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Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 Semiologia do Sistema musculoesquelético: O primeiro passo é avaliar a queixa do paciente em três aspectos principais: 1. Articular ou extra articular; 2. Agudo (<6 semanas) ou crônico (>12 semanas); 3. Inflamatório ou não inflamatório; 4. Localizado (monoarticular) ou difuso (poliarticular). ANATOMIA ARTICULAR : as articulações são compostas por cápsula articular, cartilagem articular, sinóvia, liquido sinovial, ligamentos intra-articulares e o osso justarticular. As estruturas extra-articulares compreendem ligamentos periarticulares, tendões, bolsas, músculos, fáscia, ossos, nervos e pele sobrejacente. Ligamento: osso ↔ osso. Tendão: osso ↔ músculo. Problemas articulares acarretam edema e dor à palpação, crepitação, instabilidade, travamento e limitação da amplitude do movimento. TIPO AMPLITUDE EXEMPLO Sinovial Grande mobilidade Joelho, ombro Cartilaginosa Discreta mobilidade Corpos vertebrais da coluna Fibrosa Imóvel Suturas cranianas ARTICULAÇÕES SINOVIAIS: os ossos não se tocam e o movimento é amplo. Há presença de uma bolsa, formada pela membrana sinovial, que amortece o movimento articular. ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS: como as articulações vertebrais e a sínfise púbica, são discretamente móveis. No interior de cada disco articular, encontra-se um núcleo pulposo, de consistência gelatinosa que serve de coxim ou amortecedor. ARTICULAÇÕES FIBROSAS: não apresentam movimento, pois os ossos são unidos por camadas intervenientes de tecido fibroso ou cartilagem. ANAMNESE Determine se a dor é articular ou extra-articular, aguda ou crônica, aguda ou crônica, inflamatória ou não inflamatória, localizada ou difusa. Esclareça o mecanismo de lesão; Identifique manifestações extra-articulares; SINTOMAS EXTRA-ARTICULARES: Febre Infecção (vírus, bactéria), Pós-infecção (Febre reumática, artrite reativa) Doenças reumatológicas sistêmicas (LES, Doença de Still, AR, vasculites) Doenças induzidas por cristais (gota, pseudo- gota) Outras (Sarcoidose, neoplasia) Emagrecimento; Sudorese; Rash Placas psoriasiformes Eritema migratório (Doença de Lyme) Eritema nodoso (Sarcoidose) Eritema marginado (Febre Reumática) Rash malar (LES) Fenômeno de Raynaud; Serosite; Ulceras orais/genitais; Envolvimento do pulmão, coração e rim; Diarréia, dor abdominal, corrimento uretral, dor lombar, uveíte (artrite reativa ou outra espondiloartropatia). MÃO REUMATÓIDE: As características clínicas desse acometimento são alargamento e edema das articulações afetadas e, posteriormente, atrofia dos músculos interósseos, achados que configuram a chamada “mão reumatoide”. Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 Desvio ulnar e atrofia muscular; A artrite mutilante é comum em pacientes com artrite psoríatica. Pode gerar ruptura de tendão além de bursite olecraniana e nódulos reumatoides. SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL: é a falta de alinhamento entre a vértebra C1 e C2 (atlas e áxis) MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES: Pele: Nódulos reumatoides Nódulos sinoviais – cisto de Backer Dermatoses neutrofílicas Úlceras (em área de atrito) Vasculite/gangrena Medicamentoso Escleromalácia secundária à artrite reumatoide. ARTRITE ARTROSE ARTRALGIA Processo infamatório, com edema, limitação de movimento, calor, rubor local e dor. É a degeneração das articulações Corresponde à dor articular. ETIOLOGIAS MAIS COMUNS: Trauma: fratura, luxações, entrose ligamentar, rotura de menisco e hemartrose. Artropatias microcristalinas: manifestações clínicas e alterações patológicas se devem à Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 deposição de cristais minerais nos tecidos musculoesqueléticos, acometem homens, meia idade sendo que obesidade, hipertensão, dislipidemia, alcoolismo