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1 
 
2 
 
Rodrigo Andolfato 
 
 
 
 
ASTROFOTOGRAFIA 
Prática 
O guia da Fotografia do 
Universo 
 
 
 
 
 
1° Edição 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2017 
 
3 
 
 
 
 
 
Copyright © Rodrigo Andolfato de Moura 
 
Este livro não pode ser reproduzido, mesmo parcial, por qualquer 
processo, sem autorização prévia do autor, em conformidade 
com a lei brasileira de direitos autorais (Lei 9610 de 19 de 
fevereiro de 1996). 
 
 
 
Os nomes comerciais, marcas registradas de produtos e fotos 
dos mesmos, são usados nesta publicação apenas para fins 
editoriais, em benefício exclusivo do dono da marca registrada, 
sem nenhuma intenção de atingir seus direitos 
 
 
 
 
Direitos reservados por: 
Rodrigo Andolfato de Moura 
 
 
 
 
Produção: Rodrigo 
Andolfato de Moura 
E-mail do autor: Rodrigo 
Andolfato de Moura 
Site: www.andolfato.blogspot.com 
 
 
4 
 
 
 
Prefácio 
 
Quando John Willian Draper em 1839, um amador 
da Astronomia, apontou sua câmera, um instrumento 
rudimentar, para a Lua e disparou, foi feita a primeira 
Astrofotografia da história. 
 Nesta época não havia filme e Draper usou um 
daguerreotipo, que era um antigo aparelho fotográfico 
inventado por Daguerre 1787-1851, físico e pintor francês, 
que fixava as imagens obtidas na câmara escura numa folha 
de prata sobre uma placa de cobre. 
 Embora ainda muito imprecisa e tosca, a imagem 
de Draper causou espanto e logo vários outros amadores e 
profissionais saíram ao encalço para obter mais e melhores 
imagens, construindo câmeras cada vez melhores, 
desenvolvendo emulsões sensíveis e filmes especiais, aliando a 
isso técnicas cada vez mais apuradas. 
 
Registro da Lua obtido por John Draper em 
1839 
 
5 
 
 Esses tempos heroicos e desbravadores nos levaram 
ao que temos hoje. 
 A chegada da Internet trazendo a rápida difusão da 
informação, a popularização das câmeras, novos e mais 
potentes softwares, a expansão da informática e o acesso ao 
instrumental deram o impulso que faltava para a 
disseminação da fotografia e com ela a Astrofotografia. O 
advento das câmeras digitais, principalmente as refrigeradas, 
que antes só eram disponíveis em grandes observatórios e que 
hoje fazem parte do arsenal do astrofotógrafo avançado, 
aceleraram esse gigantesco avanço. 
 Hoje, qualquer amador tem acesso à informação no 
momento em que ela ocorre, pode ter equipamentos 
sofisticados que antes só eram usados pelos profissionais e 
está ligado, via Internet, a grupos mundo afora para discutir e 
partilhar os achados. 
 A Astrofotografia é a Ciência/Arte que permite o 
registro, documentação e estudo dos fenômenos celestes. 
Através dela, registramos não só a beleza do Cosmos, mas 
avançamos na compreensão de sua criação. Com as imagens 
divulgamos a Astronomia e estimulamos a participação das 
pessoas neste processo de reflexão e procura do: Por quê? 
Como? Para que? 
 Observar o céu é prazeroso, fotografar é mais do 
que isso. Uma vez iniciado nesta arte não há volta, vira 
mania, doença mesmo. 
 Costumamos dizer que ela é um Vírus, uma vez 
contaminado não há cura! 
 O interesse despertado por esta Ciência/Arte cresce 
cada vez mais em nosso meio. Organizam-se grupos para 
partilhar informação, encontros de astrofotógrafo vindos de 
todo o Brasil ajudam a compartilhar técnicas, informações e 
troca de experiências como ocorre no EBA (Encontro 
Brasileiro de Astrofotografia) que acontece anualmente no 
Centro Oeste. 
6 
 
 A enorme quantidade de pessoas interessadas em se 
iniciar é maior do que os cursos e palestras oferecidos em 
Clubes e Associações. O iniciante se entusiasma, mas falta 
continuidade de informação para resolver suas dúvidas. Os 
livros são importados, trazendo dificuldade pela barreira da 
língua e as já tradicionais barreiras brasileiras à importação. 
 Era preciso um livro que desmistificasse, 
simplificasse os passos. Orientasse o caminho a ser percorrido 
pelo astrofotógrafo iniciante de forma prática. 
 O que preciso para iniciar? Que instrumento 
adquirir? Qual câmera escolher? Que software? Dúvidas e 
mais dúvidas cujas respostas às vezes não são simples. 
 Esse é o escopo desse livro: Informar e orientar de 
forma objetiva para que o astrofotógrafo chegue de forma 
segura ao sucesso e não ocasione a frustração de que tem 
quem trilhar o caminho sem auxílio. 
 Conheço Rodrigo Andolfato de longa data. Tive o 
privilégio de vê-lo iniciar na Arte. Recordo o olhar brilhante, 
fascinado com as astrofotos desde sempre. Sua curiosidade 
era imensa. Perguntava, conjecturava, propunha e discutia 
com ardor. Sua curiosidade levou-o a paixão e ela o moveu 
para voos mais altos. 
 Premiado aqui e no exterior, seus trabalhos têm a 
marca da perfeição. Detalhista e prolífico, fotografa sempre 
que o céu permite até mesmo da varanda de sua residência! 
Frequentemente faz incursões a lugares com menor poluição 
luminosa para obter aquela foto há muito desejada. 
 Essa vontade de compartilhar e fazer com que mais 
e mais pessoas se juntassem à grande festa da Astrofotografia 
o levou a fazer esse livro, onde sua vivencia, sua prática, seu 
vasto conhecimento e ensinamentos estão ali postos para 
serem fonte de inspiração a todos que quiserem trilhar o feliz 
caminho da Astrofotografia. 
 Aos que já começaram o caminhar, será fonte de 
consulta rica e vasta. 
 
7 
 
 Toda grande jornada começa com um primeiro 
passo. Se você está começando, boa jornada, se já está no 
caminho, terá um bom companheiro de viagem. Considero 
esse livro essencial. 
 Ao Rodrigo meus profundos agradecimentos pela 
oportunidade e honra em redigir esse prefácio. Só posso lhe 
desejar mais e mais sucesso e que continue a nos inspirar. 
 A você leitor tenha a certeza de que não se 
decepcionará. 
 
Sejam felizes! 
 
José Carlos Diniz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Agradecimentos 
 
Este livro só se tornou realidade devido aos insistentes 
pedidos daqueles que acompanham meu blog e minhas 
publicações em redes sociais. Foram estas pessoas que, 
mesmo nos momentos mais difíceis, me motivaram a seguir 
em frente nesta empreitada, que se revelou muito mais árdua 
do que imaginei quando iniciei esta obra. Eu gostaria de citar 
alguns nomes, mas se fizer isso, tenho receio de deixar 
alguém de lado. Aqueles que estão sempre acompanhando 
meu trabalho, mandando mensagens de apoio e incentivo, 
saberão que estou me referindo a eles. 
Peço imensas desculpas pela demora na conclusão do 
livro. A minha técnica como astrofotógrafo foi quase toda 
construída pela experimentação e muita conversa com outros 
astrofotógrafos. Colocar no papel todo o conhecimento 
adquirido em seis anos de Astrofotografia prática não foi 
fácil. E no fim, o trabalho de revisão mostrou-se ainda mais 
complexo do que a própria escrita inicial da obra. 
Agradeço em especial ao astrofotógrafo Maciel Bassani 
Sparrenberger, que leu a obra e me ajudou na revisão do 
conteúdo. Aos astrofotógrafos Sandro Rosa, Marcelo 
Domingues e Wilton, do Clube de Astronomia de Brasília, que 
junto com o Maciel foram os primeiros a me instruírem na 
atividade, e ao Gabriel Godoy, Marcelo Bassani e Fabrício 
Siqueira, que foram meus principais companheiros nos 
primeiros anos de Astrofotografia. 
Por fim, agradeço também a minha família. Meus pais, 
pelo incentivo à leitura e ao trabalho disciplinado, que tanto 
me ajudaram a chegar até aqui, e a minha esposa, que nunca 
me faltou com o apoio, me incentivando tanto com a prática 
da Astrofotografia como na escrita deste livro. 
Que este livro seja um incentivo a muitos que, como eu, 
um dia olharam para o céu com imensa curiosidade, 
sonharam em viajar pelo espaço, e encontraram na 
Astrofotografia uma forma de tornar este sonho possível. 
 
9 
 
 
 
 
Atenção! 
Os arquivos dos registros fotográficosutilizados nos 
tutorais deste livro, bem como dos softwares apresentados, 
podem ser baixados na página: 
 
https://andolfato.blogspot.com.br/p/arquivos-do.html 
 
 
Na página 434 deste livro há um extenso glossário. Caso encontre um 
termo mais técnico que tenha dificuldade para entender ou lembrar, procure 
a palavra no glossário.
10 
 
Sumário 
 
PRÓLOGO, 14 
Sobre este livro, 15 
O que é Astrofotografia, 17 
Por que astrofotografar, 18 
Astrofotografia versus Astronomia Observacional, 20 
Três coisas que você precisa saber antes de começar na 
Astrofotografia, 23 
Tipos de Astrofotografia, 27 
Astrofotografia de céu profundo, 27 
Astrofotografia planetária, 42 
Astrofotografia de cometas, 51 
Astrofotografia lunar, 53 
Astrofotografia solar, 58 
Astrofotografia científica, 61 
 
A ESCOLHA DE SOFIA (Aquisição de Equipamentos), 64 
TELESCÓPIOS, 67 
Componentes de um telescópio, 67 
Características básicas de um telescópio, 72 
Aberrações ópticas, 78 
Modelos de Telescópios, 82 
Refratores, 82 
Refletores, 85 
Refletores newtonianos, 86 
Cassegrains, 91 
Tabela 1 – Características dos telescópios mais populares, 94 
Como saber a qualidade de um telescópio, 95 
Astrofotografia com lentes fotográficas, 100 
Tabela 2 – Comparação de abertura em telescópios e lentes, 106 
MONTAGENS, 106 
Montagens altazimutais, 108 
Montagens equatoriais, 109 
Componentes de uma montagem equatorial germânica, 111 
Tamanhos de montagens equatoriais, 117 
 
11 
 
Tabela 3 – Comparação entre montagens equatoriais, 121 
Trackers, 123 
CÂMERAS, 124 
Modelos de câmeras fotográficas, 125 
Características básicas de uma câmera, 134 
Sensores, 134 
Sensores Coloridos e monocromáticos, 140 
Sensores CMOS e CCD, 142 
Funções básicas de uma câmera, 143 
Tabela 4 – Câmeras mais populares e suas características, 148 
Setup indicado para iniciar, 149 
ACESSÓRIOS IMPORTANTES, 152 
Sistema de autoguiagem, 152 
Extensores e redutores focais, 154 
Extensores, 157 
Filtros para Astrofotografia, 157 
Filtros Solares, 162 
Buscadoras, 169 
Fitas/Cintas térmicas, 170 
Computador portátil, 171 
Binóculos, 174 
Lanternas, 175 
Lonas, 175 
Compatibilidade do diâmetro de acessórios e adaptadores, 177 
Observatórios amadores, 178 
Onde adquirir equipamentos para Astrofotografia, 179 
Descobrindo se você comprou o equipamento certo, 182 
Cuidando de seu equipamento, 183 
 
 
SEM DOR, SEM GANHO (Captura), 192 
O local de captura, 193 
Viajando para astrofotografar, 197 
A noite da captura, 202 
Instalando seu setup, 204 
Alinhando o setup com o Polo, 223 
12 
 
Escolhendo o objeto a ser fotografado, 232 
Tabela 5 – Objetos de céu profundo mais populares e época ideal 
decaptura, 234 
Encontrando e enquadrando o Objeto, 237 
Preparando a autoguiagem, 243 
Tipo de arquivo a ser gravado, 252 
Tempo de exposição da captura, 254 
Tabela 6 – Tempo total de exposição de captura, 254 
Ajustando o nível de sensibilidade, 259 
Abertura de lentes, 264 
Configurando câmeras planetárias, 266 
Temperatura do Tubo Óptico, 270 
Capturando com câmeras monocromáticas, 272 
Astrofotografia em banda estreita, 275 
Cuidados durante a captação dos light frames, 276 
Frames de calibração, 284 
Dark frames, 284 
Flat frames, 288 
Offset/Bias, 291 
Organizando os arquivos, 292 
Encerrando a noite, 293 
 
O JULGAMENTO FINAL (Processamento), 296 
Integrando os frames, 300 
Trabalhando com a imagem integrada no Deep Sky Stacker, 324 
Guia Rápido do Deep Sky Stacker, 336 
Integrando imagens planetárias, 338 
Registax, 339 
Uso de Wavelets para imagens de céu profundo, 344 
AutoStakkert!, 345 
Criando imagens coloridas a partir de capturas monocromáticas, 350 
Outros recursos interessantes do Fitswork, 364 
Fazer um mosaico, 365 
Retirar gradiente automaticamente, 368 
Normalização automática de nebulosas, 370 
Comandos e filtros mais utilizados em Astrofotografia, 371 
Contraste, 372 
 
13 
 
Brilho, 372 
Trabalhando com a imagem sem ajustes do Deep Sky Stacker, 372 
Ajuste de níveis no Fitswork, 374 
Níveis no Adobe PhotosShop, 378 
Saturação, 382 
Realçando cores no modo Cores Lab, 383 
Ferramentas de equilíbrio de cores, 384 
Imagens com excesso de verde, 385 
Cor Seletiva, 388 
Cores seletivas em capturas de banda estreita, 390 
Ferramentas de suavização e nitidez, 392 
Reduzindo estrelas, 395 
Astronomy Tools, 400 
PixInsight, 400 
 
EPÍLOGO, 403 
Captura sem acompanhamento – Tripé Fixo, 404 
Captura de Star Trails, 408 
Astrofotografia com paisagens, 412 
Fotografia de Raios, 418 
Preparando sua imagem para publicação, 421 
Onde publicar sua imagem, 424 
Conclusão, 431 
Glossário, 434 
Guia de Referência, 447 
Mais sobre o autor, 452 
Astrofotógrafos Brasileiros, 454 
 
 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRÓLOGO 
 Rodrigo Andolfato 
15 
 
 
Sobre este livro 
 
O livro que você tem em mãos é voltado para quem está 
iniciando na Astrofotografia amadora ou está planejando iniciar 
nesta atividade. Nos últimos anos, apesar de todas as 
dificuldades e entraves a que nós brasileiros somos submetidos, 
a Astrofotografia amadora tem crescido muito em nosso país. A 
aquisição dos equipamentos necessários tornou-se possível para 
qualquer um que tenha uma condição financeira tida como 
média, e o acesso à informação, com a difusão da Internet, 
cresceu de forma exponencial. Além disso, vários clubes de 
Astronomia têm surgido e se fortalecido nas grandes capitais, e 
mesmo em cidades do interior. Estes clubes geralmente têm a 
Astrofotografia como um dos principais interesses de seus 
membros. 
Um problema ainda existente ao aspirante a 
astrofotógrafo no Brasil talvez seja a falta de material escrito na 
língua portuguesa, principalmente para orientar os iniciantes. 
Nos fóruns e redes sociais a informação está muito dispersa e 
sites da Internet geralmente levantam somente alguns tópicos 
específicos ou fazem resumos superficiais. Um livro, 
englobando de forma mais detalhada todas as fases da 
Astrofotografia amadora, era algo praticamente inexistente no 
país. É até possível encontrar alguns exemplares em português 
escritos por astrofotógrafos de Portugal, mas são antigos, da 
época em que a Astrofotografia era feita com rolos de filmes e 
não com câmeras digitais. E outros livros que encontramos são 
mais uma coletânea de imagens feitas por bons astrofotógrafos 
e não propriamente um guia para quem está iniciando. 
Este material que você tem em mãos talvez seja o 
primeiro guia de Astrofotografia amadora publicado em forma 
de livro no Brasil. Aqui, a Astrofotografia será vista em todas as 
suas fases: o que você deve saber antes mesmo de começar, 
escolha e aquisição de equipamentos, captura e integração dos 
frames, tratamento da imagem final e até como divulgar o seu 
trabalho. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
16 
 
Antes de adquirir seu equipamento para Astrofotografia, 
você precisa entender o que quer fotografar, quais são os 
entraves logísticos, climáticos, o tempo disponível e até a sua 
real disposição para a prática da Astrofotografia. Somente 
depois desta análise você poderá adquirir o melhor equipamento 
que puder ou se dispuser a comprar. Este será com certeza o 
passo mais importante que você dará. Adquirir equipamentos 
inadequados é disparado a maior causa de frustração entre 
novos astrofotógrafos, muito mais do que as dificuldades de 
captura e processamento. Até porque, com o equipamento 
correto, tanto a captura como o processamento ficam muito 
mais fáceis, enquanto, pelo contrário, as noites sob o céu 
estrelado podem virar noites infernais se o instrumento não é o 
recomendado para o objetivo a que se prestará. 
Após a aquisição do equipamento correto, o 
astrofotógrafo agora está em condições de fazer suas primeiras 
capturas. Para isso, precisará entender os princípios sobre 
alinhamento da montagem, localização de objetos celestes, 
enquadramento, foco, temperatura do sensor, frames de 
calibraçãoe outros passos importantes, que são tomados antes, 
durante e depois do momento do registro. O astrofotógrafo 
também deve estar preparado para enfrentar frio, umidade, 
quedas de energia, entre outros desafios. 
Feito o registro, agora é hora de integrar e processar as 
imagens capturadas. Quando o trabalho de captação é feito com 
o equipamento recomendado e da forma correta, normalmente 
resulta num processamento rápido e pouco agressivo, com uma 
imagem final suave e elegante. Mas nem sempre as coisas 
ocorrem como queríamos e precisamos usar recursos para 
mostrar mais detalhes da imagem utilizando ferramentas que 
podem não agradar a todos e correndo o risco de ultrapassarmos 
a fronteira entre o que é fotografia e o que é desenho. 
Com a imagem pronta, você provavelmente vai querer 
publicar e divulgar o material que produziu. Hoje, certamente a 
maior ferramenta que temos para isso é a Internet. Por meio 
dela, mesmo sem fazer parte do corpo funcional de uma revista 
ou portal popular, qualquer bom astrofotógrafo pode ter seu 
trabalho visto por milhares de pessoas. Esse reconhecimento é 
algo de grande importância, mesmo que não seja financeiro. 
 Rodrigo Andolfato 
17 
 
Afinal, uma das maiores motivações do astrofotógrafo 
contemporâneo é saber que, por meio da Internet, poderá ter o 
seu trabalho difundido, ajudar em pesquisas, divulgar a ciência 
como modo de pensar e incentivar ou mesmo despertar muitas 
pessoas para o caminho do conhecimento científico e da 
exploração do Universo. 
Apesar de serem criticadas por outras razões, as redes 
sociais têm tido papel fundamental na popularização da 
Astrofotografia amadora. No momento em que escrevo estas 
linhas, o maior grupo dedicado a Astrofotografia amadora 
brasileira no Facebook tem mais de quinze mil membros. Todos 
os dias, dezenas de fotos são publicadas neste grupo. É claro 
que a grande maioria são registros de iniciantes, geralmente da 
Lua ou imagens de grande campo com câmeras simples, mas 
cada vez mais vemos imagens de céu profundo de qualidade, 
feitas com o equipamento adequado, ou registros de planetas, 
apresentando detalhes cada vez mais impressionantes. 
 
O que é Astrofotografia? 
 
Se você perguntar a um astrônomo o que é 
Astrofotografia, ele provavelmente lhe dirá que Astrofotografia 
é uma área da Astronomia cuja finalidade é produzir registros 
das observações, com objetivo de estudar os objetos e 
fenômenos fotografados. Já um fotógrafo provavelmente lhe 
responderá que Astrofotografia é uma área da fotografia que 
envolve a produção de imagens dos objetos celestes e áreas do 
céu. Enfim, Astrofotografia é uma ciência com um pé na arte, e 
vice-versa. Depende muito do ponto de vista de quem está 
praticando. Geralmente, astrônomos estão mais interessados na 
informação que a foto transmite e a sua relevância para a 
ciência. Já fotógrafos estão preocupados com a técnica de 
captura. No geral, todo astrofotógrafo é um pouco astrônomo e 
um pouco fotógrafo. 
 
 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
18 
 
Por que astrofotografar? 
 
Existem astrofotógrafos amadores especializados em 
determinados tipos de Astrofotografia, como planetária, solar, 
céu profundo, ou até mesmo aqueles que procuram registrar 
todos os tipos de objetos. Na Astrofotografia amadora, o 
objetivo do praticante geralmente é o prazer que a atividade 
proporciona. Raramente ocorre benefício financeiro. Mas a 
Astrofotografia amadora pode proporcionar uma série de 
benefícios que não podem ser adquiridos com dinheiro. 
Alimentando a mente e o “espírito” como poucas atividades 
seriam capazes. 
Quando eu decidi começar na Astrofotografia, foi comum 
escutar a seguinte pergunta: “ - Qual o sentido disso, se o 
Hubble e os enormes telescópios de observatórios profissionais 
sempre vão tirar fotos melhores? ”. A resposta a esta pergunta é 
difícil num primeiro momento, mas após alguma experiência, 
torna-se fácil dizer porque você entrou nessa. 
Primeiro: o fato dos telescópios profissionais dos maiores 
observatórios do mundo serem enormes não quer dizer que eles 
sejam exatamente melhores do que telescópios amadores em 
tudo. A maior vantagem destes grandes telescópios é que eles 
possuem maior poder de definição, devido a seus enormes 
espelhos. Assim, eles conseguem ver mais detalhes do que 
qualquer telescópio amador. Entretanto, tamanho exagerado 
também incorre em aumento exagerado. Mesmo com câmeras 
com sensores maiores, conseguir imagens de grande campo 
com esses telescópios não é nada fácil. Um telescópio enorme 
de observatório profissional vê mais perto, mas tem 
dificuldades para mostrar áreas maiores do céu, até porque este 
não é o objetivo destes aparelhos. É até comum que estes 
observatórios também possuam telescópios menores em suas 
instalações, semelhantes aos telescópios usados por amadores 
mais avançados, para quando, por exemplo, é necessário 
visualizar uma área maior do céu, como a cauda de um cometa 
próximo à Terra. 
 Rodrigo Andolfato 
19 
 
O Hubble, o mais famoso dos telescópios, tem um 
espelho primário com cerca de dois metros e quarenta 
centímetros de diâmetro e uma distância focal de mais de 
cinquenta metros. Mesmo com um sensor muito maior do que 
uma câmera normal e redutores focais, o Hubble não é capaz de 
fazer imagens de grande campo. Se você pesquisar por imagens 
de nebulosas feitas pelo Hubble na Internet verá que quase 
todas as imagens das nebulosas mais conhecidas não são das 
nebulosas por completo. As poucas imagens que têm um campo 
um pouco maior foram feitas através de complicados mosaicos. 
O Hubble ficou famoso pela imagem dos chamados Pilares da 
Criação, no centro da Nebulosa da Águia (M16), mas não há 
uma foto da nebulosa completa feita pelo Hubble. 
Recentemente, após anos da primeira foto, a equipe do Hubble 
publicou uma segunda imagem que mostrava um pouco mais 
dos pilares e só. As melhores fotos que mostram a Nebulosa da 
Águia por inteiro foram geralmente feitas por astrofotógrafos 
amadores avançados. 
 
 
Ilustração 1: À esquerda, os pilares da criação, registrados pelo Hubble em imagem mais 
recente. À direita, os mesmos pilares, registrados da varanda de meu apartamento, em 
Brasília, com telescópio refletor de 200mm de abertura, câmera monocromática e filtros de 
banda estreita. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
20 
 
Alguém ainda pode dizer: “ – Mas centenas de 
astrofotógrafos amadores já fotografaram a Nebulosa da Lagoa 
(M8). De que serve mais uma foto dela? ”. Sim. Eu já vi 
centenas de fotos da Nebulosa da Lagoa, mas não lembro de 
uma ser exatamente igual à outra. Cada imagem tem as suas 
peculiaridades, suas qualidades e seus defeitos que a torna 
única, ou como um amigo já disse, são como uma impressão 
digital do astrofotógrafo que a registrou, uma combinação 
complexa da capacidade do equipamento utilizado, do talento e 
esmero do autor da imagem e das condições do céu no 
momento do registro. Toda nova imagem nos dá uma nova 
visão do objeto registrado. 
Mas hoje, se alguém me perguntar sobre a razão de eu 
gastar dinheiro e grande parte do meu tempo com 
Astrofotografia, a minha resposta é bastante simples: “Por que 
eu me apaixonei pelo Universo, e é na Astrofotografia que eu 
me sinto mais próximo das estrelas”. 
 
Astrofotografia versus Astronomia Observacional 
 
Muitos astrofotógrafos dizem que iniciaram na 
Astrofotografia porque estavam cansados de olharem por seus 
telescópios e verem a imensa maioria das nebulosas e galáxias 
somente como manchas pálidas, com poucos detalhes e quase 
sem cor. A experiência de ver planetas, nebulosas e galáxias 
mais brilhantes através de telescópios de grandes aberturas e 
num céu escuro é única e mesmo os astrofotógrafos mais 
focados não devem ignorá-la. Mas a Astrofotografia consegue 
levar você mais longe do que a Astronomia observacional, 
revelando, até com telescópios pequenos, detalhes que seriam 
invisíveis para seusolhos, mesmo através dos telescópios de 
maior abertura. 
 Rodrigo Andolfato 
21 
 
O segredo da Astrofotografia é que as boas câmeras têm a 
capacidade de permanecer acumulando a luz recebida por muito 
mais tempo do que nossos olhos, que descartam a luz 
imediatamente após recebê-la. Essa característica de seus olhos 
de descartar a luz é o que permite a você dirigir, caminhar e até 
ler este texto, mas seus olhos não conseguem fazer imagens 
escuras ficarem muito mais brilhantes e com cores vivas. Para a 
visualização de objetos de pouco brilho, poder captar luz por 
muito tempo faz toda a diferença. Quanto mais tempo você 
capta a luz de uma galáxia, mais vibrantes serão suas cores e 
mais detalhes aparecerão. 
A Astrofotografia mostrou aos astrônomos do mundo 
detalhes do céu que eles jamais seriam capazes de ver com os 
olhos nas oculares de seus telescópios. Os grandes telescópios 
profissionais nem sequer possuem um local para se colocar 
ocular. Eles ficam com câmeras permanentemente acopladas. 
Para alguém com experiência em Astronomia 
observacional, a primeira diferença sentida quando se inicia na 
prática da Astrofotografia é o tempo que você ocupa com cada 
objeto. Nos encontros astronômicos que participei, enquanto a 
Ilustração 2: Duas imagens da Nebulosa de Orion (M42). Na primeira, temos uma 
simulação aproximada do que pode ser visto pelo olho humano através de um 
telescópio de 200mm. Na segunda, o resultado da integração de frames com grandes 
tempos de exposição, utilizando filtros de banda estreita. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
22 
 
maioria dos que se dedicam a Astronomia observacional 
começava a se retirar a partir da meia-noite, quase todos os 
astrofotógrafos ficavam acordados até o Sol nascer. Muitos 
destes até eram vistos lamentando-se assim que percebiam o 
céu começando a ficar claro a leste. Há basicamente dois 
motivos para que a Astrofotografia ocupe mais tempo do que a 
Astronomia observacional, primeiro: a preparação do 
equipamento é mais complexa, tudo tem que estar mais bem 
alinhado e preciso; segundo: a busca por uma imagem melhor 
incorre na necessidade de muito tempo de exposição total, 
principalmente para objetos de céu profundo. 
Por tempo de exposição entende-se o tempo em que o 
sensor da câmera fica captando a luz recebida por seu 
telescópio ou lente fotográfica. 
 
Outra característica que atrai inúmeros astrônomos 
amadores para a Astrofotografia é a possibilidade de registrar e, 
principalmente, compartilhar o que estão observando. 
Recentemente, após quase um ano possuindo um refletor de 
200mm, finalmente tirei por alguns minutos a câmera do 
telescópio e observei Júpiter com a ocular. Devo dizer, foi uma 
experiência de tirar o fôlego. A Grande Mancha Vermelha 
estava apontada para a Terra e era possível ver com clareza a 
sua tonalidade vermelha. Foi a primeira vez que vi cores 
realmente definidas através de uma ocular, o que não conseguia 
com refratores menores. Mas lamentei muito estar ali sozinho e 
não ter ninguém para compartilhar aquela experiência. 
Descrever para outras pessoas o que você viu é legal, mas não é 
a mesma coisa que mostrar a elas. Quando fotografo, pelo 
contrário, muitas vezes centenas de pessoas podem apreciar as 
imagens que compartilho, e descobrir o Universo junto comigo, 
o que enriquece muito a experiência astronômica. 
Além disso, você nunca sabe o que pode aparecer no céu 
enquanto o telescópio está apontado para um objeto. 
Recentemente um asteroide ou cometa não identificado chocou-
se contra Júpiter, produzindo uma explosão que foi visível em 
telescópios amadores. Astrofotógrafos que estavam registrando 
o planeta no momento da explosão tiveram o privilégio de 
 Rodrigo Andolfato 
23 
 
fotografar o evento e compartilhar com milhões de pessoas do 
mundo inteiro. 
 
Três coisas que você precisa saber antes de começar na 
Astrofotografia. 
Antes que você vá correndo comprar seus equipamentos 
de Astrofotografia amadora, eu me sinto na obrigação de dar os 
avisos abaixo. 
 
1 – Astrofotografia não é fácil: Astrofotografia está 
longe de ser um hobby que exige pouco esforço mental. Muito 
pelo contrário, é uma atividade complexa e desafiadora, 
exigindo paciência e estudo do praticante para se atingir um 
desempenho de alto nível. Se você acha que é só colocar sua 
câmera num telescópio, sair apontando para galáxias e 
nebulosas e no fim da primeira noite ter dezenas de imagens 
como as dos astrofotógrafos mais destacados, corre sérios riscos 
de frustrar-se completamente com este hobby. Astrofotografia é 
uma atividade para quem tem força de vontade, paciência e, 
acima de tudo, muita disposição para aprender. 
Mas é importante dizer que existem vários níveis de 
dificuldade em Astrofotografia. Fotografar com lentes numa 
câmera do tipo DSLR é muito mais simples do que fazer 
registros com câmeras monocromáticas em grandes telescópios. 
Tudo depende de onde você quer chegar. A verdade é que 
quanto mais longe você quer ir, quanto mais detalhes e mais de 
perto quer registrar os objetos, mais difícil as coisas vão 
ficando. Exigindo mais acessórios e precisão. 
 
