comumente, o processo de telescopagem de uma alça dentro de outra acontece na porção ileocólica (90%). 
 
Fatores associados (mesmo nos casos idiopáticos): 
• Infecções virais: Principalmente por adenovírus; 
• Vacinação para rotavírus, principalmente fora do período indicado; 
• Gastroenterites. 
 
Etiologia: 
-Pólipos intestinais 
-Divertículo de meckel 
Emergências Pediátricas 7 
 
-Vasculite por IgA ou Púrpura de Henoch-Sconlein 
- Cirurgias com sutura no intestino 
 
Manifestações Clínicas: 
 Dor abdominal de instalação aguda e súbita, durante a qual o lactente chora, torna-se irritado e flete a coxa 
sobre o abdome. Dor acontece em paroxismos, que se intensificam em intensidade e frequência ao longo do 
tempo. Entre os episódios dolorosos o lactente aparece bem, mas, conforme o tempo passa e progride a 
isquemia da alça intestinal, surgem outros sinais e sintomas, como: irritabilidade/letargia, vômitos, diarreia 
sanguinolenta com aspecto de geleia de morango ou framboesa (60% dos casos). Com o agravamento da 
doença surgem os sinais de colapso circulatório, com pulsos fracos e hipotensão. 
 Choro inconsolável 
 Hemorragia digestiva baixa: geleia de framboesa 
 Sonolência ou letargia 
 
Tríade clássica (ocorre em <50% dos casos): 
 
Dor abdominal com cólica 
+ 
Fezes avermelhadas “em geleia” (hematoquezia) 
+ 
Massa abdominal palpável. 
 
 
 
Exame Físico: pode-se palpar uma massa mal definida em forma de “salsicha” no quadrante superior direito com 
fossa ilíaca direita vazia (sinal de Dance), mais facilmente identificada durante os paroxismos dolorosos. O toque 
retal evidenciando sangue corrobora a hipótese diagnóstica. 
 
Diagnóstico: anamnese + exame físico + exames complementares 
 Ultrassonografia Abdominal: é o exame de escolha- auxilia nesta definição. A demonstração da típica 
imagem tubular (pseudorrim) no corte longitudinal e a imagem em “alvo” no corte transversal sugerem o 
diagnóstico. 
 Enema baritado (quando o US não confirma o diagnóstico)- Parada súbita de progressão do contraste 
em algum nível do intestino grosso, com a evidência das pregas da mucosa do delgado invaginado 
 Tomografia de abdome: Também pode ser utilizada para o diagnóstico, embora seja mais reservada 
para casos de complicações ou casos em que exista a suspeita de lesões de massa associadas. 
 Raio X abdominal: Avalia complicações, não dá diagnóstico 
 
 
 
Emergências Pediátricas 8 
 
Tratamento: emergência; redução através do enema de bário, solução salina ou ar ou da cirurgia deve ser feita o 
mais rápido possível. 
 Realização da redução hidrostática guiada pela USG é um bom método terapêutico para as crianças 
estáveis. 
 Sinais de Choque, Peritonite, Pneumatose Intestinal ou Pneumoperitônio: não devem ser submetidos à 
redução hidrostática, com salina ou com contraste. 
 Cirurgia está indicada quando há falha na redução da invaginação por enema contrastado (bário ou ar) ou 
nas contraindicações ao exame descritas acima. Faz ordenha retrógada. A ressecção intestinal deve ser 
realizada apenas quando houver evidências inconfundíveis de necrose de alça. 
 
Tratamento cirúrgico: Os critérios de elegibilidade para tratamento cirúrgico são: 
 Pacientes instáveis; 
 Sinais de peritonite; 
 Perfuração intestinal; 
 Pacientes que apresentam lesões de massas nos exames de imagem; 
 Pacientes sem sucesso na abordagem não cirúrgica; 
 Pacientes com complicação do tratamento conservador. 
 
 
Complicações: 
- Oclusão vascular total 
- Necrose isquêmica local 
- Infarto intestinal 
 
GASTROENTERITE AGUDA 
Muitas crianças apresentam quadro de dor abdominal em cólicas, caracteristicamente de localização mesogástrica, 
podendo esta preceder a ocorrência do quadro diarreico. 
 
