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Patologia Médica 1. Letícia – ATM 26. Autofagia, acúmulos intracelulares, calcificação patológica e envelhecimento celular. AUTOFAGIA: Autofagia não é um tipo de morte celular, e sim uma forma da célula sobreviver a ambientes inadequados. Corresponde à digestão lisossômica dos próprios componentes da célula. Mecanismo de sobrevivência em períodos de privação de nutrientes, de tal modo que a célula privada de alimento sobrevive ingerindo seu conteúdo. O estresse gerado pela privação de nutrientes faz com que haja a ativação de genes da autofagia (Atg), que iniciam a formação de vesículas revestidas por membrana. Vacúolo autofágico – membrana formada em torno das organelas que serão digeridas. - Ocorre no citoplasma!! Aspectos estruturais da autofagia: A) Dupla membrana lipídica iniciando o englobamento de material citoplasmático. B) Fechamento da membrana, resultando no autofagossomo. - O vacúolo é a membrana, e o autofagossomo é a estrutura como um todo, já completa. C) O autofagossomo se funde com o lisossomo. D) Após a fusão e o material externo ser degradado, essas estruturas conjuntas passam a se chamar autofagolisossomo. E) Na foto vemos um macrófago, cultivado em meio de cultura pobre em nutrientes fazendo autofagia. A dupla membrana do autofagossomo (Ma), próxima a uma mitocôndria (ami), iniciando o seu englobamento. AUTOFAGIA E OS PROCESSOS PATOLÓGICOS: Microrganismos induzem a autofagia nas células infectadas. STREPTOCOCUS PYOGENES – rinofaringites, infecção de feridas cirúrgicas e síndrome do choque toxico. SALMONELA ENTÉRICA - gastroenterites e febre tifoide. LISTERIA MONOCYTOGENES - meningoencefalite, encefalite e infecção cervical ou intra-uterina em gestantes. VÍRUS DA HEPATITE C E HERPES SIMPLES. DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS: O acumulo de agregados proteicostóxicos é uma das características dedoenças como Alzheimer, Huntingtone Parkinsson. CÂNCER: a autofagia age como um mecanismo supressor de tumores em fases iniciais a oncogênese, mas que também pode proteger a célula tumoral, quando esta se encontra em situações de estrese, como durante os tratamentos. Ainda não há informações conclusivas acerca do papel da autofagia no câncer, se ela está envolvida suprimindo a ação do tumor ou na forma de resistência da célula ao tratamento. Patologia Médica 1. Letícia – ATM 26. TIPOS DE AUTOFAGIA: 1) MEDIADA POR CHAPERONAS (AUXILIAM NO DOBRAMENTO DAS ESTRUTURAS PROTEICAS) – proteinas citoplasmáticas que possuem chaperonas ligadas são entregues aos lisossomos para degradação. Quando essas proteinas não estão dobradas de forma funcional, as chaperonas as conduzem para a digestão, que pode acontecer por autofagia, liberando então aminoácidos que podem ser utilizados para produzir ATP. 2) MICROAUTOFAGIA – o lisossomo engloba os componentes celulares diretamente pelos lisossomos, e posteriormente ocorrendo a degradação, sem haver formação do vacúolo autofágico. 3) MACROAUTOFAGIA – corresponde a 90% dos processos, ocorre por meio da privação de nutrientes, hipóxia e toxinas, que leva a auto-digestão de proteinas e organelas. Há formação do autofagossomo e posteriormente o autofagolisossomo, seguida pela digestão das estruturas. Técnicas de medição de autofagia: Análise ultra-estrutural – feita com microscópio eletrônico, permite a análise de estruturas com aumento de 5 a 500 mi vezes. Uso dos corantes fluorescentes que se acumulam em compartimentos celulares com pH ácido. Outro método usado baseia-se em uma das características de células autofágicas, a degradação de proteínas As células cultivadas em meio de cultura com aminoácidos radioativos (leucina H3 ou valina C14) e depois deixadas em meio sem aminoácidos perdem rapidamente a radiatividade porque têm altas taxas de degradação proteica, comparadas às células normais. Acúmulos intracelulares: Acúmulo de substâncias que podem ser inofensivas ou associadas a vários graus de lesão. Acúmulo anormal pode ocorrer em – citoplasma, organelas e núcleo. PRINCIPAIS VIAS DE ACUMULAÇÃO: 1. REMOÇÃO INADEQUADA de uma substância normal, secundária a defeitos no mecanismo de empacotamento e transporte → Degeneração gordurosa do fígado. Ex.: a dificuldade de eliminar gordura da célula vai gerar o acúmulo patogênico no meio intracelular. 