podem ser fatores determinantes. Abordagem do paciente com dor na mão: Punhos e mãos: Formam uma unidade complexa de articulações muito pequenas, ativas e vulneráveis porque são pouco protegidas por tecido sobrejacente. PUNHO: articulação radiocarpal (que permite a maioria dos movimentos do punho) articulação rádio-ulnar e articulações intercarpais. MÃO: MCF, IFP ,IFD (flexione a mão e identifique o sulco que marca a articulação). GRUPOS MUSCULARES: Extensão do punho: músculos radiais e músculo ulnar. Pronação e supinação: músculos do antebraço (supinador, extensor radial do carpo – curto e longo – extensor ulnar do carpo e extensor longo dos dedos). SEMIOLOGIA DO PUNHO E MÃOS: Analisar o padrão da dor; Tempo de evolução; Idade de inicio dos sintomas; Qual/quais articulações acometidas; 1. ARTRITE REUMATÓIDE : doença autoimune de etiologia desconhecida; Pode se apresentar como poliartrite periférica simétrica; Pode causar hiperplasia sinovial e dano estrutural de cartilagem, ossos e ligamentos. Apresenta-se como deformidade e destruição articular. Acomete mulheres 2x mais do que homens. Pannus – membrana sinovial que se estende para a cartilagem e osso. Inicio insidioso/silencioso. Envolvimento simétrico de pequenas articulações; Rigidez matinal; Deformidades e nódulos reumatoides. 2. ARTRITE PSORIÁSICA : Artrite crônica que atinge as articulações de pessoas com psoríase (doença que causa lesões avermelhadas e escamosas na pele, principalmente nos joelhos e cotovelos). Entesite – inflamação nos locais em que ligamentos e tendões se unem ao osso. Dactilite; inflamação nas unhas; neoformação óssea; uveíte/conjuntivite. 3. OSTEOARTRITE: ou artrose. Doença causada pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas, como os osteófitos (bicos de papagaio e o sinal da gaivota). Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 Pode ser de causa primária (conhecida) ou secundária (desconhecida). Ocorre uma diminuição do espaço interarticular. Pode se apresentar na condição de osteófitos ganchosos nas AIF (articulações interfalangeanas). TÉCNICAS DE EXAME: a. Inspecionar a posição das mãos (os dedos devem estar discretamente flexionados e as bordas das unhas devem estar em paralelo quando em repouso). b. Inspecionar a superfície palmar e dorsal para identificar se há edema supra-articular ou traumatismo. → MANOBRAS DO PUNHO: Preensão manual: teste de força da preensão manual solicitando ao paciente que segure seu segundo e terceiro dedos da mão. Serve para testar a função das articulações do punho dos flexores dos dedos e dos músculos intrínsecos e articulações da mão Movimento do polegar: testa a função do polegar. Ele deve ser segurado contra a região palmar e em seguida o punho deve ser movimentado para a linha media. Síndrome do túnel do carpo: há passagem do nervo mediano que passa em regiões apertadas das mãos e podem comprimir o nervo, provocando dores e alterações sensoriais. Principalmente a face plantar e os dedos, exceto o dedo mínimo. Os principais sintomas são dormência, parestesia e sensações estranhas. Teste de Tínel: percutir a região e ver se gera um “choque” logo após o impacto em toda topografia inervada pelo nervo mediano. Teste de Phalen: movimento de unir o dorso das mãos que vai comprimir o túnel do carpo bilateralmente por um minuto. Se o paciente possui síndrome, os sintomas irão aparecer de imediato durante a realização do movimento. Sinal da gaivota Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 Abordagem do paciente com dor no cotovelo: O cotovelo atua no posicionamento da mão e estabiliza a ação de alavanca do antebraço. A articulação do cotovelo é formada pelo úmero e pelos dois ossos do antebraço, o rádio e a ulna. Esses ossos apresentam três articulações: umeroulnar,radioumeral e rádio-ulnar. SEMIOLOGIA DO COTOVELO: 1. EPICONDILITE