APENDICITE AGUDA 
Doença abdominal cirúrgica mais frequente da infância. 
Maior incidência 12 aos 18 anos. 
 
Mecanismo Fisiopatológico: determinadas condições (ex.: material fecal, hiperplasia linfoide, corpos estranhos 
ingeridos, parasitas, tumores) podem obstruir o lúmen do apêndice, elevando a pressão intraluminal; com isso, 
ocorre redução do retorno venoso, e proliferação bacteriana (Gram-negativos entéricos e anaeróbios); com a 
progressão do edema e inflamação, ocorre um comprometimento isquêmico arterial, com necrose e perfuração do 
órgão. Certos vírus e bactérias parecem também promover a inflamação do apêndice. 
* Crianças com fibrose cística também apresentam uma predisposição maior ao desenvolvimento da apendicite, em 
função das suas secreções intestinais espessas. 
 
Manifestações Clínicas: 
- Início é insidioso 
- Dor abdominal vaga, em geral mesogástrica, em surtos. 
- Náuseas, vômitos e febre de intensidade variável. 
 
A dor passa a ser de característica parietal, localizada na fossa ilíaca direita (FID). Em muitos casos, há irritação 
peritoneal, com sinais de descompressão brusca positiva. Com a perfuração do órgão, desenvolve-se peritonite, 
sepse e sinais de choque: hipotensão, oligúria, sonolência, acidose e febre alta. 
 
Exame Físico: criança movimenta-se lentamente, protegendo o local doloroso. Posição antálgica decúbito dorsal 
com a coxa fletida sobre o abdome para diminuir o estiramento do músculo reto abdominal. Abdome é plano, e 
torna-se distendido apenas na doença avançada com perfuração. A peristalse é normal no início do quadro e pode 
tornar-se reduzida durante a evolução. 
 
Emergências Pediátricas 9 
 
Sinais Semiológicos: 
 Sinal de Blumberg 
 Sinal de Rovsing 
 Sinal do Psoas 
 Sinal do Obturador 
 Outro achado que indica irritação peritoneal é o achado de dor abdominal quando o paciente tosse ou 
realiza uma inspiração profunda. 
 
Exames Complementares: 
 Hemograma: nas primeiras 24 horas de evolução, a leucometria tende de normal a discretamente elevada 
(11.000 a 16.000/mm³). Na apendicite perfurada é comum a leucometria superior a 20.000/mm³. Uma 
leucometria < 8.000/mm³ após 48 horas de doença diminui a probabilidade diagnóstica. 
 EAS: a presença de hematúria e piúria discretas são comuns devido à proximidade do processo 
inflamatório com a bexiga e uretra. Já a presença de bactérias sugere outro diagnóstico. 
 TC Abdominal: exame de imagem considerado padrão-ouro. Pode ser feito com ou sem contraste oral, 
retal ou venoso. Os sinais que sugerem apendicite são: espessamento da parede do apêndice, “borramento” 
da gordura peritoneal adjacente, formação de abscesso pericecal e apendicolito (material calcificado). 
 USG Abdominal: sensibilidade e especificidade inferiores a TC, em geral de 90%. Os sinais que vistos à 
ultrassonografia sugerem o diagnóstico são: imagem em alvo do apêndice, espessamento da parede do 
apêndice (= 6 mm), distensão luminal, perda da compressibilidade, presença de massa complexa no 
quadrante inferior direito ou presença de fecálito. 
 Radiografia de Abdome AP: pouco útil para o diagnóstico em função da baixa sensibilidade. Sinais 
sugestivos são: distensão do íleo, escoliose pelo espasmo do músculo ileopsoas ipsilateral, nível hidroaéreo 
no cólon direito acima do apêndice (sinal do cutoff) ou um fecálito (imagemradiopaca). 
 