2. ACÚMULO DE PROTEINAS ANORMALMENTE DOBRADAS – é o acúmulo de uma substância endógena anormal resultante de defeitos adquiridos ou genéticos no seu dobramento, empacotamento, transporte e secreção. Nesse caso, a produção já ocorre de forma inadequada. As proteínas anormais ou anormalmente dobradas podem se depositar nos tecidos e interferir com as funções normais. Patologia Médica 1. Letícia – ATM 26. 3. DEFICIÊNCIA EM DEGRADAR UM METABÓLITO DEVIDO A DEFEITO HERDADO EM UMA ENZIMA. 4. DEPÓSITO E ACÚMULO DE UMA SUBSTÂNCIA EXÓGENA ANORMAL – ocorre quando a célula não possui maquinaria enzimática para degradar a substância, nem habilidade para transportá-la para outro local, o que gera a sua deposição no meio intracelular. ACÚMULO DE H2O → Degeneração hidrópica. Causada por uma alteração na bomba de Na+/K+. Pode ser originada de viroses, infecções bacterianas, substâncias toxicas, isquemias e hipóxia, temperaturas extremas. Causa o aumento do volume e deixa o tecido com aspecto citoplasmático diluído porque a agua dilui os componentes da célula; O órgão pálido e com aumento de volume. Pode ser reversível, desde que haja a retirada da causa primaria; DEGENERAÇÃO GORDUROSA/ESTEATOSE → qualquer acúmulo anormal de triglicerídeos dentro das células do parênquima. É comum no fígado, mas também pode ocorrer no coração, musculo esquelético e rim. Causas: toxinas, desnutrição proteica, diabetes melito, obesidade, abuso de álcool dentre outros. O órgão fica mais amarelado devido à cor da gordura. O fígado é o mais afetado porque é o órgão envolvido no metabolismo da gordura. COLESTEROL E ÉSTERES DE COLESTEROL – células fagocitárias podem se tornar sobrecarregadas com lipídios (triglicerídeos, colesterol e ésteres de colesterol) em vários processos Patologia Médica 1. Letícia – ATM 26. patológicos diferentes. Ex.: aterosclerose. Isso proporciona a deposição de material gorduroso nos vasos e órgãos. DEGENERAÇÃO HIALINA – acúmulo de proteinas. É menos comum; pode ocorrer porque os excessos são apresentados às células ou porque as células sintetizam quantidades excessivas. Menos visível morfologicamente do que o acúmulo lipídico. Comum em enfermidades que causam proteinúria – como a síndrome nefrótica. Causas: Reabsorção de proteína nos túbulos renais associadas com proteinúria; Síntese excessiva de proteínas secretórias normais; Acúmulo no retículo endoplasmático = forma corpúsculos de Russel; Defeito de dobramento de proteínas. ACÚMULO DE GLICOGÊNIO – anormalidades no metabolismo da glicose e do glicogênio. No diabetes melito, o glicogênio se acumula no epitélio dos túbulos renais, nos miócitos cardíacos e nas células β das ilhotas de Langerhans. O glicogênio também se acumula dentro de células em um grupo de distúrbios genéticos intimamente ligados conhecidos como doenças de armazenamento de glicogênio ou glicogenoses. ACÚMULO DE PIGMENTOS – processo de formação/acumulo normal ou patológico de pigmentos no organismo. PIGMENTOS ENDÓGENOS - (1) derivadas da hemoglobina (pigmentos biliares, hematoidina, hemossiderina, pigmento malárico, pigmento esquistossomótico); (2) melanina; (3) ácido homogentísico; 4) lipofuscina. 1. Pigmentos biliares (relacionados ao sangue): Hemoglobina/bilirrubina: vermelha amarelada. Proteína presente nos glóbulos vermelhos ea responsável pela coloração vermelha do sangue. Hematoidina: forma-se em locais com pouco O2. Amarelo ouro, amarelo alaranjado ou vermelho alaranjado. Hemossiderina: (formada pela destruição excessiva das hemácias ou absorção intestinal). Coloração castanho escura ou amarelo dourado. Contém ferro. O acumulo de pigmentos ocorre porque a célula não apresenta um mecanismo especifico pra se livrar dessas substâncias. Pigmento malárico: Resulta da degradação da hemoglobina ingerida pelo plasmódio durante o seu ciclo de vida nas hemácias. forma grânulos castanho- Patologia Médica 1. Letícia – ATM 26. escuros e acumula-se em macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e de outros locais, onde permanece por muitos anos. Pigmento esquistossomático: Origina-se no trato digestivo do Schistosomaa partir do sangue do hospedeiro, que é ingerido pelo verme. 2. Melanina – varia do castanho ao negro. É uma proteína produzida nos melanócitos a partir de um aminoácido essencial chamado tirosina. Responsável por dar cor à pele e pelos, bem como conferir proteção contra os raios ultravioleta. 