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Embriologia - Sebenta

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Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade Técnica de Lisboa
Actualizada por Hugo Martins, 2008
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EMBRIOLOGIA E BIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
Ontogenia (Ontogénese)
Estudo do conjunto de fenómenos morfológicos, fisiológicos e
bioquímicos que se dão no ser vivo desde a fertilização até à morte.
Definição de Biologia do Desenvolvimento
Estudo dos fenómenos morfológicos, genéticos, bioquímicos e
moleculares inerentes ao desenvolvimento do ser vivo ao nível da
célula, tecido e órgão.
Não é só intraembrionário (onde ocorre a maioria do desenvolvimento), como
por exemplo, o crescimento dos ossos (20 anos) e a maturação do encéfalo (2
anos).
Definição de Embriologia
“Embryo” – embrião
“logos” – estudo
Na realidade, é o estudo dos fenómenos morfológicos que ocorrem
durante o desenvolvimento do ser vivo desde a fertilização até ao
nascimento.
Estadios do desenvolvimento
Desenvolvimento pré-natal (Homem)
o Período embrionário (fertilização – 8ª semana)
 Período embrionário precoce (fertilização – 3ª semana) –
estabelecimento do sulco neural -> embrião simplificado
 Período de organogénese embrionária (3ª semana – 8ª
semana) -> transição de embrião para feto
o Período fetal (8ª semana – nascimento)
 Organogénese (esboço dos orgãos)
 Histogénese (maturação dos orgãos)
Desenvolvimento pós-natal (há diferenças entre espécies)
Apartir da 8º semana dá-se a transição de embrião para feto.
Aborto precoce – embrião
Aborto tardio – feto
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Definições básicas
Zigoto – célula resultante da união de um espermatozóide com um
“óvulo”
Segmentação ou clivagem – as primeiras divisões mitóticas do zigoto
Blastómeros – células resultantes das divisões de segmentação
Embrião – o novo ser nos primeiros estadios de desenvolvimento (o mais
atrasado – embrioblasto)
Feto – o novo ser a partir da 8ª semana (Homem)
Concepto – o conjunto dos produtos da concepção, isto é, de todas as
estruturas que se desenvolvem a partir do zigoto
FERTILIZAÇÃO
Gametogénese
Meiose
o 1ª divisão (reducional)
 Profase I
 Estadio leptóteno – cromossomas emparelham-se 2
a 2 (mais frouxo)
 Estadio zigóteno – forma-se a tétrada cromatídea;
os cromossomas emparelham-se
 Estadio paquíteno – cromossomas encurtam e
engrossam
 Estadio diplóteno (“crossing over”)
 Diacinese
 Metafase I
 Anafase I
 Telofase I
Não há mais síntese de ADN
o 2ª divisão (equacional) ~ a mitose
 Profase II
 Metafase II
 Anafase II
 Telofase II
2n e 4C de ADN -> 2 células com n
cromossomas e 2C de ADN
n cromossomas com 2 cromatídeos
n cromossomas com 1 cromatídeo
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Espermatogénese
Espermatogónia  Espermatócito de 1ª ordem MI Espermatócito de 2ª
ordemMII 4 Espermatídeos Espermatozóides
Oogénese
Oogonia  Oócito de 1ª ordem MI Oócito de 2ª ordem + Polócito I MII
Óvulo maduro + Polócito II
Células sexuais - gâmetas
Masculino – espermatozóide
Feminino – “óvulo” – nos Mamíferos, não tem existência individualizada
Espermatozóide
Morfologia do espermatozóide:
1. Cabeça (com núcleo – cromatina densa e haplóide -, acrossoma –
lisossoma com enzimas hidrolíticos resultante do complexo de Golgi – e
centríolo)
2. Zona intermédia (com mitocôndrias que fornecem energia ao flagelo)
3. Cauda
Óvulo
o Mamíferos – alecítico (sem existência individualizada)
(sinónimos: isolecítico, oligolecítico, homolecítico)
o Aves, Répteis e Peixes – telolecítico
o Anfíbios (Batráquios) – heterolecítico
o Insectos – centrolecíticos
Oócito e estruturas circundantes após a ovulação
o Oócito de 2ª ordem em metafase + 1º polócito
o Espaço perivitelino
o Envolvidos pela zona pelúcida (invólucro de glicoproteínas)
o Envolvida pela corona radiata
Local da fertilização: Ampola da trompa ovárica (de Falópio)
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Capacitação dos espermatozóides
Ocorre nas trompas uterinas
Anterior à fertilização
Deve-se às secreções das trompas uterinas
Estas induzem alterações na membrana celular dos espermatozóides
Tais alterações são necessárias para que os espermatozóides terem
capacidade de fertilizar o oócito
Penetração da:
Corona radiata
Movimentos de natação dos espermatozóides
através dos espaços entre as células desta
camada
Papel da hialuronidase do acrossoma do
espermatozóide
Zona pelúcida:
Constituintes da zona pelúcida – glicoproteínas ZP1, ZP2 e ZP3
Receptor da ZP3 na membrana celular do espermatozóide
A ZP2 e a ZP3 formam um dímero, cujas fibras são unidas
transversalmente pela ZP1.
A membrana da cabeça do espermatozóide liga-se aos oligossacáridos
da ZP3, desplotanto uma reacção cromossómica, onde se dá a expulsão do
conteúdo enzimático do acromossoma, excepto a acrosina que permanece
ligada ao acrossoma, escavando um túnel na zona pelúcida.
Fusão das membranas celulares do espermatozóide e do oócito:
-Ligação da fertilina (cabeça do espermatozóide) à integrina 61
(membrana celular do oócito), sendo que a membrana celular do
espermatozóide será integrada na do oócito.
Bloqueio da polispermia
Após a entrada do espermatozóide é necessário que ocorra o bloqueio
da polispermia pois impede que outros espermatozóides penetrem, porque os
Mamíferos poliplóides (3n, 4n cromossomas) não são viáveis
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Bloqueio rápido
Ocorre assim que o espermatozóide entra; caracteriza-se por um bloqueio
rápido pois é rápido tanto a aparecer como a desaparecer; consiste numa
despolarização da membrana celular do oócito impedindo que qualquer
espermatozóide que tenha atravessado a zona pelúcida se ligue à
membrana.
Bloqueio lento
Acção das enzimas proteolíticas de grânulos corticais que são enviados para
o espaço perivitelino, provocando a hidrólise das moléculas de ZP3, impedindo
que mais espermatozóides se liguem à zona pelúcida.
Depois da fusão da membrana e da penetração vai ocorrer um rearranjo da
integrina 61, impedindo a fusão de outro espermatozóide.
Activação metabólica do oócito
 Libertação de Ca2+ do citoplasma do óvulo (despolarização)
 Entrada de Na+
 Saída de H+ subida do pH
Descondensação do núcleo do espermatozóide
As protaminas, que estão a cobrir os cromossomas dos espermatozóides
e que fazem com que os cromossomas se enrolem uns sobre os outros através
de pontes dissulfureto, são oxidadas ocorrendo assim um desenrolamento dos
cromossomas. Forma-se assim o pró-núcleo masculino.
Os cromossomas do óvulo também sofrem descondensação
formação do pró-núcleo feminino.
Desenvolvimento dos pronúcleos
Antes da junção dos dois pró-núcleos há síntese de DNA, em que em
vez de um cromatídeo ficam com dois. Posteriormente ocorre a fusão do dois
pró-nucleos – cariogamia, afimixia ou singamia
Em seguida os cromossomas dispõem-se em metafase ou anafase para
dar entrada em mitose.
Consequências da fertilização
1) Finalização da meiose II (óvulo + espermatozóide + polócito II)
Nota: daí o óvulo dos mamíferos não ter existência individualizada
2) Restauração do número diplóide dos cromossomas
3) Determinação do sexo
4) Manutenção da variabilidade genética da espécie
 Alelo paterno e alelo materno
 “Crossing-over” ou decussação
5) Activação metabólica do zigoto iniciação da segmentação
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Partenogénese em Mamíferos: inviável (formação de teratomas)
Clonagem
Clone – população de células derivadas de uma célula ancestral
comum
o Neoplasias (tumores) – célula progenitora   divisões
sucessivas  instabilidade genética das novas células
criação de subclones
o Transdiferenciação: transformação de uma célula
diferenciada noutra igualmente diferenciada.
SEGMENTAÇÃO
Panorama geral
Zigoto blastocisto (formado por blastómeros)
Tipos de segmentação
Total ou holoblástica (ovos isolecíticos e heterolecíticos) blastocisto
Parcial ou meroblástica (ovos telolecíticos) blastodisco ou
blastoderme
Segmentação Total
Mitose de segmentação
o O zigoto não cresce, celulariza-se
o A relação núcleo / citoplasmavai aumentando
progressivamente
Nota: Semelhante à mitose somática mas com algumas diferenças.
Zigoto Concepto rodeado pela zona pelúcida (2 células)
Nota: A zona pelúcida rodeia o concepto até à fase de blastocisto
2 célulasMórula (16 células)
Nota: Até ao estado de mórula o concepto tem sempre a mesma dimensão
Nas primeiras três divisões o volume do núcleo das células-filhas torna-se
metade do volume do núcleo da célula-mãe.
A relação núcleo/citoplasma vai aumentando progressivamente; o
citoplasma vai tornando-se escasso.
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Evolução da segmentação
2 células Mórula (16 células)
o Divisão assíncrona dos blastómeros
Clivagem rotacional:
1ª divisão é Meridiana
2ª divisão é Meridiana num blastómero e Equatorial noutro
Depois de se atingir o estádio de mórula, ocorre a formação do blastocisto,
recorrendo-se à compactação e cavitação:
Compactação dos Blastómeros superficiais através de zónulas de
oclusão, “gap junctions” e produção de E-caderina (liga os
blastómeros)
Cavitação: após impermeabilização do blastocisto (compactação),
ocorre a entrada de sódio extra-blastocitico através das bombas de
sódio e potássio (ATPase), que arrastam água formando o blastocélio
ou cavidade de segmentação
Blastocisto
o Após a primeira diferenciação celular é formado pelo:
 Trofoblasto
 Embrioblasto ou massa celular interna
Diferenciação consoante a relação (contacto) com a zona pelúcida:
Células mais externas - trofoblasto (dá origem a estruturas embrionárias)
Células mais internas - embrioblasto (dá origem a estruturas embrionárias
mais o embrião).
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“Parental Imprinting”
-Permitu descobrir que os genes presentes nos prónucleos paternos e
maternos expressam diferentemente o desenvolvimento embrionário.