LATERAL : alteração nos tendões que ficam na parte de fora do cotovelo e que conectam os músculos do antebraço responsáveis pela extensão dos dedos. Também conhecida como “cotovelo do tenista” Fatores de risco: lesão por uso excessivo ou equipamento mal adaptado; falta de condicionamento muscular. Apresenta-se como dor lateral do cotovelo com aperto de mãos, movimentos de pronação e supinação repetitivos, ou levantamento de peso. 2. EPICONDILITE MEDIAL : acomete os músculos flexores e pronadores. É chamada de “cotovelo de golfista”. Atinge os tendões na parte da supinação. Dor exacerbada pela pronação do antebraço e flexão do punho. Sintomas de parestesia no 4° e 5° dedo devido à compressão ulnar. 3. BURSITE DO OLECRANO: ocorre quando há inflamação da região do cotovelo, principalmente devido à pressão, compressão ou impacto. Impacto súbito/queda; irritação prolongada (apoio). Inicia com dor gradual na região posterior do cotovelo; Edema e limitação do movimento; Pode ser realizada a punção da bursa para exames complementares (cristais/infecção). Tratamento – aspiração, mudança de atividade, gelo e cirurgia. Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 TÉCNICAS DE EXAME: O antebraço do paciente é apoiado pela mão oposta do examinador de modo que o cotovelo fique flexionado em 70°. Verificar a simetria dos epicôndilos e os contornos do cotovelo se há nódulos ou edema. Palpação: palpar o olecrano e comprimir os epicôndilos à procura de derrame sinóvia ou dor à palpação. Normalmente, nem a sinóvia e nem as bursas são palpáveis. Amplitude do movimento e manobras: flexão e a extensão do cotovelo, bem como a pronação e a supinação do antebraço, que também move o punho e a mão. Abordagem do paciente com dor no ombro: A articulação do ombro, também chamada de glenoumeral, distingue-se das demais por um amplo movimento em todas as direções. Praticamente não sofre restrição pelas estruturas ósseas. Há três articulações que compõem o ombro: 1. Glenoumeral: a cabeça do úmero articula-se com a cavidade glenoidal da escápula. Não é palpável em situações normais, porque é profunda. É uma articulação esferoidal responsável pelo movimento de flexão, extensão, abdução, adução, rotação e Circundação. 2. Articulação esternoclavicular: a extremidade medial da clavícula se articula com o arco côncavo da parte superior do esterno. 3. Articulação acromioclavicular: a extremidade lateral da clavícula se une ao acrômio da escápula. Há também um grupo muscular responsável pelos movimentos, conhecidos como GRUPO ESCAPULOUMERAL, que forma o “manguito rotador”: m. supraespinal, m. redondo menor, m. Infraespinhal e m. subescapular. GRUPO AXIOESCAPULAR : liga a escápula ao tronco (trapézio, romboides, serrátil, e levantador da escápula). GRUPO AXIOUMERAL : liga o úmero ao tronco (peitoral maior, peitoral menor e latíssimo do dorso). A principal bolsa do ombro é a bolsa subacromial, posicionada entre o acrômio e a cabeça do úmero. A estrutura do ombro compreende 14 ligamentos e 19 músculos. Comumente, a idade influencia na saúde das articulações do ombro: Infância – lesões congênitas e traumáticas ligadas ao parto. Adulto – lesões traumáticas. Idosos – processos degenerativos. 1. SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR: causa mais comum de dor no ombro. Causada pela fragilidade dos músculos do manguito e estabilizadores da escápula, ou atividades repetitivas acima do arco da cabeça (tendinite). Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 Frequentemente é acompanhada por bursite subacromial. Causa uma dor de inicio gradual e piora com movimentos repetitivos ao alto do arco da cabeça. 2. TENDINITE BICIPITAL : Comum em pacientes de 40-60 anos. Dor súbita e aumento de volume no braço e hematomas. Pode iniciar com dor crônica e posteriormente ruptura. Tratamento – fisioterapia e analgesia. Cirurgia é indicada a depender das expectativas. 