2 – Astrofotografia não é barata: É perfeitamente 
possível ser um bom astrônomo amador mesmo sem 
equipamentos astronômicos, através da leitura de livros, análise 
de dados e pesquisa. Muitos astrônomos amadores destacam-se 
mesmo não possuindo qualquer instrumento além de seu 
conhecimento. Mas a Astrofotografia é totalmente dependente 
de equipamentos, e muitos deles não são baratos. Mas calma, os 
preços também não são absurdos. No Brasil, um bom setup 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
24 
 
padrão, suficiente para o registro de quase todos os objetos 
celestes, custa cerca de dois a três mil dólares (dez a quinze mil 
reais em valores de 2017, com os impostos). 
Se você tiver condições e vontade de gastar, existem 
telescópios caríssimos e pesados, câmeras com preços maiores 
do que carros novos e montagens capazes de carregar o 
astrofotógrafo junto com o telescópio. A aquisição do conjunto 
destes equipamentos facilmente poderia falir a família de classe 
média de um astrofotógrafo mais inconsequente, mas existem 
formas mais econômicas de se fazer boas imagens. Com 
montagens de pouco mais de 100 dólares, câmeras DSLRs 
usadas e lentes, algumas vezes mais velhas do que o próprio 
astrofotógrafo, mas em boas condições, é possível fazer 
excelentes imagens por um custo muito menor. 
Com toda certeza o que mais tem causado decepção nos 
novos astrofotógrafos brasileiros é a aquisição de equipamentos 
errados. Praticamente todo astrofotógrafo que se frustrou com a 
atividade tem por trás compras equivocadas em seu setup 
astrofotográfico. Isso acontece porque muitas vezes a ansiedade 
bate mais forte e o astrofotógrafo prefere comprar um 
equipamento que não atenda às suas aspirações porque aquele 
equipamento está mais acessível do que o produto correto, seja 
por questões financeiras ou logísticas. Sim! Já vi pessoas 
comprando um equipamento errado até mais caro do que o 
correto, simplesmente porque o primeiro estava ali na sua 
frente, ou chegaria na sua casa em poucos dias, enquanto o 
produto adequado exigiria uma espera de alguns meses. 
 
3 – O Local onde você mora pode afetar muito o seu 
desempenho como astrofotógrafo: Astrofotografia é muito 
dependente das condições do céu e elas variam muito de acordo 
com o local onde você mora. Certas regiões são bem melhores 
do que outras. Os fatores que podem influenciar se um local é 
bom ou ruim para Astrofotografia podem ser naturais ou 
artificiais. Os fatores naturais estão relacionados principalmente 
ao clima. Regiões que passam o ano todo chuvosas, que 
possuem grandes correntes de vento e forte umidade não são as 
melhores para Astrofotografia. Aqui no Brasil, eu conheço 
 Rodrigo Andolfato 
25 
 
alguns amigos que chegaram a desistir da Astrofotografia 
devido ao fato deque, na região onde vivem, o céu passa a 
maior parte do ano coberto por nuvens. 
Entre os fatores artificiais, o mais importante é a poluição, 
seja ela luminosa ou química. Áreas com muita poluição 
química, como o centro de grandes capitais, tendem a 
apresentar baixos índices de transparência atmosférica o ano 
todo, com o céu sempre repleto de fumaça. Mas o maior 
obstáculo nestes lugares é mesmo a poluição luminosa, 
provocada pela iluminação pública e de edifícios residenciais 
ou comerciais. Geralmente, quanto mais perto ou dentro você 
estiver de uma cidade grande, mais poluição luminosa terá que 
enfrentar. Este tipo de poluição não afeta muito a fotografia 
planetária, lunar ou solar, mas prejudica com agressividade a 
fotografia de céu profundo. 
 
Se você mora no interior, de preferência na zona rural, 
numa região com estações secas bem definidas, está num local 
fantástico para Astrofotografia de céu profundo, mas se está no 
meio de uma cidade grande, poluída, onde chove muito e 
irregularmente o ano inteiro, pode estar num lugar bastante 
complicado para este tipo de fotografia. 
Mas o fato de você morar num lugar ruim não quer dizer 
que você deva desistir da Astrofotografia de céu profundo, 
muito pelo contrário, poucas coisas são tão legais do que viajar 
para regiões propícias à atividade. Eu diria que o local onde 
você mora influencia principalmente no tipo de setup que você 
deve adquirir para Astrofotografia de céu profundo. Se mora 
num local privilegiado, você tem toda a condição de adquirir 
um setup de grande porte e montar um observatório fixo em sua 
residência. Entretanto, se mora no centro de uma grande cidade 
e quer registrar galáxias ou cometas, o ideal é ter um setup 
portátil, que possa ler levado sem sacrifício numa viagem de 
avião ou carro. 
 
O Brasil é tido por grande parte dos astrônomos amadores 
como um local difícil para a prática da Astrofotografia. O 
acesso a equipamentos importados é difícil e caro; em grande 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
26 
 
parte do país ocorrem muito mais noites fechadas do que 
abertas; há problemas de segurança em relação aos 
equipamentos; não há uma estrela polar brilhante para nos 
ajudar a alinhar montagens equatoriais, entre outras 
reclamações. Mas também há grandes vantagens em se praticar 
Astrofotografia em nosso país, a maior delas certamente está 
em relação a nossa latitude. Com grande parte do nosso 
território localizado entre a Linha do Equador e o Trópico de 
Capricórnio, astrofotógrafos brasileiros têm acesso a quase 
todos os objetos da esfera celeste. Quanto mais próximo do 
polo, menos do céu podemos ver, pois perdemos o que é visível 
do polo oposto. Quanto mais próximos do equador, mais 
objetos celestes estão disponíveis para observação e registro. 
 
Quando descemos um pouco para o sul, perdemos um 
pouco dos objetos no extremo norte. Realmente tem alguns 
objetos bonitos por lá, mas o que temos no sul compensa 
totalmente esta ausência. As Grandes Nuvens de Magalhães são 
duas espetaculares galáxias satélites que ocupam áreas maiores 
do que dezenas de luas, contendo objetos como a fabulosa 
Nebulosa da Tarântula. Também temos os dois maiores 
aglomerados globulares, algumas das mais belas galáxias do 
firmamento, a estrela mais próxima da Terra (depois do Sol, é 
claro) entre muitos objetos só visíveis para quem está no 
Hemisfério Sul. E, se o centro da Via Láctea é visível também 
no Hemisfério Norte, a verdade é que só de nossa latitude 
podemos ver as fabulosas nebulosas das constelações do 
Escorpião e de Sagitário bem no alto do céu, no zênite, onde há 
menos turbulência atmosférica e mais transparência. Um deleite 
que encanta astrônomos europeus que visitam nosso país. A 
eclíptica, região por onde os planetas passam, também é visível 
bem no alto do céu brasileiro, enquanto em países localizados 
próximo aos polos, como Inglaterra, Alemanha ou mesmo 
Estados Unidos, você teria que se conformar em ver os planetas 
próximos ao horizonte na maior parte do ano. 
 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
27 
 
Tipos de Astrofotografia 
 
Antes de começar na Astrofotografia, aconselho a 
qualquer um definir que tipo de Astrofotografia será o seu foco. 
Qualquer equipamento que fotografe bem planetas é capaz de 
registrar nebulosas e vice-versa, mas a qualidade das imagens 
sempre será superior para os objetos para o qual o equipamento 
é mais voltado. Existem diferenças importantes entre setups 
voltados para céu profundo e setups voltados para planetas. 
Mesmo dentro da categoria de céu profundo há equipamentos 
que são melhores para um tipo de objeto e piores para outros. 
E o problema não existe somente no campo dos 
equipamentos. Há muitos outros fatores que podem influenciar 
na sua escolha do tipo de Astrofotografia a qual você se 
dedicará. São eles: tempo disponível, clima de sua região, 
poluição luminosa, disponibilidade de transporte, entre outros. 
Antes de começar num tipo de Astrofotografia, você precisa 
colocar tudo da balança. 
 
Astrofotografia de céu profundo 
Por céu profundo, entende-se tudo aquilo que está além de 
nosso Sistema Solar, que não é iluminado ou esteja em órbita do 
Sol. Estes objetos estão muito mais distantes do que os planetas, 
cometas, asteroides e luas de nosso sistema solar. São 
geralmente muito débeis comparados aos planetas mais 
brilhantes, exigindo capturas com longos tempos de exposição 
por frame para serem registrados, mas também podem se 
apresentar no céu em tamanhos muito maiores do que os 
objetos mais próximos do sistema solar, podendo ser fotógrafos 
com telescópios menores ou mesmo pequenas lentes 
fotográficas. Há vários tipos de objetos de céu profundo, os 
mais populares na Astrofotografia são galáxias, nebulosas e 
aglomerados estelares. 
As galáxias se dividem principalmente entre espirais, 
irregulares e elípticas. As galáxias espirais são como a nossa 
Via Láctea, têm um formato semelhante ao de um redemoinho. 
Elas podem estar visíveis de várias maneiras: 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
28 
 
• de frente, apresentando formato arredondado, 
evidenciando de forma nítida os chamados braços espirais. 
Exemplos: Galáxias do Rodamoinho (M51), do Cata-vento do 
Sul (M83) e do Cata-vento do Norte (M101); 
• meio de frente, apresentando uma forma oval, mais 
ainda com os braços espirais bastante nítidos. Exemplos: 
Galáxia do Triângulo (M33), do Bode (M81), do Girassol 
(M63). 
• meio de lado, apresentando um formato que lembra o de 
uma espiga de milho, com os braços espirais pouco visíveis. 
Exemplos: Galáxia de Andrômeda (M31), do Escultor 
(NGC253) e NGC 4945. 
• de lado, evidenciando a grande diferença entre o 
comprimento e a altura dos discos galáctico espirais, sem 
qualquer visualização dos braços espirais. Exemplos: Galáxia 
do Sobreiro (M104), da Agulha (NGC 4565) e NGC 891 
Muitas galáxias espirais possuem o seu centro em forma 
de uma barra, que está geralmente ligada aos braços principais 
 
Ilustração 3: NGC 5128 – uma das galáxias mais 
brilhantes do céu do hemisfério sul. É um exemplo de 
galáxia lenticular. Imagem feita com refletor de 200mm de 
abertura e câmera monocromática. 
 Rodrigo Andolfato 
29 
 
destas galáxias. Estas galáxias estão numa subcategoria, sendo 
denominadas galáxias espirais barradas. A galáxia do Cata-
vento do Sul (M83) e a do Escultor (NGC 253) incluem-se 
nesta subcategoria. 
 
Galáxia Lenticular: São galáxias similares às galáxias 
espirais, possuem um bojo central e um disco, mas não 
apresentam os braços espirais – Ilustração 3. 
 
Galáxias Irregulares geralmente são galáxias menores 
que não chegaram a adquirir o formato espiral. Muitas delas são 
galáxias satélites de galáxias espirais. A Via Láctea tem duas 
galáxias satélites bastante visíveis a partir do Brasil, a Grande e 
a Pequena Nuvem de Magalhães. Fernão de Magalhães foi o 
primeiro europeu a oficialmente avistá-las, quando chegou aos 
maresdo Sul, em sua famosa viagem em volta ao mundo. 
 
Ilustração 4: A Galáxia de Cata-vento do Sul (M83), à esquerda, é um belo exemplo de 
galáxia espiral barrada. Já sua prima do Norte, a Galáxia de Cata-vento do Norte 
(M101), é uma galáxia espiral que não apresenta a barra. Imagens feitas com refrator de 
102mm de abertura e câmera monocromática. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
30 
 
 
Galáxias Elípticas são galáxias de formato esférico. Elas 
não têm quase nenhuma estrutura visível, como braços espirais, 
ou mesmo nebulosas. São muito uniformes, tendo como 
característica notável apenas o fato do núcleo ser mais brilhante 
que o resto de seu corpo. Há dois tipos de galáxias elípticas: as 
pequenas, que até parecem grandes aglomerados globulares 
soltos no espaço e as gigantes, que parecem ser fruto da colisão 
de grandes galáxias espirais muito antigas. 
 
Algumas galáxias estão muito mais próximas de nós em 
relação a outras. As mais notáveis são as que fazem parte do 
chamado Grupo Local. Estas galáxias estão gravitacionalmente 
ligadas à Via Láctea e formarão uma enorme galáxia daqui a 
bilhões de anos. As mais visíveis são as Nuvens de Magalhães, 
Andrômeda (M31) e Triângulo (M33). As nuvens de Magalhães 
são menores, mas são as mais próximas, enquanto Andrômeda e 
Triângulo são respectivamente a maior e a terceira maior 
galáxia do Grupo Local, sendo que a nossa Via Láctea é a 
segunda maior galáxia deste grupo. 
 
As Nuvens de Magalhães estão tão próximas de nós que 
um registro feito com telescópio geralmente mostra apenas 
parte destes fantásticos objetos, que são fotografados por inteiro 
somente quando trocamos o telescópio por uma lente entre 135 
e 200mm. A Galáxia de Andrômeda ocupa uma área do céu com 
o diâmetro duas vezes maior do que a Lua, sendo recomendado 
o uso de telescópios menores para o seu registro na íntegra. 
 
Quase todas as galáxias fora do Grupo Local são 
melhores registradas com telescópios maiores, sendo mais 
comum o uso de lentes somente quando o objetivo é registrar 
grandes aglomerados de galáxias, como o Aglomerado de 
Virgem, que ocupa uma área extensa no céu. 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
31 
 
Como são objetos muito pálidos e que emitem luz branca, 
a fotografia das galáxias é muito prejudicada pela poluição 
luminosa. Alguns filtros específicos podem melhorar um pouco 
os registros destes objetos em áreas urbanas, mas para fotos 
realmente perfeitas, com o fundo destacado, você precisará se 
dirigir a áreas sem poluição luminosa e durante a Lua nova. A 
luz emitida pela Lua, mesmo durante as fases menos brilhantes, 
é tão prejudicial a Astrofotografia de galáxias quanto a luz 
emitida por áreas urbanas. 
 
Nebulosas são nuvens de gás e poeira presentes dentro 
das galáxias e que geralmente formarão novos sistemas solares, 
mas também podem ser nuvens de gás remanescentes da 
explosão de grandes estrelas. As nebulosas mais 
espetacularmente fotografáveis estão dentro de nossa galáxia ou 
de galáxias muito próximas no Grupo Local, como as Nuvens 
de Magalhães ou a Galáxia do Triângulo (M33), mas, com 
equipamentos de grande porte, é possível fazer registros 
interessantes das maiores nebulosas presentes em algumas 
galáxias fora do Grupo Local, como M83. 
 
Entre as nebulosas dentro de nossa galáxia a variedade de 
tamanho e formas que aparecem no céu é de perder a conta. 
Algumas podem ocupar o espaço de várias constelações, como 
a Nebulosa Barnard Looping ou aparecerem pouco maiores do 
que os planetas do Sistema Solar, como a Nebulosa do Anel 
(M57). 
 
Os tipos mais conhecidos de nebulosas são, nebulosas de 
emissão, de reflexão, escuras, planetárias e as remanescentes de 
supernova. 
 
 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
32 
 
As nebulosas de emissão têm como traço mais 
característico a cor vermelha, pouco visível em observações via 
ocular, mas de enorme destaque em fotografias de longa 
exposição. A cor vermelha é devido à presença de hidrogênio 
ionizado. Algumas das nebulosas de emissão mais famosas são 
a de Carina (NGC3372), Lagoa (M8), da Roseta (NGC2244), 
Águia (M16) e Cisne (M17). Com filtros de banda estreita, que 
deixam passar apenas uma pequena faixa de luz, é possível 
produzir as imagens mais espetaculares que se pode ver destas 
nebulosas, mesmo em áreas com grande poluição luminosa. O 
resultado são cores falsas, tendendo mais para o amarelo e o 
azul, mas que mostram detalhes destes objetos de fazer 
qualquer um arregalar os olhos, como a imagem da Ilustração 5, 
que também ilustra a capa deste livro. 
 
 
 
Ilustração 5: A espetacular Nebulosa Carina (NGC3372), aqui registrada com um telescópio 
refrator de 102mm de abertura e com filtros de banda estreita. 
 Rodrigo Andolfato 
33 
 
 
Apesar da beleza das capturas feitas com filtros de banda 
estreita, nebulosas de emissão registradas em suas cores 
naturais, com câmeras coloridas, também rendem imagens de 
tirar o fôlego, principalmente as mais brilhantes, como as 
Nebulosas da Lagoa (M8), da Tarântula (NGC2070) e Carina 
(NGC3372). E o fato de podermos ver as nebulosas em suas 
cores verdadeiras enriquece a experiência. Mas sem o uso dos 
filtros de banda estreita, recomenda-se o deslocamento para 
uma região sem poluição luminosa. 
Já as nebulosas de reflexão são nuvens de gás, podendo 
conter poeira, que refletem a luz vindo de estrelas próximas e 
normalmente apresentam coloração azulada. As nebulosas de 
reflexão mais conhecidas são as nebulosas que rodeiam as 
 
Ilustração 6: Nebulosa Cabeça do Cavalo Azul (IC4592), capturada com câmera DSLR e lente 
de 135mm. Belo exemplo de nebulosa de reflexão. Para se conseguir este registro, foram 
necessárias quase três horas de exposição total num local com baixíssima poluição luminosa. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
34 
 
Plêiades, em especial Merope, além de M78, Cabeça de Cavalo 
Azul (Ilustração 6) e Cabeça de Bruxa, entre outras. 
Para um bom registro das nebulosas de reflexão, o 
astrofotógrafo é obrigado a se deslocar para uma região sem 
poluição luminosa durante os períodos de Lua nova. A maioria 
destas nebulosas é bastante pálida. 
 
Nebulosas escuras são formadas por nuvens de poeira 
suficientemente densas para não deixarem a luz passar através 
delas, criando obstáculos que parecem verdadeiros buracos no 
céu. Estas nebulosas são mais facilmente observáveis quando 
estão entre grandes campos estelares, principalmente da Via 
Láctea e aparecem nas fotos como manchas escuras entre as 
estrelas. Também são bem visíveis quando estão à frente de 
 
Ilustração 7: A Nebulosa Escura do Cachimbo recebeu este nome devido a seu formato. 
 Rodrigo Andolfato 
35 
 
nebulosas de emissão. As mais famosas são as Nebulosas 
Cabeça do Cavalo (Barnard 33), do Cachimbo (Ilustração 7), da 
Serpente e Saco de Carvão. 
 
Algumas nebulosas são formadas tanto por nuvens de 
hidrogênio como por nuvens de poeira, apresentando partes 
azuis e vermelhas e até outras variedades de cores. As mais 
famosas são a espetacular Nebulosa de Orion (M42) – 
Ilustração 2 e Trífida (M20). Outras nebulosas são tão 
complexas que são chamadas de complexos nebulares. O maior 
exemplo é a região de Rho Ophiuchi, que contem nebulosas 
escuras, de emissão, reflexão e aglomerados globulares. 
 
As nebulosas planetárias são nebulosas de emissão 
formadas por plasma e gás expelidos por uma estrela com 
tamanho próximo ao do Sol em sua fase final de vida. 
Normalmente ocupam uma área muito pequena do céu e 
somente as mais próximas do nosso sistema solar são 
 
Ilustração 8: Nebulosa Planetária do Halter (M27) fotografada 
com telescópio refletor de 200mm câmera CCD monocromática e 
filtros de banda estreita. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
36 
 
fotografáveis com equipamentos amadores. Apesar do pequeno 
tamanho aparente, costumam ser bastante brilhantes e são alvos 
ideais para telescópiosde maior aumento. As mais famosas são 
a Nebulosa do Anel (M57), do Halter (M27) – Ilustração 8 – e 
da Hélice (NGC 7293). 
 
As remanescentes de supernovas são nebulosas de 
emissão formadas pelo choque entre o material liberado por 
uma estrela gigante que explodiu ao chegar no estágio final de 
sua vida e o material interestelar em volta. Supernovas ocorrem 
em estrelas muito maiores do que as que geraram as nebulosas 
planetárias e por isso os eventos que criam as remanescentes de 
supernovas são mais agressivos do que os que geraram as 
nebulosas planetárias. Isso faz com que as remanescentes de 
supernovas possam ocupar áreas muito maiores do céu. A 
remanescente de supernova mais conhecida e fotografada é a 
Nebulosa do Véu, que se divide em várias partes que só podem 
ser fotografadas juntas com menores aumentos (pequenos 
 
Ilustração 9: As pálidas Nebulosas do Véu do Oeste (esquerda) e do Leste (direita) fazem parte 
de um grande remanescente de supernova. Imagem capturada com câmera DSLR e lente de 
135mm. 
 Rodrigo Andolfato 
37 
 
refratores ou lentes fotográficas). Apesar de ocuparem áreas 
maiores do céu, ao contrário das Nebulosas Planetárias, as 
remanescentes de supernovas são geralmente muito pálidas, 
exigindo grandes tempos de exposição e filtros de banda estreita 
para serem captadas em todo o seu esplendor. 
Como são nebulosas de emissão, tanto nebulosas 
planetárias como remanescentes de supernovas podem ser 
capturadas com filtros de banda estreita. 
 
Aglomerados globulares são aglomerações densas 
formadas por centenas ou milhares de estrelas. Alguns chegam 
a ter mais de um milhão de estrelas, como Ômega Centauri 
(NGC 5139). São formados por estrelas muito antigas e 
geralmente se localizam fora do plano galáctico. Por serem 
bastante concentrados, precisam de aumentos maiores para 
serem capturados com detalhes. Os aglomerados globulares 
mais famosos são Ômega Centauri, Grande Aglomerado de 
Hércules (M13), M22 e 47 Tucanae (NGC 104). Alguns 
aglomerados globulares mais brilhantes foram catalogados 
 
Ilustração 10: M22, terceiro aglomerado mais brilhante do 
céu. Destaca-se na constelação de Sagitário durante o 
inverno brasileiro. Imagem registrada com telescópio 
refrator de 102mm e câmera DSLR. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
38 
 
como estrelas até que a observação por telescópios mostrasse 
sua verdadeira natureza. 
 
Aglomerados abertos são formados por estrelas mais 
jovens, recém-formadas de uma nebulosa, e que tendem a 
afastar-se uma das outras. Muitas das estrelas destes 
aglomerados um dia formarão um sistema solar como o nosso. 
Há alguns aglomerados abertos bem próximos de nós, pedindo 
aumentos menores ao serem registrados, enquanto outros estão 
bem distantes e precisam de grandes ampliações. Muitos 
aglomerados abertos, principalmente os mais jovens, são vistos 
envoltos por nebulosas. Os aglomerados abertos mais famosos 
são as Plêiades (M45), Aglomerado de Ptolomeu (M7), 
Aglomerado de Borboleta (M6), Presépio (M44), entre muitos 
outros. 
 
A Via Láctea 
Quando se fala em Astrofotografia de céu profundo, nossa 
galáxia é um caso à parte. Nós estamos dentro dela e registrá-la 
 
Ilustração 11: Dois aglomerados abertos. Na primeira imagem, Aglomerado Pato Selvagem 
(M11). Exemplo de aglomerado aberto denso. Na segunda imagem, as Plêiades (M45). 
Aglomerado disperso associado a nebulosidade. A primeira imagem foi produzida com 
telescópio refrator de 102mm de abertura, enquanto a segunda, com lente de 135mm, ambas 
com câmera DSLR. 
 Rodrigo Andolfato 
39 
 
completamente é algo muito difícil (embora possível, com 
grandes mosaicos capturados em épocas diferentes), mas 
podemos fazer registros que mostram grande parte dela. A 
região mais interessante certamente é o centro, onde estão os 
campos estelares mais brilhantes. 
O Centro da Via Láctea fica mais visível durante o 
inverno, o que é muito bom, já que muitas regiões do Brasil 
ficam completamente sem nuvens durante esta época do ano. 
Seu registro exige um céu muito limpo, sem poluição luminosa 
ou nuvens, mesmo que dispersas, pois a área do céu capturada é 
bastante extensa. 
Para capturar a maior extensão possível da Via Láctea, 
recomenda-se lentes do tipo grande angular, com baixa 
distância focal, entre 10 e 20mm. Para uma boa foto do centro, 
 
Ilustração 12: A Via Láctea, em todo o seu esplendor, registrada com lente de 11mm. Para imagens 
assim, é necessário estar longe de qualquer poluição luminosa e não podem haver nuvens no céu. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
40 
 
lentes entre 30 e 50mm fazem um bom trabalho. Devido à baixa 
distância focal necessária, a Via Láctea pode ser capturada 
mesmo sem acompanhamento motorizado, com tripé de câmera 
fotográfica. 
 
A principal característica dos objetos de céu profundo é 
serem bastante pálidos. Alguns destes objetos apresentam 
tamanho aparente maiores do que a Lua, outros chegam até 
mesmo a ter o tamanho de constelações. Alguns são até visíveis 
a olho nu, mas a maioria apresenta um brilho fraco demais para 
ser percebida, mesmo em áreas sem poluição luminosa. O 
objetivo da Astrofotografia de céu profundo não é produzir 
grandes aumentos, mas o campo ideal para o objeto sendo 
fotografado. 
Conseguir o tempo de exposição ideal é sempre o 
principal desafio de um astrofotógrafo de céu profundo. 
Quanto maior o tempo de exposição total, mais detalhes 
aparecerão na foto. O problema é que a Terra é uma nave em 
constante movimento, dando uma volta em torno de si mesma a 
cada vinte e quatro horas. Os alvos do astrofotógrafo não 
permanecem parados durante a captação e o telescópio deve se 
manter em perfeito sincronismo com o objeto sendo registrado. 
O movimento da Terra em relação ao céu faz necessário que 
todo telescópio usado para fotografia de céu profundo esteja 
acompanhado de um tripé que possua uma montagem 
motorizada, capaz de sincronizar com o movimento da 
Terra em relação ao céu pelo maior tempo possível. 
Além de conseguir longos tempos de exposição, o 
astrofotógrafo de céu profundo tem outros desafios importantes: 
focalizar e enquadrar um objeto que muitas vezes ele nem 
sequer consegue ver pode parecer não ser fácil, mas com o 
equipamento certo e conhecimento torna-se possível e até 
mesmo sem grandes dificuldades. No capítulo sobre captura 
examinaremos melhor cada passo da Astrofotografia de céu 
profundo. 
Um dos maiores problemas que astrofotógrafos de céu 
profundo enfrentam é a poluição luminosa. Trata-se de um 
obstáculo nunca antes tão presente como hoje. Se o 
 Rodrigo Andolfato 
41 
 
desenvolvimento humano no último século nos deu as câmeras 
digitais e montagens computadorizadas, por outro lado nos deu 
cidades cada vez maiores, cujos problemas de segurança e vida 
noturna demandam cada vez mais iluminação pública. Esta 
iluminação, construída sem um planejamento que levasse em 
conta a Astronomia, tornou o acesso ao céu noturno algo cada 
vez mais distante das populações urbanas e afeta até mesmo as 
regiões rurais próximas às maiores cidades. Hoje, é difícil 
encontrar um local acessível que seja totalmente livre da 
poluição luminosa. 
Há filtros que ajudam a diminuir a poluição luminosa. Os 
filtros de banda estreita chegam mesmo a quase acabar 
completamente com ela, mas somente para objetos específicos e 
sem a captação das cores reais do objeto. Por isso, se você 
planeja se tornar um astrofotógrafo de céu profundo, deve levar 
muito em consideração a poluição luminosa de seu local de 
captura. 
 
A Astrofotografia de céu profundo é feita basicamente 
da seguinte forma: utilizando-se uma montagem, de 
preferência com acompanhamento motorizado, um telescópio 
ou lente fotográfica e uma câmera adequados ao objeto que se 
quer registrar, são geralmente feitas não uma, mas várias 
capturas com longos tempos de exposição, chamadas 
“frames”. O tempo de exposição de cada frame varia deacordo 
com o objeto a ser registrado e equipamento utilizado, podendo 
ser de alguns segundos a até mesmo cerca de meia hora por 
frame, para objetos extremamente pálidos. 
Quanto maior o número de frames, melhor o resultado 
final. Quanto mais tempo o astrofotógrafo de céu profundo 
gasta com a captura de um objeto, melhor o resultado final. O 
astrofotógrafo, além dos frames de captura, chamados de light 
frames, também terá que produzir vários frames de calibração 
(darks, flats e Bias/offset), que aumentam o tempo e a 
complexidade do trabalho, mas ajudam a produzir resultados 
superiores. Tudo isso faz com que a Astrofotografia de céu 
profundo possa se tornar bastante demorada. Geralmente, gasta-
se algumas horas com cada registro. Não é raro que 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
42 
 
astrofotógrafos avançados dediquem várias noites numa única 
imagem. 
Depois de realizada a captura, o astrofotógrafo de céu 
profundo deverá selecionar todos os bons frames da captação 
realizada, mais os frames de calibração, e integrar todos num 
software de integração. Há várias opções de programas que 
fazem este trabalho. Alguns são gratuitos, outros são pagos. Eu 
gosto muito do Deep Sky Stacker. Ele é gratuito, simples e 
muito eficiente. Por isso ele será o integrador de imagens a ser 
estudado neste livro. 
Após a integração dos frames, o astrofotógrafo levará a 
sua imagem para um programa de tratamento de imagens, onde 
tentará melhorar o contraste, as cores e realçar os detalhes do 
objeto registrado, tomando o cuidado de não exagerar a ponto 
de descaracterizar o objeto alvo ou gerar muito ruído. Se estiver 
trabalhando com câmeras monocromáticas, o astrofotógrafo 
deve integrar separadamente cada canal de cor antes de levar ao 
software de tratamento. 
 