Pronúcleo Paterno: Desenvolvimento da placenta (mola hidatiforme)
Pronúcleo Materno: Desenvolvimento do embrião
Inactivação do cromossoma X no sexo feminino (hipótese de Lyon)
Sexo masculino – cromossomas sexuais XY
Y – quase só tem genes determinantes testiculares
X – alberga muitos genes relacionados com a fisiologia somática
hemizigótico para o cromossoma X
Sexo feminino – cromossomas sexuais XX
Se os dois cromossomas estivessem activos, um gene somático situado
no X feminino teria duas vezes mais expressão do que no sexo
masculino
Nota: A fisiologia somática dos sexos masculino e feminino é igual
Conclusão: no sexo feminino, um dos cromossomas X está inactivo
Este cromossoma condensa-se (heterocromatina) e forma a cromatina
sexual ou corpúsculo de Barr – no granulócito neutrófilo, o “drumstick”
XIC – “X – inactivation center”
Xist – “X-inactive specific transcript” transcreve uma espécie de RNA
que cobre o cromossoma X, inactivando-o.
A inactivação dá-se a nível do embrioblasto, aquando a formação dos três
folhetos, ocorrendo de forma aleatório num dos cromossomas X.
No cromossoma X para além de encontrarmos genes determinantes
ováricos também é possível observar genes que expressam características
somáticas, o que não se verifica para o cromossoma Y, em que os genes
presentes ligados a fisiologia somática são de tal modo irrelevantes (como por
exemplo, o crescimento dos pêlos das orelhas) que se consideram apenas
genes determinantes testiculares.
A fisiologia sexual difere consoante o sexo do indivíduo, porém, a
fisiologia somática é semelhante para ambos. Para tal acontecer, vai ter que
haver um equilíbrio semelhante nos dois sexos a nível cromossómico. Para que
no sexo feminino não ocorra maior intensidade na expressão de genes
somáticos que no sexo masculino vai ter que ocorrer inactivação de um dos
cromossomas X.
Ao nível do zigoto feminino ambos os cromossomas X se encontram
activos, a inactivaçao vai dar-se durante o desenvolvimento embrionário. Até
ao estádio de mórula ambos os cromossomas X estão activos; quando se dá a
formação do blastocélio (transição para o estádio de blastocisto) e se forma
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uma camada de células central – embrioblasto - e outra periférica –
trofoblasto (primeira diferenciação), no trofoblasto já se observa a inactivação
de um X (geralmente o cromossoma X proveniente do progenitor masculino),
enquanto que no embrioblasto ambos os dois cromossomas X funcionam;
daqui para a frente, à medida que o embrioblasto se diferencia, a
inactivação do cromossoma X já não é selectiva, é ao acaso. O mecanismo
de inactivaçáo dá-se a partir de uma zona característica – XIC (X-inactivation
center) no cromossoma X, na qual se encontra vários genes, entre os quais o
gene – XIST (X-inactive specific transcript). Este gene sintetiza, transcreve RNA,
apresentando-se como uma molécula muito longa que vai cobrir todo o
cromossoma e impedir a manifestação de outros genes ficando, assim, o
cromossoma X inactivo.
O cromossoma X inactivo vai então formar heterocromatina (cromatina
condensada) aparecendo como um grão volumoso na face interna do
invólucro nuclear, que denominamos de cromatina sexual; fenómeno que em
condições normais ocorre apenas em indivíduos do sexo feminino, porém,
sujeito a algumas excepções em alguns casos patológicos.
Aspectos da biologia do desenvolvimento da segmentação
Estabelecimento de eixos do corpo:
Eixo antero-posterior – Passa entre os dois
blastómeros e no meio do polócito II
Eixo dorso-ventral – No blastocisto; formação dos
dois pólos
Funções da zona pelúcida
 Desencadeia a reacção acrossómica
 Impede a polispermia
 Barreira imunológica entre a mãe e o concepto (não possui
antigénios de histocompatibilidade (MHC), impedindo rejeições da
parte da mãe)
 Nas primeiras divisões de segmentação, impede a desagregação
dos blastómeros
 Impede a nidação prematura do concepto (trompas uterinas) – A
zona pelúcida só desaparece no útero
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Evolução posterior do blastocisto
-Libertação do blastocisto da zona pelúcida
No Cavalo: Zona pelúcida desintegra-se
Nas outras espécies: enzimas furam a zona pelúcida e o blastocisto
escapa por esse buraco
Membrana de Rauber: Porção do trofoblasto que cobre o embrioblasto,
acabando por regredir nos mamíferos domésticos. O embrioblasto que passa
a estar em contacto com a cavidade uterina denomina-se escudo
embrionário
Segmentação nas Aves
Ovo telolecítico (grande riqueza em vitelo)
A casca é constituída por carbonato de cálcio e é porosa (para trocas
gasosas)
Aparelho genital da galinha:
- Nasce com dois ovários – apenas persiste o esquerdo
- É constituído por vários folículos ováricos envolvidos por uma membrana
- Quando se dá a ovulação, o ovário primeiro vai para o infundíbulo (onde se
dá a fusão com o espermatozóide), depois vai o magno (onde é
acrescentada a clara do ovo – albúmen), depois vai para o istmo (onde são
acrescentadas as membranas da casca; neste estádio temos uma gástrula) e
depois vai para o útero, vagina e cloaca.
Zona pelúcida
Blastocisto
1 – Área pelúcida
2 – Área opaca
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Resumo das figuras acima:
A primeira divisão passa por um meridiano (corta a gema em duas
metades iguais)  Formam-se dois blastómeros mas a divisão ainda não é
total.
A segunda divisão é perpendicular à primeira e é também um
meridiano Formam-se quatro blastómeros.
A terceira divisão é perpendicular à primeira de cada um dos seus lados
 Formam-se oito blastómeros
A certa altura passam a haver planos tangenciais e começam assim a
aparecer blastómeros completamente individualizados.
Dá-se a formação do blastocélio primário – Estádio de blastocisto - (ver
melhor nas folhas acima acerca da compactação e da cavitação), da zona
pelúcida, da zona opaca e da blastoderme.
Na blastoderme algumas células vão para a face inferior da
blastoderme (mais volumosas) por delaminação, enquanto outras, por
convergência, vão para os pólos apicais da blastoderme. Por mitoses e
separação da blastoderme vão formar o epiblasto e o hipoblasto.
Deste modo o blastocélio primário foi “dividido” formando-se assimo
blastocélio secundário e o arquêntero.
1 – Área pelúcida
4 – Blastocélio primário
6 – Área opaca
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IMPLANTAÇÃO
(NIDAÇÃO)
Tipos de implantação
 Central – Concepto expande-se até atigir a mucosa uterina (Mamíferos
domésticos)
Nota: Estreita aposição entre o trofoblasto e o endométrio pode danificar o
endométrio (Cavalo e Ruminantes) ou não (Carnívoros e Coelho)
 Excêntrica – Concepto implantado entre duas pregas da mucosa
uterina que depois se fundem isolando o concepto (Roedores)
 Intersticial – Trofoblasto permite a penetração do blastocisto no
endométrio (Primatas)
Acontecimentos durante a implantação
A implantação nos humanos ocorre ao 6º dia
Primerio o concepto tem quer perder a zona pelúcida e sofrer uma
expansão.
A implantação dá-se ao nível do pólo embrionário
Na altura da implantação o embrioblasto já se encontra diferenciado –
2 camadas: epiblasto e hipoblasto
1º Diferenciação Embrioblasto vs Trofoblasto
Depois do epiblasto formar a cavidade amniótica, as células mais dorsais
denominam-se de amnioblastos.
Integrinas
- As integrinas existentes no trofoblasto vão ligar-se à laminina e à fibronectina
existentes nas células epiteliais da mucosa uterina. Começa assim a erosão da
mucosa uterina.
Diferenciação do trofoblasto
o Citotrofoblasto (divide-se e forma…)
o Sinciciotrofoblasto (sincício – célula multinucleada, proveniente
da fusão de várias células uninucleadas – exemplo: osteoclasto
do tecido ósseo) – normalmente não apresenta figuras de mitose
Reacção decidual do endométrio
- Células poliédricas do endométrio formam uma barreira entre a lâmina
própria do útero e o concepto.
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Leucócitos interleucina-2
- Este produto de secreção dos leucócitos impede a rejeição do concepto ao
silenciar os próprios leucócitos.
Barreiras imunológicas
Alimentação do concepto de Mamífero
Embriotrofo – conjunto dos princípios nutritivos absorvidos pelo
concepto. Divide-se em:
o Histiotrofo – proveniente das secreções das mucosas das trompas
e do útero, componentes tecidulares provenientes da destruição
parcial do endométrio
o Hemotrofo – nutrientes veiculados pelo sangue materno
Histiotrofo – desde a fertilização até à implantação (inclusive)
Hemotrofo – desde o estabelecimento da circulação utero-placentária
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EMBRIÃO DIDÉRMICO
8º dia (Homem)
- Formação do Hipoblasto e Epiblasto, ambos rodeados pela cavidade
blastocistica.
- No interior do Epiblasto forma-se a cavidade amniótica
Amniogénese
Pregueamento – Trofoblasto forma duas pregas, as pregas amnióticas, que
se unem no dorso do embrião, envolvendo-o, formando o âmnios
(Mamíferos domésticos, Aves e Repteis)
Nota: Nos mamíferos domésticos (espécies de implantação longa) é muito
tardia (ocorre já depois da formação dos folhetos primários)  O embrião
fica em contacto com o lúmen uterino durante muito tempo.
Cavitação – Formação da cavidade amniótica no interior do epiblasto
(Insectívoros e Quirópteros)
Cavitação e pregueamento – Formação de duas cavidades amnióticos,
uma por pregueamento e outra por cavitação (âmnios secundário)
(Primatas superiores)
Nota: No Homem é muito precoce
9º dia
O concepto já está quase implantado na mucosa uterina  Disco
embrionário didérmico
Em relação ao 8º dia vai haver uma expansão do sinciciotrofoblasto em
relação ao citotrofoblasto (trofoblasto em estádio lacunar)
Células do hipoblasto vão recobrir internamente o citotrofoblasto 
Endoderme parietal/membrana exocelómica (saco vitelino primário)
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12º dia
Grande capilarização materna vai entrar em contacto com o
sinciciotrofoblasto ao nível das lacunas Circulação útero-placentária
O sinciciotrofoblasto está quase a rodear todo o citotrofoblasto
Por delaminação vão-se formar células mesenquimatosas através do tecido
epitelial da membrana exocelómica. As células mesenquimatosas vão dar
origem à mesoderme extra-embrionária que se posiciona entre a membrana
exocelómica e o citotrofoblasto. Quando a mesoderme extra-embrionária se
condensa forma a somatopleura extra-embrionária (placa coriónica) e a
esplancnopleura extra-embrionária, que estão separadas pelo celoma extra-
embrionário
13º dia
As lacunas fizeram com que aparecesse as vilosidades primárias – parte
central: citotrofoblasto; parte periférica: sinciciotrofoblasto.
