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AULA 2 – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DO ADULTO II Júlia Morais 1 Síndromes Coronarianas Agudas • Característico: Dor torácica. • Equivalentes coronarianos: Dispneia aos esforços, palpitação, lipotimia, síncope, náuseas e vômitos. → Comum em diabéticos, mulheres e idosos. → Diabéticos podem não possuir dor devido a problemas de inervação, que leva a perda da sensibilização no tórax. • Tabagismo. • Diabetes mellitus. • Hipertensão arterial sistêmica. • Dislipidemia. • Idade avançada. • Sedentarismo. • História familiar precoce de doença arterial coronariana (<55 anos em homens e 60 anos em mulheres). • Doença arterial periférica. • A obstrução coronariana leva a um desequilíbrio entre demanda e oferta, provocando a isquemia aguda. Etiologia • Etiologia: • 95%: Ruptura de placa aterosclerótica. • 5%: Não aterosclerótica. → Espasmo coronariano (Angina Prinzmetal). → Cocaína (trombose ou espasmo). → Embolia. → Dissecção coronariana (rompimento da camada íntima do vaso). → Trombofilia. → Vasculite. → Trauma (pós-procedimento). → Aumento acentuado do consumo com doença coronariana grave. Sintomas Fatores de Risco Fisiopatologia Devemos prevenir fatores de risco! AULA 2 – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DO ADULTO II Júlia Morais 2 • Angina instável: Isquemia sem necrose. • IAM sem supra ST: Isquemia com necrose subendocárdica. Indica obstrução parcial, gerando uma isquemia que afeta apenas a camada subendocárdica. • IAM com supra ST: Isquemia com necrose transmural. Indica obstrução total do vaso, afetando toda a extensão do músculo cardíaco irrigado por aquele vaso. Dor Torácica Típica • Localização restroesternal. • Caráter constritivo (aperto). • Piora com exercício e melhora com nitrato. • No IAM dura > 20 a 30 min e na Angina Instável < 20 min. • Melhora com repouso. • Sinal de Levine: Mão em aperto segurando o coração. • Pode irradiar para mandíbula ou membro superior esquerdo. • Pode apresentar sintomas associados como sudorese fria, náuseas. Tipos de Dor Anginosa • Dor torácica definitivamente anginosa: 3 características fundamentais. • Dor torácica provavelmente anginosa: 2 a 3 característica fundamentais. • Dor torácica provavelmente não anginosa: 1 característica fundamental. • Dor torácica definitivamente não anginosa: Nenhuma característica. Classificação KILLIP • KILLIP I: Sem dispneia, B3 ou estertoração. • KILLIP II: Dispneia, estertoração nos 1/3 inferior (congestão) ou B3. • KILLIP III: Edema agudo de pulmão. • KILLIP IV: Choque cardiogênico (81% mortalidade). Classificação Manifestações Clínicas Nitrato é um vasodilatador, melhora o fluxo da artéria e, consequentemente, a dor! O Isordil é um nitrato sublingual, repetir até 3x em intervalos de 5 a 10 minutos. Tridil ou Nipridi são IV, feitos no hospital. B3 indica insuficiência cardíaca, por sobrecarga de volume. AULA 2 – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DO ADULTO II Júlia Morais 3 História Clínica • Fatores de risco: Homem >60 anos, mulheres após menopausa e pacientes jovens com DM tipo I (aterogênica). • Delta T: Tempo do início dos sintomas. • Sildenafil: Questionar se utilizou Viagra (vasodilatador) nas últimas 24 horas. Caso tenha, não pode ser administrado Nitrato, devido ao efeito de hipotensão. → Para reversão de hipotensão, deve ser feita a reposição de volume ou Noradrenalina. • Cocaína: Não pode utilizar betabloqueador nesses pacientes, pois causa vasoconstrição (espasmo). Eletrocardiograma • Realizar em até 10 minutos. • 50% dos casos estarão normais. • IAM: Apresentar 2 derivações consecutivas de uma mesma parede. • Importante para indicar o tratamento. → Supra de ST: Necrose transmural (IAMCSST) → Abrir o vaso! → Sem supra de ST: Angina instável ou IAMSSST → Tratamento medicamentoso. • Necrose transmural: Ponto J acimada linha de base (necrose total). → Apresenta supra de ST (elevação do J), indicando necrose de 100% do miocárdio. • P: Despolarização do átrio. • QRS: Despolarização do ventrículo e repolarização do átrio. • T: Repolarização do ventrículo. • Ponto J: Subida do S. Marcadores de necrose miocárdica (Exame de sangue) • Utilizados para diferenciar Angina Instável de IAM. • Troponina: Marcador de escolha, marca necrose miocárdica. → Pode estar alterado na miocardite, insuficiência cardíaca ou problema renal. → Deve ter de 1 a 2 horas de sintomas. → IAM: O gráfico da concentração de troponina está ascendente. → Caso não seja possível medir a troponina, usamos CKMB. • Troponina ultrassensível: Útil para diagnóstico precoce em 1 ou 2 horas. → Pode dar falso-positivo. Diagnóstico Se você está com um paciente com dor torácica, mesmo sem esforço, mais de 24 horas de dor, dor 5/10, não tem fator de risco, não está na idade de risco. Você já pensa em desconsiderar a SCA, mas prossegue fazendo a investigação. Mulher está protegida apenas pelo estrogênio endógeno, a administração de estrogênio exógeno aumenta o risco de IAM! BNP indica insuficiência cardíaca, devido a sobrecarga muscular pela congestão. Pode