Astrofotografia planetária 
 
 A Astrofotografia planetária é tão popular quanto a 
Astrofotografia de céu profundo. Ela envolve o registro dos 
outros sete planetas de nosso sistema solar e suas luas. Também 
envolve a fotografia dos planetas anões e asteroides. 
O número de objetos a serem fotografados na 
Astrofotografia planetária é muito inferior ao dos objetos de céu 
profundo. Se excluirmos os satélites dos planetas, mal passa de 
uma dezena, sendo que é possível capturar um número 
expressivo de detalhes somente de Júpiter, Saturno, Marte e 
alguma coisa de Vênus. A boa notícia é que estes objetos são 
incrivelmente dinâmicos, com detalhes mudando 
completamente de uma noite para outra ou mesmo após alguns 
minutos, fazendo valer a pena um acompanhamento constante 
destes astros. 
Enquanto na Astrofotografia de céu profundo não existe 
um aumento ideal, mas adequado para cada objeto, na 
 Rodrigo Andolfato 
43 
 
Astrofotografia planetária, mais capacidade de ampliação é 
sempre melhor. Os planetas têm um tamanho aparente muito 
reduzido e mostrar mais detalhes exige vê-los mais de perto, 
sendo geralmente necessários extensores focais como barlows 
ou powermates para uma maior aproximação. 
Astrofotografia planetária é muito menos prejudicada pela 
poluição luminosa do que a de céu profundo. Os planetas são 
em geral muito brilhantes. Isto faz com que a Astrofotografia 
planetária seja ideal para aqueles que moram em cidades 
maiores e não gostam ou não têm como ir para locais afastados 
fazer seus registros. A Astrofotografia planetária também não é 
prejudicada pela presença da Lua no céu, permitindo registros 
durante a Lua cheia, mesmo que os planetas estejam bem 
próximos a ela. Alguns astrofotógrafos chegam a fazer registros 
de Vênus ou de Júpiter em plena luz do dia. 
Entretanto, a atmosfera da Terra dá aos astrofotógrafos 
planetários um outro desafio. Devido ao pequeno tamanho 
aparente dos planetas, movimentações atmosféricas podem 
prejudicar muito a captação planetária. O efeito que a 
turbulência provoca na imagem de um planeta ao telescópio faz 
parecer que estamos vendo através de uma piscina com suas 
águas agitadas, com o planeta dançando atrás dela. 
O nível de qualidade da atmosfera durante a captação 
planetária é chamado de seeing. Você pode morar numa região 
que sempre ou quase sempre tenha o seeing ruim, mas também 
pode morar num local onde o seeing quase sempre se apresente 
com boa qualidade. Se a sua região possui geralmente um 
seeing ruim, você corre o risco de se frustrar caso compre 
seu equipamento astrofotográfico com o objetivo de 
registrar os planetas. 
A qualidade do seeing também pode depender do horário. 
Geralmente, no início da noite o seeing não está bom, isso se 
deve devido à queda de temperatura a partir do momento que a 
atmosfera para de receber a luz solar. A tendência é que o seeing 
vá melhorando durante a noite, quando a atmosfera vai se 
estabilizando. 
A Astrofotografia planetária é feita de forma semelhante à 
Astrofotografia de céu profundo. A grande diferença é que aqui 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
44 
 
geralmente o tempo de exposição dos frames é muito pequeno, 
de milésimos ou centésimos de segundo, e eles tendem a ser 
centenas ou mesmo milhares. Os planetas são geralmente muito 
brilhantes, por isso, não são necessários tempos de exposição 
maiores. O astrofotógrafo planetário encontra o tempo de 
exposição adequado testando alguns tempos de exposição por 
frame diferentes até que a imagem que aparece na tela tenha um 
brilho satisfatório sem que haja nenhuma área estourada 
(totalmente branca) ou muito escura. Após chegar ao tempo 
ideal por frame, tenta capturar o máximo de frames possível. O 
ideal é algo em torno de, pelo menos, mil frames. Alguns 
astrofotógrafos chegam a capturar mais de dez mil. Este número 
é possível porque em Astrofotografia planetária não se tiram 
fotos, mas gravam-se vídeos com o maior número de frames 
possível. 
O número de frames é limitado pela velocidade de 
captura, bem como pela velocidade de rotação dos planetas, que 
pode borrar a imagem integrada caso a captação seja muito 
prolongada. Este tempo de rotação depende de cada planeta, 
podendo ser corrigido com softwares específicos, dentro de um 
limite, é claro. 
Geralmente gastam-se dois a dez minutos num registro 
planetário. Astrofotógrafos planetários costumam fazer cerca de 
uma dezena de capturas de cada planeta durante uma sessão 
fotográfica, pois a atmosfera pode variar muito de um registro 
para o outro, produzindo imagens com qualidade bastante 
variada. Uma sessão de uma hora já é suficiente para uma boa 
coletânea de registros planetários, o que torna a Astrofotografia 
planetária mais dinâmica e rápida do que a captura de céu 
profundo. 
Os grandes aumentos usados na Astrofotografia planetária 
geram algumas dificuldades com as quais o astrofotógrafo 
planetário terá que lidar. A buscadora precisa estar 
perfeitamente alinhada ao telescópio principal, caso contrário 
será muito difícil enquadrar o planeta. Além disso, qualquer 
esbarrão no telescópio fará o planeta pular como uma bola de 
pingue pongue no campo da câmera, correndo o risco até de sair 
do campo de visão. Os controles do telescópio devem ser 
 Rodrigo Andolfato 
45 
 
precisos o suficiente para pequenas correções durante a captura, 
que não tirem o planeta do estreito campo de visão. 
 
Os planetas 
 
Vênus regularmente é o terceiro objeto mais brilhando do 
céu, atrás somente do Sol e da Lua. É tão brilhante que em 
alguns momentos chega a ser possível vê-lo a olho nu mesmo 
durante o dia. Isto ocorre devido à grande proximidade com o 
Sol e a sua atmosfera densa e reflexiva, que dá a Vênus o maior 
albedo do Sistema Solar, cerca de 75 por cento. O albedo de 
Marte, por exemplo, não passa de 30 por cento. 
Vênus está mais próximo do Sol do que a Terra, estando 
no que chamamos de órbita interna. O mais alto que você verá 
Vênus no céu será algo próximo de cinquenta graus, ou pouco 
mais de metade do caminho até o Zênite. A distância que Vênus 
está no céu em relação ao Sol chama-se elongação. 
Um aspectointeressante sobre Vênus é que ele apresenta 
fases bem definidas, como a Lua. O complicado é que devido à 
posição de sua órbita, quanto mais próximo ele está da Terra, 
menos da parte iluminada é visível, e quanto maior a área 
iluminada, mais distante o planeta está, tornando a fotografia de 
Vênus um grande desafio. 
A grande maioria das fotos amadoras de Vênus mostram 
somente suas fases, mas com telescópios maiores e filtros 
específicos, astrofotógrafos mais avançados conseguem 
registros de detalhes de sua densa atmosfera, mas que não 
permitem ver nenhum detalhe da superfície do planeta. 
 
Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, é visível de 
forma muito parecida com Vênus, mas tudo em menor escala. A 
sua elongação máxima é a metade de Vênus e o planeta é quase 
sempre visto somente no fim da madrugada, com o dia já 
clareando, ou desaparece no início da noite, quando ainda não 
escureceu completamente. Sempre com muita atmosfera entre o 
planeta e o observador. O tamanho aparente de Mercúrio é 
quatro vezes menor do que o de Vênus e seu brilho é várias 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
46 
 
vezes mais fraco. Ao contrário de Vênus, Mercúrio não tem 
atmosfera, tendo uma superfície muito parecida com a Lua, mas 
é pequeno e distante demais para que se possam captar detalhes 
com telescópios amadores menores. Detalhes que vão além de 
suas fases necessitam de telescópios de mais de 12 polegadadas 
de abertura. 
Marte é o primeiro planeta depois da Terra. Como sua 
órbita está muito próxima da nossa, o planeta fica muito visível 
e brilhante quando está no ponto mais próximo da Terra, mas 
pouco visível no resto do tempo. Terra e Marte levam 
aproximadamente dois anos para passarem perto um do outro e 
o mês em que isso acontece costuma ser a época de ouro para a 
observação e fotografia “marciana”. Este momento é chamado 
oposição. É quando a Terra se encontra alinhada entre um astro 
e o Sol. No resto do tempo, poucos detalhes são captados por 
telescópios amadores. Além disso, a órbita dos dois planetas 
não é perfeitamente circular, fazendo com que estes encontros 
apresentem grandes diferenças entre si. O ponto orbital onde a 
Terra está em sua distância máxima do Sol (afélio) e Marte em 
sua distância mínima (periélio) são bastante próximos, e quando 
 
Ilustração 13: Marte, registrado com telescópio refletor 
de 200mm de abertura e câmera planetária 
monocromática, próximo à oposição de 2016. O planeta 
estava com tamanho aparente de cerca de 18 segundos 
de arco. 
 Rodrigo Andolfato 
47 
 
os dois planetas se encontram nessa região, os registros podem 
ser espetaculares, mas podem decepcionar quando acontece o 
contrário, quando o encontro ocorre com a Terra estando 
próxima do Sol, enquanto Marte está no ponto mais distante. De 
qualquer forma, na época de sua aproximação com a Terra, 
Marte geralmente domina as atenções dos astrofotógrafos 
planetários. Em 2018, a oposição de Marte será a mais 
espetacular dos últimos 15 anos, com 24 segundos de arco de 
tamanho aparente. Depois retrocederá até cerca de 14 segundos 
de arco, em 2027, voltando a tornar-se espetacular em 2035, 
com mais de 24 segundos de arco novamente. Não perca o 
evento de 2018. 
Marte é o único planeta em que você conseguirá registrar 
tanto características da superfície como atividades da atmosfera. 
Muitos detalhes de sua geologia são visíveis, com algumas 
áreas parecendo mais escuras e outras mais claras. Na 
atmosfera, é comum a visualização de nuvens brancas e, até 
mesmo, enormes tempestades de areia, capazes de cobrir todo o 
planeta. Um dos detalhes mais destacados da superfície de 
Marte é o branco de suas calotas polares formado pelo CO2 
congelado. 
 
Os quatro outros planetas do Sistema Solar são os 
chamados gigantes gasosos, cuja atmosfera é densa demais para 
que se possa ver algum detalhe de suas superfícies. Na verdade, 
nem se pode dizer que estes planetas tenham uma superfície. 
Suas atmosferas são tão espessas que quanto mais se desce 
nestes planetas, mais a pressão vai aumentando, a níveis tão 
elevados que a partir de certa profundidade a matéria atinge o 
estado líquido e depois sólido, sem uma fronteira definida onde 
seja possível pousar com uma nave, por exemplo. 
 
Devido a estarem mais distantes, ao contrário dos planetas 
rochosos, o tamanho aparente dos gigantes gasosos varia pouco 
durante o ano. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
48 
 
Júpiter está oito vezes mais distante da Terra do que 
Marte, mas seu enorme tamanho o torna o planeta de melhor 
visibilidade entre todos. É provavelmente o planeta mais 
fotografado por amadores. Também pudera, nenhum planeta 
apresenta tantos detalhes visíveis para telescópios amadores, 
nem tanta atividade. Sua atmosfera complexa e contrastante 
sempre apresenta uma enormidade de formações interessantes. 
Todos os dias surgem novas formações. Na verdade, a cada 
hora, devido à rápida rotação do planeta, já temos uma imagem 
bastante diferente de Júpiter. 
 
As quatro maiores luas de Júpiter: Europa, Io, Calisto e 
Ganímedes, só apresentarão detalhes em fotografias com 
telescópios maiores, mas a sua movimentação é um dos objetos 
de maior interesse entre todos os astrofotógrafos, pois podem 
ser registradas até com telescópios pequenos. Com modelos de 
90mm de abertura já é possível registrar a sombra destas luas 
quando passam sobre o disco de Júpiter, propiciando flagrantes 
espetaculares da interação entre estes astros. Com um telescópio 
 
Ilustração 14: Júpiter, registrado com o mesmo 
equipamento da imagem anterior de Marte. A grande 
Marcha Vermelha, na parte inferior esquerda do planeta, 
é uma das formações mais misteriosas e fascinantes do 
Sistema Solar. 
 Rodrigo Andolfato 
49 
 
de oito polegadas ou mais, uma boa câmera planetária e boas 
condições atmosféricas, é possível até capturar alguns detalhes 
sutis da superfície destas luas. 
Saturno é o segundo maior planeta do sistema solar e está 
duas vezes mais distante do que Júpiter. Destaca-se 
principalmente por seus fabulosos anéis. Estes anéis fazem de 
Saturno um objeto único no céu. Não existe nada comparável a 
eles no firmamento. Outros planetas possuem anéis. 
Recentemente descobriu-se até mesmo um asteroide que possui 
anéis, mas nenhum deles é visível aqui da Terra como os de 
Saturno, perceptíveis até mesmo através de um pequeno 
telescópio. 
 
Telescópios menores mostrarão os anéis de saturno como 
um único componente. Com um refrator de 90mm e uma boa 
câmera, a Divisão de Cassini, a mais evidente de todas, já fica 
bem definida. Através de telescópios grandes, é possível 
identificar um maior número de divisões. 
Ilustração 15: Saturno. Os magníficos anéis fazem do 
gigante gasoso um planeta único. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
50 
 
O ângulo de Saturno varia muito em relação à Terra, 
fazendo com que os anéis cheguem a envolver completamente o 
planeta na inclinação máxima, que é de vinte e seis graus e 
ocorre a cada 29,5 anos. Os anéis também podem ficar 
totalmente de lado, praticamente desaparecendo, pois são muito 
finos em relação à sua extensão. Atualmente os anéis estão 
bastante abertos, mas também estão ficando cada vez menos 
visíveis. No ano de 2025 eles praticamente desaparecerão e 
voltarão a ficar visíveis com o passar dos anos. 
A atmosfera de Saturno possui bem menos contraste que a 
atmosfera de Júpiter, sendo difícil destacar detalhes. 
Geralmente somente com grandes telescópios, de 150mm ou 
mais de abertura, é possível captar maiores detalhes, sendo 
possível distinguir várias zonas horizontais na atmosfera do 
planeta. Raramente é possível ver nuvens isoladas, como vemos 
em Júpiter, mas algumas vezes surgem enormes tempestades, 
que podem ser visíveis em telescópios maiores. 
O traço permanente mais encantador da atmosfera de 
Saturno com certeza é o seu polo norte em forma de hexágono, 
que há muito tempointriga os astrônomos amadores. Somente 
telescópios amadores maiores são capazes de mostrar o 
hexágono com nitidez. Como os enormes anéis, este hexágono 
também é único no sistema solar e estará em sua visibilidade 
máxima em 2017. A partir daí, começará a se deslocar para trás, 
até desaparecer completamente e ficará invisível por décadas, 
oculto no lado escuro do planeta, num longo inverno. No polo 
sul de Saturno, fotos da sonda espacial Cassini mostraram que 
não ocorre formação hexagonal. 
Saturno tem várias luas registráveis com telescópios 
amadores, mas por estarem mais distantes do que as maiores 
Luas de Júpiter e, com exceção de Titan, serem bem menores, 
não é possível captar nenhum detalhe delas. Mesmo Titan não 
apresentará qualquer detalhe, pois é totalmente coberta por uma 
atmosfera densa e homogênea. A sombra das maiores Luas, 
passando pelo disco do planeta, pode ser captada, embora seja 
mais raro e mais difícil de registrar do que em Júpiter. Como 
são objetos muito pouco brilhantes, imagens de Saturno com 
suas luas exigem capturas separadas, com as luas sendo 
 Rodrigo Andolfato 
51 
 
captadas com frames muito longos, de quase um segundo de 
exposição, e depois integradas à imagem do planeta, registrado 
separadamente. 
 
Urano e Netuno, os outros dois planetas gasosos do 
Sistema Solar, aparecem num telescópio amador como 
pequenos discos azulados esverdeados, com algum detalhe 
podendo ser captados somente com o uso de telescópios acima 
de dez polegadas e condições atmosféricas totalmente 
favoráveis. 
 
Plutão e os outros planetas anões aparecem ao telescópio 
amador como pequenos pontos de luz. Plutão tem alguns 
satélites bem próximos, mas está longe demais da Terra para 
que se consiga separá-los sem um telescópio de observatório 
profissional. Devido a serem muito pálidos, a captura de 
planetas anões deve ser feita com frames longos, de forma 
semelhante à captura de objetos de céu profundo, destacando a 
movimentação destes astros em relação às estrelas. 
 
Astrofotografia de cometas 
 
Dentro de nosso Sistema Solar, poucas coisas podem ser 
tão empolgantes quanto a fotografia de cometas. Estes astros 
tão singulares vêm encantando a humanidade há séculos, ou 
mesmo milênios. 
 
Uma das coisas mais legais sobre cometas é que você 
nunca sabe quando o próximo cometa espetacular vai aparecer. 
Cometas costumam ter órbitas regulares, mas geralmente elas 
são muito extensas e testemunhar um mesmo cometa duas vezes 
durante a sua vida é algo que exige muita saúde e sorte no 
calendário. O mais famoso de todos os cometas, o Halley, cruza 
a órbita de nosso planeta a cada setenta e seis anos. Eu tinha 
nove anos na última vez que ele passou, em 1986. Vou estar 
com cerca de 84 anos na próxima passagem. O Hale-Bopp, o 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
52 
 
cometa mais espetacular que testemunhei até hoje, vai levar 
mais de quatro mil anos para passar de novo. 
Felizmente, novos cometas são descobertos o tempo todo. 
Milhares de astrônomos amadores dedicam noites e mais noites 
procurando estes objetos no Sistema Solar. Um dos motivos 
para isso é que os cometas levam o nome de seu descobridor e 
ter o seu nome num cometa de destaque, que fique meses 
visível a olho nu é uma das maiores glórias de um astrônomo. 
Cometas que atingem grande brilho atraem enorme atenção do 
público geral e da mídia. Boas fotos publicadas nesta época 
podem ganhar enorme destaque. 
 
Em média, pelo menos um cometa visível a olho nu 
aparece por ano. Eles movem-se rapidamente em relação aos 
outros objetos celestes e podem mudar de objetos pálidos para 
objetos espetacularmente brilhantes em questões de dias, 
quando se aproximam do Sol. Muitos cometas apresentam 
 
Ilustração 16: Cometa Pansstarts 2013 X1, passando perto da Nebulosa NGC 6188, 
durante o nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia. Imagem registrada com lente 
de 200mm e câmera DSLR, com 7 frames de um minuto de exposição. 
 Rodrigo Andolfato 
53 
 
caudas tão extensas que somente com lentes de grande campo 
podem ser capturadas na íntegra. Já os núcleos dos cometas são 
pequenos demais para serem registrados com detalhes. 
O registro de cometas é muito semelhante à captura de 
objetos de céu profundo. A maior diferença é que os cometas se 
deslocam muito rápido em relação às estrelas de fundo. Isso faz 
com que existam limites do tempo de exposição de captura 
quando o cometa está muito próximo à Terra. 
 
Astrofotografia lunar 
 
A Lua não é considerada pelos astrofotógrafos de céu 
profundo como uma aliada. Para quem quer fotografar galáxias 
ou nebulosas, ela é vista como um farol no céu, inundando os 
sensores com a luz que reflete do Sol e fazendo a maioria dos 
astrofotógrafos de céu profundo recolherem-se para a cama 
após o seu aparecimento. Os encontros de Astrofotografia de 
céu profundo são sempre marcados durante a Lua nova. 
Entretanto, há um velho ditado na Astrofotografia que diz: 
se a Lua não te deixa fotografar, fotografe a Lua. Com um 
tamanho aparente centenas de vezes maior do que qualquer um 
dos planetas, a Lua é um dos objetos celestes mais interessantes 
de se fotografar. Em telescópios maiores, o número de crateras, 
canais e montanhas visíveis parece ser infinito. Registrar cada 
detalhe possível de nosso satélite é um trabalho que pode render 
anos de estudo e diversão ao dedicado astrofotógrafo lunar. 
Uma coisa que pode chatear um pouco quem começa na 
Astrofotografia da Lua é o fato de nosso satélite natural estar 
preso à gravidade da Terra, ou seja, a rotação da Lua dura o 
mesmo tempo que o movimento de revolução, que ela faz ao 
girar em torno do nosso planeta. Isto faz com que o satélite 
esteja sempre com a mesma face voltada para nós. Certamente 
seria mais interessante se a Lua tivesse uma rotação diferente e 
a gente pudesse ver toda a sua superfície durante o mês e não 
somente parte dela. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
54 
 
Mas a boa notícia é que, ao contrário do que muita gente 
pensa, a Lua apresenta significativas diferenças nos ângulos que 
sua face aponta para a Terra. Ela dá uma leve virada para os 
lados durante sua órbita. Este movimento é chamado de 
libração e permite com que cinquenta e nove por cento do 
satélite seja visível para nós, ao contrário de 50 por cento que 
seria visível caso a libração não existisse. Esta diferença de 
nove por cento representa cerca de três milhões e quatrocentos 
mil quilômetros quadrados a mais de superfície visível e 
mudanças muito interessantes na posição de crateras e 
montanhas localizadas no chamado limbo lunar, as bordas da 
área visível. 
As crateras da Lua são milhares, e podem parecer 
repetitivas à primeira vista, mas não é só no tamanho que elas 
variam. Muitas estão isoladas, outras fazem partes de grupos 
complexos, outras estão enfileiradas, revelando que o asteroide 
que as formou despedaçou-se antes de atingir nosso satélite 
 
Ilustração 17: Cratera Copernicus, uma das mais espetaculares da Lua. Imagem feita com refletor 
de 200mm. 
 Rodrigo Andolfato 
55 
 
natural. Algumas crateras apresentam muros altos e picos 
proeminentes, mostrando o quanto são recentes (para os padrões 
astronômicos), enquanto outras foram encobertas por novos 
impactos, quase desaparecendo por debaixo deles. Grandes 
crateras recentes, como a da Ilustração 17, espalharam material 
em volta quando criadas. Além disso, quando as crateras vão 
entrando e saindo da parte iluminada pelo Sol, a forma como os 
raios solares as iluminam gera imagens diferentes da mesma 
cratera a cada registro. 
A área da Lua que se encontra entre a parte iluminada e a 
parte escurecida chama-se Terminator. Ela muda todos os dias e 
as crateras próximas a esta região estão no melhor ponto para 
serem registradas. 
Mas a Lua não é feita somente de crateras. Ela possui 
planícies, cadeias de montanha, antigos canais secos e até 
grandes desfiladeiros visíveisda Terra. Todos, é claro, ficam 
muito melhores para serem registrados quando próximos do 
Terminator. 
Registros das bordas lunares podem revelar interessantes 
picos montanhosos. Com um enquadramento horizontal, 
criamos a ilusão de estarmos voando sobre o satélite. 
 
O registro da Lua não é afetado pela poluição luminosa. 
Nosso satélite natural pode ser fotografado praticamente de 
qualquer região, mesmo de centros urbanos densos. Entretanto, 
tal como a fotografia planetária, a fotografia Lunar também é 
afetada por turbulência atmosférica, principalmente em grandes 
aumentos. Felizmente, fotografar a Lua não quer dizer que você 
precise propriamente de aumentos elevados. O aumento 
depende mais do objeto ou área que você quer fotografar ou da 
forma como quer apresentá-los. Uma imagem destacando uma 
grande área da Lua, feita com um pequeno refrator pode ser tão 
interessante quanto o close de uma cratera com um grande 
telescópio. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
56 
 
O processo de fotografia Lunar é muito parecido com a 
captura planetária, com duas diferenças básicas: primeiro, 
praticamente não é necessário se preocupar com as cores, já que 
elas são tão pálidas na Lua que raramente são percebidas; 
segundo, é interessante capturar com maior resolução, o que 
torna a captação mais lenta, já que os frames demoram mais 
para serem transferidos da câmera para o computador. 
Felizmente, como a Lua quase não possui movimento na 
superfície, a captação de imagens lunares pode ser feita por 
mais tempo do que quando se está filmando um planeta com 
rápida rotação. 
Apesar de não exibir cores aparentes, a superfície da Lua 
é bastante colorida. Acontece que nossos olhos não conseguem 
perceber cores tão suaves, que nos parecem todas brancas ou 
cinzas. Imagens feitas com câmeras coloridas, ou composições 
 
Ilustração 18: A Lua, nascendo no horizonte de Brasília. Imagem feita com lente fotográfica 
de 200mm de distância focal. 
 Rodrigo Andolfato 
57 
 
monocromáticas com filtros, podem ter suas cores realçadas, 
mostrando as diferenças de tonalidade entre as regiões da Lua. 
Estas imagens, além de bonitas, nos ajudam a entender a 
composição mineral da superfície lunar. 
A superfície da Lua não tem mais atividade geológica. O 
astro está praticamente morto. Não tem ventos, nem chuva. Por 
isso, as pegadas que Neil Armstrong e Buzz Aldrin deixaram ao 
serem os primeiros seres humanos a caminharem na Lua ainda 
devem estar por lá. Apesar dessa falta de atividade, a Lua ainda 
tem seus eventos. Às vezes, alguns pequenos asteroides se 
chocam com a superfície lunar, criando novos pontos de 
impacto ou mesmo pequenos brilhos repentinos. São eventos 
raros, mas possíveis de serem fotografados por astrofotógrafos 
muito dedicados. 
 
Se a superfície da Lua não se move muito, o satélite 
natural em si é com certeza o astro de maior movimento regular 
visto da Terra. Todos os dias, a Lua desloca-se por algo em 
torno de 13 graus no céu, ou seja, 26 vezes o seu tamanho 
aparente. A cada noite, a Lua nasce cerca de 50 minutos mais 
tarde no horizonte, e faz um caminho muito próximo ao 
percorrido pelos planetas. Não é raro que a Lua passe bem 
próxima, ou até mesmo na frente dos planetas, gerando eventos 
que são chamados respectivamente de conjunção e ocultação. 
Além disso, a Lua também pode passar pela sombra da Terra, 
quando esta se interpõe entre o satélite natural e o Sol, gerando 
os chamados eclipses lunares. Tal como acontece com a 
passagem de cometas, eclipses lunares são acontecimentos que 
chamam a atenção do público geral. Mesmo os leigos em 
Astronomia e a imprensa geral costumam dar atenção ao 
evento. 
 
Mesmo num dia qualquer, em que não esteja cruzando 
com algum astro ou com a sombra da Terra, a Lua pode render 
grandes espetáculos quando está próxima ao horizonte, 
nascendo ou se pondo, ao ser combinada com elementos de 
paisagem, como na Ilustração 18. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
58 
 
Astrofotografia solar 
 
Acredito que nenhum objeto celeste consiga sozinho ser 
mais interessante e dinâmico do que o Sol. O fato de haverem 
vários modelos de telescópios caríssimos, equipados com filtros 
cuja única função é a Astrofotografia solar, reforça esta tese. 
Também não há dúvidas de que nenhum outro objeto 
celeste exige tanta atenção com segurança ao ser observado 
ou fotografado quanto o Sol. A energia que chega a Terra 
transmitida pelo Sol é milhares de vezes maior do que a energia 
recebida de todos os outros objetos celestes juntos, 
principalmente na forma de calor. É quatrocentos mil vezes 
maior do que a energia emitida pela Lua em sua fase cheia. O 
perigo é maior porque apontar uma lente fotográfica ou 
telescópio para o Sol sempre incorre em convergir a energia 
solar recebida pela objetiva num ponto muito pequeno, 
 
Ilustração 19: O Sol, registrado com o uso de filtro H-alpha solar, mostrando sua 
cromosfera e manchas solares. 
 Rodrigo Andolfato 
59 
 
multiplicando a incidência de calor neste local, onde vão a 
ocular ou o sensor da câmera. Colocar o olho numa ocular num 
telescópio apontado para o Sol, sem um filtro especial para isto, 
poderá causar cegueira imediata. Se no local da ocular estiver 
um sensor de câmera, poucos segundos de exposição aos raios 
solares inutilizarão sua câmera. Sem filtros especiais, apontar 
um telescópio para o Sol deve ser evitado mesmo quando o 
astro estiver muito próximo ao horizonte. 
 A observação e fotografia solar com telescópios deve 
ser feita somente com filtros adequados e sempre localizados 
à frente da objetiva, nunca no caminho da transmissão de 
luz, perto da ocular ou do sensor. É necessária muita atenção, 
pois mesmo quem possui os filtros corretos pode esquecer de 
instalar a proteção antes de olhar pela ocular ou acoplar sua 
câmera. Se você é do tipo distraído, pense duas vezes antes de 
iniciar na Astrofotografia solar. 
 
As características mais marcantes do Sol são as manchas 
solares, visíveis como pontos negros na superfície solar. São 
áreas mais frias, relacionadas à atividade magnética do Sol. As 
manchas na verdade brilham mais do que a Lua cheia, mas o 
contraste com o brilho imenso do resto da superfície torna o seu 
aspecto escuro. 
Normalmente o que vemos do Sol é a sua Fotosfera, a 
sua camada mais brilhante. Na Fotosfera, podemos ver as 
manchas e os grânulos solares. Mas o Sol possui uma camada 
acima da fotosfera que é particularmente espetacular: a 
Cromosfera. Nela que são visíveis, além das manchas, 
erupções, proeminências e as chamadas espículas. O problema é 
que esta camada é muito menos brilhante do que a Fotosfera e é 
transparente, ficando praticamente invisível diante do brilho da 
Fotosfera. Mas há filtros e telescópios solares especiais que 
praticamente apagam a fotosfera, deixando passar somente a 
frequência de luz emitida pela Cromosfera, e que tornam a 
Astrofotografia solar muito mais interessante. 
O Sol, como a Lua e os planetas, também caminha rápido 
pela esfera celeste, proporcionando alguns eventos 
interessantes, que, como tudo relacionado ao Sol, são 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
60 
 
espetaculares. Certamente o mais celebrado deles, talvez o mais 
celebrado entre todos os eventos celestes visto da Terra, é o 
eclipse solar, que ocorre quando a Lua se alinha entre o Sol e a 
Terra, com sua sombra cobrindo completamente o disco solar e 
transformando o dia em noite em algumas regiões do globo 
terrestre, permitindo, a quem estiver sob a sombra da Lua, 
registrar a Coroa Solar e até erupções da cromosfera mesmo 
sem filtros dedicados. O eclipse solar é um evento raro e 
localizado. É comum muitos astrofotógrafos gastarem milhares 
de dólares para viajarem a países distantes, onde o eclipse será 
visível. Mas lembre-se, como qualquer evento astronômico, o 
acompanhamento de um eclipse solar está sujeito aos humores 
do clima local.Viajar para ver um eclipse incorre sempre no 
risco de você se deparar com um dia nublado bem na hora do 
evento. Segue um conselho para quem quer embarcar neste tipo 
de aventura. Já que está indo conhecer outro país, faça também 
uma programação turística para a região. Isso diminuirá a “dor” 
caso o céu esteja nublado bem no dia do eclipse. 
As posições do Sol e da Lua podem produzir diferentes 
eclipses solares. Caso a Lua não cubra totalmente o Sol, irá 
gerar o eclipse solar parcial, onde é possível ver uma parte da 
Lua passando sobre o Sol. O eclipse também pode ocorrer num 
momento em que a Lua esteja num ponto mais distante de sua 
órbita em relação à Terra e o Sol mais próximo, fazendo com 
que o tamanho aparente da Lua esteja menor do que o do Sol, 
não permitindo que nosso satélite cubra o Sol totalmente. Este 
Ilustração 20: diferentes tipos de eclipse solar 
 Rodrigo Andolfato 
61 
 
evento é chamado eclipse anular, em que o Sol se torna um anel 
de fogo (Ilustração 20) 
 
Outros dois eventos muito empolgantes que ocorrem com 
o Sol são os trânsitos dos planetas Vênus e Mercúrio, que 
como estão mais próximos da nossa estrela do que a Terra, às 
vezes passam em frente ao Sol. Como Vênus é maior, mais 
próximo da Terra e possui atmosfera, sua passagem em frente 
ao Sol é um evento mais espetacular do que a passagem de 
Mercúrio. Infelizmente, Vênus só vai passar na frente do Sol 
novamente em 2117. Por isso, se você perdeu o último trânsito 
de Vênus, desconsidere este evento de seu calendário 
astronômico. 
O Trânsito de Mercúrio vai exigir um telescópio um 
pouco melhor para que você consiga registrar o pequeno ponto 
gerado pelo planeta à frente do Sol, mas, pelo menos, ocorrerá 
novamente já em 2019. Se você está lendo este livro depois de 
2019, calma, você não precisa se preocupar em como viver 
mais cem anos para ver o próximo trânsito de Mercúrio. Em 
2032 e 2039 eles voltam a ocorrer. Ao menos você terá muito 
tempo para se planejar. 
 