Ainda se mantém como disco didérmico
O saco vitelino primário vai sofrer vários estrangulamentos, originando o saco
vitelino secundário ocorrendo simultaneamente a formação de quistos
exocelómicos.
A somatopleura forma um pedículo de ligação futuro cordão umbilical
Grande cavidade celoma extra-embrionário
A membrana bucofaríngica/orofaríngica vai indicar a zona onde se irá
formar a cavidade bucal.
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EMBRIÃO TRILAMINAR
GASTRULAÇÃO
Características
Formação dos três folhetos embrionários
Inicia-se com a formação da linha primitiva e nó primitivo (ou de
Hensen) – na parte cranial
O nó primitivo apresenta para o interior uma cavidade  o poço
primitivo ocorre ao 16º dia
Movimentos celulares
 Invaginação
 Formação da endoderme
 Formação da mesoderme
Ocorre ao 18º dia
Primeiro ocorre um aumento da extremidade cranial
A células do epiblasto vão convergir para a linha primitiva e para o nó
primitivo para depois se invaginarem e formarem a endoderme e a
mesoderme
As primeiras células vão deslocar as células do hipoblasto, emprurrando-o
para formar a endoderme. Seguidamente forma-se a mesoderme (células da
mesoderme intra-embrionária) e por último a ectoderme.
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Células do epiblasto (de aspecto epitelial), secretam E-caderina, e
aproximam-se da linha primitiva, incorporando-a ao assumirem “forma de
garrafa” (bottle cells)
Posteriormente, outras células do epiblasto exprimem a protéina FGF8, que
impele a cessação da expressão da E-caderina, transformando-se as células
em células mesenquimatosas , que têm desta forma possibilidade de migrar.
Esta migração é facilitada pelo ácido hialurónico que é secretado pelas
células do epiblasto.
No entanto o principal factor de migração das células da futura mesoderme
é a fibronectina, que se encontra associada à lâmina basal subjacente ao
epiblasto.
Formação do notocórdio
- Dá-se num sentido crânio-caudal
A partir do nó primitivo forma-se a placa pré-cordal (localiza-se entre a
memb. bucofaringea e o notocórdio)
Depois esta origina um canal, o processo notocordal
Seguidamente o processo notocordal funde-se com a endoderme formando
a placa notocordal.
Esta última volta-se a separar da endoderme e forma um cordão maciço, o
notocórdio definitivo (subjacente ao tubo neural; base para o esqueleto axial)
Resumindo: placa pré-cordal  processo notocordal  placa notocordal 
notocórdio definitivo.
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Estruturas derivadas da ectoderme:
Por indução do notocórdio as células da ectoderme sofrem um
espessamento – placa neural (mais larga na parte cranial e mais estreita na
parte caudal). As pregas neurais originam cristas neurais das quais derivam
células muito importantes. Há também um sulco neural.
Estabelecimento dos eixos corporais:
- Durante e após o período de gastrulação
Eixo antero-posterior (ainda antes da gastrulação)
Endoderme visceral anterior (situa-se junto à membrana bucal) expressa
genes essenciais para a formação da cabeça,
segregando os factores:
o OTX2
o LIM1
o HESX1
o Factor cerberus
Eixo dorsoventral (depois de formada a linha primitiva pelo Nodal)
o BMP–4 e FGF - ventralização da mesoderme
o Organizador (nó primitivo) - cessa a actividade de ventralização da
BMP-4.
Promove também a:
Dorsalização da mesoderme cranial: cordina, noggina e folistatina
Dorsalização da mesoderme média e caudal: gene T (Braquiúria)
Factor Nodal (nó primitivo) - formação e manutenção da linha primitiva
HNF-3 - manutenção do nó primitivo; papel no desenvolvimento do
prosencéfalo e mesencéfalo.
19Lado Esquerdo (depois de formada a linha primitiva)
o FGF 8
o Células ciliadas do nó primitivo
o Expressão de Nodal
o Nodal e Lefty-2 PITX2
o Lefty-
o Sonic hedgehog ou SHH
Nota: A Braquiúria (gene T) é segregado pelo notocórdio, sendo necessário
para a expressão de nodal, lefty-1 e lefty-2.
FGF-8 – É sintetizado ao nível da linha primitiva e do nó primitivo – é
impulsionado para o lado esquerdo porque os cílios da parede batem apenas no
sentido esquerdodireito. Mais tarde faz com que ocorra a expressão do lefty-2 que
provoca a expressão do PITX2 que tem um papel muito importante na disposição dos
órgãos do corpo.
O lado esquerdo é mantido pelos dois factores:
- lefty-1  (segregado pelo tubo neural)  vai servir de molécula seladora que
impede que o que está no lado esquerdo passe para o direito
- SHH  produzido no notocórdio; exerce também um efeito selador – impede
que as estruturas surjam no lado direito (impede que os genes se manifestem no lado
direito)
Lado Direito (depois de formada a linha primitiva)
o NKX3.2 (Snail)
Mapa de destino estabelecido durante a gastrulação:
Parte cranial do nó primitivo: placa notocordal e notocórdio
Partes laterais do nó primitivo:
Extremidade cranial da linha primitiva: mesoderme para-axial (somitos)
Porção média da linha primitiva: mesoderme interemédia (ap. urogenital)
Extremidade caudal da linha primitiva: mesoderme lateral (cavidades serosas)
Parte caudal do nó primitvo: formação de mais mesoderme extra-
embrionária (como o saco vitelino primário – hipoblasto).
Nota: Primeiro surge a membrana mucofaríngea e só depois a cloacal
Crescimento do disco embrionário:
- De redondo e achatado, passa a ser gradualmente mais largo e alongado,
com uma extremidade cefálica larga (devido à migração celular a partir da
linha primitiva) e uma extremidade caudal estreita.
Expressão do PITX2 silencia a expressão do Snail
Expressão do Snail silencia a expressão do PITX2
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Preformismo das estruturas derivadas do folheto mesodérmico
Preformismo – é apenas necessário crescer pois as estruturas já existiam todas.
A mesoderme extra-embrionária apresenta duas origens:
- parede do saco vitelino primário
- linha primitiva
Desenvolvimento ulteroir do trofoblasto
O trofoblasto (citotrofoblasto + sinciciotrofoblasto) ao formar as lacunas
forma também vilosidades – as vilosidades primárias
Placa coriónica + trofoblasto (sinciciotrofoblasto + citotrofoblasto) =
córion
O córion mais a somatopleura extra-embrionária formam a parte fetal
Vilosidades trofoblásticas (coriais)
o Primárias: expansões do trofoblasto
o Secundárias: a mesoderme da placa corial (somatopleura extra-
embrionária) vai penetrar nestas vilosidades; as vilosidades
passam a ter três zonas
o Terciárias (com vasos sanguíneos fetais): aqui o sinciciotrofoblasto
vai invadir o citotrofoblasto ficando este na superfície externa 
carapaça citotrofoblástica; deste modo os vasos sanguíneos
surgem da mesoderme somatopleura extra-embrionária (corial)
21
Tipos de vilosidades terciárias:
Vilosidades de ancoragem – vão ancorar a
membrana externa da placenta ao
citotrofoblasto; participam também nas
trocas; funções de fixação, nutrição e
excreção
Vilosidades livres (terminais) – vão participar
apenas nas trocas; funções de nutrição e
excreção
Camada citotrofoblástica externa: inicialmente o concepto contacta com o
endométrio através do sinciciotrofoblasto, e depois através do citotrofoblasto.
GASTRULAÇÃO NAS AVES
Células do epiblasto convergem para o pólo cauda, formando a linha
primitiva.
As células provenientes do epiblasto são incorporadas no hipoblasto,
iniciando-se a formação da mesoderme.
Ao contrário dos mamíferos:
 inicia-se com a formação do hipoblasto
 notocórdio nunca se incorpora na endoderme
3ª A 8ª SEMANA
(PERÍODO DE ORGANOGÉNESE EMBRIONÁRIA)
 Formação de órgãos a partir dos folhetos embrionários
 Tecidos rudimentares
ESTRUTURAS DERIVADAS DA ECTODERME
 Tecido nervoso (sistema nervoso)
 Epiderme
Neurulação
Começa com a formação da placa neural
a partir de um espessamento da ectoderme.
O fechamento da placa neural provoca a
formação do tubo neural.
22
Aspectos moleculares – fenómenos de indução
o Acção da BMP-4
 Ectoderme epiderme
 Mesoderme mesoderme intermédia e placa lateral
o Inibição da BMP-4 – pela cordina, noggina e folistatina
 Ectoderme formação do tubo neural
 Mesoderme notocórdio e mesoderme para-axial
Indução do prosencéfalo e mesencéfalo - Cordina, noggina e folistatina
Indução do rombencéfalo e medula espinal - WNT-3a e FGF
Aspectos morfológicos
Sulco neural da placa neural, origina o tubo neural, por elevação das
duas pregas neurais (ao nível do 5º somito (futura região cervical)),
sendo que este apresenta duas aberturas:
Neuróporo anterior (fecha ao 25º dia)
Neuróporo posterior (fecha ao 27º dia)
Tubo neural origina:
o Vesículas cerebrais
 Prosencéfalo
 Mesencéfalo
 Rombencéfalo
o Medula Espinhal
Crista neural
o Região do tronco
 Via dorsal: origina melanócitos
 Via ventral: origina glânglios linfáticos, SNA, células de
Schwann e medula adrenal
o Região craniana
 Esqueleto crânio-facial, gânglios dos nervos cranianos,
neuróglia, melanócitos, derme facial, etc.
