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Parasitologia e Microbiologia Médica Letícia – ATM 26. Amebíase, Giardíase e Tricomoníase. AMEBÍASE Entomoeba histolytica e Entomoeba díspar; 90% dos casos são assintomáticos (causados pela Entomoeba díspar) e 10% são da forma invasiva com alto grau de virulência (Entomoeba histolytical). Comum em regiões tropicais e subtropicais; Responsável pelo óbito de 100.000 pessoas anualmente e é mais prevalente em adultos; A amebíase só pode ser diagnosticada pela presença do protozoário Entamoeba histolytical, que é a forma mais grave da doença. Trofozoíto: é a forma ativa, que se reproduz, se alimenta e se locomove. É ele que encontramos hospedando o intestino do hospedeiro. Cisto: forma resistente. Secreta uma parede resistente como mecanismo de proteção, que proporciona viabilidade durante 20 dias. É a forma infectante; CLASSIFICAÇÃO: todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de humanos e animais. Núcleo esférico ou arredondado e vesiculoso. Entomoeba histolytica: apresenta diferentes graus de virulência (18 zimodemos); 10 a 40% dos infectados são assintomáticos; Presença de antígeno no soro; Amebíase invasiva – encontram-se hemácias no centro do trofozoíto. Entomoeba díspar: não é patogênica e não desenvolve amebíase invasiva. Não produz anticorpos detectáveis. CICLO BIOLÓGICO : Os trofozoítos da E. histolytical geralmente vivem na luz do intestino grosso, ocasionalmente penetrando na mucosa e gerando ulcerações intestinais. Também pode afetar fígado, pulmão, rim e em menor incidência, o cérebro; São essencialmente anaeróbicos, mas podem crescer em atmosferas com até 5% de oxigênio; Locomoção por pseudópodes. Ingestão de nutrientes por fagocitose e pinocitose; A sua multiplicação ocorre por divisão binária dos trofozoítos; CICLO NÃO PATOGÊNICO: O ciclo biológico inicia com a ingestão dos cistos maduros pelos alimentos e água contaminada; Os cistos ingeridos contêm quatro núcleos, e ao chegar no intestino grosso, após resistir à acidez do estômago, ocorre o desencistamento. Com o desencistamento, há a liberação do metacisto. O metacisto sofre divisão binária e se transforma no trofozoíto. O trofozoíto passa a se alimentar de forma comensal e começa a formar uma parede cística grossa em seu entorno. A parede cística impede que ele consiga se manter no intestino grosso, consequentemente sendo eliminado no bolo fecal na forma de cisto. O numero de núcleos do cisto depende do tempo em que ele permaneceu no interior intestinal. Geralmente, não se encontra cistos em fezes liquefeitas ou disentéricas, uma vez que o tempo de permanência no intestino grosso é determinante. Parasitologia e Microbiologia Médica Letícia – ATM 26. CICLO PATOGÊNICO: Em situações ainda não descritas, os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das úlceras e podem atingir outros órgãos por meio da circulação porta. O trofozoíto presente nessas ulceras é chamado de forma invasiva ou virulenta; As úlceras são conhecidas como úlceras em botão de camisa. A transmissão ocorre por ingestão de cistos maduros, por alimentos sólidos ou líquidos, agua sem tratamento e também pelo transporte de cistos maduros por outros animais, como moscas, baratas etc. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA AMEBÍASE: Amebíase intestinal – a) Disentérica; b) Colites não disentéricas; c) Colite necrotizante; d) Ameboma; Amebíase extra intestinal; Amebíase hepática a) Aguda não supurativa; b) Abcesso hepático; Amebíase cutânea; AMEBÍASE INTESTINAL – COLITE DISENTÉRICA: Amebíase aguda não complicada; Disenteria com grandes perdas hídricas; Cólicas intestinais severas; Febre de moderada intensidade; COLITE NECROTIZANTE: Ulcerações profundas, isquemias e hemorragias; (perfurações do estômago). Peritonite – ausência de ruídos no ceco e cólons. Febre contínua e elevada; Evacuações contínuas com muco, sangue e pus = contaminação bacteriana das ulcerações. Desfecho fatal; AMEBOMA: Invasão da mucosa intestinal pela E. histolytica provoca reação no tecido conjuntivo – formação granulosa responsável por edema e estreitamento da luz. Surtos esporádicos de diarreia, inapetência e perda de peso. COLITE NÃO-DISENTÉRICA: Manifestação de forma insidiosa; Crises diarreicas em menor número; Presença de muco ou sangue com dores abdominais em cólica; AMEBÍASE EXTRA INTESTINAL 30 a 40% dos casos de amebíase evoluem para amebíase extra intestinal; Ao cair no sistema circulatório ou linfático, se espalha para outros órgãos; Abcesso hepático amebiano = tríade de sintomas: 1) Desconforto e dor no hipocôndrio direito, que se irradia para a região escapular; 2) Febre com exacerbações noturnas; 3) Hepatomegalia; Abcesso pulmonar – pode ser drenado para a região pleuropulmonar ou abdominal. Período de incubação – muito variável, de 7 dias até anos; Diagnóstico – não é conclusivo, por isso precisa de exames. Exame de fezes, soro e exsudato. É uma doença com prevalência em adultos; TRATAMENTO E PROFILAXIA: Saneamento básico, limpeza urbana e coleta de lixo; O tratamento pode ser feito com amebicidas: Amebicidas com ação direta na luz intestinal Cloridroxiquinoleína, eritromicina e clorobetamina. Amebicidas de ação tissular Cloridrato de emetina e diidroemitina – usado por via intramuscular. Cloroquina atua especificamente no fígado. Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto nos tecidos Imidazólicos – secnidazo, tinidazol e metronidazol. Devido ao fato que as drogas amebicidas são extremamente tóxicas e causam efeitos adversos, o tratamento com elas é indicado pela OMS somente após o diagnóstico diferencial. Parasitologia e Microbiologia Médica Letícia – ATM 26. GIARDÍASE: Protozoários flagelados; Parasitam o intestino delgado; Parasita cosmopolita; Ciclo monoxeno; É a parasitose que mais incide em surtos fruto de contaminação com água, porque a giárdia resiste à cloração. É mais comum em crianças. Apresenta cistos e trofozoítos; TROFOZOÍTO: é a forma ativa que se encontra no intestino delgado realizando parasitismo. Formato de pera com dois núcleos ovoides e oito flagelos; Não é capaz de desencadear o ciclo biológico; CISTO: forma resistente. Pode conter 4 núcleos com todas as organelas necessárias para sobreviver. Apenas o cisto pode desencadear a contaminação; TRANSMISSÃO: Pessoa ↔ pessoa; Animal ↔ pessoa Fontes de água e alimentos contaminados; Vetores mecânicos (mosquitos, moscas, baratas...) HABITAT E NUTRIÇÃO: Residem no duodeno, jejuno, ductos biliares, vesícula biliar e também nos ductos biliares, devido à grande quantidade de fosfolipídios; Nutrição por pinocitose; CICLO BIOLÓGICO: Após a ingestão dos cistos, ocorre o desencistamento, que se inicia no meio ácido do estomago e se completa no duodeno e jejuno. Com a perda da membrana cística e a transformação em trofozoíto, eles ficam livres na luz intestinal; Por divisão binária, os trofozoítos se multiplicam rapidamente por divisão binária longitudinal; Após algum tempo vivendo no intestino, os trofozoítos podem passar por um processo de encistamento, quando secretam uma membrana de quitina; Com o encistamento, há perda das estruturas de fixação, sendo liberado no bolo fecal; PATOGENIA: Como os trofozoítos ficam presos à parede intestinal, formando uma barreira mecânica, há diminuição da quantidade de nutrientes absorvidos. (atrofia das vilosidades); Síndrome da má absorção – é muito grave em crianças; 5-15% dos casos assintomáticose 50% se resolvem de forma espontânea. Os sintomas mais comuns da fase aguda são: diarreia explosiva e aquosa, com odor fétido, distensão abdominal e esteatorreia. A esteatorreia é um dos sinais mais importantes para o diagnóstico, pois a não absorção de gorduras causa a sua eliminação nas fezes; Na fase crônica, há diarreia persistente, sucedida por má absorção, dor abdominal, anorexia e comprometimento cognitivo. TRATAMENTO: Os principais medicamentos utilizados são: metronidazol, tinidazol, ornidazol e secnidazol, porém é importante atentar-se à toxicidade. TRICOMONÍASE O protozoário flagelado que causa a doença é o Trichomonas vaginalis; É cosmopolita e monoxeno; Não há formação de cistos, somente no estágio de trofozoítos. É um parasita extracelular, e 80% dos casos são assintomáticos; O local de infecção é o trato geniturinário de homens e mulheres; A transmissão por via sexual é a mais comum; O T. vaginalis se instala no sítio infeccioso a partir de mudanças do pH vaginal. Responsável por baixo peso de bebes e nascimentos prematuros; Parasitologia e Microbiologia Médica Letícia – ATM 26. Predispõe mulheres à doença inflamatória pélvica atípica, ao câncer cervical e infertilidade; SINTOMAS: O período de incubação é de 3 a 20 dias; Vaginite com corrimento fluido abundante, bolhoso; Odor fétido; É mais frequente no período pós-menstrual; Prurido/irritação vulvovaginal; Disúria e poliúria; Vagina edemadosa com pontos avermelhados; Em homens, geralmente é assintomática (90% dos casos); mas pode apresentar: uretrite com fluxo leitoso ou purulento; desconforto ao urinar e hiperemia do meato uretral; DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO: Não pode se basear apenas por sintomas clínicos, pois pode ser confundido com outras IST’s; Os medicamentos utilizados é o secnidazol, tinidazol e metronidazol. PROFILAXIA: Relações sexuais protegidas; Tratamento dos assintomáticos; Educação sexual; Exames periódicos para diagnostico precoce; A principal complicação da tricomoníase é a infertilidade.
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