3. INSTABILIDADE DO OMBRO: é a articulação mais luxável do corpo; É causada por microtraumas repetitivos, como lesão do bíceps e do manguito rotador. Mais comum na região anterior. 4. OSTEOARTRITE ACROMIOCLAVICULAR: comum em pacientes com trauma ou luxação acromioclavicular. Dor de inicio insidioso em região acromioclavicular. Na radiografia apresenta-se redução do espaço AC. Tratamento - gelo, AINH, analgésico tópico, Infiltração de CE, acupuntura, fisioterapia e cirurgia nos casos refratários. 5. CAPSULITE ADESIVA: acomete mulheres entre 40 e 70 anos. Fatores de risco: Parkinson, doença cardíaca, tumores, lesão de ombro e causas idiopáticas. Gera dor insidiosa no ombro, inicia à noite, evolui para dor aos pequenos movimentos até dor em repouso. Percebe-se no exame físico perda da amplitude de movimento do ombro (congelado), com melhora gradual da dor. Sem tratamento, costuma retornar ao normal após 2-3 anos. Nos casos em que inclui-se tratamento, utiliza-se gelo, fisioterapia, analgésicos, bloqueio do nervo subescapular e infiltração, havendo melhora entre 6 e 18 meses. TÉCNICAS DE EXAME: De frente para o paciente, inspecione o ombro e a cintura escapular dele e, depois, as escápulas e os músculos correlacionados na parte posterior, observando se há tumefação, deformidade ou atrofia. Comece palpando os contornos dos marcos ósseos e estruturas do ombro; Palpe em seguida qualquer área de dor. Palpe a articulação esternoclavicular, a clavícula, a espinha óssea da escápula, o acrômio a articulação acromioclavicular, o processo coracoide da escápula, a face lateral do úmero, o tubérculo maior (no qual se inserem os músculos SIRS), o tendão do músculo bíceps braquial no sulco bicipital intertubercular, as bolsas subacromial e subdeltóidea e os músculos SIRS, a cápsula articular fibrosa e os grandes tendões achatados do manguito rotador. Manobras: a. Teste de provocação de dor: teste de arco doloroso (bolsa subacromial e manguito rotador). Outros testes de provocação da dor comuns são os testes de Neer e Hawkins. b. Sinal de compressão de Neer: comprimir com uma das mãos sobre a escapula para impedir seu movimento e erga o braço ipsilateral com a outra mão. Isso comprime a tuberosidade maior do úmero contra o acrômio. Semiologia Médica I Letícia – ATM 26 c. Sinal de compressão de Hawkins: Flexione o ombro e o cotovelo dopacientea90°, com apalma de sua mão voltada para baixo. Em seguida, com uma das mãos no antebraço e a outra no braço, efetue a rotação interna do braço. Isso comprime a tuberosidade maior do úmero contra o tendão do músculo supraespinal e o ligamento coracoacromial. d. Teste de atraso da rotação externa: Com o braço do paciente flexionado em 90° com palma virada para cima, efetue a rotação externa total do braço. e. Teste de atraso de rotação interna: Peça ao paciente para colocar o dorso da mão nas costas com o cotovelo dobrado em 90°.Em seguida, erga a mão nas costas, o que gira internamente o ombro. Peça ao paciente para manter a mão nessa posição. f. Teste para queda do braço: Solicite ao paciente que abduza totalmente o braço no nível do ombro, até90° e abaixe-o lentamente. Observe que a abdução acima do nível do ombro,de90°a120° reflete a ação do músculo deltoide. g. Teste de resistência da rotação externa: pedir para o paciente aduzir e flexionar o cotovelo a 90° com os polegares virados para cima. Estabilize o cotovelo com uma das mãos e aplique pressão proximal ao pulso do paciente conforme o paciente pressiona o punho para fora em rotação externa. h. Teste da lata vazia: Eleve os braços a 90° e faça a rotação interna dos braços com os polegares apontando para baixo, como ao esvaziaruma lata. Solicite ao paciente que resista enquanto você empurra para baixo os braços dele.
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