23
Nota: À medida que a placa neural se desenvolve, em direcção à placa
cloacal, a linha primitiva vai regredindo (tem que regredir toda)
Diferenciação das células da crista neural segundo o gradiente de
concentração de BMP-4 na ectoderme
 Melanócitos (epiderme) – na dorsal
 Gânglios nervosos – na ventral
 Células da glia
 Células de Schwann
 Medula da adrenal
 Células C da tiróide (calcitonina)
 Ectomesênquima (ossos da face e do crânio, derme da face e
pescoço)
 Meninges (aracnóide e pia-máter)
Placódios (cristalino e ótico)
À medida que o embrião se desenvolve vão haver espessamentos da
ectoderme – placódios visuais e auditivos (estes depois do espessamento
formam um poço - vesícula ótica)
 Placódios visuais (cristalínicos)
 Placódios auditivos (óticos)
Derivados da ectoderme
 Sistema nervoso central
 Sistema nervoso periférico
 Neuroepitélios da audição, olfacto e visão
 Epiderme e estruturas anexas
 Ectomesênquima
 Adeno-hipófise
24
ESTRUTURAS DERIVADAS DA MESODERME
Diferenciação da mesoderme a partir das partes laterais do nó primitivo
Mesoderme para-axial Extremidade cranial da linha primitiva
Mesoderme interemediária Porção média da linha primitiva
Placa lateral (mesoderme lateral) Extremidade caudal da linha primitiva
 Mesoderme Somatopleura intra-embrionária
 Mesoderme Esplancnopleura intra-embrionária
Nota: Existem cavidades intercelulares entre os dois folhetos, repletas de celoma intra-
embrionário.
Mesoderme para-axial Somitos
Segmentação em somitómeros na região cefálica, ao nível do futuro
occipital, progredindo caudalmente.
Quando se forma o 19º par de somitómeros, o 8º par origina o
primeiro somito.
Os 7 primeiros somitómeros não se diferenciam em somitos.
Á medida que os pares de somitómeros se diferenciam em somitos,
caudalmente ocorre a formação de novos pares de somitómeros,
estando sempre presentes, caudalmente aos somitos, 11 pares de
somitómeros.
Somitos:
o 4 pares occipitais (1º par degenera)
o 8 pares cervicais
o 12 pares torácicos
o 5 pares lombares
o 5 pares sagrados
o 8 a 10 pares coccígeos (5 a 7 pares degeneram)
Nota: A idade de um embrião neste estádio, pode ser associada ao número de somitos.
25
Evolução dos somitos
- As células das paredes ventral e medial dos somitos perdem a sua
organização, perdendo o seu aspecto epitelilal, assumindo aspecto
mesenquimatoso – Esclerótomo
- As células do esclerótomo vão circundar a medula espinhal e o notocórdio,
acabando por ossificar e formando a coluna vertebral
- As células das paredes dorsal e lateraldos somitos migram como
percursoras damusculatura esquelética dos membros e corpo (musculatura
hipaxial)
Após migração das células do esclerótomo e das células musculares, ocorre a
proliferação e migração das células da parte dorsomedial do somito, que ao
descerem pelo lado ventral do epitélio remanescente formam o Miótomo,
responsável pela formação damusculatura esquelética epaxial (vertebral).
O epitélio remanescente vai formar o Dermátomo, responsável pela formação
da derme e hipoderme
Nota: o conjunto das duas camadas (miótomo + dermátomo) forma o dermomiótomo
Resumindo: Desta forma cada
somito forma o seu próprio
Esclerótomo (cartilagem e osso),
Miótomo (segmento muscular) e
dermátomo (segmento cutâneo)
Sindétomo: localiza-se entre o miótomo e o esclerótomo; é semelhante ao
esclerótomo (exprime PAX1), mas exprime o gene scleraxis
- Origina tendões de união entre as vértebras.
26
Outros componentes do somito:
- Células que se diferenciação no endotélio da aorta dorsal
- Formação de vasos inter-vertebrais
Evolução do esclerótomo:
O notocórdio fica completamente envolvido
Entre cada esclerótomo existem artérias intersegmentares
A zona caudal de um esclerótomo mais a zona cranial do esclerótomo
seguinte forma o corpo da vértebra
A zona média – laxa - dos esclerétomos vai formar os discos intervertebrais
O núcleo pulposo é o único sítio onde persiste o notocórdio
Regulação molecular da diferenciação dos somitos
SHH e noggina actuam sobre o notocórdio e a lâmina ventral do tubo
neural, induzindo a formação das células do esclerótomo
PAX1, expresso plas células do esclerótomo, promove a formação de
cartilagem e osso das vétebras (condrogénese e osteogénese)
PAX3, cuja expressão é regulada pelas proteínas WNT da lâmina ventral do
tubo neural, promove a formação do dermomiótomo
MYF5, cuja expressão também é regulada pelas proteínas WNT, produzido
pela lâmina dorsal do tubo neural, promove a formação da musculatura
epaxial
MYOD é o resultado da interacção entre a BMP-4 (placa lateral) e produtos
WNT (epiderme), e promove a formação dosmúsculos hipaxiais
NT-3, secretada pela lâmina dorsal do tubo neural, promove a formação
da derme
27
Mesoderme intermédia Nefrótomos e Cordão nefrogénico
Segmentação em nefrótomos.
Massa celular não segmentada: cordão nefrogénico
Estas estruturas vão originar as unidades excretoras do sistema urinário
(nefrónio) e gónadas – Aparelho Urogenital
Placa lateral Paredes corporais e do intestino primitivo e membranas
serosas
Mesoderme parietal + ectoderme subjacente Parede corporal lateral e ventral
- Esplancnopleura intra-embrionária
Mesoderme visceral + endoderme subjacente Parede do intestino primitivo
- Esplancnopleura intra-embrionária
Células das mesoderme parietal que revestem a cavidade intra-embrionária:
- membranas serosas (peritoneu, pleura e pericárdio)
Células das mesoderme visceral que revestem a cavidade intra-embrionária:
- membrana fina em torno de cada orgão
A partir do 12º dia já existe no concepto:
- Somatopleura extra-embrionária
- Esplancnopleura extra-embrionária
- Celoma extra-embrionário (na cavidade intra-embrionária)
Mesoderme parietal – somatoplêurica intra-embrionária
Mesoderme visceral – esplancnoplêuricaa intra-embrionária
28
Sangue e vasos sanguíneos (derivados da mesoderme)
Vasculogénese:
Por acção da FGF2, os ilhéus sanguíneos (mesoderme esplancnopleura
extra-embrionária) originam hemangioblastos (percursores das células e
vasos sanguíneos)
- Os hemangioblastos centrais originam as células estaminais
hematopoiéticas (sanguíneas)
- Os hemangioblastos periféricos diferenciam-se em angioblastos, que por
acção da VEGF, são induzidos a formar células endoteliais.
Angiogénese
Por accção da VEGF, ocorre a formação de novos vasos a partir de vasos
já existentes.
Diferenciação das células sanguíneas:
- As células estaminais hematopoiéticas do saco vitelino vão migrar para a
região-aorto-gonado-mesonéfrica, onde se diferenciam em células-tronco
hematopoiéticas, as quais colonizarão o fígado, baço e finalmente a medula
óssea.
29
ESTRUTURAS DERIVADAS DA ENDODERME
Formação do intestino primitivo
- A ectoderme é formada pelo saco vitelino, que se encontra exteriorizado
do embrião.
- Com o desenvolvimento das vesículas cefálicas (crânio), o embrião
começa a dobrar-se formando a flexura cefalo-caudal, sendo o dobramento
mais pronunciado ao nível da cabeça e cauda, onde se formam as pregas
cefálica e caudal.
- Devido à flexura cefalo-caudal, parte da cavidade do saco vitelino
(revestida por endoderme), é incorporada no corpo do embrião.
- Dessa endoderme incorporada são formados os intestinos anterior, médio
e posterior.
- O encerramento das porções anterior e posterior do intestino, é realizado
devido à flexura lateral do embrião.
- O intestino médio continua no entanto a comunicar com o saco vitelino
através do ducto vitelino, que se apresenta cada vez mais estreito durante o
desenvolvimento embrionário.
30
Na extremidade cefálica do intestino primitivo, surge uma membrana
ectodérmico-endodérmica, a membrana bucofaríngea, que se rompe na 4ª
semana, estabelecendo-se uma conexão entre a cavidade amniótica e o
intestino primitivo.
Em seguida, na extremidade caudal do intestino, surge a membrana cloacal,
que se rompe na 7ª semana, produzindo uma abertura para o ânus.
Nota: O desenvolvimento dá-se no sentido crânio-caudal
Nesta altura o Alantóide involui, formando-se uma pequena bolsa que
desemboca na membrana cloacal, que irá originar a bexiga.
Surge nesta altura o divertículo traqueal, cuja lâmina epitelial da mucosa é
de origem endodérmica, sendo o percursor da traqueia
Intestino primitivo
Intestino faríngico – da membrana bucofaríngea até ao divertículo traqueal
Intestino anterior – até ao fígado
Intestino médio – até ao 2º terço do cólon
Intestino posterior – até à membrana cloacal
Derivados da endoderme
 Lâmina epitelial da mucosa
o Digestiva
o Respiratória
o Bexiga e uretra
 Células foliculares da tiróide
 Células parenquimatosas das paratiróides
 Parênquima do fígado (hepatócitos)
 Parênquima exócrino e endócrino do pâncreas
 Células reticulo-epiteliais do timo
 Epitélio de revestimento do canal auditivo e do tímpano
Nota: A tiróide tem uma origem dupla, pois as células C são originadas das
cristas neurais (ectoderme)
31
Formação de Padrões:
Eixo Antero-Posterior
- Regulação pelos genes homeobox (180 nucleótidos), que codificam
proteínas de homeodomínio (60 aa)
- Evolução sequencial das diversas estruturas ao longo do eixo antero-
posterior
Exemplos:
-Encerramento do neuroporo anterior e depois do posterior (ectoderme)
-Grau de desenvolvimento dos membros anteriores é mais avançado que os
posteriores (mesoderme)
-Involução da membrana bucofarínge e depois da cloacal (endoderme)
Resumindo: As estruturas anteriores evoluem mais rapidamente que as posteriores.
Nos mamíferos domésticos existem 4 grupos de genes homeobox (HoxA, B, C
e D), cujos grupos parálogos são grupos com cópias do mesmo gene em
grupos diferentes (ex: HoxA9, HoxB9, HoxC9 e HoxD9).