Astrofotografia científica 
 
Este é um tipo de Astrofotografia muito valorizado, e com 
toda razão. Tecnicamente toda Astrofotografia de céu profundo 
ou planetária pode ser usada como científica, mas consideramos 
como Astrofotografia científica aquela que é feita não com o 
intuito de se produzir uma imagem esteticamente bela, mas 
analisar pedaços do céu ou objetos específicos, com o objetivo 
de adquirirmos uma melhor compreensão do universo. 
Uma das coisas mais fascinantes da Astrofotografia é que 
mesmo o registro mais simples pode conter algo espetacular. 
Um pequeno ponto luminoso desconhecido surgindo numa 
captura rápida e com equipamento simples pode revelar algo 
fantástico. Ele pode ser uma supernova, um cometa, um 
asteroide, ou uma estrela variável de comportamento 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
62 
 
misterioso. O grande diferencial para a prática da 
Astrofotografia científica é a exigência de grande conhecimento 
de Astronomia para análise dos dados da imagem. Muitas vezes, 
uma astrofoto feita com fins estéticos por um astrofotógrafo 
amador pode se tornar uma imagem científica nas mãos de um 
astrônomo que nada entende de Astrofotografia, mas tem 
grande conhecimento em Astronomia científica. Outras vezes, a 
diferença pode estar não no conhecimento, mas na atenção dada 
à imagem. Mesmo astrônomos amadores iniciantes sabem que 
um novo ponto brilhante que aparece na imagem de uma 
galáxia pode ser uma supernova, mas muitas vezes 
simplesmente não nos atentamos à presença dele. 
Devido à minha falta de tempo, a astrofotografia 
científica é muito difícil para mim. Eu praticamente não 
fotografo com este objetivo. Mas tenho razões para acreditar 
que poucas coisas devem ser mais emocionantes do que 
descobrir uma supernova ou cometa. 
 
Agora que você sabe um pouco sobre os tipos de 
Astrofotografia que existem, deve pensar bem sobre que tipo de 
astrofotógrafo você quer ser. Nada o impede de tentar todas as 
áreas da Astrofotografia, mas você terá que ter um grande 
número de equipamentos, habilidades e principalmente, tempo 
para isso. Fotografar e processar imagens do Sol durante o dia 
poderá esgotar sua energia guardada para a sessão 
astrofotográfica noturna e vice-versa. A fotografia planetária 
poderá consumir tempo que você poderia usar para maiores 
tempos de exposição em DSOs. Essas coisas podem parecer 
bobas, mas conheço astrofotógrafos de céu profundo que há 
anos dizem querer começar a fotografar planetas, mas nunca 
encontram tempo entre suas capturas além do Sistema Solar. 
 
 Rodrigo Andolfato 
63 
 
 
 
Galeria 1 
A Belíssima galáxia de Andrômeda (M33). A principal galáxia do Grupo 
Local está a cerca de 2 milhões de anos luz da Terra e aproxima-se da Via 
Láctea. Em alguns bilhões de anos as duas galáxias se juntarão. 
 
Imagem feita num céu muito escuro, com lente de 200mm Canon EF 2.8L 
USM II em F4, Câmera Canon T2i modificada e Tracker da Ioptron. Foram 82 
lighframes de 60 segundos em ISO 800, integrados no Deep Sky Stacker 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ESCOLHA DE SOFIA 
(Aquisição de equipamentos) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
65 
 
 
A Astrofotografia depende de três equipamentos básicos 
para ser realizada: tubo óptico, câmera e montagem. O tubo 
óptico é um telescópio ou lente. Caberá a este instrumento 
receber a luz e convergir os raios luminosos para o sensor, de 
preferência sem desvios significativos que alterem a qualidade 
da imagem. A câmera vai acoplada ao tubo óptico. O sensor da 
câmera recebe a luz, converte em informação digital e envia 
esta informação para o computador. A montagem é responsável 
por carregar o tubo óptico e a câmera, fazendo com que 
acompanhem o movimento dos astros celestes, corrigindo os 
efeitos da rotação da Terra. 
 
A aquisição do seu equipamento, ou como muitos 
astrofotógrafos chamam “setup astrofotográfico”, é um estágio 
que de forma alguma pode ser subestimado pelo iniciante. 
Posso até dizer que é o momento mais decisivo que um novo 
astrofotógrafo enfrentará. Alguns astrofotógrafos azarados 
(ou afobados), depois que compram o setup errado, passam 
anos insistindo nele. Muitas vezes porque têm enorme 
dificuldade de aceitar que cometeram um erro na hora da 
compra. Já vi astrofotógrafos “surtando” em fóruns 
astronômicos, após anos de frustrações em suas tentativas 
astrofotográficas, bravejando contra a Astrofotografia, 
afirmando que é uma atividade impossível. Quem estivesse 
acompanhando a discussão que vinha a seguir, logo percebia 
que o desafortunado colega havia comprado um setup errado e 
insistido com ele por muito mais tempo do que deveria. 
Há muitas formas de errar na hora de adquirir o seu setup 
astrofotográfico. Pode ser adquirindo equipamentos de baixa 
qualidade, com telescópios de óptica pobre, montagens frágeis e 
imprecisas ou câmeras que não servem para Astrofotografia. 
Você pode, por exemplo, morar num apartamento e precisar se 
deslocar para tirar fotos. Neste caso, deve se preocupar com a 
portabilidade do equipamento. Mesmo usado em casa, um setup 
muito demorado e complicado de preparar pode desencorajar 
sessões fotográficas frequentes, sendo mais adequado para 
quem tem um observatório amador fixo e não precisa montar 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
66 
 
tudo a cada sessão astrofotográfica. Setups complicados de 
montar podem gerar bons resultados, mas normalmente se 
tornam sinônimos de cansaço durante a captura. 
Adquirir um telescópio pesado, de grande distância focal, 
que produz grandes aumentos e uma câmera com sensor muito 
pequeno, com a intenção de se capturar céu profundo também 
acarretará em mais dificuldades. Enquanto câmeras com 
sensores muito grandes são pouco tolerantes a telescópios com 
deficiências ópticas nas bordas, exigindo a aquisição de bons 
modelos e corretores. 
O capítulo sobre equipamentosé longo, não apenas pela 
importância do assunto, mas também pela enorme variedade de 
modelos de telescópios, câmeras e montagens existentes, além 
da enorme gama de acessórios que existem visando a 
Astrofotografia. E esta variedade tende apenas a aumentar, pois 
o mercado de equipamentos astrofotográficos está bastante 
aquecido, com a atividade se popularizando cada vez mais entre 
os amantes da Astronomia no mundo. 
 
 
Ilustração 21: Telescópio, câmera e montagem. Os instrumentos 
básicos da Astrofotografia. 
 Rodrigo Andolfato 
67 
 
TELESCÓPIOS 
 
Telescópio é o instrumento óptico astronômico 
responsável pela captação da luz. Há uma certa falta de 
consenso em relação ao termo telescópio. Alguns chamam de 
telescópio somente os telescópios refletores, enquanto 
denominam os refratores de lunetas. Outros chamam de 
telescópio somente se o tubo óptico já estiver acompanhado da 
montagem, chamando o tubo óptico de OTA (Optical Tube 
Assembly), enquanto para outros, somente o tubo óptico é o 
telescópio. Neste livro, chamo tanto refratores como 
refletores de telescópio e uso o termo tubo óptico somente 
quando for relevante separar este da montagem. 
Quem já pesquisou sobre os modelos e marcas de 
telescópios existentes percebeu que não se trata de uma compra 
simples. No mercado para Astronomia amadora existem desde 
mini refratores, com 50mm de abertura, até enormes 
cassegrains, com objetivas de quase um metro de diâmetro. E os 
preços podem ir do equivalente a uma bicicleta ao que seria 
suficiente para a aquisição de um apartamento. Mas não é 
apenas o tamanho da objetiva que gera esta variação. O tipo da 
óptica e a qualidade da fabricação fazem com que existam 
telescópios com a mesma abertura e preços com diferenças de 
dezenas de vezes. 
 
Componentes de um telescópio (somente tubo óptico) 
 
Objetiva: é o principal elemento de um telescópio. Ela é 
responsável pela captação e convergência da luz para o sensor 
da câmera. A objetiva pode ser um espelho ou uma lente. 
Quando for uma lente, o telescópio é chamado de refrator, 
quando for um espelho, o telescópio é um refletor. Existem 
telescópios que combinam lentes com espelhos, como os 
cassegrains, mas nestes casos a função das lentes não é 
convergir a luz, mas fazer correções, por isso os cassegrains 
também são considerados refletores. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
68 
 
As objetivas podem ser feitas dos mais diversos tipos de 
material. As lentes dos refratores mais caros são feitas com 
produtos que dispersam o mínimo possível a luz, para diminuir 
a aberração cromática provocada pela refração da luz. Já 
telescópios refletores possuem uma camada refletiva sobre uma 
superfície de cristal ou metal. Duas décadas atrás, era comum 
que esta camada se desgastasse após alguns anos, exigindo que 
fosse renovada, mas hoje, as técnicas modernas de fabricação 
de espelhos permitem que você use refletores por muitos anos 
sem necessidade de repor a camada reflexiva. 
O diâmetro e a curvatura da objetiva são responsáveis 
pelas características mais importantes de um telescópio: 
abertura e distância focal, que estudaremos com mais detalhes 
logo adiante. 
Tubo: É a estrutura que carrega a objetiva. Ela geralmente 
é construída numa peça única em metal, com diâmetro um 
 
Ilustração 22: Esquema com os principais componentes do tubo óptico de um telescópio refrator 
e de um refletor newtoniano. 
 Rodrigo Andolfato 
69 
 
pouco superior ao da objetiva. Mas, em telescópios muito 
grandes, o tubo pode ser composto por barras modulares, mais 
leves e finas. Também existem modelos feitos de fibra de 
carbono, que são mais leves, embora mais caros que os modelos 
em aço ou alumínio. Tubos de telescópios refratores possuem 
“blaffles” em seu interior, que são obstruções que bloqueiam 
luzes parasitas que possam atrapalhar a imagem, principalmente 
reflexos internos. 
Focalizador: é geralmente a única parte móvel de um 
tubo óptico. Sua função é aproximar ou afastar o porta ocular, 
para que a ocular, ou, em nosso caso, o sensor, fique exatamente 
no ponto focal da luz convergida. Trata-se de uma peça chave 
na Astrofotografia, pois um foco exato é um dos procedimentos 
mais críticos para uma boa imagem. Um focalizador ruim pode 
transformar a experiência de focalizar num martírio para 
qualquer astrofotógrafo. O focalizador precisa ser bem 
construído mecanicamente, com metal de qualidade e boa 
durabilidade. Se ao ler qualquer opinião negativa sobre um 
focalizador vinda de uma publicação especializada ou do dono 
de um telescópio ao qual você pretende comprar, aconselho 
seriamente a repensar sobre a aquisição ou já ter em mente um 
focalizador substituto. 
Prefira sempre telescópios com focalizadores com duas 
velocidades, como os crayfords. É muito vantajoso ter uma 
opção rápida no início do processo, para quando você está 
procurando a posição aproximada do foco, e uma opção lenta, 
mais precisa, para um ajuste final mais fino. Em telescópios 
com razões focais curtas, um focalizador de duas velocidades é 
obrigatório, pois quanto menor a razão focal de um telescópio, 
maior o ângulo de convergência da luz, tornando mais difícil 
conseguir um foco mais exato. 
O focalizador deve ter um parafuso para travamento, para 
que o foco seja mantido firme durante a captura, sem risco que 
o peso da câmera desloque o porta ocular para cima ou para 
baixo. A própria rodagem do foco deve ser firme, para que o 
focalizador não faça nenhum movimento quando você o soltar. 
Este movimento é chamado backlash e pode acontecer também 
quando você fecha o parafuso de trava. Telescópios baratos 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
70 
 
costumam ter focalizadores que apresentam graves problemas 
de backlash, tornando um foco perfeito muito difícil. 
Porta ocular: está localizado preso ao focalizador, sendo 
também um componente deste. É onde será colocado a câmera 
usada na Astrofotografia. Trata-se de um orifício para o encaixe 
de oculares, com um ou dois parafusos para firmar a ocular por 
pressão. Para ser utilizado com câmeras, esta precisa ter um 
adaptador, para que se encaixe no porta ocular como se fosse 
uma ocular. 
Apesar de ser uma peça simples, é importante avaliar 
algumas características do porta ocular. O primeiro ponto que 
você deve prestar atenção é no tamanho da saída do porta 
ocular. No mercado existem dois padrões, 1,25” e duas 
polegadas. Alguns telescópios mais baratos podem possuir 
saídas menores. Fuja deles. Se puder, adquira um telescópio 
com a saída de duas polegadas, afinal, para se encaixar 
acessórios de 1,25” em saídas de duas polegadas basta usar um 
adaptador simples que geralmente já acompanha todos os 
telescópios que tenham saída de duas polegadas. Já um 
adaptador para encaixar acessórios de duas polegadas numa 
saída de 1,25 é algo bem raro, até porque, dependendo do setup 
utilizado, nem vale a pena se o porta ocular obstruir parte da luz 
que chegaria ao sensor da câmera, prejudicando a imagem e 
gerando vinhetagem. 
Outra questão bastante importante em Astrofotografia é a 
forma como o porta ocular encaixa a câmera e os acessórios. 
Em muitos telescópios, mesmo bons modelos, isto é feito com 
um ou dois parafusos por pressão. O problema é que muitos 
fatores podem fazer com que a pressão que esses parafusos 
exercem sobre o adaptador da câmera seja reduzida durante a 
noite, o que pode fazer com que o sensor da câmera saia do 
ponto focal, ou pior, causar a queda de todo o conjunto 
fotográfico. 
Os fatores que mais podem influenciar nesta perda de 
pressão dos parafusos do porta ocular são mudanças de 
temperatura, com o porta ocular dilatando-se em relação ao 
adaptador de encaixe, ou umidade, com água acumulando nas 
peças e agindo como um lubrificante. Esse risco é muito mais 
 Rodrigo Andolfato 
71 
 
elevado se você estiver usando uma câmera grande, rodas de 
filtros e outros acessórios como barlows e redutoresfocais, 
formando um conjunto fotográfico de peso. Quando 
fotografando num refletor do tipo newtoniano, com o 
focalizador apontado para cima, não há chance que o conjunto 
despenque, apenas abaixe. Mas em refratores ou cassegrains o 
risco de queda é bastante elevado, pois nestes telescópios o 
focalizador aponta para baixo durante a Astrofotografia. 
Alguns telescópios permitem que você encaixe a câmera e 
os acessórios fotográficos no porta ocular através de uma rosca, 
que pode ser do tipo M42 ou maior, garantindo total segurança 
e permitindo usar câmeras maiores, com rodas de filtros e 
outros acessórios, inclusive motorização na roda de filtros, sem 
medo que a noite termine em tragédia. Se possível, prefira um 
telescópio com porta ocular que possua a opção de encaixe do 
tipo rosca. 
Vale lembrar que em bons telescópios, os parafusos de 
pressão do porta ocular não entram em contato diretamente com 
o adaptador da câmera ou oculares. Há um anel de metal dentro 
do porta ocular que é empurrado pelos parafusos de pressão, 
abraçando o acessório encaixado no porta ocular de forma mais 
firme e sem permitir que o parafuso de pressão arranhe o 
acessório. Em telescópios muitos baratos há somente o parafuso 
de pressão pressionando o acessório. Evite este tipo de porta 
ocular. 
Dew shield: trata-se de uma peça que funciona como uma 
extensão do tubo do telescópio, ficando à frente da objetiva. 
Sua função é proteger a objetiva de impactos e evitar a entrada 
de luzes parasitas durante a captura. É muito útil quando há 
alguma lâmpada próxima que o astrofotógrafo não tem acesso e 
não pode desligar, como postes de iluminação pública. Também 
ajuda a diminuir a condensação na objetiva, problema comum 
quando se fotografa em regiões rurais. 
Como em telescópios refratores a lente está bem à frente 
do tubo óptico, eles são sempre vendidos com dew shields. 
Alguns modelos permitem retrair o dew shield na hora de 
guardar o telescópio, para torná-los menores e mais portáteis. 
Telescópios refletores newtonianos não costumam acompanhar 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
72 
 
este acessório, já que a objetiva está no fundo do tubo, mais 
protegido de luzes parasitas e da umidade. Mas em alguns 
casos, quando se está em áreas muito úmidas, pode ser 
interessante o uso de dew shield nesse tipo de telescópio, já que 
o espelho secundário, ao contrário do primário, está muito 
próximo da saída do tubo, sendo afetado pela umidade com 
mais facilidade. 
Refletores do tipo cassegrain podem ou não já serem 
adquiridos com dew shield, mas este é um acessório muito 
interessante para este tipo de telescópio, já que as lentes 
corretoras estão na saída do telescópio e podem embaçar 
facilmente. 
Anéis de fixação e dovetail: A função destes 
componentes é firmar o tubo óptico na montagem. Os anéis de 
fixação são braçadeiras de metal que fixam o tubo óptico ao 
dovetail, enquanto este é a peça que encaixa na montagem. 
Enquanto os dovetails são peças genéricas, geralmente vendidas 
em dois padrões, Vixen (mais estreito) ou Losmandy (mais 
largo), os anéis de fixação devem ter exatamente a espessura de 
seu telescópio. Também é recomendado que os dovetails não 
sejam muito curtos, caso o telescópio seja mais comprido. 
 
Características básicas de um telescópio 
 
Todo telescópio, não importa se for a lunetinha exposta na 
loja de presentes do Shopping ou o maior telescópio de 
observatório existente, possui três características fundamentais: 
abertura, distância focal e razão focal. Estas três 
características são determinadas pela objetiva do telescópio, 
sendo que os outros componentes do tubo óptico são 
construídos a partir dela. 
 
Abertura: é o diâmetro da objetiva, medido em 
milímetros ou polegadas, e determina o nível de brilho e a 
definição de um telescópio. Quanto maior for o diâmetro da 
objetiva, mais luz será captada e mais definição teremos. Para 
observação visual, os telescópios que produzem as melhores 
 Rodrigo Andolfato 
73 
 
imagens são sempre os que têm a maior abertura, desde que 
tenham exatamente a mesma qualidade óptica, é claro. Quanto 
maior for a abertura, maior será a clareza com que os detalhes 
dos objetos celestes aparecerão na imagem, principalmente 
quando utilizados grandes aumentos. 
Em Astrofotografia, além de maior definição, mantendo-
se a distância focal, mais abertura também significa que o 
telescópio transmitirá mais luz para o sensor, encurtando o 
tempo de exposição necessário para uma captura. A diferença 
de velocidade de captação de luz entre dois telescópios com 
aberturas diferentes e mesma distância focal é a diferença de 
abertura elevada ao quadrado. Um telescópio com o dobro de 
abertura transmitirá luz quatro vezes mais rápido que o seu 
equivalente com a metade da abertura. Afinal, quando você 
dobra o diâmetro da objetiva, multiplica a área de absorção 
de luz em quatro vezes, assim por diante. A conclusão é que, 
mantendo-se as outras características, o telescópio de maior 
abertura produzirá em um minuto de exposição a mesma 
imagem que o menor produz em quatro minutos. 
Distância focal: É a distância entre a objetiva e o ponto 
focal produzido por ela (Ilustração 24). Quanto maior for a 
 
Ilustração 23: Dois telescópios refratores de mesma distância focal, mas o segundo 
com o dobro da abertura do primeiro. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
74 
 
distância focal, maior será o aumento do telescópio. Um 
telescópio de 100mm de abertura, com uma distância focal de 
400mm, entrega um aumento de 40 vezes quando com uma 
ocular de 10mm. Já um telescópio com distância focal de 
800mm, entrega 80 vezes de aumento com a mesma ocular. 
Dobrar a distância focal implica dobrar o aumento. 
 
Entretanto, se um telescópio com mais distância focal 
entrega uma imagem maior, significa também dizer que está 
projetando um campo menor da imagem na mesma área de 
captação, o que também significa que menos da luz captada 
está sendo enviada para o sensor. Logo, chegamos à 
conclusão de que, quanto maior for a distância focal, mais lenta 
será a captura de luz e escura será a imagem. A diferença de 
velocidade entre dois telescópios com distâncias focais 
diferentes é o quadrado da diferença das distâncias focais. Duas 
vezes mais distância focal para um telescópio de mesma 
abertura equivalem a quatro vezes menos luz sendo 
absorvida num mesmo período. Três vezes, equivalem a 
nove vezes menos luz, e assim por diante. 
 
Se o aumento da distância focal de um telescópio for 
acompanhado de um aumento equivalente da abertura 
(Ilustração 25), a velocidade de captação será mantida, mas o 
novo telescópio apresentará um aumento proporcional à 
elevação da distância focal, acompanhado também de mais 
definição dos objetos fotografados. Mas lembre-se: se o sensor 
da câmera utilizada for do mesmo tamanho, mais aumento 
também equivale a uma área menor do céu a ser capturada. E, 
dependendo do objeto, ele pode não caber inteiro no campo da 
câmera, mostrando apenas um pedaço da galáxia ou nebulosa 
que está sendo fotografada. Sem contar que este novo 
telescópio também deverá ser muito maior e seu peso será 
superior numa proporção elevada ao cubo em relação à 
diferença de abertura. 
Não existe telescópio com distância focal adequada para 
todos os tipos de objetos de céu profundo. Sempre haverá 
nebulosas e campos estelares grandes demais ou galáxias e 
 Rodrigo Andolfato 
75 
 
nebulosas planetárias pequenas demais. Mas, no geral, um 
telescópio com distância focal entre 600mm e 1000mm é capaz 
de fotografar a grande maioria dos objetos conhecidos com uma 
câmera com um sensor de tamanho equivalente ao das DSLRs 
mais acessíveis. 
 
Muitos astrofotógrafos têm mais de um telescópio, com 
distâncias focais diferentes, sendo um pequeno refrator para 
nebulosas próximas e um grande refletor para galáxias 
distantes. É comum também que astrofotógrafos especializados 
em céu profundopossuam lentes fotográficas, com distâncias 
focais variadas para objetos de grande campo. 
A abertura de um telescópio é geralmente percebida pela 
espessura do tubo óptico, mas a distância focal tem bem mais 
possibilidades de ser bem diferente daquela indicada pelo 
comprimento do tubo. Existem duas ocasiões em que isso 
ocorre. Uma delas é quando um telescópio contenha uma lente 
em seu interior, chamada de relay. Trata-se de um corretor 
óptico interno com a função de aumentar a distância focal. Esse 
tipo de adaptação é encontrado em telescópios refletores newto-
nianos muito baratos e em nenhum caso é recomendado 
 
Ilustração 24: Dois telescópios refratores de mesma abertura, sendo que o segundo tem o dobro 
da distância focal do primeiro 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
76 
 
comprar um equipamento com este artifício, pois apresentam 
baixa qualidade de imagem e dificuldades enormes para serem 
ajustados. Se você ver um refletor newtoniano cuja 
especificação informe que ele tem, por exemplo, 900mm de 
distância focal, mas o tubo não parece ter mais do que 45 
centímetros de comprimento, evite. 
 
Mas existe um tipo de telescópio cuja distância focal é 
muito maior do que indica o seu tubo óptico e que, ao contrário 
do caso anterior, é celebrado pela sua qualidade óptica: o 
telescópio do tipo cassegrain. Isso acontece porque este designe 
de telescópio deixa a luz passar por uma lente corretora, atingir 
o espelho primário no fim do tubo, voltar para um espelho 
secundário côncavo no início do tubo, para só então ir mais uma 
vez para o fim do tubo, passar através de uma pequena 
obstrução no espelho primário, e chegar até o sensor da câmera. 
Ou seja, a luz dá muitas voltas dentro do tubo óptico antes de 
ser projetada no sensor, permitindo um telescópio de grande 
distância focal, mas também de grande portabilidade. Mais para 
frente falaremos mais sobre os telescópios cassegrains. 
 
Razão focal: é a relação entre distância focal e a abertura 
de um telescópio, calculada dividindo-se a distância focal pela 
abertura. Por exemplo, um telescópio de 800mm de distância 
focal e 200mm de abertura terá uma razão focal F4, pois 800 
dividido por 200 é igual a 4. Mas se um espelho de 200mm de 
abertura tem uma distância focal de 1600, dizemos que é um 
telescópio com razão focal F8, já que 1600 dividido por 200 é 
igual a 8. Para uma mesma abertura, a razão focal sobe na 
mesma proporção do aumento da distância focal. Duas vezes 
mais distância focal equivalem a uma razão focal duas vezes 
maior. 
 Rodrigo Andolfato 
77 
 
A razão focal está ligada diretamente com a velocidade de 
captura. Quanto menor a razão focal, mais rapidamente o 
telescópio captura luz. A diferença de velocidade entre dois 
telescópios é o quadrado da diferença de razão focal. Um 
telescópio com razão focal F2 será quatro vezes mais rápido do 
que outro com razão focal F4 e dezesseis vezes mais rápido do 
que um telescópio F8. 
Em astrofotografia, um telescópio mais rápido será 
sempre melhor do que um telescópio mais lento. O grande 
problema é que, quanto menor a razão focal de uma objetiva, 
mais difícil é a sua construção. Um telescópio de menor razão 
focal necessita de um processo de produção muito mais 
aprimorado do que telescópios de razão focal maiores e por isso 
são muito mais caros ou terão uma qualidade de imagem muito 
inferior a seus irmãos com razões focais maiores, apresentando 
níveis de aberração óptica capazes de destruir sua captura. 
Ilustração 25: Dois telescópios com a mesma razão focal, com o segundo possuindo o dobro 
da abertura e distância focal do primeiro. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
78 
 
 
Aberrações ópticas 
 
Produzir um espelho ou lente com óptica perfeita não é 
nada fácil. Na verdade, pouquíssimos telescópios e lentes 
fotográficas conseguem fornecer uma imagem sem qualquer 
distorção, principalmente quando são usados com câmeras com 
sensores grandes, pois isso exige uma óptica perfeita numa área 
maior de captura, o que é ainda mais difícil de produzir. Até 
telescópios caros podem apresentar distorções na transmissão 
de luz, visíveis principalmente nas bordas das imagens. 
As distorções provocadas pelos telescópios são chamadas 
de aberrações. Um telescópio ruim produzirá imagens com 
muitas aberrações, de forma intensa e perceptível por qualquer 
pessoa, mesmo no centro da imagem. Um bom telescópio 
produzirá aberrações de forma bastante sutil, geralmente 
perceptíveis somente por astrofotógrafos mais experientes. Um 
telescópio excelente não produzirá nenhuma aberração. Mas 
vale dizer que até muitos dos melhores telescópios podem 
precisar de acessórios ópticos para atingir uma imagem 
totalmente livre de aberrações ópticas. 
 
Ilustração 26: Imagem capturada com lente de 135mm. Detalhe do centro da imagem (1) revela a 
presença de halos em volta das estrelas, causado por aberração cromática. No canto da captura 
(2), além da aberração cromática, percebemos a presença de coma, com as estrelas parecendo 
estarem correndo para o centro. 
 Rodrigo Andolfato 
79 
 
As aberrações mais comuns que os telescópios 
apresentam são: 
 
− Aberração cromática: É um tipo de aberração óptica 
presente em lentes fotográficas e telescópios refratores. É 
visível principalmente nos modelos mais baratos. A luz branca, 
quando passa através do vidro das lentes, tende a se dispersar, 
fazendo com que o ponto focal não seja o mesmo para todas as 
faixas de cores, com a luz azul separando-se da luz vermelha. 
Isso faz com que a imagem chegue ao sensor apresentando 
halos azuis ou vermelhos (Ilustração 26, ao centro). Em 
telescópios muito ruins, estrelas nas bordas podem até mesmo 
chegar ao sensor triplicadas. 
A aberração cromática não pode acontecer em telescópios 
com componentes ópticos feitos por espelhos, como os 
refletores newtonianos, pois, neste tipo de telescópio, a luz não 
atravessa nenhum material ao ser refletida. Mas se o telescópio 
estiver com algum acessório óptico de qualidade ruim, pode 
surgir aberração cromática na imagem. 
Imagens planetárias ou mesmo lunares feitas com 
câmeras coloridas também podem ser bastante afetadas por 
aberrações cromáticas, com franjas azuis ou vermelhas em volta 
dos astros fotografados. 
 
Ilustração 27: Exemplo de curvatura de campo. Nesta imagem, com lente de 135mm, as 
estrelas estão pontuais no centro da imagem (1), mas próximo às bordas (2), as estrelas 
estão maiores (gordas) indicando curvatura de campo no conjunto óptico. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
80 
 
− Coma: Trata-se de uma distorção na formação da 
imagem, que a estica do centro para fora, principalmente nas 
bordas, fazendo parecer que as estrelas estão correndo para 
longe do centro (Ilustração 26, à direita). 
 