Escore que apresenta o risco que uma criança apresenta de ter apendicite 
The Pediatric Appendicitis Score (PAS) 
 
≤3 baixo risco 
4-6 risco moderado 
>7 alto risco 
 
Tratamento: 
Dieta zero 
Hidratação venosa 
Antieméticos se vômitos incoercíveis 
Analgesia 
Antibioticoterapia 
 
Tratamento definitivo é a cirurgia para remoção do órgão inflamado/infectado. 
Emergências Pediátricas 
10 
 
 Apendicite Simples e Não Perfurada: recomenda-se a administração de cefoxitina em dose única antes da 
cirurgia, podendo ser prorrogada por 24 horas. 
 Apendicites Complicadas (perfuradas ou com abscesso): continua-se recomendando o esquema triplo 
para cobertura de anaeróbios (ex.: Clostridium, Bacteroides e Peptostreptococcus), Gram-negativos (ex.: E. 
coli, Pseudomonas, Klebsiella, Enterobacter) e Gram-positivos: ampicilina + gentamicina + 
metronidazol/clindamicina, ou ceftriaxone + metronidazol ou ticarcilina/clavulanato + gentamicina por três 
a cinco dias. Apenas as apendicites complicadas ainda têm sido operadas de emergência por muitos 
cirurgiões. 
 
Critérios de Alta: Paciente afebril, com boa tolerância de dieta oral e controle de dor sem uso de opioides. 
 
LINFADENITE MESENTÉRICA 
 
* Decorrente de infecção viral, em geral por adenovírus ou pós-infecção estreptocócica. 
* Após a fase aguda infecciosa, ocorre engurgitamento de linfonodos intra-abdominais, que determinam cólicas de 
intensidade variável, especialmente localizadas na FID ou na região mesogástrica. 
* Dor aguda, de caráter recorrente e não é aliviada pelas evacuações. 
 
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 
 
- Maior causa de dor abdominal na pediatria 
Determinada pela impactação de fezes, pela distensão colônica e por dores abdominais, em geral, referidas em área 
suprapúbica e no quadrante inferior esquerdo. 
Dores podem ser de intensidade variável, porém melhoram substancialmente após o ato evacuatório. 
 
Constipação funcional Constipação orgânica 
Dor geralmente associada à evacuação 
Encropese: escape fecal “diarreia” 
Dor abdominal grave 
Perda de peso 
Déficit de desenvolvimento 
vômitos 
 
TRAUMA ABDOMINAL 
 
* Causa comum de dor abdominal em crianças. Em geral, decorre de trauma não perfurante. 
* A atenção deve ser voltada para monitorar sinais vitais e presença de palidez intensa, em razão dos riscos de 
hemorragias internas, perfuração de alças, laceração hepática e ruptura esplênica. 
 
OBSTRUÇÃO INTESTINAL 
 
* Processos obstrutivos por volvo, intussuscepção intestinal e encarceramento de hérnia determinam dores 
abdominais em cólicas, em geral de forte intensidade, seguidas na maioria das vezes por vômitos e parada na 
eliminação de fezes. 
 
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS PÉLVICOS 
 
* Particularmente importantes em adolescentes do sexo feminino com histórico de vida sexual ativa. 
* Doenças sexualmente transmissíveis, salpingites e possibilidade de gravidez ectópica devem ser descartadas nas 
apresentações de dores abdominais em baixo ventre e em fossas ilíacas. 
 
TORÇÃO DE OVÁRIO 
 
Deve ser considerado em todas as meninas com dor abdominal súbita mesmo naquelas em fase pré-puberal. 
Quadro clínico: 
-Dor abdominal súbita 
Emergências Pediátricas 
11 
 
-Náuseas e vômitos 
 
Diagnóstico: Clínico + US doppler 
Conduta: laparotomia de urgência 
 
HERNIA HINGUINAL ENCARCERADA 
 
Doença cirúrgica eletiva mais frequente na criança 
Ausência do fechamento do conduto peritoneovaginal: 
Passagem de estruturas intra-abdominais para a região inguinal; 
Conteúdo do saco herniário apenas líquido: hidrocele; 
Incidência maior em prematuros e meninos; 
Encarceramento e estrangulamento: 
Alças intestinais e/ou ovários e trompas; 
 
Quadro clínico: 
 Vômitos biliosos 
 Distensão abdominal 
 Parada de eliminação de flatos e fezes 
 Massa inguinal palpável e irredutível 
 
Conduta: 
Encarcerada= redução incruenta + cirurgia eletiva 
Herniorrafia de urgência quando não é possível redução manual ou quando está encarcerada 
 
ESTENOSE HIPERTRÓFICA DE PILORO (EHP) 
 
Definição: É a obstrução quase completa do canal pilórico, em decorrência da hipertrofia da musculatura 
circular do piloro. 
 