Aparência Externa no fim da 4ª semana (Homem)
- Somitos (28)
- Arcos faríngeos ou branquiais
- Aumento da cabeça
- Formação de:
-membros (com os raios na extremidade – futuros dedos)
torácico: entre o último somito cervical e o 1º torácico
pélvico: abaixo do cordão umbilical
-face
-ouvido
-nariz
-olhos
32
CCóórriioonn
ÂÂmmnniiooss
AAllaannttóóiiddee
VV.. vviitteelliinnaa
ANEXOS EMBRIONÁRIOS
PLACENTA
Córion: trofoblasto + mesoderme somatoplêurica extra-embrionária (placa
corial)
Âmnios: Bem desenvolvido
Vesícula vitelina
Vesícula alantóideia (alantóide) – muito importante nas trocas
Concepto humano:
Âmnios bem desenvolvido
Vesícula vitelina pouco desenvolvida
Alantóiderudimentar
Concepto equino:
Âmnios bem desenvolvido,
Vesícula vitelina bem desenvolvida
Alantóide rodeia completamente o âmnios (“2 sacos de águas”)
Concepto bovino
Âmnios bem desenvolvido,
Vesícula vitelina forma de Y invertido (2 apêndices); regride precocemente
Alantóide não rodeia completamente o âmnios
Concepto suíno
Âmnios bem desenvolvido,
Vesícula vitelina forma de Y invertido; involui até ao parto
Alantóide não rodeia completamente o âmnios; atrofia progressiva
Concepto de carnívoro
Âmnios bem desenvolvido,
Vesícula vitelina atrofia quando a alantóide se desenvolve
Alantóide rodeia completamente o âmnios
Córion forma um anel (placenta zonal)
33
Concepto de ave
Âmnios bem desenvolvido,
Vesícula vitelina atrofia à medida que o embrião/feto utiliza o vitelo
Alantocórion é a fusão do alantóide com o córion, e vai crescendo
progressivamente, à medida que substitui o albúmen
Placenta
- Interface de troca de substâncias entre o feto (metabolitos do catabolismo)
e amãe (nutrientes) e vice-versa
Parte materna: endométrio
Intacto : equinos, ruminantes e suínos
Corroído: humanos, carnívoros e coelho
Parte fetal: córion
Estruturas entre a mãe e o feto:
Tipos de placenta (do menor ao maior grau de destruição) :
Placenta epitelio-corial – cavalo, ruminantes e porco
Superfície de trocas: epitélio do endométrio e trofoblasto do córion
Não há qualquer tipo de destruição da mucosa uterina
Todas as estruturas estão presentes e organizadas
Placenta endotelio-corial – carnívoros
Superfície de trocas: endotélio dos capilares do endométrio e trofoblasto
Após corrosão da mucosa uterina materna (implantação), deixa de existir
epitélio uterino
Placenta hemo-corial – homem
Superfície de troca: sangue materno e trofoblasto
Grande corrosão da mucosa uterina; o córion contacta directamente com o
sangue materno
34
MECANISMOS INTERVENIENTES NO DESENVOLVIMENTO
Estádios precoces:
- Células morfologicamente semelhantes com funções básicas de síntese
proteica e respiração celular.
Com a compactação e cavitação:
1ª Diferenciação: formação do trofoblasto e do embrioblasto
2ª Diferenciação: trofoblasto origina o citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto
3ª Diferenciação: embrioblasto diferencia-se em epiblasto e em hipoblasto
Mecanismos do desenvolvimento:
 Diferenciação
 Formação de padrões (“patterning”)
 Migração celular
 Morte celular
 Crescimento
 Diferenciação
- Alterações de maturação estáveis que experimenta a estrutura e
propriedades de uma célula, com especialização de funções específicas
por perda de outras funções, por repressão e expressão de determinados
genes.
- A função específica de uma cél. diferenciada deve-se aos seus
organitos particulares e produção de elemntos da ME.
- Apesar da diferenciação, o genoma das diferentes células diferenciados
de um mesmo organismo é constante. Apenas os linfócitos B são capazes
de alterar o seu genoma.
Para que uma célula se diferencie é necessário que ocorra:
Determinação: alterações intracelulares, hereditárias, não detectáveis
morfológicamente que obrigam a célula a entrar numa determinada
via de diferenciação.
Conceitos:
Potência prospectiva: capacidade de diversidade diferenciativa
Ex: potência prospectiva do blastocisto é igual à do zigoto, mas superior à do
trofoblasto
Significado prospectivo: o que realmente a célula vai originar
Ex: num concepto de 2 blastómeros, cada blastómero tem potência prospectiva
de um embrião, mas significado prospectivo de apenas ½ embrião.
Cél. Estaminal Cél. Progenitora Cél. Determinada Cél. em Diferenciação Cél. Diferenciada
35
Totipotência: caso dos gémeos unizigóticos e do armadilho de 9 faixas –
possibilidade de originar seres vivos distintos a partir do mesmo zigoto
Tipos de desenvolvimento da determinação:
Desenvolvimento de regulação – estádio transitório (deixa de ocorrer à
medida que ocorre diferenciação). No fígado ocorre num período pós-
natal (regeneração)
num concepto de 2 blastómeros, cada blastómero tem potência prospectiva de um
embrião, mas significado prospectivo de apenas ½ embrião.
Desenvolvimento em mosaico (Caso dos tunicados) - cada território do
ovo já está determinado pela ectoderme, mesoderme e endoderme.
num concepto de 2 blastómeros, cada blastómero tem potência prospectiva =
significado prospectivo, que é ½ embrião.
Causas da determinação:
o Determinantes citoplásmicos (insectos (grânulos polares) Ex: Ascídias)
o Interacções celulares
Indução: primária (ves. ópticacristalino) ou secundária (cristalino córnea)
-Permissiva (recíproca Ex: mesodermeectoderme)
-Instrutiva (cél. actua especificamente noutra Ex: notocórdioplaca neural)
Competência: estado durante pouco tempo
O mesênquima controla o desenvolvimento da ectoderme adjacente,
estando a sua indução condicionada pelas informações genéticas da
ectoderme.
Ex: mesênquima de rato + ectoderme do tronco de frango penas (não pelos)
Excepção: mesênquima molar de rato + epitélio da mandíbula de frango 
desenvolvimento de dentes (herança filogenética das aves)
Meios de interação tecidulares:
oContacto directo (ex: metanefro nefrónio)
oAtravés matriz extracelular (ex: cristalino córnea)
o Substâncias difusíveis (ex: notocórdioplaca neural)
Genética da determinação
oGenes maternos: definem os eixos crânio-caudal e dorso-ventral
oGenes de segmentação:
Gap-genes: definem regiões vastas do embrião
genes regra par: expressam-se segmento sim, segmento não (7 segmentos
genes de polaridade do segmento: definem as extremidades dos segmentos
(14 segmentos)
oGenes homeóticos: determinam as características regionais
36
 Formação de padrões
- Conjunto de processos em que cada célula tem informação para
ocupar a sua posição, segundo o plano de organização (Bauplan) do
organismo e a informação posicional de cada célula.
Teratomas: massas tecidulares derivadas da ectoderme, mesoderme e
endoderme, com diferenciação celular sem plano de organização.
Substâncias morfogénicas (permitem o estabelecimento de padrões)
-Ácido retinóico (ex: formação de um membro)
-SHH (ex: formação dos padrões das penas)
 Migração celular
- Deslocamento de células ou grupos celulares afim de formar estruturas
ou induzir formação de outras.
Exemplos:
- gastrulação (migração das células do epiblasto para a linha primitiva com a
formação do notocórdio);
- formação da crista neural (migração da ectoderme);
- diferenciação dos somitos (esclerótomo e miótomo);
- células germinais (migração da parede do saco vitelino para o primórdio da
gónada)
Moléculas de adesão:
o Moléculas de adesão celular (CAM)
Cálcio-independentes
- N-CAM
- Ng-CAM
Cálcio-dependentes
- E-caderina (LCAM)
- N-caderina
- P-caderia
o Moléculas de adesão das células à matriz extracelular (SAM)
- Colagénio, glicoproteínas, proteoglicanos
o Junções intercelulares (CJM)
- Zónulas de oclusão e junções comunicantes
37
 Morte celular
Apoptose: morte celular programada através da clivagem do DNA por
endonucleases (diferente de necrose)
- filogenética (regressão da cauda do embrião nos seres humanos)
- morfogenética (para o desempenhar da função dos órgãos: apoptose
das membranas interdigitais e das membranas bucofaríngea e cloacal)
- perda difusa de células num órgão ( sinapses sem função necessária
no sistema nervoso central)
 Crescimento
Mecanismos do crescimento:
o Hipertrofia (aumento de tamanho)
o Hiperplasia (aumento do nº de células)
o Matriz extracelular (desenvolvimento)
Tipos de crescimento:
o Alométrico ou diferencial: característico da vida uterina
o Isométrico: característico da vida pós-natal
Interfase: G1 S (síntese de ADN) G2 Mitose
 A célula recebe estímulos para voltar a entrar em mitose
 Inibida pelo interferão β-IFN (célula fica em G0)
Estimulação do crescimento: mecanismo de actuação dos factores de
crescimentoo Hormona do crescimento (somatotrófica – GH):
- promove a passagem de células de G1 a S
o Somatomedinas
 IGF-1 (somatomedina C)
 IGF-2 (somatomedina A)
o Factores de crescimento
 PDGF (platelet derived growth factor) – G0 G1
 EGF (epidermal growth factor) - epiderme
 FGF (fibroblast growth factor) - fibroblastos
Inibição do crescimento
o EGI G1
o EGI G2
o Interferão  (-IFN)
o TGF-
38
CAVIDADES CORPORAIS
Membranas serosas do adulto (folhetos visceral e parietal)
 Pleura
 Pericárdio
 Peritoneu
Celoma extra-embrionário
- Forma-se ao 12º dia no concepto humano
- Delimitado pela:
Mesoderme Somatoplêurica extra-embrionária: cobre a superfície
interna do citotrofoblasto e a superfície externa do âmnios
Mesoderme Esplancnoplêurica extra-embrionária: reveste
externamente o saco vitelino
Celoma intra-embrionário
- Aparece no fim da 3ª semana, continuando-se inicialmente com o
celoma extra-embrionário
- Resulta da divisão da placa lateral da mesoderme em:
o Mesoderme Somatoplêurica intra-embrionária folheto parietal
o Mesoderme Esplancnoplêurica intra-embrionária folheto visceral
Devido às flexuras cefalo-caudal e lateral do embrião, a comunicação entre o
celoma extra-embrionário e o celoma intra-embrionário desaparece.
39
Ligamentos peritoneais (Mesentério):
o Mesentério dorsal: suspende o intestino primitivo
o Mesentério ventral: apenas no intestino anterior (septo transverso)
O mesentério consiste numa dupla camada de peritoneu que proporciona um via
para os nervos, vasos sanguíneos e linfáticos, aos órgãos da cavidade peritoneal.
No coração os ligamentos formam o Mesocárdio:
o Mesocárdio dorsal
o Mesocárdio ventral (acaba por desaparecer por apoptose)
A cavidade celómica divide-se devido à ocorrência da formação do septo
transverso, espessa placa de tecido mesodérmico, que não separa totalmente
as cavidades torácica e abdominal, deixando grandes aberturas, os canais
pericardioperitoneais ou pleurais, de cada lado do intestino anterior, a partir
dos quais se desenvolverão os pulmões.