estar alterado na IAM, mas não é diagnóstico! AULA 2 – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DO ADULTO II Júlia Morais 4 • Fibrinolítico: Remédio para dissolução do trombo. → Até 12 horas de sintomas! → Efeito sistêmico, podendo causar efeito colateral de sangramento em outras regiões. • Terapia de reperfusão: Angioplastia, que é a colocação de stent através de cateterismo. → Cineangiocoronariografia é um tratamento e um diagnóstico. Metas • Contato médico (dor) → ECG em 10 minutos. • Supra de ST → Encaminhar para ICP primária em até 90 min (hospital com hemodinâmica) ou em até 120 min (hospital SEM hemodinâmica). • Contato médico (dor) → IAMCSST → Não vai realizar angioplastia → Fibrinólise em até 30 min. Trombolíticos • Apenas em IAM com supra de ST. • Dor >20 min e < 12h. • Impossibilidade de transferência para hospital com hemodinâmica <120 min. • Ausência de contraindicação. • Contraindicação Absoluta: → Sangramento intracraniano prévio (AVC hemorrágico). → AVC isquêmico nos últimos 3 meses. → Neoplasia SNC. → Sangramento ativo. → Qualquer lesão vascular cerebral (MAV). → Dissecação de aorta. → Discrasia sanguínea. • Contraindicação Relativa: → PA > 180x110mmHg. → Punção venosa não compressível. • Critérios de reperfusão: → Melhora da dor. → Melhora do supra ST em 50%, com a repetição do ECG. → Arritmia de reperfusão (RIVA). TIMI • Avaliar IAM e chance de mortalidade. • Risco baixo: <2 realiza tratamento clínico. • Risco intermediário: Entre 2 e 5 pontos, analisar o caso. • Risco alto: >5 pontos, realizar cateterismo (realizar dentro de 24 a 48 horas). IAM com supra de ST IAM sem supra de ST AULA 2 – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DO ADULTO II Júlia Morais 5 TIMI ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Idade > 65 anos 1 ≥ 3 fatores de risco 1 Lesão coronariana ≥ 50% 1 Uso de AAS < 7 dias 1 2 crises de angina < 24 horas 1 Desvio de ST ≥ 0,5 mm 1 ↑ Marcador de necrose 1 TOTAL 0 a 7 • Avaliar hipoxemia (Saturação SaO2 <91%). • Terapia antitrombótica (antiplaquetário e anticoagulante). • Terapia anti-isquêmico (β-bloqueador) + estabilizadorade placa (Estatina). Tratamento Medicamentoso 1) Controle hipoxemia. 2) Dupla antiagregação: → AAS 100mg, 2 a 3 cp na dose de ataque e 1 cp de manutenção. → Clopidogrel, Ticagrelor ou Prazugrel realizado na sala de hemodinâmica. 3) Nitrato. → Contraindicação: Remédios para impotência sexual (Sedalafil, Tonalafil), famoso “azulzinho” nas últimas 24 a 48 horas. Presença de hipotensão. → Pode-se usar Morfina em caso de contraindicação do Nitrato (reduz o efeito do 2º antiagregante). 4) β-bloqueador: Diminui o consumo energético do miocárdio. → Contraindicação: Uso de cocaína. 5) IECA: Redução da pressão no caso de hipertensão. 6) Estatina: Estabilização da placa de ateroma. Revascularização Cirúrgica • Depende da anatomia coronariana vista na angiografia. • Realização da “ponte de safena”. • Nesse caso, não se faz o uso dos 2 antiagregantes. • Multivascular (> 3 vasos): Indicado a cirurgia, pois o stent deve ter cuidados a longo prazo. • Emergência: Complicações mecânicas do IAM (raro). → Ex: Rompimento do ventrículo. Tratamento OUTROS SCORES: Grace ou HEART Score. Invasivo imediato (<2h): Dor refratária (não melhora com medicamento), arritmia maligna, IC aguda. Estratégia conservadora: Angina instável, realiza tratamento clínica e fazer um exame não invasivo para avaliar. IAM? 2 comprimidos de AAS e 1 comprimido de Isordil! AULA 2 – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DO ADULTO II Júlia Morais 6 Paciente masculino, 57 anos, hipertenso, diabético, dislipidêmico, ex-tabagista 20 maços/ano, procura a emergência após 2h do início de dor epigástrica, em aperto com irradicação retroesternal e mandíbula, associado a náuseas, vômitos e sudorese fria, desencadeada após libação alimentar. EXAME: Paciente LOTE, acianótico, taquipneico em ar ambiente, mantendo queixa de dor. SV: PA 140x90mmHg, FC 75bpm, SaO2 89%. ACV: RCR, B3 sem sopros ou ES. AR: MVUA, com estertores crepitantes em bases. INTERPRETAÇÃO: • Muitos fatores de risco → Chance de SCA. • Libação alimentar é quase um exercício físico. • B3 indica evolução para uma IC. • Estertores crepitantes em bases é sinal de congestão. CONDUTAS: 1) Monitorização 2) ECG em 10 minutos. 3) Administração de oxigênio. 4) Acesso periférico e administrar AAS, Nitrato e medicamentos de congestão (diuréticos). ECG • Supra em D2, D3 e aVF → Supra de ST em parede inferior → Abrir o vaso imediatamente. • Parede inferior mais próxima do estômago → Sintomas gástricos. CONDUTAS: 1) Transferência? Não. 2) Contraindicação para fibrinolítico? Não 3) Administração fibrinolítico IV + 2º antiagregante (Clopidogrel) + anticoagulação (HBPM – Clexane). 4) Repetir o ECG após 15 minutos → Avaliar critérios de reperfusão (melhora da dor, arritmia de reperfusão e melhora da supra de ST em 50%). Caso Clínico Importante! Após o episódio de IAM indicar a mudança do estilo de vida do paciente para prevenção de futuros episódios de crise.
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