− Aberração esférica: ocorre em lentes e espelhos em 
que parte dos raios que emergem da borda do espelho ou lente 
não atingem o ponto focal, enquanto os raios que emergem do 
centro da objetiva atingem o ponto focal em maior proporção. 
Como resultado, ocorre a diminuição do contraste e da nitidez 
mais próximo das bordas da imagem, além de criar halos em 
volta das estrelas nesta região, como se as estrelas estivessem 
borradas. A aberração esférica tem este nome por ser 
característica de espelhos e lentes com a curvatura esférica, 
geralmente mais baratos, não ocorrendo em componentes 
ópticos com curvatura parabólica, mais difíceis de fazer. 
 
− Curvatura de campo: Ocorre porque a luz emitida pela 
objetiva converge em planos diferentes, fazendo que a imagem 
esteja focada no centro, mas fora de foco nas bordas. O 
resultado são estrelas mais gordas nesta região da imagem 
(Ilustração 27). 
 
− Spikes (Ilustração 28): tratam-se de pontas brilhantes 
que surgem em torno das estrelas mais destacadas numa 
imagem de céu profundo. São um tipo de aberração muito 
comum com telescópios refletores cujo espelho secundárioé 
preso por hastes de metal, como refletores newtonianos e 
Ritchey-Chrétiens. Também ocorrem em lentes fotográficas, 
quando estão parcialmente fechadas, devido às lâminas do 
diafragma. Em fotos com estrelas muito brilhantes, as pontas de 
uma estrela podem chegar a cruzar toda a imagem. Em 
telescópios refletores, o número de pontas depende do número 
de hastes do suporte do espelho secundário (geralmente três ou 
quatro) chamado de aranha. Alguns telescópios refletores 
chegam a ter as hastes curvas para diminuírem a formação de 
spikes. Em lentes, o número de pontas dos spikes costuma ser 
maior, de acordo com a quantidade de lâminas do diafragma. 
 Rodrigo Andolfato 
81 
 
 
 
Algo muito interessante sobre os spikes em relação aos 
outros tipos de aberrações é que na verdade muitos 
astrofotógrafos gostam do efeito causado por essas distorções. A 
coisa chega a tal ponto que não é raro vermos donos de 
telescópios refratores, que não produzem spikes, colocando 
cordões alinhados em forma de cruz na frente de seus 
telescópios para simularem a aranha de um refletor. Outros 
astrofotógrafos inserem spikes digitalmente na imagem na hora 
do processamento final. Inclusive alguns softwares respeitados 
de processamento de Astrofotografia têm um comando para 
inserir spikes automaticamente em estrelas mais brilhantes. 
Esse tipo de recurso costuma fazer a alegria do público leigo em 
Astrofotografia, que se encantam com o aspecto de “cartão de 
natal” que estas fotos adquirem, mas não é bem-visto pelos 
astrofotógrafos mais experientes. Ainda assim, tenho que 
admitir que uma imagem de um aglomerado aberto com spikes 
naturais, e não desenhados por um software, tem o seu charme. 
 
 
Ilustração 28: NGC6960 - Nebulosa do Véu do Oeste, capturada com telescópio refletor 
newtoniano de 200mm. Os spikes da brilhante estrela 52 Cyg foram provocados pelas hastes da 
aranha do espelho secundário. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
82 
 
 
Modelos de Telescópios 
 
Além das características básicas dos tubos ópticos, é 
muito importante entender os modelos mais populares que 
existem. Os telescópios se dividem em basicamente dois 
“reinos”, são eles, os refratores e os refletores. 
 
Refratores 
Telescópios refratores também são chamados de lunetas. 
Suas objetivas são compostas por lentes de vidro ou cristal 
transparentes. A curvatura em sua superfície faz com que a luz 
que atravessa as lentes seja direcionada até o ponto focal, onde 
será captada pelo sensor (Ilustração 29). Este processo da luz 
atravessando um material chama-se refração. 
 
Como dito no tópico sobre aberração cromática, 
telescópios refratores tendem a gerar este tipo de aberração. E 
as desvantagens dos refratores não param por aí. O material 
utilizado para a fabricação de boas lentes é mais caro do que o 
usado para a fabricação dos espelhos usados por refletores. 
Além disso, para se produzir uma imagem com qualidade 
aceitável, é necessário no mínimo duas lentes, muitas vezes de 
grande espessura. Tudo isso torna telescópios refratores 
normalmente bem mais caros e pesados do que os refletores de 
mesma abertura. Um bom telescópio refrator de 200mm custará 
várias vezes o preço de um refletor de mesma abertura e será 
muito mais pesado. 
Mas os refratores têm suas vantagens. Como toda a luz 
recebida vai da objetiva até o ponto focal sem ser obstruída, a 
imagem final apresenta mais contraste do que um refletor de 
mesma abertura, além disso, o espelho secundário, necessário 
aos refletores, dificulta que bons refletores de baixa distância 
focal sejam construídos. Por isso, bons refratores são os 
telescópios preferidos quando se quer uma imagem com 
menor distância focal, que gere maior campo. 
 Rodrigo Andolfato 
83 
 
Os refratores não são bons telescópios grandes, por serem 
mais caros e difíceis de construir, mas são ótimos telescópios 
menores, por não terem a obstrução do espelho secundário. Até 
aberturas de 120mm, o mercado de telescópios 
astrofotográficos é dominado por refratores. A partir daí os 
refletores passam a dominar o pedaço. 
Mesmo nos dias de hoje, você vai encontrar textos na 
Internet dizendo que, para reduzir a aberração cromática, 
telescópios refratores necessariamente devem ter razão focal 
elevada, de F/10 ou mais. Mas isso vem de quando só existiam 
os chamados refratores acromáticos, que eram constituídos de 
duas lentes simples. Aqueles refratores de 50mm ou 60mm de 
abertura, vendidos em lojas de presentes de shoppings, com 
anúncios de aumentos de até 675 vezes, são todos acromáticos. 
Refratores compridos de 70mm a 90mm, vendidos por 100 a 
300 dólares também são acromáticos. Há ainda os chamados 
“shortubes”, telescópios refratores acromáticos de 70mm a 
150mm de abertura com razão focal entre F/4 e F/5. São 
telescópios refratores rápidos vendidos a preços tentadores, 
interessantes para observação casual, mas que causam horror 
mesmo em astrofotógrafos pouco exigentes. Devido à enorme 
aberração cromática que apresentam, praticamente 
impossibilitam que você veja um planeta com nitidez. 
 
 
Ilustração 29: Esquema de um telescópio refrator. A linha com seta indica o caminho da 
luz. Repare que os raios chegam paralelos à objetiva e são convergidos ao ponto focal, logo 
após o porta ocular. É neste ponto que deve estar o sensor da câmera. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
84 
 
Mas tudo mudou para os refratores nas últimas duas 
décadas. Surgiram novos refratores que, com a construção de 
lentes especiais, eliminam quase toda a aberração cromática e 
apresentam imagens incríveis mesmo tendo baixas razões 
focais. São os refratores apocromáticos, produzidos com lentes 
que diminuem consideravelmente a aberração cromática, ou 
mesmo chegam a eliminá-la por completo nos modelos mais 
avançados. 
 
Há vários tipos de refratores apocromáticos, mas o que 
todos têm em comum é a presença de pelo menos uma das 
objetivas feita com material de baixa dispersão. Essas lentes 
normalmente são chamadas de ED, sigla derivada do termo 
Extra Low Dispersion Glass. Existem modelos com apenas 
duas lentes, como nos acromáticos. Eles são chamados dupletos 
e são muito superiores aos refratores acromáticos. Geralmente 
possuem razões focais entre F7 e F10, podendo apresentar 
imagens bastante interessantes a um preço razoável, sendo 
possível encontrar bons telescópios deste tipo com até 80mm de 
abertura por preços abaixo de mil dólares. São uma boa opção 
para quem está começando na Astrofotografia de céu profundo 
e não quer gastar muito. 
Já os refratores apocromáticos com três elementos, 
chamados tripletos, geram uma imagem ainda superior, são 
razoavelmente mais caros e apresentam modelos com razões 
focais menores, entre F5 e F7. Se você tem condições de pagar 
e pretende ser um astrofotógrafo de céu profundo exigente com 
suas imagens, estes são os seus refratores. 
 
Existem refratores apocromáticos com até cinco 
elementos. São na verdade telescópios que já possuem em sua 
óptica corretores internos de coma, aberração ainda visível 
levemente em apocromáticos de três elementos. 
 
O maior defeito dos refratores apocromáticos certamente 
é o preço elevado, principalmente quando comparados a outros 
modelos de telescópios. Refratores apocromáticos são os 
 Rodrigo Andolfato 
85 
 
telescópios mais caros por centímetro de abertura, podendo 
chegar a serem escandalosamente caros no caso de algumas 
marcas de primeira linha. Você certamente vai escutar de 
alguém que não vale a pena comprar um apocromático para 
observação devido ao custo-benefício baixo. Isto está correto. 
Para observação, o diâmetro da objetiva sempre fará toda a 
diferença. Os refratores apocromáticos são voltados para o 
mercado astrofotográfico. Para observação visual, não há como 
concorrerem com o baixo custo dos refletores newtonianos de 
maior abertura ou mesmo os portáteis cassegrains. Um refrator 
apocromático de 200mmde abertura é extremamente difícil de 
se achar e pode custar o mesmo que um pequeno apartamento 
ou um carro de luxo. Isso, só o tubo óptico. Enquanto um 
refletor de 200mm custa o mesmo que um bom console de 
videogame. 
 
Mas quando se quer uma distância focal baixa, entre 
300mm e 800mm, com boa razão focal, é muito difícil bater um 
refrator apocromático. Pequenos e leves, eles casam muito bem 
com as montagens mais acessíveis. São também mais robustos, 
não precisando colimar mesmo após anos de uso e apresentam 
incrível qualidade óptica para imagens de maior campo. São 
muito recomendados para aqueles que querem fotografar céu 
profundo e precisam se deslocar para uma área com baixa 
poluição luminosa sempre que querem astrofotografar, ou 
mesmo aqueles que querem manter um pequeno observatório 
numa área de baixa poluição luminosa. 
 
Refletores 
 
Telescópios refletores possuem uma natureza bastante 
diferente dos refratores. Em vez de uma lente, em que a luz 
atravessa antes de atingir o sensor da câmera, os refletores 
trabalham com reflexão, ou seja, a luz bate num espelho curvo 
no fundo do telescópio, chamado de espelho primário, e de lá é 
direcionada para um espelho menor, próximo à boca do tubo 
óptico, chamado espelho secundário, para então ser desviada 
para o sensor da câmera. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
86 
 
 
A maior vantagem de um telescópio refletor é o fato de 
que a luz não precisa atravessar um meio diferente para chegar 
ao sensor, como ocorre com telescópios refratores. Sendo 
assim, não há diferença no desvio das ondas de luz e um 
telescópio refletor não possui aberração cromática. 
 
Até existem refletores que possuem lentes corretoras, 
como os cassegrains, e estas podem produzir aberração 
cromática, mas é praticamente insignificante, até por que são 
designes ópticos de maior razão focal, geralmente F/10 ou mais. 
Em refletores, como a luz não atravessa o espelho 
primário, o espelho secundário precisa estar localizado à frente 
do espelho primário, obstruindo a passagem de parte da luz. Esta 
obstrução faz com que o telescópio refletor na verdade não capte 
toda a luz que o seu espelho primário seria capaz de refletir e 
também diminui um pouco o contraste da imagem de um refletor 
em relação a um refrator. Telescópios refletores com razão focal 
menor tendem a ter um espelho secundário maior, enquanto 
aqueles com maior razão focal possuem espelhos secundários 
menores, fazendo com que esta obstrução cause menos impacto. 
 
Refletores newtonianos 
Trata-se do tipo mais básico de telescópio refletor. Muitas 
vezes são tratados simplesmente por refletores, mas na verdade 
são mais um dos diversos modelos de refletores disponíveis. 
Um refletor newtoniano é composto somente de espelhos, sem 
lentes corretoras. O que define um refletor como newtoniano é 
o formato do espelho secundário. Ele deve ser plano, estar 
inclinado quarenta e cinco graus em relação ao espelho primário 
e desviar a luz noventa graus, para a lateral do tubo óptico 
(Ilustração 30). 
 Rodrigo Andolfato 
87 
 
O primeiro telescópio refletor construído foi um 
newtoniano. Ele tem esse nome justamente por ter sido 
projetado pelo celebre físico inglês Isaac Newton, em 1672. 
Newton estava insatisfeito com a aberração cromática 
apresentada pelos telescópios refratores daquela época e buscou 
um telescópio em que a luz não precisasse atravessar meios 
com densidades diferentes. Ele percebeu que a solução estava 
nos espelhos. 
A grande vantagem dos telescópios newtonianos em 
relação a todos os concorrentes é o custo-benefício, principal-
mente em aberturas maiores. Estes telescópios normalmente 
têm um preço por polegada de abertura muito inferior a 
qualquer outro tipo de telescópio e são muito populares. Por 
algumas centenas de dólares, você pode ter um telescópio 
refletor newtoniano de oito polegadas de abertura. 
Em Astrofotografia, uma outra vantagem interessante dos 
 
Ilustração 30: Esquema de um telescópio refletor do tipo newtoniano 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
88 
 
refletores newtonianos é o fato da saída do porta ocular poder 
ficar apontada para cima. Isso facilita muito o manuseio da 
câmera e proporciona mais segurança se ela estiver presa 
somente por parafusos por pressão. O conjunto da câmera só 
poderá deslizar para dentro do porta ocular, não correndo o 
risco de despencar. Operar uma DSLR nestes telescópios sem o 
uso de um computador também é muito mais confortável, 
principalmente se a DSLR não tiver um LCD móvel, pois a tela 
da câmera fica apontada para cima ou para o lado, não para 
baixo, como ocorre na maioria dos outros modelos de 
telescópio. 
Entre os refletores newtonianos é fácil encontrar modelos 
bastante rápidos, com razões focais entre F4 e F5 com razoável 
qualidade óptica, que pode ser aperfeiçoada com o uso de 
redutores de coma, aberração comum nestes telescópios. 
Em relação a outros tipos de refletores, a maior 
desvantagem do refletor newtoniano é o fato de que o tamanho 
de seu tubo óptico deve ser compatível com a distância focal do 
espelho. Um refletor newtoniano de oito polegadas e uma razão 
focal F6 pesa quase dez quilos e mede um metro e vinte de 
comprimento, enquanto os outros tipos de refletores podem 
pesar até cinco quilos com a mesma abertura e terem um 
comprimento de menos de meio metro. Um tubo óptico mais 
longo é mais difícil de transportar e operar, além de exigir mais 
espaço para se trabalhar. Para quem pretende construir um 
pequeno observatório, o refletor newtoniano pode não ser o 
modelo mais indicado. É por isso que, acima de 300mm de 
abertura, refletores newtonianos passam a ser mais raros na 
Astrofotografia, dando espaço aos refletores do tipo cassegrain, 
que veremos adiante. 
Uma outra desvantagem importante dos refletores 
newtonianos é que eles têm uma grande facilidade para 
descolimar, ou seja, ter os seus espelhos desalinhados. Para 
obter-se uma imagem perfeita com estes telescópios, o espelho 
primário e o secundário precisam estar perfeitamente alinhados 
entre si e também com o sensor da câmera, mas de todos os 
telescópios, os refletores newtonianos são os que desalinham 
mais facilmente. A colimação de um newtoniano deve ser 
 Rodrigo Andolfato 
89 
 
verificada constantemente, principalmente após movê-lo de um 
lugar para outro, ou mesmo após desmontá-lo e remontá-lo no 
mesmo lugar. 
Subtraindo-se vantagens por desvantagens, o resultado é 
que telescópios refletores newtonianos acima de 150mm de 
abertura são muito apreciados para Astrofotografia, 
principalmente entre 200 e 300mm de abertura. Um refletor 
com 200mm de abertura é o mínimo que recomendo para quem 
quer fazer Astrofotografia planetária de alta resolução e os 
newtonianos são, com certeza, os mais em conta. Em distâncias 
focais de 800mm ou mais, refletores newtonianos conseguem 
resoluções incríveis e grande velocidade de captação de luz por 
uma fração do preço de um bom refrator apocromático com a 
mesma abertura. 
 
O problema do foco em newtonianos 
Um cuidado que você deve tomar com telescópios 
refletores newtonianos é em relação ao foco com sua câmera. A 
maioria dos telescópios são projetados primeiramente para 
observação, com o uso de oculares, e não para fotografia. E 
geralmente as câmeras conseguem foco a uma distância menor 
do que as oculares. Você não percebe este problema com 
telescópios em que a saída do porta ocular fica apontada para 
baixo, como refratores, porque estes telescópios acompanham 
uma diagonal de 90 graus, feita para garantir maior conforto nas 
observações. Devido a isso, estes telescópios já têm a saída do 
porta ocular projetada para ser mais para dentro, considerando o 
caminho que a luz fará pela diagonal até chegar à ocular. Então, 
quando você elimina esta diagonal e liga a câmera diretamente 
ao porta ocular, ela consegue foco sem problemas. Mas um 
refletor newtoniano não tem diagonal,eles são projetados para 
que você conecte a ocular diretamente no porta ocular. Por 
isso, quando você conecta a câmera ao porta ocular de um 
newtoniano, pode não conseguir o foco necessário, que estará 
dentro do tubo. Este problema ocorre principalmente com 
câmeras com sensores maiores, de céu profundo, como DSLRs, 
e refletores newtonianos menores. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
90 
 
Comprar um telescópio e uma câmera, para depois juntar 
os dois e descobrir que eles “não conversam” é uma das 
experiências mais frustrantes que se pode ter na Astrofotografia. 
E isso acontece com mais frequência do que você imagina. 
Existem algumas soluções possíveis. Uma delas é o uso de um 
extensor focal, como uma barlow, para trazer o foco mais para 
fora. A maior vantagem desta solução é que ela é rápida e fácil, 
mas repleta de desvantagens. Extensores focais são acessórios 
obrigatórios para Astrofotografia planetária, mas em 
Astrofotografia de céu profundo uma barlow eleva muito a 
razão focal, tornando a captura de luz muito mais lenta. Uma 
barlow de 2x deixa a captação de luz quatro vezes mais lenta, e 
assim por diante (A velocidade fica mais lenta elevando-se ao 
quadrado a diferença entre a distância focal). Além disso, com o 
aumento da ampliação, a necessidade de um acompanhamento 
preciso torna-se muito mais elevada. Por fim, você também tem 
a diminuição de campo de captura. 
Uma opção mais complexa, mas muito mais interessante 
para se conseguir foco quando ele está para dentro do telescópio 
é aproximar o espelho primário do secundário. Existem 
modelos de newtonianos que permitem a você deslocar o 
espelho primário para frente sem grandes dificuldades até um 
determinado limite, é claro. Se você avançar demais o espelho 
primário pode ser que o cone de luz gerado pela objetiva fique 
maior do que o tamanho do espelho secundário, causando perda 
de luz e vinhetagem na imagem. Ainda existem modelos em que 
você pode precisar cortar o tubo para conseguir aproximar o 
espelho, sendo aconselhável levar o telescópio a um 
profissional habilitado para o trabalho. 
O ideal é evitar o problema, já adquirindo um telescópio 
em que seja possível fotografar com sua câmera sem ter que 
fazer qualquer modificação. Antes de adquirir um refletor, 
pesquise na Internet sobre o modelo escolhido, para ver se 
outros astrofotógrafos tiveram problemas em conseguir foco 
com ele, ou pergunte ao fabricante do telescópio se ele serve 
para determinada câmera. Felizmente, isto ocorre com poucos 
refletores newtonianos, sendo muito mais comum nos de menor 
porte. 
 Rodrigo Andolfato 
91 
 
 
Existem newtonianos que são vendidos como 
“astrofotográficos”. Isso quer dizer que eles já foram projetados 
se pensando em Astrofotografia de céu profundo, com o espelho 
secundário mais próximo do primário, garantindo que sua 
câmera conseguirá foco sem a necessidade de adaptações. 
 
Cassegrains 
 
Telescópios refletores do tipo cassegrain são refletores em 
que o espelho secundário em vez de direcionar a luz para a 
lateral do telescópio, desvia a luz para o fundo do telescópio. 
Em cassegrains, o espelho primário deve ter um furo no centro 
para deixar a luz refletida pelo espelho secundário passar e 
chegar ao porta ocular (Ilustração 31). Aqui, o caminho que a 
luz percorre dentro do tubo óptico é maior, pois após refletir no 
espelho secundário ela tem que refazer todo o trajeto até o 
espelho primário, mais o suficiente para chegar ao sensor. Além 
disso, muitos telescópios com este desenho possuem espelhos 
secundários curvos e não planos, como ocorre nos newtonianos, 
 
Ilustração 31: Esquema de um telescópio do tipo Schmidt-cassegrain 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
92 
 
cuja função não é somente desviar a direção da luz, mas 
também alterar o ângulo de convergência. O resultado final é 
que, apesar de serem muito mais curtos, refletores cassegrains 
costumam ter uma distância focal maior do que newtonianos de 
mesma abertura. 
 
Hoje em dia, é muito difícil encontrar um cassegrain 
clássico. O modelo evoluiu para vários tipos de telescópios, 
geralmente todos são muito aclamados pela sua qualidade 
óptica. 
 
Schmidt-cassegrain 
 
Este telescópio possui um espelho esférico, mais um disco 
de vidro, chamado de lente corretora, no início do tubo. Esta 
lente elimina as aberrações que o espelho poderia provocar. 
Normalmente possui razão focal F10. É considerado um 
telescópio escuro, muito usado na captura planetária, mas é 
usado também para Astrofotografia de céu profundo, 
principalmente com o uso de redutores focais, que deixam o 
telescópio mais rápido. 
 
Maksutov-cassegrain 
 
É fácil perceber a diferença de um maksutov-cassegrain 
para um schmidt-cassegrain, o maksutov tem a lente corretora 
côncava para o lado de fora, afundada para dentro do 
telescópio, enquanto o schmidt tem a lente completamente 
plana do lado de fora. 
Os maksutovs são aclamados por terem uma imagem 
ligeiramente superior aos schmidts, mas também são ainda mais 
escuros, com distâncias focais por volta de F12. São 
razoavelmente mais pesados e possuem um campo menor, 
apresentando mais vinhetagem nas bordas. São usados 
principalmente para observação e Astrofotografia planetária 
com modelos ultraportáveis, principalmente de 90mm, 102mm 
 Rodrigo Andolfato 
93 
 
e 127mm, que conseguem imagens planetárias incrivelmente 
nítidas para o seu pequeno porte. No mercado há poucos 
modelos de maksutov-cassegrains acima de 150mm de abertura. 
Normalmente, em aberturas de oito polegadas ou mais, os 
schmidt-cassegrains são muito mais populares. 
 
Ritchey-Chrétien 
 
Este tipo de telescópio cassegrain é o mais aclamado para 
Astrofotografia de céu profundo. Os grandes telescópios dos 
principais observatórios modernos são todos Ritchey-Chrétien. 
O Hubble foi construído com este designe óptico. 
O Ritchey-Chrétien, ou simplesmente RC, é um 
cassegrain muito próximo ao que seria o cassegrain clássico. O 
RC não tem nenhuma placa corretora no início do tubo. Nele, a 
luz chega ao espelho primário e vai para o secundário, atingindo 
o sensor da câmera sem passar por lentes. Não há aberração 
cromática. A diferença para o que seria o cassegrain clássico 
está nos espelhos. Enquanto no cassegrain clássico o espelho 
primário é parabólico e o secundário hiperbólico, no Ritchey-
Chretien eles são, respectivamente, semi-hiperbólico e super-
hiperbólico. Você não precisa saber o que são essas formas, o 
importante é saber que os espelhos de um telescópio RC 
garantem excelente correção para aberrações esféricas e coma, 
além disso, sua distância focal é normalmente inferior aos 
Schmidt ou Masutov-cassegrains. Os RC costumam ter razão 
focal F8, contra F10 dos Schmidt e aproximadamente F12 dos 
Maksutovs, e ainda se adaptam melhor a bons redutores focais. 
O único problema dos telescópios Ritchey-Chretien é que eles 
possuem espelhos secundários maiores, obstruindo mais luz. 
Mas sua óptica impecável, em termos de ausência de aberrações 
e deformidades, faz destes telescópios os preferidos para 
Astrofotografia avançada, sendo extremamente recomendados 
principalmente se você estiver usando câmeras com sensores 
maiores. 
 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
94 
 
 
 
Características dos telescópios mais populares 
Modelo Razão Focal 
Média 
Recomendad
o para 
Astrofotograf
ia 
Vantagens mais importantes Desvantagens mais 
importantes 
Refrator 
Acromático 
Curto 
(Shortube) 
F4 a F6 Não 
recomendado 
Por serem leves e baratos, 
modelos menores podem ser 
utilizados como telescópio de 
guiagem. 
Imagem ruim, com 
muitas aberrações 
Refrator 
Acromático 
Longo 
F10 a F15 Planetária e 
Lunar 
Uso simples para iniciantes Ainda apresentam 
aberrações 
cromáticas, embora 
em menor escala; 
Comprimento do 
tubo. 
Refrator 
Apocromático 
F4 a F9 De céu 
profundo 
Qualidade da imagem, 
Portabilidade,Maiores campos. 
Preço elevado por 
centímetro de 
abertura – custo pode 
ser impraticável 
acima de 150mm. 
Refletor 
newtoniano 
F4 a F8 Planetária, 
Lunar, céu 
profundo 
Custo benefício, 
Versatilidade, fotografando bem 
tanto céu profundo como 
planetas. 
Diminuição do risco de queda 
do equipamento preso ao porta 
ocular. 
Tamanho e peso, 
Para fotografia com 
sensores maiores, são 
necessários corretores 
de coma em quase 
todos os modelos; 
Descolima com mais 
facilidade. 
Possibilidade de não 
conseguir foco em 
câmeras de sensor 
maior em alguns 
modelos, 
principalmente os 
menores. 
Refletor 
Maksutov 
cassegrain 
F12 a F14 Planetária e 
Lunar 
Qualidade óptica, 
Tubos menores. 
Razões focais muito 
elevadas para céu 
profundo. 
Refletor 
Schmidt 
cassegrain 
F10 Planetária e 
Céu profundo 
Versatilidade, fotografando bem 
tanto céu profundo como 
planetas. 
Tubos menores e mais leves. 
Razão focal elevada 
para céu profundo, 
podendo ser 
compensada com o 
uso de redutores 
focais. 
Ritchety 
Chretien 
F8 Céu 
profundo 
Qualidade óptica. Grande obstrução 
do espelho 
secundário reduz 
em 25% captação 
de luz. 
Tabela 1: Características dos telescópios mais populares. 
 Rodrigo Andolfato 
95 
 
Como saber a qualidade de um telescópio? 
 
Eis aí uma questão interessante. Você decidiu por um 
modelo de telescópio que tem as características que você 
precisa (ou deseja), tanto em abertura, distância focal e também 
em termos de peso e volume, mas como você pode saber que 
aquele produto lhe trará imagens satisfatórias, que os frames 
não virão com aberrações evidentes? 
Alguns desenhos, como o Ritchey Chretien e os 
Maksutov-cassegrain possuem bastante uniformidade na 
qualidade óptica, mas os newtonianos e refratores, mesmo os 
apocromáticos apresentam enormes variações de um modelo 
para o outro. 
É muito importante, antes de adquirir um telescópio, ter a 
plena consciência da qualidade óptica do modelo que está 
comprando. Eu já vi muitos astrofotógrafos publicarem as 
primeiras imagens feitas com seu telescópio novo com um certo 
ar de decepção, com frases do tipo: “Eu esperava mais”. Não é 
só por ser um refrator ED ou apocromático que um telescópio 
apresentará uma imagem perfeita. 
Sempre que você decidir por um modelo, pesquise bem 
antes de efetuar a compra. Há diversos fóruns na Internet em 
que os usuários discutem a qualidade dos telescópios e, 
principalmente, postam fotos feitas com seus equipamentos. 
Mas cuidado ao avaliar a opinião de donos de telescópio, 
muitos deles podem estar presos a sentimentos “afetivos” pelo 
produto, principalmente quando gastaram muito na compra. 
Além disso, pode faltar a donos de telescópios simplesmente 
conhecimento sobre o produto. Muitos podem mesmo nunca 
terem usado outros aparelhos e considerarão a qualidade do que 
têm em mãos como ótima, até terem a oportunidade de 
trabalharem com equipamentos realmente superiores. 
Isso tudo não invalida as opiniões dos donos de 
telescópio, apenas as tornam merecedoras de cuidado. 
Geralmente é bom analisar de forma mais crítica quando o dono 
está há pouco tempo com o equipamento e não teve contato 
com outros modelos. Quem já tem o telescópio há mais de um 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
96 
 
ano e o usou muitas vezes, normalmente tem uma opinião muito 
mais realista sobre o produto. Meu primeiro telescópio 
astrofotográfico foi um refrator ED de 102mm. No começo eu 
achava ele perfeito, mas hoje percebo várias deficiências 
ópticas no aparelho, como aberração cromática, e o focalizador 
apresentou vários problemas, que depois descobri serem 
comuns no modelo. Se eu tivesse feito um review no primeiro 
mês, diria que, com este telescópio, tudo eram flores. 
Outro ponto importante: também não adianta avaliar a 
qualidade dos equipamentos somente por meio de fotos feitas 
com o instrumento. Você pode pesquisar na Internet e encontrar 
muitas imagens com o telescópio que está interessado, mas isso 
não quer dizer que aquelas imagens retratem o verdadeiro 
potencial do equipamento. A qualidade das imagens feitas com 
um mesmo aparelho podem variar de forma extrema de acordo 
com a experiência do astrofotógrafo, condições do céu na hora 
do registro, qualidade da câmera, filtros utilizados, capacidade 
da montagem, calibragem e eficiência da autoguiagem e até 
mesmo a habilidade ou gosto do astrofotógrafo no 
processamento das imagens. 
Os melhores lugares para se obter uma boa opinião sobre 
telescópios são revistas ou sites especializados em 
equipamentos astronômicos. Geralmente, os autores destes 
meios de comunicação já tiveram contato com muitos modelos 
diferentes, entendem da óptica utilizada e conseguem nos trazer 
comparações muito mais objetivas, inclusive com testes e 
medições da qualidade óptica do equipamento. 
 