A formação deste septo ocorre entre o coração e o fígado (tendo um
papel importante na formação deste), separando assim o pericárdio do
peritoneu.
Nota: Nesta altura o coração apresenta apenas um átrio
40
Separação do pericárdio da pleura
- Os pulmões ao desenvolverem-se, espandem-se no sentido caudo-lateral,
ao longo dos canais pleurais, que se tornam muito pequenos, dando-se a
expansão dos pulmões para o mesênquima.
- A expansão dos pulmões é acompanhada pela formação das pregas
pleuro-pericárdicas, que se projectam da parede da cavidade torácica.
- Estas pregas ao incluírem as veias cardinais comuns e os nervos frénicos,
vão originar asmembranas pleuro-pericárdicas
- As veias cardinais comuns e nervos frénicos deslocam-se para a linha
média, enquanto que as membranas pleuropericárdicas acabam por se fundir
uma à outra, e à raiz (hilo) dos pulmões, provocando a divisão da cavidade
torácica numa cavidade pericárdica (coração) e duas cavidades pleurais.
Nota: No adulto as membranas pleuro-pericárdicas formam o folheto parietal do
pericárdio (pericárdio fibroso)
Formação do diafragma
- A abertura entre as cavidades pleural e peritoneal é progressivamente
fechada, pelas pregas pleuro-peritoneais, que se vão projectando na
extremidade caudal dos canais pleurais.
- Estas pregas ao chegarem ao septo transverso, obliteram os canais pleurais,
fundindo-se com o mesentério do esófago e com o tecido mesenquimatoso
do septo transverso.
- Assim, as membranas pleuro-peritoneais dividem as cavidades pleural e
peritoneal.
- Em seguida, mioblastos da parede corporal penetram nas membranas
formando a parte muscular do diafragma.
Desta forma o diafragma deriva das seguintes estruturas:
 Septo transverso
 Membranas pleuro-peritoneais
 Mesentério dorsal do esófago (pilares)
 Componente muscular da parede corporal
41
APARELHO RESPIRATÓRIO
Divertículo respiratório
Por volta das quatro semanas, na face ventral do intestino anterior (região
da futura faringe) surge uma estrutura com forma de dedo de luva, o
divertículo respiratório, que comunica com o intestino anterior através do
orifício laríngeo.
A localização deste divertículo é determinada por sinais do mesênquima
circundante (mesoderme esplancnoplêurica intra-embrionária), como o FGF,
que induzem a diferenciação da endoderme.
Desenvolvimento do divertículo respiratório:
- Cresce num sentido crânio-caudal
- Encontra-se dividido do intestino anterior pelas cristas traqueo-esofágicas,
que ao se fundirem originam o septo traqueo-esofágico.
- Mantém uma estreita comunicação com o intestino anterior - orifício
laríngeo
Histogénese do aparelho respiratório:
Epitélio respiratório origem na endoderme
Tecido conjuntivo, cartilagens e músculo origem na mesoderme
esplancnoplêurica intra-embrionária
Células neuroendócrinas origem na ectoderme (crista neural)
(brônquios e bronquíolos)
42
Laringe
Epitélio da mucosa: endoderme
Cartilagens e músculos: mesênquima do 4º e 6º arcos faríngeos (branquiais)
Orifício laríngeo: inicialmente em forma de fenda, depois passa a ter a forma
de um T
Estruturas presentes:
- Cartilagens: epiglote, aritenóides, tiróide e cricóide
- Ventrículos laríngeos
- Cordas vocais
- Pregas vestibulares (falsas cordas vocais)
- Músculos inervados pelo nervo vago (10º par craniano)
oNervo laríngeo superior (músculos do 4º arco faríngeo)
oNervo laríngeo recorrente (músculos do 6º arco faríngeo)
Nota: no cavalo verifica-se a paralisia do nervo laríngeo recorrente
Desenvolvimento da árvore traqueobrônquica
Pulmões: desenvolvem-se nos canais pericardio-peritoneais e resultam de
um emaranhado de ramificações dos brônquios e bronquíolos com
alvéolos pulmunares.
Grau de ramificação: controlado pela mesoderme esplancnoplêurica intra-
embrionária
Pregas pleuro-pericárdicas e Pregas pleuro-peritoneais:
- Definição das cavidades pleurais (espaços entre a pleura parietal e visceral)
A traqueia ramifica-se em brônquios de ordem 0, e cada um ramifica-se
para cada lobo do pulmão (no caso dos humanos o brônquio esquerdo
ramifica-se em três e o direito em dois).
43
Fenómenos moleculares que presidem à ramificação da árvore brônquica:
- A mesoderme (espl. i.e.) controla o grau de ramificação da endoderme
mesoderme que rodeia a traqueia impede a sua ramificação
mesoderme que rodeia os brônquios promove a sua ramificação
Logo:
Mesoderme dos brônquios + endoderme da traqueia ramificação
Mesoderme da traqueia + endoderme dos brônquios ausência de ramificação
- Crescimento do brônquio: Enquanto se alonga, não se ramifica
o FGF-10 (mesoderme) - induz o crescimento dos brônquios (proliferação
da endoderme do ápex das ramificações).
o BMP-4 (endoderme) - inibe o crescimento dos brônquios
o SHH (endoderme) - inibe a formação de FGF-10 e induz o crescimento
das células da mesoderme que rodeia o ápex
da ramificação.
o TGF-1 (mesoderme)- inibe formação de FGF-10 e promove a síntese de
fibronectina e colagénio (tipos I, III e IV) na
ponta do brônquio o que impede o crescimento
deste Ramificação
Deste modo a ramificação dá-se devido à inibição do alongamento nalguns
momentos da proliferação celular.
A seguir à ramificação surgem novos centros de células mesodérmicas
secretoras de FGF-10, e o ciclo repete-se.
44
Maturação dos pulmões:
Período pseudoglandular – 5 a 16 semanas
oAspecto histológico semelhante a uma glândula
composta
o Bifurcação até bronquíolos terminais
oNão há bronquíolos respiratórios
Período canalicular – 16 a 26 semanas
oCada bronquíolo terminal divide-se em 2 ou mais
bronquíolos respiratórios sem pneumócitos do tipo I
(Respiração impossível)
oCada bronquíolo respiratório divide-se em 3 a 6
ductos alveolares
Período dos sacos terminais – 26 semanas ao nascimentoo Formam-se os sacos terminais (sacos alveolares)
o Formação dos os pneumócitos do tipo I que se
encontram em estreito contacto com os capilares
o Pneumócitos do tipo II – fim do 6º mês
Período alveolar – dos 8 meses aos 10 anos
oNa altura do nascimento – cerca de 1/6 dos alvéolos do adulto
oMaturação pós-natal na formação dos sacos alveolares
 Histogénese dos pulmões (resumo)
Endoderme  epitélio da mucosa dos brônquios e bronquíolos, epitélio
dos alvéolos pulmonares
Crista neural  células neuroendócrinas intercaladas no epitélio da
mucosa dos brônquios e bronquíolos
Mesoderme (esplancnoplêurica intra-embrionária)  tecido conjuntivo
dos brônquios, bronquíolos, septos interalveolares, septos interlobulares e
folheto visceral da pleura; tecido muscular dos brônquios e bronquíolos;
cartilagens dos brônquios
45
APARELHO DIGESTIVO
Devido às flexuras cefalo-caudais e laterais do embrião, parte do saco
vitelino, que é revestido internamente por endoderme, é incorporado no
embrião de modo a formar-se o intestino primitivo. As estruturas que não são
interiorizadas, permanecem fora do embrião, e são o alantóide e o restante
saco vitelino (com o respectivo pedículo de ligação).
Divisões do intestino primitivo:
Intestino anterior - da membrana bucofaríngica ao local de formação
do primórdio do fígado
Intestino médio - do local de formação do primórdio do fígado à união
terço médio do septo transverso.
Intestino posterior - do final do intestino médio até à membrana cloacal.
Posteriormente do intestino anterior surge o intestino faríngeo passando a
existir 4 porções no intestino primitivo:
Intestino faríngeo (faringe)
Intestino anterior
Intestino médio
Intestino posterior
46
Mecanismos moleculares no desenvolvimento do tubo digestivo:
Endoderme exprime o SHH que activa na mesoderme esplancnoplêurica
determinados genes Homeóticos (HOX), consoante a localização do intestino,
permitindo a maturação nas diferentes porções do tubo digestivo.
Mesentérios
Peritoneu
Folhetos:
Parietal: forra o abdómen
Visceral: forra externamente as vísceras
Órgãos intraperitoneais - rodeados completamente por peritoneu
ex.: estômago, intestino delgado, baço, etc.
Órgãos retroperitoneais - umas das faces contacta com peritoneu
ex.: mesonefro (Rim), pâncreas (só se torna retroperitoneal mais tarde)
Ligamentos peritoneais: camadas duplas de peritoneu (mesentérios)
que passam entre órgãos ou de um órgão para a parede corporal, e
que são o local de passagem de nervos, vasos sanguíneos e linfáticos.
Mesentério dorsal – ao longo do sistema digestivo
Mesentério ventral – só existe na região caudal do esófago, estômago e
duodeno
INTESTINO ANTERIOR
 Esófago
- Inicialmente é um tubo curto e estreito que se encontra junto com a
traqueia, separando-se mais tarde através do septo traqueo-esofágico.
- Após deslocação no sentido posterior dos pulmões e coração, cresce
em comprimento.
- A endoderme vai originar o epitélio e lâmina própria do esófago
Inicialmente existe um lúmen que desaparece para depois voltar a
aparecer
- Músculo esquelético da túnica muscular: proveniente de músculo liso,
que se diferencia em esquelético através da expressão de novos genes
(MYF-5) por parte das células musculares lisas Transdiferenciação
47
 Estômago
- Inicialmente consiste numa dilatação fusiforme do intestino primitivo,
dispondo-se no eixo antero-posterior.
- Ocorrem deslocamentos ao longo de dois eixos:
londitudinal: roda 90º; face posterior cresce mais que a anterior
antero-posterior: cárdia move-se para a esquerda e o piloro para a
direita
Ligamentos peritoneais:
Mesogastro dorsal: organogenese baço, passa o pâncreas a
retroperitoneal, forma a bolsa do omento que depois origina o
omento maior
Mesogastro ventral: omento menor e ligamento falciforme, que
depois origina o ligamento redondo do fígado
Os mesogastros também se movem com as rotações, sendo que a
rotação longitudinal provoca a formação da bolsa do omento ao nível
do mesogastro dorsal.