3. Ácido homogentísico – castanho avermelhado presente em pessoas com alcaptonúria. → A alcaptonúria (ocronose) é um erro inato do metabolismo da fenilalanina e tirosina, transmitido de forma autossômica recessiva. Resulta da deficiência completa da enzima ácido homogentísico oxidase (HGO), causada por mutação no gene 3q (3q21 – q23), levando ao acúmulo do ácido em diversos órgãos e tecidos, com aumento de sua excreção urinária. Os achados clínicos característicos incluem artropatia ocronótica, pigmentação anormal da cartilagem de outros tecidos conjuntivos e urina enegrecida. A incidência é rara, estimada em 1-4: 1.000.000 indivíduos. 4. Lipofuscina: marcador de envelhecimento celular; grânulos intracitoplasmáticos de cor pardo- amarelados. PIGMENTOS EXÓGENOS – Penetram no organismo através do ar inspirado, alimentos, introduzidos por via parenteral ou tatuagens. 1. Pigmentos inalados: carvão; coloração negra nas partes afetadas, em formato de manchas irregulares no parênquima dos pulmões. 2. Impregnação mecânica na pele: Prata; grânulos arredondados negros à microscopia de luz, grânulos brancos refringentes à microscopia de campo escuro. 3. Tatuagem – pigmento é fagocitado por macrófagos da derme, mas pode ser visto também na matriz extracelular. Calcificação patológica: Deposição de cálcio no interior da célula. Cálcio é importante para: potencial de ação coagulação, cofator de enzima, etc. Degenerações celulares ou concentrações anormais de cálcio extracelular resultam em aumento na concentração de cálcio intracelular. O acumulo de calcificação nas mitocôndrias leva à morte celular. “DEPÓSITO ANORMAL DE SAIS DE CÁLCIO EM COMBINAÇÃO COM PEQUENAS QUANTIDADES DE FERRO, MAGNÉSIO E OUTROS MINERAIS”. Há três tipos de calcificação: distrófica, metastática e idiopática. CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA: encontrada em áreas de necrose, na presença de níveis anormais de cálcio séricos. Pode ser a causa de disfunção do órgão. Patogenia: produto final é o fosfato de cálcio cristalino. MORFOLOGIA: Grânulos ou agregados finos brancos, frequentemente palpáveis como depósitos arenosos. Histologicamente: depósitos basofílicos intra ou extracelulares. Com o tempo, pode ser formado osso heterotópico no foco da calcificação. CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA: ocorre em tecidos normais, sempre que há hipercalcemia. A hipercalcemia pode ser gerada por: a) Aumento da secreção de paratormônio b) Destruição óssea devido aos efeitos de turnover ósseo acelerado; c) Distúrbios relacionados à vitamina D; d) Insuficiência renal. MORFOLOGIA: afeta principalmente os tecidos intersticiais da mucosa gástrica, rins, pulmões e da vascularização. Embora, geralmente, não causem disfunção clínica, calcificações maciças nos pulmões são evidentes nas radiografias e podem gerar déficits respiratórios. Depósitos maciços no rim (nefrocalcinose) podem causar lesão renal. Patologia Médica 1. Letícia – ATM 26. CALCIFICAÇÃO IDIOPÁTICA: depósito de calcificação geralmente cutâneo e frequentemente múltiplo, sem lesão previa e com níveis séricos normais de cálcio e fosfato. Envelhecimento celular é resultado do declínio progressivo da função e viabilidade celulares causado por anormalidades genéticas e acúmulo de danos moleculares e celulares devido aos efeitos da exposição a influências exógenas. Causado por fatores genéticos, fatores ambientais, estresse oxidativo, lesão somática; a) Danos no DNA: genes que ao sofrer mutações ameaçam a integridade da célula. b) Senescência celular: Todas as células normais têm uma capacidade limitada de replicação, e após um número fixo de divisões, as células ficam paradas em um estado final em que não existe mais divisão, conhecido como senescência replicativa. O envelhecimento está associado com a senescência replicativa progressiva de células. c) Degaste/encurtamento dos telômeros: como os telômeros tornam-se mais curtos, as extremidades dos cromossomos não podem ser protegidas e são vistas como DNA quebrado, o que sinaliza para as células a interrupção do ciclo celular. d) Ativação de genes supressores de tumor. e) Detecção desregulada de proteinas.
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