Marcas de telescópios 
 
Comprar um telescópio pela marca não é garantia de 
qualidade, mas é importante que você já saiba um pouco sobre a 
reputação da marca do produto que está adquirindo. De uma 
forma um pouco subjetiva, existem três níveis de marcas de 
telescópios que valem a pena destacar. 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
97 
 
Marcas Ruins 
 
Estas marcas têm como público-alvo os totalmente leigos 
em Astronomia, que compram seu telescópio ao se depararem 
com o equipamento num shopping center, lojas de 
departamento ou num banner publicitário na Internet. São 
adquiridos no calor do momento, sem nenhum tipo de pesquisa 
prévia. Normalmente, possuem imagens astronômicas feitas por 
sondas espaciais ou grandes observatórios estampando suas 
caixas. 
As principais características dos telescópios de uma 
marca ruim são: 
- Vendidos em lojas não especializadas, como grandes 
lojas de departamento, sites de compras que vendem de tudo ou 
lojas de presentes. 
- Em sua publicidade, informam que o telescópio 
aumenta tantas vezes, geralmente em torno de 300 a 600 
vezes, mesmo que tenham aberturas de 50mm. De fato, com a 
combinação das lentes que acompanham, podem até conseguir 
tal ampliação, mas sem resolução ou luminosidade, fornecendo 
uma imagem totalmente borrada e escura. Geralmente, esses 
telescópios já apresentam degradação da imagem antes de 
usarmos o aumento de 100 vezes. 
- Incompatibilidade de seus acessórios com os das marcas 
sérias. As peças não seguem o padrão do mercado de 
equipamentos astronômicos amadores. Geralmente são 
menores, tornando o trabalho de encontrar um acessório para 
esses telescópios uma tarefa ingrata. 
- Acompanham montagens instáveis e imprecisas, com 
pernas finas de alumínio, provocando grande trepidação a cada 
vez que se movimenta o telescópio. 
- Modelos com enorme razão focal ou muita aberração. 
São geralmente telescópios refratores muito compridos. Quando 
são mais curtos, com menor razão focal, apresentam grande 
aberração, sendo impraticáveis para Astrofotografia. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
98 
 
- Mesmo oferecendo resultados inferiores, esses produtos 
podem custar muito mais caros do que os das marcas populares, 
pois, como já foi dito, visam o público leigo. 
 
Marcas populares 
Neste nível estão as marcas mais conhecidas entre os 
astrônomos amadores, como Orion, Celestron, Ioptron, 
Explore Scientific, Meade, Guan Sheng Optical (GSO) e 
Sky-Watcher. Essas marcas se destacam pelas seguintes 
características: 
- Qualidade compatível com o preço que cobram. Seus 
produtos geralmente têm um preço bastante equivalente aos 
resultados que entregam. 
- Enorme gama de produtos. Podem oferecer instrumentos 
que rivalizam com as melhores marcas, na parte de cima, e 
equipamentos bem inferiores, na parte de baixo. Seus produtos 
feitos para concorrer com as melhores marcas são geralmente 
um pouco inferiores em qualidade, mas apresentam melhores 
preços. Já seus telescópios inferiores concorrem com aqueles 
das marcas ruins, mas são melhores e podem, em muitos casos, 
apresentar preços mais convidativos.- Além de uma grande variedade de telescópios, também 
produzem enorme variedade de acessórios. 
- Grande padronização entre acessórios e equipamentos. 
Quase todos os equipamentos dessas marcas são compatíveis 
entre si. Você pode adquirir o telescópio de um, a montagem de 
outro e os acessórios de uma terceira, que dificilmente terá 
problemas de incompatibilidade entre eles. 
- Seus telescópios são quase todos feitos na China. Não 
podemos falar que isso resulta numa qualidade ruim, na verdade 
é o maior responsável pela compatibilidade entre essas marcas. 
A impressão que temos é que as marcas populares compram 
seus produtos de um mesmo fabricante na China e pintam com 
suas cores ou instalam alguns diferenciais em relação aos 
concorrentes. 
- Maior documentação on-line. Os produtos dessas marcas 
estão geralmente entre os mais vendidos, por isso é sempre mais 
 Rodrigo Andolfato 
99 
 
fácil encontrar tutoriais sobre uso ou manutenção desses 
equipamentos na Internet. 
 
Marcas “top” 
Aqui se encontram os sonhos de consumo dos 
astrofotógrafos amadores. Estas marcas produzem os melhores 
telescópios que se pode comprar para Astrofotografia, mas 
cobram um preço caro por isso. 
As principais características das marcas top são: 
- Qualidade praticamente garantida. É muito difícil se 
decepcionar com essas marcas em termos de qualidade. Se isso 
acontecer, é muito mais provável que você tenha comprado o 
telescópio inadequado para suas intenções, não um produto 
ruim. Colegas astrofotógrafos que trabalharam com essas 
marcas e tiveram algum problema relataram um excelente 
atendimento por parte do serviço de garantia desses fabricantes. 
- Muitas fabricam seus produtos em países desenvolvidos, 
como Japão, Itália, Reino Unido e Estados Unidos. 
- Podem ser menos amigáveis do que as marcas populares 
quando se quer conectar com equipamentos de outras marcas, 
podendo fazer você depender de acessórios proprietários, como 
buscadores, telescópios de guiagem ou montagens próprias. 
Esses acessórios geralmente são bem mais caros do que os das 
marcas populares. 
As marcas top de telescópio mais famosas são a Officina 
Stellare, Willian Optics, Vixen, Stellarvue, Tele Vue e 
Takahashi. Entre elas, Vixen é a que mais se arrisca com 
produtos mais econômicos, concorrendo com as marcas 
populares em alguns segmentos. 
 
Para iniciantes em Astrofotografia, o mais recomendado é 
a compra de um telescópio das marcas populares. Elas têm o 
melhor custo-benefício e enorme gama de acessórios, além de 
boa compatibilidade entre os produtos. Deve-se evitar as marcas 
ruins, elas vivem do desconhecimento dos leigos e em quase 
todos os casos provocam decepção. Já as marcas top são 
recomendadas para astrofotógrafos mais experientes, com 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
100 
 
dinheiro sobrando na conta bancária, que já estejam 
estabelecidos na Astrofotografia e tenham atingido elevado 
nível de exigência com seu equipamento. 
 
Prefira adquirir seu tubo óptico pelo menos com os anéis 
de fixação. Melhor ainda se já vier com o dovetail no padrão de 
sua montagem. Muitos tubos ópticos são vendidos com esses 
acessórios. Assim, não há risco de problemas de 
compatibilidade entre eles. Se o tubo óptico não acompanhar os 
anéis de fixação, adquira-os do mesmo fabricante de seu 
telescópio. Verifique nas especificações do anel de fixação se 
ele é compatível com o modelo de seu telescópio. Se essa 
informação não estiver na especificação, mande um e-mail para 
o fabricante, perguntando se o acessório é compatível com o seu 
tubo óptico. Não deixe de informar ao fabricante o diâmetro 
exato do tubo de seu telescópio. O diâmetro do tubo não é o 
mesmo da objetiva e pode variar entre modelos com uma 
mesma abertura. 
 
Astrofotografia com lentes fotográficas 
 
Quando se pensa em Astrofotografia, a primeira coisa que 
passa pela cabeça de quem está começando na atividade é 
colocar uma câmera acoplada a um telescópio para se conseguir 
imagens de galáxias e nebulosas. Mas, na verdade, há muitas 
nebulosas e até mesmo algumas galáxias que só são 
fotografadas por inteiro se o campo de visão for muito maior do 
que o fornecido por um telescópio típico. Algumas nebulosas 
têm um tamanho aparente várias vezes maior do que o da Lua. 
Num telescópio, mesmo uma câmera com sensor full frame só 
captará um pedaço delas, ainda que esteja em refratores 
apocromáticos menores. A Nebulosa do Cachimbo (Ilustração 
8), por exemplo, é grande até mesmo para uma distância focal 
de 135mm numa DSLR de entrada. 
 
Se você fizer uma análise rápida, logo perceberá que todo 
telescópio é também uma lente fotográfica e toda lente é 
 Rodrigo Andolfato 
101 
 
também um telescópio. A diferença é que telescópio foi feito 
para se conectar a uma ocular e uma lente foi feita para se 
conectar a uma câmera. 
Normalmente recomendo o uso de lentes para 
Astrofotografia em distâncias focais até 300mm. Acima disso, 
um telescópio apresenta um custo-benefício melhor e será 
também mais leve. Mas além de maiores campos, usar lentes 
fotográficas para Astrofotografia, no lugar de telescópios, pode 
trazer uma série de vantagens. 
 - Lentes fotográficas já são feitas para as câmeras DSLR, 
dispensando o uso de adaptadores. 
- As melhores lentes possuem razões focais baixas, por 
isso são bastante rápidas na captação de luz. 
- O menor aumento das lentes permite exposições mais 
longas sem que as estrelas deixem rastros, facilitando o 
alinhamento com o polo e possibilitando fotografar com tempos 
de exposição por frame de até cinco minutos, mesmo sem o uso 
de autoguiagem. 
- São muito mais portáteis e leves do que a grande 
maioria dos telescópios, permitindo construir um setup 
excelente para viagens ou sessões rápidas. Alguns desses setups 
podem ser levantados com uma única mão e serem energizados 
por pilhas comuns, permitindo o deslocamento para áreas 
isoladas. 
- Permitem tipos de Astrofotografia que podem ser mais 
difíceis ou mesmo impossíveis com telescópios, como chuvas 
de meteoros, composições com paisagens, conjunções mais 
separadas e star trails. 
- Permitem que você altere a razão focal, ao se fechar um 
mecanismo chamado diafragma, que bloqueia parte da luz 
recebida pela lente a partir das bordas. Isto deixa a lente mais 
lenta na captação de luz, exigindo tempos de exposição 
maiores, mas também melhora a óptica da lente, reduzindo as 
aberrações, em alguns casos até chegando a atingir uma óptica 
comparável aos melhores telescópios. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
102 
 
É possível usar lentes em outras câmeras além das 
DSLRs, como as CCDs feitas para Astrofotografia, mas é 
necessário um adaptador especial para isto. E, com a grande 
maioria dos adaptadores, não será possível controlar o 
diafragma de uma moderna lente eletrônica, sendo até preferível 
o uso com lentes antigas, que possuam o controle do diafragma 
manual. 
Uma possibilidade para se fechar o diafragma em capturas 
com outras câmeras é ajustar a abertura da lente com ela 
conectada à DSLR, mas alguns modelos, como os da Canon, 
abrem completamente o diafragma quando retiradas da câmera. 
A única chance de se retirar as lentes parcialmente fechadas das 
DSLRs é tirar uma foto de longa exposição e retirar a lente 
ainda com a foto sendo disparada. É uma operação que tem um 
certo risco de causar um curto na câmera, causando danos ao 
sensor ou ao sistema elétrico do aparelho. Em lentes antigas, o 
 
Ilustração 32: Centro da Via Láctea, registrado com lente Canon de 50mm F1.8 em câmera 
DSLR com sensor APS-C. Esta lente, que custa pouco mais de cem dólares, é provavelmente a 
forma mais barata de se produzir imagens fantásticas do Universo com uma câmera DSLR. 
 Rodrigo Andolfato 
103 
 
controle do diafragma é totalmente manual e independente da 
câmera, dispensando essa arriscada operação. 
A grande desvantagem que existe no uso das lentes, 
obviamente,é quando precisamos de mais aumento. Lentes 
basicamente não são adequadas para nebulosas planetárias, 
galáxias mais distantes e para capturar detalhes de planetas. São 
recomendadas para grandes nebulosas, como a Nebulosa 
América do Norte, Complexo Rho-ophiuchi, a já citada 
Nebulosa do Cachimbo, da Califórnia, da Roseta, entre muitas 
outras. A Galáxia de Andrômeda fica ótima numa lente de 
200mm ou 300mm. O Grande Aglomerado de Galáxias em 
Virgem mostra centenas de galáxias com lentes desse porte. As 
Nuvens de Magalhães praticamente são impossíveis de se 
fotografar por inteiro sem o uso de uma boa lente de até 200mm 
e o Centro da Via láctea, num céu adequado, fica um espetáculo 
sob uma pequena e absurdamente barata lente de 50mm. 
As lentes mais recomendadas para Astrofotografia são as 
fixas, que não têm o recurso de zoom. Poucas lentes com zoom 
são boas para Astrofotografia. Essas lentes possuem 
componentes ópticos feitos para variar a distância focal e que 
podem provocar grandes distorções na imagem, principalmente 
nos modelos mais baratos 
A lente mais indicada para se iniciar em Astrofotografia é 
a de 50mm, particularmente os modelos F1.8 vendidos pela 
Canon e Nikon. Essas lentes apresentam um custo-benefício 
incrível. O modelo da Canon custa pouco mais de 120 dólares 
nos Estados Unidos. Sendo que numa DSLR sobre uma 
montagem motorizada pequena, é fácil conseguir tempos de 
exposição entre dois a quatro minutos com essa lente, que 
garantem imagens de tirar o folego de muitas regiões do céu, 
principalmente da Via Láctea. 
 
Outra lente muito recomendada é o modelo de 200mm 
F2.8 da Canon. Essa é, em minha opinião, uma das melhores 
opções para quem quer usar uma lente que seja quase um 
telescópio, podendo registrar um enorme número de grandes 
nebulosas e até algumas galáxias. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
104 
 
Existem muitas outras lentes boas para Astrofotografia. 
Algumas extremamente caras e outras muito mais em conta. 
Uma opção interessante é adquirir lentes antigas. Como o 
mercado de lentes fotográficas usadas é até muito maior do que 
o mercado de telescópios, não é raro encontrar boas barganhas. 
Não é difícil encontrar lentes antigas em bom estado na 
Internet, mesmo que elas sejam mais velhas do que você. Mas 
tome muito cuidado com a questão da compatibilidade. Muitas 
lentes antigas foram produzidas na época em que se fotografava 
com filmes e podem não se adaptar à sua câmera digital, mesmo 
com o uso de adaptadores, porque não conseguem foco no 
infinito quando ele está numa distância menor do que o mínimo 
que se consegue entre a lente e o sensor. Até existem 
adaptadores ópticos vendidos por cerca de 150 reais na Internet, 
que prometem atingir esse foco, mas recomendo que evite estes 
adaptadores. Eles não têm a mesma qualidade da lente 
fotográfica original, prejudicando muito o resultado final. Antes 
de adquirir uma lente antiga, tenha certeza que conseguirá foco 
no infinito com sua câmera e não somente de perto, caso 
contrário, a lente não servirá para fotos astronômicas. 
 
Nunca compre uma lente achando que ela é boa para 
Astrofotografia, você tem que ter certeza. Caso contrário é um 
grande risco. Mesmo modelos muito próximos de lentes do 
mesmo fabricante podem ter grandes variações na qualidade da 
captura astrofotográfica. Tenha em mente que são produtos que 
não foram feitos para atender a necessidade do astrofotógrafo, 
ao contrário dos telescópios, e modelos que têm desempenho 
superior em fotografias diurnas, podendo até ser celebrados por 
fotógrafos profissionais, podem causar grande decepção ao 
astrofotógrafo. 
É sempre possível melhorar a qualidade da imagem de 
uma lente fechando o diafragma e aumentando a razão focal da 
lente, mas equipamentos inferiores só conseguem uma imagem 
astrofotográfica aceitável em razões focais muito altas, 
tornando necessários frames exageradamente longos. 
Falar das muitas centenas de lentes fotográficas que 
existem é impossível. O conselho que dou é: primeiro, pense na 
 Rodrigo Andolfato 
105 
 
distância focal que deseja que a sua lente tenha; segundo, veja 
quais modelos de lente têm a distância focal desejada; terceiro, 
procure saber, por outros astrofotógrafos, em sites ou fóruns, 
em qual razão focal (abertura) a lente trabalha bem em 
Astrofotografia e dê preferência para as que trabalham bem em 
razões focais menores; quarto, procure fotos feitas com estas 
lentes; por fim, avalie as lentes que atendam a sua demanda e 
veja qual delas têm a melhor razão custo-benefício, de acordo 
com seus objetivos. 
Antes de adquirir uma câmera DSLR de uma determinada 
marca, leve em consideração a diversidade de lentes oferecida 
para o seu modelo de câmera. Este é o principal motivo pelo 
qual as câmeras da Canon e Nikon são as preferidas. Além de 
fabricarem cerca de uma centena de modelos próprios, os 
fabricantes de boas lentes alternativas, como Sigma, Tamron e 
Rokinon geralmente focam seus produtos nas câmeras destas 
marcas. Ao se adquirir uma câmera de um fabricante menos 
popular, você terá bem menos lentes disponíveis de pronto 
funcionamento para o seu equipamento e terá que recorrer a 
adaptadores que raramente permitem o controle do diafragma 
da lente ou foco automático (Observação: no caso do foco 
automático, preocupe-se somente se você pretende usar a lente 
para outros tipos de fotografia, já que foco automático é inútil 
na Astrofotografia). 
Algo que pode confundir muito quem está acostumado 
com telescópios e começa a usar lentes, ou vice-versa, é a 
forma como abertura é denominada nestes dois 
equipamentos. Usuários de telescópios e os fabricantes destes 
equipamentos definem abertura como sendo o diâmetro da 
objetiva, mas fotógrafos profissionais e fabricantes de lentes 
definem abertura como sendo a relação entre a distância focal 
da lente e o diâmetro da objetiva, o que astrônomos amadores 
chamariam de razão focal. Por isso, quando pensamos numa 
lente de 200mm F2.8 como sendo um pequeno telescópio para 
Astrofotografia, temos que ter consciência de que, vista como 
um telescópio, ela equivale a um modelo de pouco mais de 
70mm de abertura. Pois o diâmetro de sua objetiva é conhecido 
através de sua distância focal de 200mm, dividida pela sua 
razão focal de 2.8, cujo resultado é 72mm. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
106 
 
Por outro lado, se quisermos ver um telescópio refletor de 
200mm F4.5 como uma lente, devemos multiplicar o diâmetro 
de sua objetiva, de 200mm, pela sua razão focal de 4.5. 
Veremos que o telescópio equivale a uma lente de 900mm e 
abertura F4.5. Vale lembrar que uma lente fotográfica moderna 
com estas características custaria dezenas de milhares de 
dólares, enquanto este telescópio custa menos de mil dólares. 
Quando fechamos o diafragma, diminuímos ainda mais a 
abertura de uma lente como telescópio. Uma Canon de 200mm 
F2.8, por exemplo, tem seu melhor desempenho para 
Astrofotografia com o diafragma fechado na abertura F4. 
Nesta abertura, a lente de 200mm equivale a um telescópio com 
50mm de abertura. Já uma lente 50mm F1.8, que também tem 
seu melhor desempenho astrofotográfico em F4, equivale nesta 
abertura a um telescópio de 12.5mm. Tornando-se um 
telescópio com uma objetiva do tamanho de uma pequena 
moeda. 
 
MONTAGENS 
 
Montagens são um componente chave na Astrofotografia. 
São elas que carregam o seu telescópio. Mais do que isso, são 
elas que têm a missão importantíssima de fazer a câmera e o 
Equipamento Abertura, vista como Telescópio Abertura, vista 
como lente 
Telescópio 200mm F4.5 200mm F4.5 
Telescópio 102mm F7 102mm F7 
Lente 200mm F2.8 200mm/2.8=72mm F2.8 
Lente 200mm F2.8 em F4 200mm/4=50mm F4 
Lente 50mm F1.8 50/1.8 = 28mm F1.8 
Lente 50mm F1.8 em F4 50/4 = 12,5mm F4 
Tabela 2: Comparação de abertura em telescópios e lentes. 
 Rodrigo Andolfato 
107 
 
tubo óptico acompanharem o movimento dos objetos celestes 
durantea noite. 
Não são somente a Lua e o Sol e os planetas que se 
movem no céu, mas praticamente tudo o que podemos ver daqui 
da Terra, pelo simples fato de que quase toda a movimentação 
dos astros é consequência da movimentação da superfície da 
Terra. Devido ao movimento de rotação, a Terra dá uma volta 
em torno de si mesma a cada 24 horas, fazendo com que toda a 
esfera celeste pareça girar em torno dela. Esse movimento é tão 
rápido que a cada dois minutos a Lua percorre completamente a 
própria extensão no céu. 
O resultado disso é que, quando você olha pela primeira 
vez por um telescópio sem uma montagem motorizada, é 
surpreendente perceber a velocidade como os astros deslocam-
se, principalmente com grandes aumentos. Uma estrela leva 
menos de um minuto para cruzar todo o campo de visão de uma 
ocular num telescópio com grande aumento. 
Felizmente, a movimentação da esfera celeste em relação 
a Terra não é aleatória, pelo contrário, é absolutamente regular. 
Ilustração 33: Nebulosas da Trífida e Lagoa. No primeiro frame, uma captura feita com o 
acompanhamento motorizado ligado, usando lente. No segundo, vemos como as estrelas e 
as nebulosas se movimentaram no espaço de dois minutos, quando o acompanhamento é 
desligado. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
108 
 
As estrelas, nebulosas, galáxias e até planetas movem-se no céu 
como as engrenagens de um relógio. E uma boa montagem com 
motorização pode acompanhar o movimento dos astros celestes 
a ponto de permitir frames com alguns minutos de exposição. 
Mas fazer uma montagem que acompanhe com perfeição 
o movimento dos astros, sem cometer falhas, é algo muito 
difícil. A maioria das montagens para Astrofotografia permitem, 
no máximo, dois ou três minutos de exposição por frame, e 
mesmo com esses tempos, raramente garantem resultados 
satisfatórios em todas as capturas. 
As montagens mais avançadas, recomendadas para 
Astrofotografia, possuem um recurso opcional chamado porta 
para autoguiagem. Esta porta permite conectar uma segunda 
câmera à montagem, que, por meio de um segundo telescópio, 
ou aproveitando as bordas do campo do telescópio principal 
(off-axis), filma uma estrela e diz para a montagem as correções 
que ela deve fazer para um acompanhamento perfeito. É 
somente com o uso de autoguiagem que as montagens 
astrofotográficas mais populares conseguem tempos de 
exposição por frame de dez minutos ou mais, necessários para a 
captação de objetos mais escuros. 
Existem basicamente dois grupos de montagens 
motorizadas para telescópios, as equatoriais e as altazimutais. 
 
Montagens altazimutais: ficam alinhadas com a 
superfície da Terra, por isso, precisam movimentar-se nos dois 
eixos, leste-oeste e norte-sul, fazendo constantes correções 
durante o acompanhamento. O movimento do céu também 
provoca uma variação na orientação da imagem, o que pode 
fazer com que as estrelas da borda fiquem ovaladas após longas 
exposições. 
Até existe um acessório que teoricamente permite 
transformar boa parte das montagens altazimutais em 
equatoriais. Chama-se cunha equatorial ou wedge. Trata-se de 
uma base que permite à montagem altazimutal inclinar-se na 
direção do eixo de rotação da Terra, tranformando a montagem 
numa equatorial do tipo forquilha. Mas este sistema não é 
perfeito, pois a montagem não fica perfeitamente balanceada, 
 Rodrigo Andolfato 
109 
 
não utiliza contrapesos, e muitas altazimutais nem permitem 
deslocar o tubo para frente ou para trás. Esta falta de 
balanceamento acaba forçando os motores. No Brasil ainda 
teríamos o problema de estarmos em baixas latitudes, o que nos 
obrigaria a inclinar as montagens altazimutais demasiadamente 
para alinharmos com o polo, sendo que muitas cunhas 
equatoriais sequer conseguem atingir a inclinação necessária 
para regiões mais ao norte do Brasil. 
Montagens Altazimutais são excelentes para observação 
visual dos astros. São mais leves e portáteis e não há 
necessidade de alinhamento com o polo. Entretanto, por não 
conseguirem acompanhar com a mesma precisão que 
montagens equatoriais, não são recomendadas para 
Astrofotografia de céu profundo. Já para Astrofotografia 
planetária, lunar e solar, que não necessitam de frames com 
longos tempos de exposição, as montagens altazimutais 
atendem muito bem. 
 
Montagens equatoriais (Ilustração 34): são as preferidas 
dos astrofotógrafos de céu profundo. Permitem alinhar o seu 
eixo de rotação com o eixo de rotação da Terra, também 
chamado de ascensão reta. Montagens equatoriais permitem 
tempos de exposição muito maiores por frames do que as 
montagens altazimutais, com menos erros de acompanhamento. 
Isso acontece porque essas montagens, ao contrário das 
altazimutais, só precisam movimentar um eixo durante a 
captura. O outro eixo, de declinação, pode ficar parado durante 
o registro, sendo necessários correções somente se a montagem 
estiver mal alinhada. 
A maioria das montagens equatoriais, principalmente as 
mais avançadas para Astrofotografia, possuem motorização 
tanto para o eixo de ascensão reta como para o de declinação. 
Mas somente o primeiro é imprescindível para Astrofotografia. 
O motor de declinação tem mais a função de movimentar o 
telescópio durante o processo de busca e enquadramento do 
objeto, sendo mais importante em capturas com maior aumento, 
quando se precisa de muita precisão para encontrar e colocar o 
alvo na posição desejada. Em capturas com menor distância 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
110 
 
focal, isso pode ser feito manualmente. É por isso que 
montagens equatoriais menores podem nem apresentar 
motorização no eixo de declinação e ainda assim continuam 
adequadas para Astrofotografia, com lentes ou pequenos 
refratores. 
As montagens equatoriais mais populares na 
Astrofotografia são as chamadas montagens equatoriais 
germânicas. Elas se caracterizam pela presença de uma barra de 
contrapesos, que fica oposta à base do telescópio e 
perpendicular ao eixo de rotação (Ilustração 34). De acordo 
com o peso do setup fotográfico devem ser inseridos 
contrapesos nesta barra, que servem para deixar o setup 
perfeitamente balanceado no eixo de ascensão reta da 
montagem, diminuindo muito a força necessária para 
movimentar o telescópio. 
Ilustração 34: Montagem equatorial germânica sobre 
tripé, destacando os seus eixos de rotação. 
Contrapesos se contra posicionam em relação ao 
telescópio para balancear a montagem. 
 Rodrigo Andolfato 
111 
 
Para fotografia de céu profundo com telescópios, é 
recomendado uma montagem equatorial germânica 
motorizada com porta para autoguiagem. Adquira uma 
montagem altazimutal somente se tiver certeza que não tem 
interesse neste tipo de Astrofotografia. 
Por ser muito popular, a montagem equatorial germânica 
é comumente denominada simplesmente de “montagem 
equatorial” em muitas paginas de equipamentos astronômicos 
na Internet, que na maioria das vezes omitem o termo 
“germânico”. Os outros tipos de montagem equatorial são mais 
usados em observatórios profissionais. 
 
 
Componentes de uma montagem equatorial germânica 
 
Cabeça da montagem (Ilustração 35): é o componente 
motorizado que executa o movimento da montagem. Para 
muitos, esse componente é a montagem propriamente dita, ou a 
montagem sem o tripé. Seus componentes são listados abaixo: 
Eixo de ascensão reta (Ilustração 34): movimenta o 
telescópio de leste para oeste. É o principal componente de uma 
montagem equatorial e deve ser motorizado em toda montagem 
equatorial cuja pretensão seja usá-la em Astrofotografia. É a 
movimentação deste eixo que produz o acompanhamento dos 
astros. Seu motor pode vir integrado à montagem ou comprado 
separadamente. Para um perfeito acompanhamento do 
movimento dos astros, o eixo de ascensão reta deve ficar 
perfeitamente alinhado com o eixo de rotação da Terra, ou seja, 
apontando perfeitamente para o polo celestial do hemisfério em 
que estiver localizado.Eixo de declinação (Ilustração 34): movimenta o 
telescópio do norte para o sul. Apesar de ser muito importante, 
principalmente em montagens maiores, é menos relevante do 
que o eixo de ascensão reta, podendo até ser usado sem 
motorização mesmo em Astrofotografia de céu profundo. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
112 
 
Embreagens (Ilustração 35): têm a função de travar e 
destravar os eixos da montagem. Quando travadas, não é 
possível movimentar o telescópio com as mãos, somente com o 
uso da motorização ou controles manuais. Quando destravadas, 
permitem a movimentação do telescópio com as mãos, mas a 
montagem não responde aos comandos dos controles. É o 
mesmo princípio da embreagem de um automóvel. Quando 
você pisa na embreagem de um veículo com câmbio manual, o 
carro não responde ao acelerador. As embreagens são muito 
importantes na hora de instalar o setup astrofotográfico, 
principalmente no processo de balanceamento do conjunto. 
Telescópio Polar (Ilustração 35): fica inserido dentro do 
eixo de ascensão reta, estando perfeitamente alinhado a ele. Sua 
função é ajudar no alinhamento da montagem com a rotação da 
Terra. No hemisfério norte, o seu uso é muito simples, pois lá 
eles têm uma estrela bastante brilhante muito próxima ao polo 
celeste norte, que aparece nitidamente no telescópio polar. Isso 
permite um rápido ajuste da montagem se o polo celeste estiver 
à vista. No Hemisfério Sul, não há nenhuma estrela brilhante 
nas proximidades do polo celeste que possa indicar como 
alinhar a montagem por meio do telescópio polar. Apesar disso, 
o telescópio polar pode ser utilizado com a criação de uma falsa 
estrela polar, com o uso de um laser verde ou através da 
localização de algumas estrelas mais pálidas próximas do polo, 
num céu muito escuro. 
Encaixe do dovetail (Ilustração 35): a montagem 
conecta-se ao tubo óptico através deste componente. Ele não 
existe nas montagens mais simples, EQ1 e EQ2, que somente 
têm um encaixe para você colocar as braçadeiras do telescópio 
diretamente na montagem. O encaixe segura o dovetail por 
parafusos de pressão e normalmente vem em dois padrões, 
Vixen e Losmandy, sendo o Vixen mais estreito e o Losmandy 
mais largo. Algumas montagens podem ter capacidade de 
encaixar os dois tipos ou podem ser usados adaptadores para 
isso. 
Portas para controle de mão e guiagem (Ilustração 35): 
as boas montagens para Astrofotografia costumam ter estas 
duas portas. Na porta para controle de mão você conecta o 
 Rodrigo Andolfato 
113 
 
controle que acompanha a montagem. Ele pode ser simples, 
capaz apenas de movimentar a montagem, necessitando que 
você encontre o alvo a ser registrado por meio da buscadora do 
telescópio, ou pode ter um sistema chamado GoTo, que permite 
selecionar um objeto no controle e a montagem 
automaticamente apontará para ele. Para que o GoTo funcione 
bem, você deve primeiro alinhar a montagem com o eixo polar 
e depois o próprio GoTo. Você também pode usar esta porta 
para controlar a montagem com um computador, dispensando 
ter que segurar o controle de mão. A porta para guiagem serve 
para você ligar a câmera para autoguiagem. 
 