Nesta altura o mesogastro ventral já inclui o fígado
O mesogastro dorsal participa na organogénse e engloba o baço,
ligando-o ao estômago atavés do ligamento gastro-liénico e ao rim pelo
lieno-renal.
O mesogastro ao fundir-se com o folheto parietal do peritoneu, faz com
que o pâncreas, anterior órgão intraperitoneal, passe a ser retroperitoneal
Com a fusão dos dois folhetos ao nível da bolsa do omento, esta deixa
de exisitir, formando assim o Omento maior
O Omento menor e o ligamento falciforme (após o nascimento forma o
ligamento redondo do fígado por regressão da veia umbilical) derivam
do mesogastro ventral (proveniente so septo transverso).
Histogénese do estômago:
Fim do 2º mês surgem as pregas e fossetas gástricas
No início do período fetal começam a diferenciar-se os tipos de
células da lâmina epitelial da mucosa
Secreção de HCl só se dá momentos antes do nascimento, devido à
perda de ligação entre o estômago e o âmnios.
48
 Estômago dos Ruminantes
-O desenvolvimento inicial é semelhante ao dos Monogástricos
O rúmen desenvolve-se como uma expansão do fundo do
estômago primário, ao nível da curvatura menor.
O retículo origina-se numa bolsa caudo-ventral do rúmen.
O omaso forma-se a partir de uma vasta evaginação da curvatura
menor do estômago primário
O abomaso é estômago glandular
O rúmen sofre um movimento de báscula para trás, ficando sobre o
abomaso e com o retículo situado cranialmente
Ocorre uma torção do estômago de maneira a que o esófago e o
duodeno fiquem do mesmo lado
 Duodeno
- Formado pela parte terminal do intestino anterior, e a parte inicial do
intestino médio
- Tal como o pâncreas, inicialmente é intraperitoneal e depois passa a
retroperitoneal
- A partir deste desenvolve-se o Pâncreas
- Está fixado pelo mesoduodeno e mesogastro
- Durante o segundo mês passa por um estádio sólido, devido à
proliferação de células que obliteram o seu lúmen, ocorrendo
posteriormente a recanalização através da formação de cavidades.
 Fígado e vesícula biliar
- Tem origem num divertículo hepático onde as células proliferam
rapidamente e penetram o septo transverso
- A vesícula biliar surge de uma invaginação ventral, que se encontra
ligada ao fígado pelo ducto biliar, que evolui depois para ducto
colédoco.
- Os cordões de hepatócitos provêm da endoderme
- As células hematopoiéticas, células de Kupffer, células de Ito,
fibroblastos, surgemmesoderme do septo transverso
- Os sinusóides formam-se a partir dos vasos vitelinos
Regulação molecular:
FGF-2 (mesoderme cardíaca): bloqueia a acção dos inibidores de
diferenciação hepática, permitindo a diferenciação de células do
intestino anterior em tecido hepático, na região hepática.
Nota: todo o intestino anterior tem capacidade de diferenciação em tecido
hepátic, mas essa capacidade é inibida pelas células dos tecidos circundantes.
HNF-3 e 4 (células hepáticas): controlam a diferenciação das células
hepáticas em hepatócitos e em células de linhagem biliar.
49
 Pâncreas
- Surge da endoderme do duodeno, aparecendo formado por dois
divertículos, o esboço dorsal e o esboço ventral, que se encontram
incialmente em lados opostos do duodeno, sendo que com a sua
rotação, os esboços paroxima-se e fundem-se quase na totalidade.
Nota: no cão e no gato o dorsal forma um lobo esquerdo e o ventral um
lobo direito).
Vias excretoras exócrinas:
Ducto pancreático principal (de Wirsung) + ducto colédoco penetram no
duodeno na Papila Maior (ampola de Vater)
Ducto pancreático acessório (de Santorini) penetra no duodeno na Papila
Menor
Nota: no Homem a papila menor é cranial à maior, nos mamíferos domésticos
é ao contrário.
Maturação histológica
Diferenciação da porção exócrina:
Estadio prediferenciado: formação de um sistema de túbulos
ramificados a partir da parede do intestino anterior. Algumas células
progenitoraspancreáticas apresentam níveis ínfimos de produção de
enzimas digestivos.
Estadio protodiferenciado: ramificação intensa dos túbulos
pancreáticos. Notam-se células exócrinas que sintetizam enzimas
digestivos em níveis baixos.
Estadio diferenciado: ácinos bem evidentes. As células exócrinas estão
ultrastruturalmente maduras, apresentando no citoplasma grânulos
zimogénicos. Sistema ductal definido
Diferenciação da porção endócrina:
Ocorre durante o estadio protodiferenciado, formam-se agregados
sólidos de células que se destacam do sistema de túbulos.
Primeiro diferenciam-se as células A (glucagon) e PP (polipéptido
pancreático) e só depois as B (insulina) e as D (somatostatina).
Tem origem na endoderme pancreática (não na crista neural)
50
Fenómenos moleculares
Na Célula progenitora comum, por acção da FGF e activina:
- Inibe-se a expressão de SHH
- Induz-se a expressão de PDX-1 (gene Hox) origina células exócrinas,
mas também endócrinas ao promover a expressão de:
o PAX4 e PAX6: diferenciação de células B, D e PP
o PAX6: diferenciação de células A
INTESTINO MÉDIO
É constituído pela ansa intestinal primária, com um eixo e com a artéria
mesentérica, e encontra-se em contacto com o saco e ducto vitelino.
A ansa intestinal primária possui dois segmentos:
o Segmento cefálico - diferencia-se na parte distal do duodeno, jejuno
e parte do íleo
o Segmento caudal - diferencia-se no segmento distal do íleo, cego,
apêndice cecal, cólon ascendente e os primeiros dois terços do cólon
transverso
Hérnia umbilical fisiológica: O cresciemnto rápido do
fígado, que torna a cavidade abdominal demasiado
pequena, associado ao alongamento rápido do intestino
médio, promove a passagem de parte da ansa intestinal
para uma porção do cordão umbilical (extra-
embrionária).
Posteriormente: A ansa vai sofrer uma rotação de 270º (90º durante o período de
hérnia umbilical e 180º após a reentrada do intestino na cavidade abdominal); o
segmento caudal passa para a direita e o segmento cranial para a esquerda
51
Retracção das ansas intestinais herniadas deve-se:
o Regressão do mesonefro
o Crescimento mais lento do fígado
o Expansão da cavidade abdominal
Maturação das células epiteliais da mucosa intestinal
Nas criptas de Lieberkün as células estaminais endodérmicas originam:
o Enterócitos
o Células caliciformes
o Células de Paneth
o Células enteroendócrinas (sem origem nas cristas neurais)
Nota: da 6ª à 7ª semana a proliferação das células epiteliais endodérmicas para o
interior do intestino leva à obliteração do lúmen do intestino (tal como no esófago).
Depois, volta a reconstituir-se o lúmen intestinal (recanalização)
Mesentérios das ansas intestinais
Mesentério propriamente dito surge do mesentério dorsal, que se enrola em
torno da artéria mesentérica superior
Jejuno e íleo - intraperitoniais
Cólon ascendente e cólon descendente - retroperitoniais
Cólon transverso - intraperitonial
 Histogénese do intestino médio (resumo)
Endoderme: epitélio da mucosa intestinal
Mesoderme: lâmina própria da mucosa, muscularis mucosae,
submucosa, muscular e serosa/adventícia
Ectoderme (Crista neural): neurónios do plexo mientérico
52
INTESTINO POSTERIOR
Origina o terço distal do cólon transverso, o cólon descendente e sigmóide,
ao recto e à parte superior do canal anal.
O intestino posterior desemboca na parte posterior da Cloaca, que é
revestida por endoderme, sendo revestida no limite ventral por ectoderme. O
limite entre estas duas porções forma a membrana colacal, que desaparece
por apoptose à 7ª semana.
O Alantóide desemboca na parte anterior da cloaca formando o seio
urogenital primitivo
Septo urorrectal: separa a região entre o alantóide e o intestino primitivo,
aproximando-se (sem nunca contactar) da membrana cloacal.
Após apoptose da membrana clocal, ocorre a separação das vias
digestiva e urogenital (canal anal e abertura do seio urogenital) e a
extremidade do septo urorrectal forma o períneo.
Linha ano-rectal (linha pectínea) – local de transição entre as regiões
endodérmica e ectodérmica do canal anal (o que resulta da evolução da
cloaca e membrana cloacal)
Vascularização do intestino primitvo:
Intestino anterior: artéria celíaca
Intestino médio: artéria mesentérica cranial ou anterior
Intestino posterior: artéria mesentérica caudal ou posterior
Organogénse comparativa do intestino:
Nos Mamíferos domésticos o desenvolvimento do intestino delgado é
semelhante ao do Homem, só existem diferenças ao nível do cego e cólon
ascendente.
53
Cavalo:
Colón ascendente: ponto médio forma a ponta de uma ansa alongada para a a
esquerda e para a cavidade pélvica, que será a futura flexura pélvica do cólon
maior (liga o cólon ventral esquerdo ao dorsal esquerdo).
Cego: situa-se no lado direito, ligando-se ao cólon ventral direito; apresenta
haustros
Ruminantes:
Colón ascendente: ponto médio desloca-se para a esquerda em torno da raiz do
mesentério, acabando por se enrolar do lado esquerdo do abdómen numa espiral
aplanada.
Cego: cilíndrico e liso, do lado direito do abdómen.
Porco:
Colón ascendente: semelhante aos ruminantes mas com uma espiral cónica.
Cego: apresenta haustros
Carnívoros:
Colón ascendente: semelhante ao do homem mas rectilíneo e curto.
Cego: pouco desenvolvido.
54
APARELHO URINÁRIO
Aparelhos urinário e genital
- Ambos derivam damesoderme intermédia
Tipos de Rim:
 Pronefro (rudimentar; não funcional)
 Mesonefro (funciona pouco tempo no período fetal)
 Metanefro (rim permanente)
Pronefro
No início da 4ª semana a mesoderme intermédia da região cervical
fragmenta-se em 7 a 10 pares de nefrótomos, que se vão ligando ao
ducto pronéfrico.
Os nefrótomos desenvolvem-se cranio-caudalmente, e à medida que
os mais caudais aparecem os mais craniais desaparecem por apoptose
Glomérulos externos: fazem saliência no celoma interno, filtrando o
sangue para o celoma.
Glomérulos internos: em contacto com os túbulos pronéfricos
Túbulos pronéfricos: contactam com o celoma interno através de um
orifico (nefróstomo) e formam o ducto pronéfrico, que ao receber os
ductos excretores do mesonefro forma o ducto mesonéfrico ou de Wolff,
que continua a crescer até atingir a cloaca.