A consequência dessa obstrução é a dilatação do estômago, tornando suas paredes espessadas e 
edemaciadas; 
 
< 2-3 meses de vida 
6% dos casos: pais tiveram EHP 
 
Quadro clínico: 
Vômitos não biliosos, leite não digerido, início na 2º ou 3º sem de vida e piora progressiva em 7 a 10 dias 
Apetite voraz 
Ondas peristálticas visíveis 
Palpação do tumor pilórico (oliva pilórica) 
Desidratação/ baixo ganho ponderal 
Hiponatremia/ hipocalemia 
 
Diagnóstico: 
 
Anamnese+ exame físico 
Exame de escolha-> US abdominal 
Exame radiográfico contrastado -> se dúvida (cuidado com broncoaspiração do contraste) 
 
Conduta: 
- Hidratação parenteral 
Devem ser corrigidos antes de ir para o CC 
Emergências Pediátricas 
12 
 
- Correção de eventuais distúrbios metabólicos 
- SNG para esvaziamento do estômago 
- Lavagem gástrica para remoção do bário usado na Radiografia 
- Cirurgia: Piloromiotomia à Fredet-Ramstedt 
 
DIVERTÍCULO DE MECKEL 
 
Definição: divertículo verdadeiro apresenta todas as camadas da parede intestinal, podendo ainda ter 
tecidos ectópicos, como mucosa gástrica, pancreática, cólica duodenal. 
 
Decorre da persistência da porção proximal do conduto onfalomesentérico juntamente à alça intestinal, 
podendo ou não estar ligado à parede abdominal por um cordão fibroso; 
Ocorre predominantemente no sexo masculino (3:1). 
 
Complicações 
 Hemorragia Digestiva, 
 Obstrução Intestinal, 
 Inflamação (diverticulite) 
 Perfuração com peritonite 
 Volvo 
 
Quadro clínico: 
- Obstrução: Atuando como uma cabeça de uma invaginação ou por herniação ou volvo em torno do cordão fibroso 
- Hemorragia: início súbito, pequena ou grande quantidade 
- Inflamação: diverticulite 
- Perfuração: úlcera péptica associada 
 
Diagnóstico: 
-Raio-X 
-TC com contraste oral 
- Cintilografia- mucosa ectópica (positiva em 50% dos casos) 
 
Tratamento: 
Diverticulectomia ou ressecção segmentar da alça adjacente se esta tiver envolvida -> seguida de anastomose 
primária. 
 
VOLVO/MÁ ROTAÇÃO 
 
Definição: Incapacidade de o intestino assumir sua posição normal no abdome durante o desenvolvimento 
intrauterino. 
 
Fisiopatologia: 
Durante o desenvolvimento embrionário, o intestino primitivo dispõe-se adiante da cavidade abdominal. 
Ao retornar ao abdome, o intestino grosso faz, normalmente, uma rotação anti-horária, enquanto o ceco 
vem assentar-se no quadrante inferior direito. 
A rotação incompleta faz o ceco posicionar-se em outro local (quase sempre no hipocôndrio direito ou 
mesoepigástrio), podendo causar obstrução intestinal decorrente de bridas retroperitoneais (bridas de 
Ladd) esticadas no duodeno ou em razão de um vólvulo do intestino delgado, que, na ausência de 
ligamentos peritoneais normais, gira sobre seu estreito ramo mesentérico. 
 
Quadro clínico: 
Dor abdominal aguda 
 
A êmese biliosa em um RN é uma emergência e deve 
ser avaliada imediatamente para garantir que o 
lactante não tenha má rotação e vólvulo mesogástrico 
 
Emergências Pediátricas 
13 
 
Êmese biliar 
 
Diagnóstico: 
Suspeita clínica + Rx de abdome + Enema baritado (padrãoouro)- ceco fora do quadrante inferior direito. 
 