Ajuste de latitude (Ilustração 35): são parafusos que 
ajustam a inclinação do eixo de ascensão reta, permitindo que o 
seu ângulo fique exatamente de acordo com a latitude onde o 
telescópio se encontra (daí o seu nome). Uma observação 
importante para quem fotografa em regiões mais ao norte do 
Brasil é que as montagens equatoriais possuem este parafuso de 
ajuste na frente e atrás, mas, em baixas latitudes, a barra fica 
muito próxima da cabeça da montagem. Com setups 
 
Ilustração 35: Esquema com principais componentes da 
cabeça de uma montagem equatorial 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
114 
 
astrofotográficos leves, os contrapesos ficam mais altos na barra 
de contrapeso e podem bater no parafuso de ajuste dianteiro 
durante a movimentação. Felizmente, como em baixas latitudes 
todo o peso fica concentrado no parafuso traseiro, o dianteiro 
pode ser removido. Já em altas latitudes é recomendável não 
retirar este parafuso, ou a cabeça da montagem pode cair para 
trás. 
 
Ajuste fino de azimute (Ilustração 35): são dois 
parafusos, que, conectados a um pino no tripé, permitem que 
você desloque a cabeça da montagem levemente para a direita 
ou para a esquerda, permitindo ajustar o eixo de ascensão reta à 
longitude do polo celeste. Serve para que você não tenha que 
arrastar os pés do tripé depois que monta o setup, caso perceba 
que o eixo de ascensão reta não está perfeitamente alinhado 
com o polo. 
 
Barra de Contrapesos (Ilustração 34): carrega os 
contrapesos e está perfeitamente alinhada com o eixo de 
declinação. Ela geralmente pode ser retirada ou embutida na 
cabeça da montagem para transporte. Algumas podem ser 
aumentadas, com uma barra extensora, para afastar ainda mais 
os contrapesos quando com setups mais pesados, como uma 
opção a adição de mais contrapesos. 
 
Contrapesos: instalados na barra de contrapesos, 
contrabalanceiam o peso do setup astrofotográfico, permitindo à 
motorização do eixo de ascensão reta realizar o mínimo de 
esforço durante a movimentação do telescópio. Os contrapesos 
possuem um parafuso de pressão que permite ajustar a sua 
posição na barra de contrapesos. Quando mais pesado estiver o 
setup astrofotográfico, mais afastados os contrapesos devem 
estar ou mais contrapesos devem ser instalados na barra. Eles 
costumam vir acompanhando as montagens equatoriais, mas 
também podem ser adquiridos à parte. 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
115 
 
Tripés: carregam a montagem e todo o setup. 
Acompanham a maioria das montagens e sua qualidade e 
robustez é de fundamental importância para a Astrofotografia. 
Avalie bem o tripé de uma montagem antes de adquiri-la. Se 
eles forem feitos de material frágil (em especial alumínio) ou 
forem muito finos, podem tornar a Astrofotografia impossível. 
Prefira as montagens que acompanham tripés mais robustos, de 
preferência feitos de aço ou madeira. Os feitos de alumínio 
podem ser mais frágeis e instáveis, embora sejam mais leves. 
 
O problema dos Tripés em Montagens Equatoriais: em 
regiões localizadas próximo à linha do equador, donos de 
montagens equatoriais podem enfrentar um problema. Essas 
montagens normalmente são projetadas pensando 
principalmente em astrônomos amadores das regiões 
temperadas do planeta, acima do Trópico de Câncer, onde estão 
concentrados cerca de noventa por cento ou mais do público 
consumidor deste equipamento. Nestes locais, ao se ajustar o 
eixo de ascensão reta em mais de vinte graus de latitude, a barra 
de contrapesos fica afastada o suficiente para que o eixo possa 
girar sem que os contrapesos batam no tripé. Mas em locais em 
baixas latitudes, a barra fica demasiadamente próxima de um 
dos pés do tripé, a ponto do contrapeso esbarrar no pé do tripé 
que esteja na mesma direção do eixo de ascensão reta. 
 
Muitas montagens, entre elas algumas das mais caras 
disponíveis, costumam ter um dos pés do tripé direcionados 
para a frente da montagem, justamente onde está a barra de 
contrapesos. Isso é feito porque a maior parte do peso de um 
setup sobre uma montagem equatorial acaba se concentrado à 
frente da montagem, não importa em que posição o telescópio 
esteja. 
Algumas montagens permitem que você inverta o tripé 
(Ilustração 36), colocando o pé que está alinhado com o eixo de 
ascensão reta para trás, enquanto os outros dois, que se 
posicionam mais para o lado, podem ficar à frente sem que a 
barra de contrapesos esbarre no tripé quando você movimenta o 
setup no eixo de ascensão reta. Essa mudança requer um pouco 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
116 
 
de atenção. Se houver demasiado peso à frente da montagem, 
com os pés mais para trás, o telescópio pode cair para frente. E 
é justamente em baixas latitudes que o peso tende a se 
concentrar mais àfrente do telescópio. 
Muitos astrofotógrafos avançados não gostam de tripés. Além 
de atrapalharem o movimento dos contrapesos, podem não ser 
estáveis o suficiente. É comum serem substituídos por pilares 
fixos ou móveis, considerados menos sujeitos a vibrações. As 
montagens mais robustas nem são vendidas com tripés, pois são 
pensadas para serem usadas em observatórios, instaladas sobre 
um pilar. 
Mesmo para montagens menores, pilares são interessantes 
por ocuparem menos espaço que os tripés. Todo astrofotógrafo 
um dia acaba acidentalmente chutando o tripé do telescópio 
Pé Alinhado 
com o eixo 
de acensão 
reta
Pé Alinhado 
com o eixo 
de acensão 
reta
Barra de 
contra-
pesos
 
Ilustração 36: Em baixas latitudes, a barra de contrapesos fica muito próxima à 
montagem, obrigando muitos astrofotógrafos a colocarem o tripé invertido, com o pé de 
apoio para trás. Mas nem toda montagem tem esta opção. 
 Rodrigo Andolfato 
117 
 
durante uma sessão de captura. Quando totalmente aberto, a 
ponta de cada pé de um tripé chega a ficar quase dois metros 
distantes uma da outra. Trabalhando no escuro, torna-se muito 
complicado andar em volta do telescópio sem esbarrar nos pés 
de um tripé. Alguns astrofotógrafos chegam até a colocarem 
luzes de LED ou adesivos luminosos na ponta dos pés dos tripés 
durante sessões de captura. Chutar um tripé dificilmente 
derrubará seu telescópio, mas vai desalinhá-lo em relação ao 
polo e, se o setup estiver fotografando, você também vai perder 
o enquadramento da imagem e ter que arrumar tudo de novo. 
Com um pilar móvel, o espaço ocupado pelo seu equipamento 
se reduz a aproximadamente a metade. Se o pilar for fixado no 
chão, num observatório, este espaço se reduzirá ainda mais. 
Com um pilar, não importa o quanto o eixo de ascensão 
reta de seu telescópio esteja horizontal, o telescópio poderá se 
movimentar sem que os contrapesos batam no pilar. Uma 
solução híbrida é o uso de um pilar extensor entre a cabeça da 
montagem e o tripé. Este pilar tem a função de distanciar a 
barra de contrapesos das pernas do tripé, acrescentando algo em 
torno de trinta a quarenta centímetros de altura em sua 
montagem. Você mesmo pode fazer esse extensor ou pode 
adquiri-lo no mercado. Se for comprar, procure saber se é 
totalmente compatível com sua montagem. 
 
Tamanhos de montagens equatoriais 
 
Em Astrofotografia de céu profundo, o trabalho da 
montagem deve ser feito com 100% de precisão, para não 
prejudicar a captação dos frames de longa exposição. Para que 
isso seja possível, o conselho é que o peso do telescópio, mais 
todos os acessórios, não ultrapasse 60% do peso definido pelo 
fabricante da montagem como sendo a sua capacidade máxima 
(payload). Caso o peso do setup fotográfico esteja próximo ao 
limite da montagem, o número de frames com problemas de 
acompanhamento pode ficar bastante elevado. 
Alguns astrofotógrafos incorporam um número tão grande 
de acessórios ao seu setup astrofotográfico, que o peso pode 
ficar desproporcional mesmo que um telescópio pequeno esteja 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
118 
 
sendo usado para a captura. Um Sistema de autoguiagem pode 
ser um dos acessórios que mais acrescenta peso ao setup do 
astrofotógrafo. Um CCD monocromático com sensor grande, 
com uma roda de filtros de duas polegadas motorizada, também 
será uma carga considerável. Muitos astrofotógrafos ainda 
gostam de colocar uma câmera com lente de carona no setup, 
numa técnica chamada de Piggy Back, em que aproveitam para 
fazer imagens de grande campo, enquanto o telescópio captura 
os astros mais de perto. 
As montagens equatoriais mais populares são fabricadas 
em determinados padrões de tamanho e capacidade de carga, 
designados pelo termo EQ (Equatorial Mount). As menores são 
as montagens tipo EQ1. Depois vêm as EQ2, que são muito 
parecidas, mas um pouco mais robustas e com eixos um pouco 
mais longos, que facilitam a movimentação dos telescópios, 
principalmente quando as montagens estão motorizadas. Estas 
duas montagens são mais facilmente encontradas sendo 
vendidas juntas com telescópios mais baratos. Com esses 
 
Ilustração 37: Montagem equatorial EQ1 motorizada, 
sendo usada com câmera DSLR e lente 18-55mm. 
 Rodrigo Andolfato 
119 
 
telescópios nessas montagens, é possível fotografar objetos 
mais brilhantes do sistema solar, utilizando câmeras planetárias, 
mas o conjunto fica instável demais para Astrofotografia de céu 
profundo, sendo essas montagens mais adequadas a esse tipo de 
fotografia quando o telescópio é substituído por uma lente 
fotográfica, de preferência das mais leves, como na Ilustração 
37. 
 
Existem dois tipos de motorização comercializadas para 
montagens EQ1 e EQ2. Um deles utiliza uma bateria de 9 volts 
e possui um corpo único, encaixado na montagem, onde ficam 
os controles e a bateria. Um outro tipo de motorização, 
chamado motor de passo, utiliza 4 pilhas grandes e é dividido 
em três partes: uma caixa onde vão as pilhas, o drive do motor, 
que é encaixado na montagem, e um controle de mão. Este 
segundo tipo de motor, que aparece na Ilustração 37, é muito 
melhor do que o primeiro. O motor que usa bateria de 9 volts é 
até mais bonito e também portátil, mas nele é necessário ajustar 
a velocidade do acompanhamento num controle pequeno e sem 
qualquer tipo de marcação. Já o modelo com motor de passo 
tem a velocidade pré-definida fixa, não sendo necessário 
qualquer ajuste, apenas alinhar corretamente a montagem. 
Falando honestamente, fotografar com montagens do tipo 
EQ1 ou EQ2 só é recomendável se não houver outra opção 
melhor. De todas as formas de acompanhamento motorizado em 
Astrofotografia, certamente essas duas montagens terão o pior 
desempenho entre as equatoriais. Além de terem um 
acompanhamento precário, a colocação do motor impede que a 
montagem aponte para todas as direções, obrigando o 
astrofotógrafo a recorrer a extensões ou adaptadores para o 
suporte da câmera. 
 
Já a diferença da EQ2 para a EQ3 é bastante visível. Uma 
montagem EQ3 é muito mais robusta e a partir da EQ3 as 
montagens aceitam o uso de dovetails, o que ajuda a adaptar 
diferentes telescópios e câmeras fotográficas à montagem. 
Da EQ3 as montagens equatoriais pulam direto para a 
EQ5 – a EQ4 não é mais fabricada. A fabricante Celestron até 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
120 
 
tem uma montagem chamada CG4, mas não se engane, é um 
artifício de Marketing. Ela é exatamente como uma EQ3. 
Para Astrofotografia séria com telescópio, uma EQ5 
motorizada é a montagem recomendada para se começar. Ela é 
robusta o suficiente para carregar, com razoável competência, 
um refrator apocromático de até 100mm de abertura e um setup 
leve de autoguiagem (com um guider de no máximo 50mm). É 
muito comum que as EQ5 sejam vendidas já com um conjunto 
chamado de GoTo, que permite ao usuário digitar o número de 
um objeto celeste em um controle remoto e a montagem 
movimenta o telescópio automaticamente até apontar para o 
objeto selecionado. 
Imediatamente acima da EQ5 está a EQ6. Uma EQ6 
aguenta até vinte quilos de carga, segurando bem para 
Astrofotografia de céu profundo até refratores apocromáticos de 
150mm, refletores newtonianos de até 200mm ou cassegrains 
de 280mm. Mas já vi boas fotos de céu profundo feitas em EQ6 
 
Ilustração 38: Montagens da marca Sky-Watcher (fonte: http://Sky-Watcher.com) 
 Rodrigo Andolfato 
121 
 
até com refletores de 250mm, se o resto dos equipamentos for 
bem leve. 
Ao contrário das montagens anteriores, a EQ6 é sempre 
vendida motorizada, com GoTo e entrada para guiagem, 
enquanto uma EQ5 pode ser encontrada sem motorização ou 
GoTo. As EQ6 mais populares são a NEQ6 da Sky-Watcher, a 
Orion Atlas, da Orion e a CGEM, da Celestron. A Sky-Watcher 
Caraterí
sticas 
EQ1 EQ2 EQ3 EQ5 EQ6 EQ8 
Capacida
de de 
Carga* 
3,2 quilos 4,1 quilos 5,5 quilos 10-14 quilos¹ 18-20 quilos¹ 50 quilos 
Peso 
(sem 
contrapesos)* 
3,3 quilos 6 quilos 10,2 quilos 15 quilos 23,5 quilos 55 quilos 
Motoriza
ção 
Mais 
comum 
vendida 
Separadam
en-te 
Mais comum 
vendida 
Separadamen-
te 
Mais comum 
vendida 
Separadamen-te 
Mais comum 
vendida em 
conjunto 
Sim Sim 
 GoTo Não Não Vendido 
Separadamen-te 
ou em conjunto 
Mais comum 
vendida em 
conjunto 
Sim Sim 
Entrada 
Para 
autoguiag
em 
Não Não Vendida 
Separadamen-te 
ou em conjunto 
Mais comum 
vendida em 
conjunto 
Sim Sim 
Recomen
dada 
para... 
Astrofotog
ra-fia de 
Céu 
profundo 
com 
câmeras 
DSLR e 
lentes 
pequenas 
de até 
300g. 
Astrofotogra-
fia de Céu 
profundo com 
câmeras 
DSLR e 
lentes de até 
600g. 
Astrofotogra-fia 
de Céu profundo 
com uso de lentes 
de até 1 quilo ou 
telescópios 
pequenos. 
Astrofotogra-fia 
planetária com o 
uso de refletores 
de até 150mm. 
Astrofotogra
-fia de Céu 
profundo 
com uso de 
telescópios 
médios 
(refratores 
apocromáti-
cos de até 
100mm ou 
refletores de 
até 150mm). 
Astrofotogra
fia planetária 
com o uso de 
refletores de 
até 200mm. 
Astrofotogra-fia 
de Céu profundo 
com uso de 
telescópios 
médios 
(refratores 
apocromáti-cos 
de até 150mm e 
refletores de até 
200mm) 
astrofotogra-fia 
planetária com 
refletores de até 
300mm. 
Astrofotogra-
fia de Céu 
profundo e 
planetária 
com 
telescópios 
refratores 
apocromático
s de até 
150mm² e 
refletores de 
até 400mm. 
Tabela 3: Comparação entre montagens equatoriais, pelo padrão mais comum. 
* Os pesos são aproximados 
¹ – Pesos variam de acordo com o modelo. 
² – Acima de 150mm, devido ao altíssimo custo, não é vantagem a Astrofotografia com 
refratores apocromáticos sendo sempre preferível refletores. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
122 
 
ainda tem uma versão híbrida da EQ5 e outra da EQ6, 
conversíveis para altazimutal, podendo até carregar dois 
telescópios lado-a-lado. 
Acima da EQ6 também temos uma ausência na 
classificação e vamos diretamente para a EQ8, um monstro 
capaz de carregar um telescópio de até 50 quilos. O único 
defeito da EQ8 é que ela é bastante pesada e o seu transporte, 
junto com o telescópio que ela carregará, não está ao alcance de 
todos. É um telescópio mais adequado para quem tem um 
observatório fixo. A EQ8 é fabricada pela Sky-Watcher. A 
Celestron tem uma montagem concorrente da EQ8, chamada de 
CGE Pro. Ela se parece muito com a EQ8 em robustez, embora 
tenha uma capacidade máxima de 40 quilos. 
 
Acima temos uma tabela com as principais características 
das montagens equatoriais mais populares: 
 
Entre as marcas consideradas TOP, as montagens 
equatoriais podem ter desenhos bastante diferentes e raramente 
possuem algo que as identifiquem ser uma EQ5 ou EQ6. 
Geralmente você só pode comparar com as marcas populares a 
partir da capacidade de carga. Entre estas marcas, algumas 
montagens são bastante populares entre os astrofotógrafos mais 
avançados. Podemos citar como destaque: 
Losmandy G11: Essa robusta montagem é uma das mais 
populares entre astrofotógrafos avançados que não têm 
observatórios. Pelo seu porte e capacidade de carga, é 
concorrente direta das EQ6. A Losmandy também tem um 
modelo ainda mais portátil, chamado GM-8, para telescópios 
apocromáticos pequenos, concorrente das EQ5, e ainda um 
modelo gigante, chamado, não sem razão, de Losmandy HGM 
Titan, concorrente das EQ8. Todas as montagens da Losmandy, 
bem como de todas as marcas top, são geralmente consideradas 
superiores a seus equivalentes populares, mas também são bem 
mais caras. 
Astro-physics: Esta marca é muito respeitada mesmo 
entre os astrofotógrafos avançados e sonho de consumo de 
 Rodrigo Andolfato 
123 
 
muitos. É uma das fabricantes de montagens mais celebradas. O 
modelo mais barato suporta cerca de vinte quilos, segundo suas 
especificações. É praticamente o mesmo peso suportado por 
uma EQ6, mas custa quatro vezes mais caro. Essa montagem é 
até bem mais cara do que uma EQ8 da Sky-watcher. E esse 
preço é só a montagem em si, sem o tripé. A montagem top de 
linha da Astro-Physics é a 3600GTO. Ela é para telescópios 
como os Ritchey de 24 polegas da Fabricante Officina Stellare, 
conseguindo suportar mais de 130 quilos tranquilamente. 
 
Trackers 
Os trackers são como minimontagens que podem ser 
colocadas sobre tripés fixos de máquinas fotográficas, 
permitindo uma câmera com uma lente de até um quilo, ou um 
telescópio bem pequeno, acompanhar o movimento do céu, 
proporcionando frames com tempos de exposição muito 
maiores do que se a câmera apenas estivesse sobre um tripé 
comum de máquina fotográfica. Basta colocar uma ball head 
na base do tracker (Ilustração 39) e apontar sua câmera para o 
alvo escolhido. Estes trackers costumam ser equipamentos 
 
Ilustração 39: tracker da Ioptron, chamado SkyTracker. Este aparelho acrescenta 
pouco mais de um quilo a um setup do tipo "Tripé Fixo", dando à câmera poder de 
acompanhar o movimento da esfera celeste por alguns minutos. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
124 
 
bastante precisos. Bem alinhados, podem conseguir frames de 
até dois minutos com lentes de 135mm em DSLRs. O que é 
mais do que suficiente para muitas imagens do céu profundo. O 
acompanhamento dos tracker é bastante superior ao que se 
consegue com montagens EQ1 ou EQ2, mas eles também 
costumam ser mais caros do que as montagens equatoriais mais 
baratas. 
Trackers só possuem motorização no eixo de ascensão 
reta, por isso, podem ser um pouco complicados de trabalhar 
em distâncias focais maiores. Alguns possuem porta para 
guiagem, e bem alinhados, podem conseguir tempos de 
exposição maiores. 
Recomendo trackers principalmente para quem mora em 
locais com grande poluição luminosa, mas pode viajar para céus 
mais escuros e não quer (ou não pode) levar um equipamento 
muito pesado. Se portabilidade é algo determinante e você vai 
usar principalmente lentes, considere a aquisição de um tracker. 
Os mais populares são o Skytracker (Ilustração 39), da Ioptron e 
o Star Adventurer, da Sky-Watcher. 
 
CÂMERAS 
 
Câmeras são, para mim, o elemento mais importante na 
Astrofotografia. Não que montagem e telescópios sejam menos 
importantes. Mas principalmente esse último é muitas vezes 
supervalorizado em prejuízo da câmera. Sempre repito que 
nunca vi uma foto boa feita com uma câmera ruim num 
telescópio bom, mas já vi muitas fotos boas feitas em 
telescópios ruins, mas com boas câmeras. É muito comum 
novos astrofotógrafos investirem muito num telescópio e 
negligenciarem na hora de comprar a câmera, adquirindo 
modelos baratos, muitas vezes totalmente inadequados ao tipo 
de Astrofotografia que planejam realizar. 
Uma coisa que noto é que os saltos espetaculares de 
qualidade que os astrofotógrafos conseguem ocorrem quando 
desistem de uma câmera deficitária e adquirem um modelo 
superior. Um astrofotógrafo de céu profundo verá uma boa 
 Rodrigo Andolfato 
125 
 
melhora ao trocar um telescópio de 100mm por um 200mm, 
mas a troca de uma DSLR antiga por uma CCD monocromática 
de alta resolução irá impressionar muito mais, bem como um 
astrofotógrafo planetário que troque sua Webcam adaptada por 
uma moderna câmera planetária dedicada. 
Modelos de câmeras astrofotográficas 
 
Basicamente, podemos dizer que toda câmera serve para 
Astrofotografia, da mesma forma que toda lente ou telescópio 
também se presta para o trabalho. Entretanto tanto aqui como 
lá, existem modelos muito mais adequados ao serviço do que 
outros. 
Câmeras Astronômicas resfriadas para 
Astrofotografia de céu profundo: São as câmeras mais 
desejadas pelos astrofotógrafos de céu profundo. Possuem 
grande sensibilidade, pouco ruído e apresentam resultados 
superiores. Parecem aparelhos bem simples ao se olhar por 
fora, podendo não despertar muito interesse de um leigo em 
 
Ilustração 40: Modelos de câmeras utilizadas em Astrofotografia 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
126Astrofotografia. São basicamente caixas metálicas geralmente 
sem nenhum botão, nem de liga/desliga, pois todas devem ser 
totalmente controladas através de um computador. Alguns 
modelos monocromáticos mais complexos possuem rodas de 
filtros internas que também serão controladas por computador e 
permitem ao astrofotógrafo automatizar todo o processo. 
Algumas das marcas mais respeitadas são Atik, SBIG, Apogee, 
QHY, QSI, Starlight e ZWO. São geralmente empresas bastante 
especializadas, que fabricam poucos produtos além de suas 
câmeras. 
 
− DSLRs: são as câmeras digitais com lentes 
intercambiáveis usadas por fotógrafos profissionais ou 
amadores avançados. As melhores DSLRs estão entre as mais 
eficientes câmeras fotográficas que existem e mesmo os 
modelos mais baratos, chamados de modelos de entrada, são 
capazes de produzir imagens com qualidade, na mão de um 
fotógrafo com alguma prática. 
As DSLRs não foram fabricadas pensando em 
Astrofotografia, mas se tornaram populares nesta atividade 
pelos seguintes motivos: 
− Versatilidade: são repletas de configurações, permitindo 
ao astrofotógrafo controlar tempo de exposição, balanço de 
branco, nível de sensibilidade (ISO) e até mesmo a abertura de 
sua lente, podendo diminuir a abertura, para imagens ainda mais 
esmeradas, ou aumentar, caso precise de mais velocidade de 
captação. 
− Fácil adaptação ao telescópio: com adaptadores baratos, 
encontrados em qualquer boa loja de equipamentos 
astronômicos, você facilmente conecta o corpo de sua DSLR a 
um telescópio, transformando o tubo óptico numa lente de 
enorme distância focal. Muitas vezes por um uma fração do 
preço que você pagaria por uma lente de distância focal 
equivalente. 
− Preço: uma DSLR de entrada pode custar muito menos 
do que uma câmera astronômica com sensor similar. 
 Rodrigo Andolfato 
127 
 
− Recurso de Live View: em DSLRs é possível ver na tela 
do LCD ou em seu computador o que a câmera está captando 
em tempo real. Esse recurso ajuda muito a ajustar o foco da 
câmera ou a enquadrar a imagem se houverem estrelas 
brilhantes no campo da câmera. Em câmeras astronômicas esses 
ajustes devem ser feitos foto por foto. 
Mas, em relação as câmeras feitas para Astronomia, as 
DSLRs têm basicamente duas desvantagens: não são resfriadas 
e precisam de uma modificação delicada, com a retirada de um 
filtro à frente do sensor. Este filtro bloqueia grande parte da luz 
vermelha emitida pelas nebulosas de emissão. Mas os dois 
problemas podem ser contornados. O resfriamento pode ser 
compensado com intervalos razoáveis entre os frames, para 
manter a temperatura do sensor em níveis aceitáveis. Já o filtro 
que bloqueia a luz vermelha pode ser retirado e trocado por 
outro, adquirido em lojas de equipamentos astronômicos, 
permitindo a Astrofotografia de nebulosas de emissão e também 
de fotos normais do dia-a-dia. 
Como são voltadas para muitos outros tipos de fotografia, 
câmeras do tipo DSLRs, bem como as lentes usadas por elas, 
podem apresentar recursos que não tem utilidade em 
Astrofotografia, como foco automático, estabilizador de 
imagem, flash. Cabe a você analisar esses recursos para outros 
usos que pretende dar à sua câmera, que não a Astrofotografia. 
 
As marcas de DSLRs mais populares em Astrofotografia 
são Canon e Nikon. Isso não é nenhuma surpresa. São também 
as marcas preferidas de muitos dos melhores fotógrafos 
jornalísticos e artísticos do mundo. Há outras marcas de DSLRs 
que certamente produzem fotos tão boas quanto as câmeras 
Canon ou Nikon, como Sony, Panasonic e Olympus. Mas como 
as primeiras são mais populares na Astrofotografia, adquirir 
uma DSLR que não seja Canon ou Nikon, tornará a procura de 
acessórios e programas compatíveis uma atividade um pouco 
ingrata. 
A Canon é tão popular entre os astrofotógrafos, que 
durante anos foi a única marca de câmeras a oficialmente 
reconhecer este mercado, ao fabricar a Canon 20Da (o “D” é de 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
128 
 
digital e o “a” é de “Astronomy”) e depois a 60Da, câmeras já 
modificadas para Astronomia. A Nikon recentemente contra-
atacou, jogando pesado. Lançou a D810a, câmera full frame 
com grande sensibilidade à luz das nebulosas de emissão. Essas 
câmeras são mais caras do que se você comprar um modelo 
normal mais a troca do filtro, mas têm a vantagem de terem sido 
adaptadas pela própria fabricante, com garantia e sem os riscos 
da complicada operação de troca de filtro. 
 
Modificação de DSLRs 
 
O que acontece com as DSLRs é que, como acontece com 
qualquer câmera, o sensor absorve uma faixa da luz 
infravermelha e ultravioleta que nossos olhos não são capazes 
de captar. O resultado disso é que, sem um filtro UV/IR Cut que 
acompanha todas as DSLRs e fica exatamente à frente do 
sensor, as imagens registradas por estas câmeras ficariam com 
cores de aspecto diferente do que nossos olhos percebem. Além 
disso, a captura de luz infravermelha tira um pouco da nitidez 
das imagens, já que estes raios de luz têm ondas de 
comprimento maior. O problema é que esse filtro também 
bloqueia 80% da luz emitida por nebulosas de emissão e muitas 
das nebulosas mais belas são de emissão, como as nebulosas da 
Lagoa, Carina, Águia e mais uma centena de exemplos. 
Como o filtro das câmeras bloqueia somente luz de 
nebulosas de emissão, você pode até pensar que a fotografia de 
galáxias não será afetada pela presença do filtro UV/IR Cut, 
mas muitas galáxias possuem nebulosas destacadas, que podem 
ser registradas por equipamentos amadores e a ausência delas 
nas fotografias pode tirar um pouco da beleza de alguns destes 
objetos, como a Galáxia do Triângulo (M33), M83, entre outras. 
Alguns astrofotógrafos optam por somente retirar o filtro 
original das DSLRs. Isto transforma estas câmeras em 
exemplares chamados de Full Espectrum, pois absorvem toda a 
faixa de luz que o sensor é capaz de detectar. Esta modificação 
tem a vantagem de ser mais barata e mais simples, já que você 
não precisa instalar nem comprar um filtro substituto, que é 
muito difícil de encontrar no Brasil. Mas a modificação Full 
 Rodrigo Andolfato 
129 
 
Espectrum tem algumas desvantagens que tornam somente a 
retirada do filtro original não muito recomendada. A câmera 
torna-se inadequada para fotos normais durante o dia e, mesmo 
na Astrofotografia, a imagem fica menos nítida, com estrelas 
gordas, principalmente quando o registro é feito com lentes 
fotográficas ou telescópios refratores. 
Outros astrofotógrafos preferem modificar suas DSLRs 
adquirindo um filtro que deixa passar, além da luz visível, 
somente a luz vermelha emitida pelas nebulosas de emissão, 
bloqueando outros espectros que prejudicariam a fotografia 
diurna e o uso da câmera em refratores. Existem filtros 
modernos, como o Baader BCF #235 9213, que permitirão 
continuar usando a sua DSLR para fotos de pessoas, paisagens e 
outros interesses na fotografia normal, bastando apenas uma 
regulagem no balanço de branco. 
Mas a troca do filtro UV/IR cut de uma DSLR não é uma 
tarefa simples. Muito pelo contrário, exige uma série de 
operações bastante complexas. Há guias na Internet que 
ensinam como fazer esta modificação, mas só é recomendável 
que seja feita por quem já tem experiência em lidar com 
equipamentos eletrônicos delicados. Caso contrário, o ideal 
é procurar um especialista que possa fazer o serviço para 
você. Eu mesmo nunca tentaria fazer este trabalho, mas adquiri 
um filtro Baader num site de equipamentos astronômicos 
europeu e enviei o equipamento a uma autorizada da Canon em 
Brasília, que realizou a modificação da minha DSLR. 
Outras modificações que se podem fazer em DSLRs são a 
inclusão de resfriamento do sensor e a retirada dos microfiltros 
que tornam a câmera colorida, para torná-la monocromática. 
São modificações complexas, embora seja possível encontrar 
profissionais que realizem o trabalho, principalmente no 
exterior. Mas se estiver pensando em fazer tantasmodificações 
em sua DSLR, talvez seja o caso de se pensar se não vale a pena 
logo adquirir uma câmera específica para Astronomia, até por 
que sempre existe o risco de danos às câmeras durante estes 
trabalhos, mesmo quando realizado por pessoas preparadas. 
 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
130 
 
Conectando sua DSLR no Telescópio. 
 