55
Mesonefro
Durante a 4ª semana, desenvolve-se cranio-caudalmente a partir do
segmento torácica e lombar cranial (até L3) da mesoderme intermédia
Ramos da aorta dorsal migram para o mesonefro formando o Glomérulo,
que é rodeado pela Cápsula de Bowman. O túbulo excretor do glomérulo
termina no ducto mesonéfrico (ou de Wolff).
Crista uro-genital: local de diferenciação do mesonefro e da futura gónada
Regressão do mesonefro:
Sexo masculino: alguns túbulos excretores caudais e o ducto
mesonéfrico (de Wolff) persistem
Sexo feminino: a regressão é completa (apenas alguns vestígios)
Nota: o sistema tubular do mesonefro é maior que o do metanefro
Metanefro
O Divertículo ureteral, que cresce a partir do ducto de Wolff próximo da
cloaca, é a estrutura que permite a formação do sistema colector
metanéfrico
Formação de dois sistemas:
Sistema colector:
Diverticulo ureteral Pélvis renal (bacinete primitivo) Cálices maiores
 Cálices menores tubos colectores
Sistema excretor:
Coifa de tecido metanéfrico (condensação da ext. cranial dos tubos
colectores) vesículas renais Nefrónio (extremidade cranial forma a
cápsula de bowman e recebe o glomérulo)
Nefrónio: Cropúsculo renal + Tubo contornado proximal + Ansa de Henle +
Tubo contornado distal
56
Formação de nefrónios – até ao nascimento
Ao nascimento os rins têm lobação exterior, que desaparece depois, excepto
na vaca, urso e Cetáceos
Ligação tubo contornado distal-tubo colector fenómeno complexo e muito
preciso, pode ocorrer o rim quístico.
Regulação molecular do desenvolvimento do rim
WT1 (mesênquima): torna o mesênquima competente à induçãopelo
divertículo ureteral. Regula a produção de GDNF e HGF, que estimulam o
crescimento do divertículo ureteral
FGF-2 e BMP-7 (ductos colectores): estimulam o crescimento do
mesênquima do metanefro, mantêm a produção de WT1
PAX2 e WNT4: Diferenciação do mesênquima do metanefro em epitélio do
nefrónio, através de alterações da matriz extracelular:
fibronectina, colagénio I e colagénio III  Laminina e colagénio IV
(membrana basal)
Síntese de E-caderina (proteína de junção) e sindecano (diferenciação
em nefrónios), essenciais para a condensação do mesênquima em
epitélio.
Posição dos rins: Pélvica Abdominal (ascensão dos rins)
Função dos rins
- Metanefro produz urina sem catabolitos à 12ª semana
- Urina corre através da cavidade anmiótica
- Líquido amniótico é engolido pelo feto
- Posteriormente é excretado pelos rins cavidade amniótica
A excreção de catabolitos está só a cargo da placenta
57
Bexiga e uretra
Da 4ª à 7ª semana a Cloaca divide-se em
o Seio urogenital
o Canal anal
As duas porções são divididas pelo septo urorrectal, que mais tarde
formará o períneo.
Seio urogenital divide-se em:
o Bexiga (inicialmente contínua com o alantóide, mas quando este é
obliterado, o uraco permanece, ligando o ápice da bexiga ao umbigo
– ligamento umbilical médio)
o Parte pélvica do seio urogenital
sexo masculino: uretra prostática e uretra membranosa
o Parte fálica do seio urogenital (desenvolvimento difere dos sexos)
Ductos mesonéfricos escoam a urina do mesonefro para a bexiga
Divertículo ureteral escoa a urina do metanefro para a bexiga
 Histogénese da uretra:
Endoderme: Epitélio da mucosa
Mesoderme (esplancnopleura): Tecidos conjuntivo e muscular liso
Uretra masculina: próstata
Uretra feminina: glândulas uretrais e parauretrais
58
APARELHOS GENITAIS
(MASCULINO E FEMININO)
Dimorfismo sexual
- Principal factor Gene SRY (Situado no braço curto do cromossoma Y)
- Produz a proteína TDF (factor determinante testicular)
Presença de SRY sexo masculino
Ausência de SRY sexo feminino
Sexo cromossómico: determinada pelos cromossomas sexuais (fertilização)
Sexo gonádico: determinado pelas gónadas
Sexo fenotípico: determinado pela fisiologia dos órgãos genitais externos
Gónadas:
- Inicialmente indiferenciadas
- Aparecem inicialmente como um par de cristas genitais
Cristas genitais: epitélio (mesotélio) da placa lateral + condensação do
mesênquima adjacente
(células germinais só aparecem na 6ª semana)
Células germinais primordiais (CGP)
- Ectoderme extra-embrionária, proveniente do trofoblasto, sintetiza
BMP-4, que vai induzir a formação de CGP pelo epiblasto vizinho
(endoderme do saco vitelino)
- As CGP são fáceis de distinguir devido à sua dimensão e à presença
de fosfatase alcalina
- Exprimem o gene Oct4 (responsável pela sua totipotência)
- Surgem entre as células da endoderme do saco vitelino, migrando ao
longo do mesentério dorsal do intestino posterior, através de
movimentos amebóides, chegando às gonadas primitivas, onde
invadem as cristas genitais.
- Nas Aves: as CGP formam-se no epiblasto, migrando para o hipoblasto
estra-embrionário, onde formam o crescente germinal, atigindo depois
as gónadas por via sanguínea (diapedese e quimiotactismo).
59
Nas gonádas indiferenciadas verifica-se a proliferação do epitélio celómico
(mesotélio) das cristas genitais, que penetram no mesênquima adjacente,
formando os cordões sexuais primários
As CGP induzem a diferenciação das gónadas. Se estas não as atingirem as
gónadas não se diferenciam, ficando estabelecido o sexo cromossómico mas
não o gonádico.
Diferenciação dos testículos
Sexo masculino: XY Expressão do gene SRY
TGF promove o desenvolvimento dos cordões sexuais primários para a
medula, originando os cordões medulares ou testiculares, que no hilo
da gónada rete testis
Formação de:
- Túnica albugínea
- Cordões testiculares originam os tubos seminíferos:
Células de Sertoli (provêm do epitélio celómico –mesotélio)
Células geminais primordiais espermatogónias
- Células intersticiais ou de Leydig: provêm do mêsenquima da gónada
- Ductos eferentes (tubulos excretores do mesonefro)
- Ducto mesonéfrico (extra-testicular) epidídino e ducto deferente
60
Diferenciação dos ovários
Sexo feminino: XX ausência do gene SRY
- Dissociação dos cordões sexuais (contêm CGP) com consequente
regressão dos cordões medulares, não permitindo a sua migração para
a medula, que contem vasos sanguíneos.
- Aparecimentos dos cordões corticais, que formarão os futuros folículos
ováricos, através da diferenciação das CGP em oogónias, que ficam
rodeadas por células foliculares
- Não existe túnica albugínea
Ductos excretores
Formação num estadio indiferenciado de dois pares de ductos excretores:
o Ductos mesonéfricos (de Wolff)
o Ductos paramesonéfricos (de Müller)
Ductos mesonéfricos: originados na porção médio-caudal dos ductos
pronéfricos. Desembocam no seio urogenital separados um do outro.
Ductos paramesonéfricos: têm origem numa invaginação longitudinal
(ranhura) do epitélio celómico ao longo da crista uro-genital.
Posteriormente, esta invaginação transforma-se em ducto e liga-se
distalmente ao seio urogenital
Nota: Os ductos paramesonéfricos unem-se na porção distal formando o
canal uterino, que desemboca no tubérculo paramesonéfrico.
Regulação molecular do desenvolvimento dos ductos excretores
Sexo masculino e feminino: cristas genitais exprimem SOX9 (m) e WNT4 (f)
Sexo masculino
SRY (inibe a expressão de WNT4) diferenciação testicular
Gónada sintetiza: FGF9 (promove a penetração da gónada pelos
tubulos do ducto mesonéfrico (futuros ductos eferentes)
SRY SF1 SOX9 (cristas genitais)
SOX9 promove a diferenciação de células de Sertoli e células de Leydig
61
Células de Sertoli:
sintetizamMIS ou AMH regressão ductos paramesonéfricos
Células de Leydig:
sintetizam testosterona diferenciação ductos mesonéfricos
(epidídimos, ductos deferentes e vesículas seminais)
sintetiza dihidrotestosterona pénis, escroto e próstata
Sexo feminino
WNT4 estimula a expressão de DAX1 (inibe SF1 (M))
Ausência de MIS diferenciação passiva dos ductos paramesonéfricos
Ausência de testosterona regressão passiva dos ductos mesonéfricos
Estrogénios diferenciação posterior dos ductos paramesonéfricos e
dos órgãos genitais externos
Ductos excretores – sexo masculino
Derivam dos ductos mesonéfricos
- Túbulos epigenitais ductos eferentes
- Túbulos paragenitais  paradídimo (estrutura vestigial) ou órgão de
Giraldes
Apêndice do epidídimo  Epididimo  Ducto deferente (onde
desemboca a vesícula seminal) Ducto ejaculador
Estruturas vestigiais dos ductos paramesonéfricos
o Apêndice testicular
o Utrículo prostático
Nota: o utrículo prostático origina-se dos ductos paramesonéfricos, logo
tem origem mesodérmica)
Ductos excretores – sexo feminino
Derivam dos ductos paramesonéfricos
- Trompas uterinas
- Canal uterino (fusão dos ductos paramesonéfricos)
Ligamento largo do útero divide a cavidade pélvica em Bolsa utero-rectal
e Bolsa utero-vesical
Estruturas vestigiais dos ductos mesonéfricos
o Epoóforo
o Paroóforo
o Ducto de Gärtner (quisto de Gärtner)
62
Desenvolvimento do útero
O corpo e colo derivam da evolução do canal uterino (fusão das porções
terminais dos ductos paramesonéfricos)
Inicialmente o septo uterino divide a cavidade uterina em duas porções,
acabando por regredir completamente.
Nos mamíferos domésticos: cornos, corpo e colo provenientes do canal
uterino; involução parcial do septo uterino; parte cranial do útero bífida.
Lagomorfos, marsupiais e monotrétamos: útero didelfo (septo uterino não
involui dois corpos uterinos com dois colos uterinos que desembocam na
vagina)
Desenvolvimento da vagina
Origem dupla
o Canal uterino (mesoderme)
o Seio urogenital (endoderme)
Órgãos genitais externos
Estadio indiferente

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