Tratamento: 
-Procedimento de Ladd com reparação do vólvulo mesogástrico. 
 
Avaliação clínica da dor abdominal aguda 
 
Hematomas ou Sinais de Fratura Óssea: trauma abdominal ou síndrome de maus tratos. 
Febre no Histórico ou Durante Exame Clínico: suspeita de ITU, gastroenterite, faringite, pneumonia e outras 
condições infecciosas. 
Palidez Significativa e Dor Abdominal: crise de falcização. 
Lesões de Pele: Púrpura de Henoch-Schönlein. 
Dor Epigástrica: doença péptica. 
Dor Vaga Periumbilical que se Localiza após algumas horas em FID: descartar apendicite aguda. 
Dor em Flanco e na FIE com História de Constipação: impactação de fezes em ampola retal. 
Sangue nas Fezes acompanhado de Dor Abdominal: quadros de colite infecciosa, intussuscepção intestinal, 
doença inflamatória intestinal e púrpura de Henoch-Schönlein. 
Hematúria e Dor Abdominal: litísase renal ou trauma renal. 
Vômitos de Intensidade Variável e Parada de Eliminação de Fezes: processos agudos obstrutivos do trato 
intestinal. 
 
ABDOME AGUDO= compreende uma síndrome com várias etiologias, e podemos defini-lo como quadros 
caracterizados por dor abdominal, de caráter súbito (em geral <24h de evolução) e progressivo e que 
necessitam de diagnóstico e tratamento imediatos. 
 
 
Emergências Pediátricas 
14 
 
 
EXAME FÍSICO 
 
Dados Vitais: temperatura, pulso, PA, FR e FC. 
 Alterações de Dados Vitais: atendimento na unidade de emergência, descartando-se choque, desidratação, 
distúrbio hidroeletrolítico e cetoacidose diabética. 
 
Inspeção Abdominal: observar aspecto da pele (sufusões, petéquias, icterícia), distensão localizada ou difusa e 
presença de contrações visíveis. 
 
Ausência de RHA acompanhada de Distensão Abdominal: pode indicar distúrbio metabólico grave ou quadro 
cirúrgico. 
 
Aumento de RHA: quadros de dor abdominal de ocorrência comum nas enteroinfecções e na doença diarreica. 
 
Palpação Abdominal: aprofundada delicadamente durante a inspiração procurando observar a intensidade da dor. 
Sinais de descompressão brusca orientam para irritação peritoneal presente. 
 
Toque Retal: detecta a presença de massas fecais na ampola. 
 
 EXAMES SUBSIDIÁRIOS
 
HMG: observar anemia, plaquetopenia e leucocitose com desvio à esquerda. 
EAS: hematúria em casos de litíase renal ou lecocitúria nas infecções urinárias. 
Amilase 
Transaminases 
Eletrólitos 
Gasometria Venosa ou Arterial 
RX Simples de Abdome em Pé e Deitado (rotina abdome agudo): avaliação da distribuição gasosa e da presença 
de níveis líquidos em casos de obstrução, ou de ar na cavidade em casos de perfuração de alça. 
USG 
 
Sinais indicativos para avaliação cirúrgica em dor abdominal aguda 
 Dor abdominal de forte intensidade com sinais clínicos de deterioração do estado geral 
 Vômitos biliosos ou fecalóides 
 Rigidez abdominal involuntária 
 Sinal de descompressão brusca positiva 
 Distensão abdominal com timpanismo difuso 
 Líquido livre ou sangue na cavidade abdominal 
 História de trauma abdominal com distensão difusa e dor de forte intensidade 
 
Quando NÃO ficar em observação!!! 
 
- Suspeita de volvo ou invaginação 
- Paciente instável ou piorando 
- Falta de um especialista experiente 
 
Não esquecer! 
- Tratar o paciente, não o RX ou o Laboratório (CLINICA É SOBERANA). 
- Quanto menor a criança, menos específicos são os sintomas. 
- Exames normais podem enganar 
- Primum no nocere 
- Criança não é adulto em miniatura! Tem exame físico específico!

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