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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA PEDRO HENRIQUE FRANCO MATRÍCULA: 11411CCS025 TURMA: 18ª TRABALHO DE CIÊNCIA POLÍTICA II: A ANÁLISE DE UM ACONTECIMENTO ATUAL, CONFORME PENSAMENTO DE ALEXIS DE TOCQUEVILLE UBERLÂNDIA 2014 O texto “A tomada da democracia norte-americana pelo setor corporativo”, foi um artigo publicado por Noam Chomsky em uma coluna do “The New York Times”, traduzido para o português por Eloise de Vylder e publicado novamente na “UOL notícias”. A partir da análise deste artigo, pode- se a ele aplicar um exercício de leitura e buscar construir um conhecimento, tomando como referência o pensamento e a teoria sobre a democracia americana, advogada pelo francês Alexis Tocqueville. O artigo começa, falando sobre a sombria história da democracia norte- americana e seu declínio, bem como afirmando que a suprema corte dos EUA determinou ao governo à não proibir as corporações de fazerem gastos políticos durante as eleições, decisão que afeta profundamente a política do governo, tanto interna quanto externa. Uma vez que segundo os editores essa decisão, anuncia uma tomada ainda maior do sistema político dos EUA por parte do setor corporativo e ainda “atinge o coração da democracia”, pois abri caminho para que as corporações usem seus vastos tesouros para dominar as eleições e intimidar as autoridades eleitas a cumprirem suas ordens”. Ele discorreu também, que agora os gerentes corporativos podem de fato comprar as eleições diretamente, evitando meios indiretos mais complexos, que influenciam em peso as eleições, direcionando assim a política. O autor do artigo, faz citação a “teoria do investimento na política”, do economista político Thomas Ferguson, onde em sua teoria o ele faz um prognóstico ao interpretar as eleições como ocasiões nas quais segmentos de poder do setor privado se unem para investir com o objetivo de controlar o estado. O crítico aponta que essa decisão apenas reforça os meios para minar a democracia em funcionamento e que em seu argumento contrário, o juiz Paul Stevens reconheceu que “as corporações estão cobertas pela Primeira Emenda” – a garantia constitucional para a liberdade de discurso, que incluiria o apoio aos candidatos políticos. Chomsky diz que no começo do século 20, teóricos de direito e tribunais implementaram a decisão do tribunal de 1886 de que as corporações, enquanto “entidades legais coletivistas” – possuem os mesmos direitos que as pessoas de carne e osso. Segundo o jornalista este foi um ataque contra o liberalismo clássico e que tal ato, foi condenado pelo conservador Christopher G. Tiedeman, o qual descreveu o princípio como uma “ameaça à liberdade do indivíduo”, e à estabilidade dos Estados norte-americanos enquanto governos populares”. No texto Chomsky demonstra seu posicionamento democrata ao contestar a decisão em questão que foi votada por maioria dos republicanos, os quais apoiam explicitamente as grandes corporações, assim como outra decisão posteriori, em que ele crítica enfatizando outra vitória da riqueza e do poder, foi a eleição do candidato republicano Scott Brown para substituir o finado senador Edward M. Kennedy, o “leão liberal” de Massachusetts. Apesar da tendência partidária de Chomsky, sua linha de pensamento e sua argumentação é bastante interessante para ser analisada a luz da teoria sobre a democracia na américa escrita por Alexis Tocqueville. Segundo Tocqueville em de suas críticas, uma sociedade democrática em determinado momento tende a ser individualista, onde cada indivíduo possui uma determinada tendência a isolar-se dos outros com sua família. Esses traços parecem assemelhar-se aos das sociedades despóticas. A consequência, todavia, não é uma inclinação ao despotismo da sociedade democrática e individualista, pois certas instituições podem impedir o desvio no sentido deste regime corrompido. Ele diz que essas instituições são associações livremente criadas pela iniciativa dos indivíduos, que podem e devem interpor-se entre o indivíduo solitário e o Estado todo-poderoso. Analisando nesta perspectiva, por demais parece que essas associações livremente criadas pela iniciativa dos indivíduos, trazendo para atualidade poderiam ser as organizações ou corporações e pela lógica elas são responsáveis por manter uma ligação entre indivíduo e estado. A partir de uma leitura minuciosa do artigo em lide, foi possível analisar as evidências dessas instituições, entretanto descritos como corporações ou setor corporativo. Contudo a crítica do jornalista de que a Suprema Corte determinou que o governo não pode mais proibir as corporações de fazerem gastos políticos durante as eleições, nos leva a vislumbrar que essas corporações assumiram configurações de tal modo, que ao invés de simplesmente equilibrar a relação entre indivíduos e Estado, na realidade estão “atingindo o coração da democracia”, haja vista que esses segmentos de poder do setor privado se unem em uma investida com o objetivo de controlar o Estado. Contrariando veemente Tocqueville, essa sociedade democrática parece caminhar com acelerados e largos passos, para desigualdade de condições, o oposto de uma sociedade sem diferenças hereditárias de condições. Conforme Tocqueville, a liberdade não pode se fundamentar na desigualdade, deve ser sem diferenças hereditárias de condições, ou seja, contrário ao que é observado, onde “entidades legais coletivas” possuem os mesmos direitos que as pessoas de carne e osso. O fato da decisão da Suprema Corte abrir caminho para que as corporações usem seus vastos tesouros para dominar as eleições e intimidar as autoridades eleitas a cumprirem suas ordens, indica de forma explícita, que um poder não está sendo limitando pelo outro poder, o que causa um desiquilíbrio dos setores. Portanto há que se falar em uma centralização e concentração de poder nas mãos do setor corporativo, o qual pode através da economia ditar ordens, consequentemente há uma tendência a redução de pluralidade de centros de decisão, corroborando para decisões que não atende os anseios da maioria e sim dos interesses privados de um pequeno grupo dominante, que em partes apresenta certa similaridade com a antiga aristocracia francesa da monarquia moderna. Chomsky explica em seu artigo que a decisão da Suprema Corte levanta novas barreiras significativas para superar a séria crise do sistema de saúde, ou para lidar com assuntos críticos como as ameaçadoras crises do meio ambiente e da energia norte-americana. Conclui dizendo que o hiato entre a opinião pública e a política púbica cresce cada vez mais. De acordo com Tocqueville em determinadas circunstâncias, quando as instituições livres parecem funcionar mal e comprometer a prosperidade, os homens se inclinem a sacrificar a liberdade na esperança de consolidar o bem-estar ao qual tanto aspiram. Como o sentimento predominante das sociedades democráticas é a vontade de igualdade a qualquer preço, isto pode levar a aceitar a servidão, porém não implica necessariamente na servidão. Face ao exposto a expressão da realidade dita pelo jornalista acima, parece se encaixar como uma luva na maneira como Tocqueville pensa as sociedades democráticas. Isso explica o anseio coletivo pela igualdade de condições, custe o que custar, mesmo que a liberdade seja de certa forma restringida, a vontade pelo bem-estar material fala mais alto e é o que motiva os homens. Referências Aron, R. As etapas do pensamentosociológico: Alexis Tocqueville. São Paulo. Martins Fontes, 2000. Tocqueville, Alexis. A democracia na América: Leis e costumes. São Paulo. Martins Fontes, 2005. Chomsky, Noam. A tomada da democracia norte-americana pelo setor corporativo. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/blogs-colunas/colunas-do-new-york- times/noam-chomsky/2010/02/07/a-tomada-da-democracia-norte-americana-pelo-setor- corporativo. Acessado em: 21/11/2014.
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