Câmeras DSLRs não foram projetadas para se conectarem 
a telescópios, mas a adaptação é bastante simples. Estas 
câmeras se conectam a maioria dos telescópios através de um 
adaptador T2 de 1,25 ou duas polegadas (Ilustração 41), que 
permite encaixar a DSLR no telescópio como uma ocular 
normal. Se possível, evite usar o modelo de 1,25 polegadas com 
DSLRs, mesmo que seja uma DSLR com sensor cropado, pois 
o adaptador pode bloquear parte da luz recebida pela objetiva, 
causando vinhetagem. Se sua câmera for do tipo full frame, o 
adaptador de duas polegadas é obrigatório. 
O Adaptador T2 não se conecta diretamente em sua 
DSLR. Para isso, você precisa de um Anel T2 para o seu 
modelo de câmera, que conectará sua DSLR ao adaptador T2 
Anel T2
Adaptador T2 Porta Ocular
Câmera DSLR 
sem lente
 
Ilustração 41: Esquema mostrando a ordem das peças para adaptação de uma 
câmera DSLR ao telescópio em foco primário. O anel T2, específico para a marca da 
câmera encaixa no adaptador T2, universal, que vai ao porta ocular do telescópio 
 Rodrigo Andolfato 
131 
 
(veja a Ilustração 41). Alguns telescópios já possuem uma rosca 
T2 na saída da ocular, dispensando o adaptador T2, sendo 
necessário que você adquira somente o Anel-T. Os anéis e os 
adaptadores encaixam-se através de roscas M42 ou M48. Se um 
deles tem rosca M42 o outro obrigatoriamente deverá ter rosca 
M42 e o mesmo para M48. Caso a sua câmera seja do tipo full 
frame, prefira o Adaptador e o Anel com rosca M48, enquanto o 
M42 atende bem câmeras com sensores cropados. O M42 
também atende câmeras com sensores full frame, mas causando 
um pouco de vinhetagem. 
 
O método mostrado na Ilustração 41 é chamado de foco 
primário, onde a luz da objetiva é transmitida diretamente para 
o sensor da câmera, sem sofrer mudanças na forma de 
convergência através de barlows, redutores ou oculares. Este 
método é o mais popular na Astrofotografia de céu profundo, 
mas existem outros métodos que merecem ser mencionados: 
− Método Afocal (câmera + lente fotográfica + ocular): 
nesse método, uma câmera com lente é conectada ao telescópio 
apontada para uma ocular no porta ocular. Aqui, a câmera com 
lente funciona como o seu olho, captando o que é transmitido 
através da ocular. Pode ser feito com o astrofotógrafo segurando 
a câmera com a mão, ou com um suporte, fixando a câmera na 
ocular, permitindo tempos maiores de exposição. É um método 
usado principalmente por iniciantes, em seus primeiros 
experimentos astrofotográficos, com fotos planetárias ou 
lunares mais simples. Para fotos mais avançadas é considerado 
um método difícil de produzir bons resultados, principalmente 
para fotografia de céu profundo. 
− Projeção positiva (câmera + ocular): a diferença deste 
método para o afocal é que a câmera é usada sem lente, com o 
sensor captando diretamente a luz da ocular. É usado com um 
adaptador, que conecta a câmera ao telescópio, possuindo um 
barril onde a ocular fica presa à frente do sensor. É um método 
muito valorizado por astrofotógrafos planetários, 
principalmente por ser mais barato do que a aquisição de 
barlows de qualidade, mas capaz de produzir resultados 
semelhantes. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
132 
 
− Projeção negativa (câmera + barlow): neste método, 
uma câmera sem lente é conectada ao telescópio (sem ocular) 
através de uma barlow, que também pode ser um extensor focal 
ou powermate. A barlow aumentará a distância focal do 
telescópio, permitindo aumentos mais elevados. É um método 
muito usado em Astrofotografia planetária e para detalhes da 
superfície lunar e solar. Para Astrofotografia de céu profundo, 
como o uso de barlows torna a captura mais lenta, a projeção 
negativa é pouco comum. 
− Compressão (câmera + redutor focal): aqui, ao 
contrário de uma Barlow, usa-se um redutor focal, que 
diminuirá a ampliação do sistema óptico, mas tornará a 
captação de luz mais rápida, com a diminuição da razão focal. É 
muito apreciado por astrofotógrafos de céu profundo, por 
acelerar a captura de objetos mais pálidos, mas exige muita 
atenção na qualidade e na compatibilidade entre o redutor focal 
e o telescópio. 
 
Câmeras para Astrofotografia planetária. 
As câmeras para Astrofotografia planetária na verdade são 
câmeras de vídeo. Elas podem até gerar arquivos TIFF ou JPG, 
mas a sua maior funcionalidade para o registro de planetas é a 
capacidade de gerar arquivos de vídeo, com centenas ou 
milhares de frames, que serão integrados numa única imagem 
por softwares como o Registax ou AutoStackkert!. 
As câmeras planetárias geralmente possuem sensores 
pequenos, com resolução máxima próxima de um megapixel. O 
sensor é pequeno porque planetas normalmente ocupam um 
campo muito reduzido. Sendo assim, não há necessidade de 
grandes sensores. Estas câmeras permitem até que você 
selecione apenas uma área específica do sensor, onde o planeta 
está aparecendo, para poder captar ainda mais frames em menos 
tempo, e produzir uma imagem melhor. 
Fisicamente, as câmeras planetárias são bem parecidas 
com as dedicadas a Astrofotografia de céu profundo. São caixas 
metálicas com uma entrada para ligar ao computador. 
Geralmente menores do que as câmeras para céu profundo, 
muitas câmeras planetárias possuem uma porta ST-4, que 
 Rodrigo Andolfato 
133 
 
permite a você ligá-la na montagem e usar como câmera de 
guiagem para céu profundo. É bastante recomendável que você 
adquira uma câmera planetária com porta ST-4, a não ser que 
você tenha certeza de que nunca irá se interessar por 
Astrofotografia de céu profundo. 
 
Atualmente existem câmeras com sensor do tipo CMOS 
com características híbridas. Elas possuem resfriamento e 
sensores maiores do que as câmeras planetárias tradicionais, 
mas também são capazes de transmitir vídeo a grande 
velocidade, permitindo ao astrofotógrafo registrar bem tantos 
objetos de céu profundo quanto planetas. Destaque 
principalmente para os modelos da fabricante ZWO. Já as 
câmeras astronômicas resfriadas com sensor do tipo CCD, 
geralmente são mais adequadas para céu profundo. A seguir, 
vamos falar sobre sensores. 
 
 
 
Ilustração 42: Sensor de câmera CCD astronômica 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
134 
 
 
Características Básicas de uma câmera 
 
Sensores 
 
O principal componente de uma câmera digital 
certamente é o sensor. É essa peça que tem a função primordial 
de receber e ler a luz que é convergida pela objetiva e 
transformá-la na informação que chegará a seu computador. 
Trata-se de um chip que contem milhares ou mesmo milhões de 
transistores capazes de converter a luz em sinais elétricos. Cada 
transistor será responsável por um pixel na imagem. 
 
Até uns vinte anos atrás, a Astrofotografia era feita com 
câmeras que usavam rolos de filmes, mas o surgimento de 
sensores digitais, que evoluíram numa velocidade incrível em 
cerca de duas décadas, aposentou completamente a 
Astrofotografia com filme, que hoje só é praticada como 
atividade nostálgica. Os sensores de hoje possuem uma 
sensibilidade inimaginável se comparado aos melhores rolos de 
filme que existiram e, se hoje em dia, astrofotógrafos amadores 
com equipamentos portáteis, que podem ser levados num carro 
compacto, conseguem imagens superiores àquelas que 
observatórios profissionais produziam algumas poucas décadas 
atrás, certamente isso ocorreu graças ao avanço da tecnologia 
digital. 
 
O sensor é uma peça quadrada, plana, de coloração muito 
escura que fica localizado no ponto onde a câmera receberá a 
luz convergida (Ilustração 42). Ele pode ter o tamanhode um 
grão de arroz até o tamanho de um cartão de crédito. Maior do 
que isso você só encontrará em observatórios profissionais. Esta 
peça é feita com tecnologia de ponta e seu preço muitas vezes 
representa a maior parte do custo da câmera. 
As principais características do sensor de uma câmera são 
a área do sensor, o tamanho de seus pixels e a sua resolução. 
Essas três características se inter-relacionam. 
 Rodrigo Andolfato 
135 
 
Área do sensor 
 
Quanto maior a área do sensor de uma câmera, maior será 
a área de captura da luz, ou seja, maior será o campo da 
imagem. É importante apontar que somente um sensor maior 
não resultará em maior qualidade da imagem. A única diferença 
que o tamanho do sensor provoca é no campo do céu a ser 
capturado. A qualidade da imagem, como resolução, ruído e 
sensibilidade, na verdade, será definida por outras 
características do sensor. Mas o que acontece é que, quando 
você aumenta o tamanho do sensor, tem que aumentar o número 
de pixels, o que aumenta a resolução da câmera, ou o tamanho 
dos pixels, o que aumenta a absorção de luz e a sensibilidade da 
câmera. Por isso, as câmeras com sensores maiores são as 
melhores para a fotografia de céu profundo (e também bem 
mais caras). 
 
Um sensor grande, que mostre mais campo, facilita 
encontrar e enquadrar um objeto, tornando o trabalho muito 
mais simples. Já sensores pequenos podem tornar a tarefa de 
apontar o telescópio para o objeto e conseguir o enquadramento 
 
Ilustração 43: Nebulosa da Tarântula (NGC2070). Na primeira imagem, capturada com um 
sensor de maior área e na segunda, com um sensor cuja a área é a metade. O sensor de maior 
área capta uma região maior do céu. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
136 
 
perfeito bem mais difíceis, principalmente em telescópios com 
maior distância focal. Além disso, quando fotografando com 
câmeras monocromáticas, a captação do conjunto de cores pode 
gerar perda de campo na imagem se o enquadramento não for 
exatamente o mesmo entre as captações. Se você já tem pouco 
campo, com um sensor pequeno, perder ainda mais campo pode 
ser um grande problema. 
Um sensor com maior área de captação também exige 
uma óptica mais apurada de seu telescópio. Quanto mais você 
expande a área de captura, mais visíveis ficam as aberrações e 
deformações provocadas por deficiências da óptica do 
telescópio. E estes problemas poderão ser evidentes até mesmo 
em telescópios de maior qualidade. 
 
Tamanho dos pixels 
O tamanho dos pixels de um sensor é algo muito 
importante em Astrofotografia. Pixels maiores podem significar 
menor definição na imagem, mas também significam mais 
sensibilidade, ou seja, absorção mais rápida da informação 
luminosa, permitindo frames mais curtos para uma mesma 
imagem, ou uma imagem mais luminosa para um mesmo tempo 
de exposição. Além disso, pixels mais sensíveis tendem a 
registrar a luz com mais uniformidade, o que se traduz em 
menos ruído. 
Pixels maiores são muito bem-vindos em fotografia de 
céu profundo, onde a sensibilidade da câmera é fator 
primordial. Já em Astrofotografia planetária pixels menores 
podem apresentar melhores resultados, pois o mais 
importante no registro de planetas é a capacidade de definição. 
Os pixels dos sensores fotográficos são muito pequenos e seu 
tamanho é especificado em micrômetros. Os pixels de um 
sensor KAF 11000, celebrado entre os astrofotógrafos de céu 
profundo mais avançados, têm uma dimensão de nove 
micrômetros, enquanto os pixels de um sensor MT9M034, 
excelente sensor planetário usado pelas câmeras ZWO ASI120, 
tem apenas 3,75 micrômetros. Essa diferença de tamanho 
permite que as câmeras planetárias sejam capazes de mostrar 
detalhes de um objeto que é somente um ponto no céu 
 Rodrigo Andolfato 
137 
 
(planetas), enquanto as câmeras de céu profundo, com seus 
pixels maiores, revelam objetos que são maiores, mas muito 
pálidos. 
 
Resolução 
O número de pixels de um sensor define a sua resolução. 
Quanto maior for a resolução de um sensor, maior será o 
tamanho da imagem digital gerada pela câmera. Uma boa 
resolução não define a qualidade da imagem do objeto 
registrado, mas aumenta a qualidade da imagem como um todo. 
Se tivermos duas imagens capturadas com sensores de 
resoluções diferentes impressas no mesmo tamanho, aquela do 
sensor com maior resolução parecerá muito mais nítida. 
Uma interessante vantagem de se ter uma câmera de 
grande resolução mesmo com pixels menores é que existe um 
recurso chamado binning, que permite compensar pixels 
pequenos, juntando a informação captada por pixels contínuos. 
Um binning 2x2 junta cada quatro pixels num único, já um 
binning 3x3 junta cada nove pixels de um sensor e assim por 
diante. Quando não ocorre essa junção, dizemos que a imagem 
foi fotografada com um binning de 1x1. Um belo exemplo de 
câmera com pixels pequenos, mas de grande resolução são as 
câmeras com sensor Kodak KAF8300. Estas câmeras têm 
sensores com 5,4 micrômetros, mas como possuem oito milhões 
deles, podem usar o binning 2x2, aumentando seus pixels para 
10,8 micrômetros, ganhando muito mais sensibilidade e ainda 
mantendo uma boa resolução de dois megapixels. 
Outras características importantes: 
 
Profundidade de Bits 
Define qual a escala de tons que uma câmera trabalha, em 
bits. Basicamente aponta o número de níveis de brilho que cada 
pixel do sensor consegue reconhecer do preto ao branco 
absoluto. Quanto maior esse número, melhor será o resultado 
final da captação. 
Cada bit a mais quer dizer que um sensor trabalha com 
um número de níveis igual a dois elevado ao número de bits. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
138 
 
Uma câmera astronômica com sensor CCD dedicada a 
Astrofotografia de céu profundo normalmente trabalha com 16 
bits. Isso quer dizer que consegue reconhecer um número de 
cores igual a 2 elevado a 16, o que equivale a mais de sessenta e 
cinco mil tons. Já uma DSLR de entrada trabalha geralmente 
com 14 bits, o que diz que ela consegue captar um quarto dos 
tons que uma CCD consegue, cerca de 16 mil. As câmeras 
planetárias têm evoluído muito e os melhores modelos 
conseguem 12 ou 14 bits. Evite modelos que trabalhem somente 
com 8 bits, ainda disponíveis no mercado. Eles não conseguem 
reconhecer mais do que 256 tons. 
 
Dynamic Range (ou faixa dinâmica) 
Trata-se da faixa que uma câmera consegue captar entre 
os brilhos máximo e mínimo, sem deixar estourar a imagem. 
Quanto maior for essa faixa, maior é o dynamic range de uma 
câmera. É uma característica muito importante. O problema é 
que não é fácil achar essa informação nas especificações das 
câmeras nem um comparativo entre elas, mas há alguns sites 
especializados em análises de câmeras que podem trazer esta 
informação, um deles é o http://www.sensorgen.info/ 
Em Astrofotografia, um dynamic range elevado é 
fundamental quando se está fotografando objetos que tenham 
regiões com brilhos diferentes, e eles não são poucos. Muitas 
nebulosas importantes têm núcleos brilhantes em comparação 
com o resto de seu corpo. Certamente o objeto que mais se 
destaca neste aspecto é a Nebulosa de Orion (M42). 
Extremamente brilhante, fácil de achar e acessível dos dois 
hemisférios, M42 é uma das nebulosas mais fotografadas, mas 
essa nebulosa apresenta ao astrofotógrafo um grande desafio, 
por ter um núcleo muito mais brilhante do que o resto de sua 
estrutura, e este núcleo apresenta traços belíssimos, como o 
conjunto de quatro estrelas chamado Trapézio, que não devem 
ficar de fora da imagem. Em DSLRs, bastam tempos de 
exposição de 10 segundos em ISO 800 para que o núcleo de 
M42 estoure. Quando uma imagem estoura, que dizer que seus 
pixels atingiram o nível máximo de brilho e todos têm o mesmo 
valor de intensidade, que é o máximo da faixa dinâmica. Como 
 Rodrigo Andolfato 
139 
 
todos os pixels têm o mesmo valor, não importa o quanto você 
ajuste o contraste ou o brilho que tudo na regiãoestourada 
permanecerá branco, ou seja, tornou-se uma região morta de sua 
foto. 
Além de muitas nebulosas, um dynamic range elevado é 
fundamental para a fotografia de quase todas as galáxias. Estes 
objetos tendem a ter um núcleo muito mais brilhante que o resto 
de seu corpo. Cometas e aglomerados globulares também 
possuem núcleos muito brilhantes em relação ao todo. 
Em câmeras com maior dynamic range você pode 
aumentar o tempo de exposição que os pixels não vão estourar 
facilmente. Em minha CCD Atik 314L+, por exemplo, já 
cheguei a conseguir registros de noventa segundos da Nebulosa 
de Orion sem que o núcleo estourasse, algo impensável com 
minha DSLR Canon T2i. 
Se você estiver trabalhando com uma câmera com pouco 
dynamic range, terá que fazer muitas imagens com tempos de 
exposição diferentes e integrá-las numa técnica chamada HDR, 
que é trabalhosa e muitas vezes não apresenta os resultados 
esperados, ou mesmo termina em desastre em mãos menos 
preparadas. 
Mesmo em Astrofotografia planetária, um elevado 
dynamic range é muito útil, principalmente quando se quer 
fazer o registro de planetas com muitas luas ao redor, como 
Júpiter e Saturno. Quem já tentou fotografar um desses planetas 
com uma câmera de baixo dynamic range sabe que se aumentar 
o tempo de exposição dos frames, para que as luas apareçam, o 
planeta vira uma bola branca, e se você abaixa o tempo de 
exposição, para mostrar o planeta, as luas somem. Um elevado 
dynamic range também é muito interessante nos raros 
momentos em que se pode registrar a conjunção de planetas 
com brilhos muito diferentes, passando muito perto um do outro 
a partir do nosso ponto de vista. Você pode aumentar o brilho 
do planeta menos brilhante sem estourar o mais destacado (por 
exemplo, Saturno, que é bem mais pálido, próximo à Júpiter, 
mais brilhante). Outro caso bastante interessante é a ocultação 
de planetas pela Lua, já que o brilho de nosso satélite natural é 
muito mais intenso do que o dos planetas. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
140 
 
 
Eficiência Quântica 
 
Trata-se da quantidade de fótons que um sensor recebe e 
consegue transformar em informação digital. Um sensor com 
eficiência quântica de 50% é capaz de identificar 50% dos 
fótons recebidos, enquanto o resto ele simplesmente não 
enxerga. Quanto maior a eficiência quântica, mais sensível é um 
sensor. 
Mas os sensores das câmeras têm a característica de 
apresentarem também diferentes eficiências quânticas de acordo 
com a faixa de cor. Isso quer dizer que uma câmera pode captar 
muito mais os fótons de uma determinada faixa de cor do que 
de outra. A Atik 314L+, por exemplo, capta muito mais azul e 
verde do que vermelho. O resultado disso é que fotos de galáxia 
com essa câmera tendem a ser mais azuladas. O sensor Sony 
ICX285 desta câmera, tem eficiência quântica de 65% na faixa 
próxima ao azul e verde e 45% na faixa próxima ao vermelho. 
Câmeras com sensor KAF8300 têm um balanço mais 
equilibrado, uma eficiência quântica de 45% no vermelho e no 
azul com uma pequena elevação para 50% no verde. 
 
Sensores Coloridos e Monocromáticos 
 
Para um recém-chegado na Astrofotografia é estranho 
pensar que câmeras monocromáticas, que são capazes de fotos 
somente em preto e branco, sejam melhores do que as coloridas, 
mas isso geralmente acontece. Entre os astrofotógrafos 
avançados as câmeras monocromáticas são muito queridas. 
Na verdade, todo pixel de um sensor de câmera, mesmo 
os de câmeras coloridas, é monocromático, pois os circuitos do 
sensor só conseguem entender a intensidade da luz e não de que 
cor ela é. Mas nas câmeras coloridas, há um microfiltro à 
frente de cada pixel do sensor. Na maioria das câmeras, a cada 
quatro pixels, um tem um filtro vermelho, outro tem um filtro 
azul e dois têm um filtro verde. Essa maior quantidade de pixels 
com filtros verdes é para compensar nossa maior sensibilidade 
 Rodrigo Andolfato 
141 
 
ao verde do que o sensor da câmera. A combinação destes 
microfiltros chama-se matriz de Bayer. 
Na matriz de Bayer, os pixels verdes, azuis e vermelhos 
ficam arranjados em blocos. Cada bloco é misturado para 
identificar a cor da imagem real e o resultado final é interpolado 
para formar a imagem colorida. O problema é que essa 
interpolação gera ruído, com muitos pixels ficando 
demasiadamente vermelhos ou azuis. Este ruído não aparece em 
imagens do dia-a-dia, mas fica evidente em imagens escuras e 
com longa exposição. Além disso, essa interpolação também 
quer dizer que câmeras coloridas precisam de quatro pixels do 
sensor para entender o que é um pixel de imagem. A resolução 
real de uma câmera colorida acaba ficando quatro vezes 
menor do que o número de pixels do sensor, perdendo em 
capacidade de definição. 
Uma câmera monocromática é mais simples do que a 
colorida. Nela simplesmente não há microfiltros à frente do 
sensor. Para se produzir uma foto colorida com uma câmera 
monocromática, o astrofotógrafo deve fazer duas ou mais 
imagens utilizando filtros coloridos, que ficam entre a objetiva 
e o sensor. Depois, no computador, o astrofotógrafo define para 
cada imagem a cor do filtro utilizado, ou mesmo uma cor que 
ele considere mais adequada ao trabalho, e junta os resultados 
numa única foto. A mistura destas cores resultará numa imagem 
colorida com cores reais ou falsas. Fotografando com filtros 
verde, vermelho e azul, você cria uma imagem com cores reais. 
Mas ao compor uma imagem em Hubble Palette, por exemplo, 
os canais selecionados pouco têm a ver com as cores naturais. O 
H-alpha é uma cor vermelha, mas na composição Hubble 
Palette ele é verde. 
A escolha entre uma câmera com sensor colorido e uma 
com sensor monocromático não é nada fácil. A maioria dos 
astrofotógrafos iniciantes começa com um sensor colorido. 
Afinal, é muito mais simples de usar e os resultados aparecem 
mais rapidamente. Conheço alguns astrofotógrafos bastante 
experientes que, ao adquirirem sua primeira câmera 
monocromática, consideraram que o maior esforço para se 
conseguir boas imagens tornou a prática da Astrofotografia 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
142 
 
enfadonha, e que haviam perdido a sensação de diversão 
durante as sessões de captura. Alguns até venderam suas 
câmeras monocromáticas, voltando para as coloridas. Mas a 
tendência é o astrofotógrafo que deseja atingir resultados 
superiores buscar uma câmera monocromática. Falando por 
mim, eu acho que a Astrofotografia com câmera monocromática 
é até mais divertida. Tudo depende da forma como você vê o 
trabalho a mais que essas câmeras exigem. 
Há basicamente três tipos de Astrofotografia em que o uso 
de câmeras monocromáticas é tão superior que seu uso é 
recomendando desde o início, evitando-se câmeras coloridas: 
nebulosas de emissão com filtros de banda estreita, 
Astrofotografia solar (principalmente com filtros H-alpha 
solares) e lunar. 
Os tipos de Astrofotografia onde as duas câmeras podem 
ser usadas com ótimos resultados, embora com alguma 
vantagem para as câmeras monocromáticas, são fotografia de 
galáxias, de nebulosas escuras ou de reflexão, aglomerados 
globulares e abertos e fotografia planetária. 
Para startrails, fotos de paisagens com objetos celestes ao 
fundo e fenômenos meteorológicos, como raios, uma câmera 
colorida é uma ferramenta muito mais prática. 
 
Sensores CMOS e CCD 
 
Existem basicamente duas tecnologias aclamadas para os 
sensores de câmeras usadas em Astrofotografia, CMOS e CCD. 
Os sensores CMOS são celebrados por serem mais 
versáteis e mais baratos. Até pouco tempo atrás, eram 
considerados inferiores, mas esta tecnologia recebeu enormes 
investimentos, principalmente por estar presente em DSLRs, 
câmeras portáteis, de segurança e também em aparelhos 
celulares. Ainda recentemente, as melhores câmeras planetárias 
possuíam sensores do tipo CCD, mas nos últimos anos, elas têm 
sido batidas por uma nova geração de câmeras planetárias comexcelentes sensores CMOS. 
 Rodrigo Andolfato 
143 
 
O sensor do tipo CCD apresenta um custo de produção 
maior do que o CMOS, por isso ele nunca foi viável para uso 
em celulares e câmeras de bolso. Seu uso ficou mais restrito em 
áreas de pesquisa e em câmeras de segurança de alta 
sensibilidade. Este tipo de sensor sempre se destacou por gerar 
menos ruído, sendo o preferido em Astrofotografia por muito 
tempo e ainda é dominante na Astrofotografia de céu profundo, 
tanto como hobby como em pesquisas. Mas novas câmeras com 
sensor CMOS têm aparecido no mercado de céu profundo. 
Estas novas câmeras têm um custo mais baixo do que as 
câmeras com sensor CCD. Talvez no momento em que você 
esteja lendo este livro, as câmeras com sensor CMOS já tenham 
dominado a Astrofotografia de céu profundo, tal como já 
fizeram com a Astrofotografia planetária. 
 
Funções básicas de uma câmera 
 
As características físicas do sensor de uma câmera são 
provavelmente a parte mais importante deste equipamento, mas 
não é somente o sensor que você deve levar em consideração na 
compra de uma câmera. Há outras funções que devem ser 
levadas em consideração que farão enorme diferença no 
resultado final de sua imagem. 
Tempo de Exposição: É controlado por um componente 
chamado obturador, que pode ser mecânico, com uma cortina à 
frente do sensor, que abre para que os componentes eletrônicos 
do sensor recebam a luz, ou eletrônico, com o sensor sendo 
ativado por pulso elétrico. Quanto mais tempo o obturador 
estiver aberto, maior o tempo de exposição de um disparo 
fotográfico. 
Em Astrofotografia, o mais importante é que a câmera 
permita que o tempo de exposição possa ser configurado 
manualmente. Sem essa opção, Astrofotografia é praticamente 
impossível. Todas as boas câmeras lhe darão a possibilidade de 
configurar o tempo de exposição. As que não trazem esta opção 
são câmeras de celulares ou compactas mais baratas, não 
recomendadas para Astrofotografia. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
144 
 
O tempo de exposição mínimo e máximo que uma câmera 
suporta depende muito do modelo escolhido. DSLRs 
geralmente permitem configurar tempos de exposição de uma 
fração de milésimo a 30 segundos, mas possuem um modo 
bulb, que mantêm o sensor aberto enquanto segurando o botão 
de disparo. No modo bulb, são possíveis tempos de exposição 
de até 15 minutos. Ligando a câmera ao computador ou com um 
software como o Magic Lantern instalado na câmera, é 
possível conseguir tempos de exposição de até 15 minutos por 
foto sem precisar ficar segurando o botão de disparo, 
permitindo configurar além do tempo de exposição, o número 
de fotos que vai tirar e o intervalo entre elas. 
Você dificilmente fará frames com mais de 15 minutos 
utilizando DSLRs. No geral, frames de 5 minutos são mais do 
que suficientes para a imensa maioria dos objetos. Tempos de 
exposição maiores do que dez minutos podem gerar grande 
quantidade de ruído na imagem final, devido alta temperatura 
que o sensor sem resfriamento das DSLRs atinge, 
principalmente em noites mais quentes. 
 
Câmeras específicas para Astrofotografia de céu 
profundo, por serem resfriadas, permitem tempos de exposição 
bastante elevados. Não é difícil encontrar imagens com frames 
de mais de 15 minutos entre os astrofotógrafos mais avançados, 
principalmente aqueles que usam filtros de banda estreita. No 
geral, frames longos assim são usados para a captura de 
nebulosas realmente muito pálidas por astrofotógrafos bastante 
dedicados, dispostos a gastar várias noites numa única captura. 
Para fotografia planetária, como são gravados vídeos e 
não realizadas fotos, não é necessário que sua câmera permita 
tempos de exposição elevados por frame. Mas se você pretende 
usar sua câmera planetária também para autoguiagem, em vez 
de adquirir outra câmera somente para esta função, é 
recomendado que sua câmera planetária seja capaz de tempos 
de exposição de pelo menos 1 segundo (o ideal é que consiga 
no mínimo 4 segundos). Muitas webcams não conseguem 
frames com mais de 2 décimos de segundo de exposição, sendo 
pouco recomendadas para autoguiagem. 
 Rodrigo Andolfato 
145 
 
Além de conseguir tempos de exposição elevados, a sua 
câmera deve também ser bastante flexível nos intervalos de 
tempo que permite. Câmeras dedicadas a Astrofotografia de céu 
profundo e planetárias podem ser configuradas no nível de 
milésimos de segundo de diferença. DSLRs podem não ter uma 
configuração tão precisa, mesmo conectadas a bons softwares, 
mas geralmente os intervalos que permitem atendem muito 
bem. 
 
Níveis de Sensibilidade: trata-se da capacidade de uma 
câmera de configurar diferentes níveis de sensibilidade sem 
gerar muito ruído em níveis mais altos. Um nível de 
sensibilidade duas vezes mais elevado permite que você consiga 
imagens com o mesmo nível de luminosidade na metade do 
tempo. Parece maravilhoso, mas, na prática, é um perigo cair na 
tentação do alto nível de sensibilidade. Quanto mais elevado 
você configurar a sensibilidade de sua câmera, mais ruído ela 
irá gerar. Com poucas exceções, a grande maioria das câmeras 
apresenta seu melhor desempenho com o nível de sensibilidade 
no mínimo. As câmeras com sensor tipo CCDs dedicadas a 
Astrofotografia de céu profundo normalmente nem possuem 
uma configuração de sensibilidade, obrigando o astrofotógrafo 
a trabalhar sempre com a sensibilidade no mínimo. 
 
Já câmeras CMOS planetárias (ou as mais novas, que 
também registram bem céu profundo), geralmente apresentam 
um controle de nível de sensibilidade em seu software de 
captura, chamado de “ganho”. Em muitos modelos, essa opção 
deve estar sempre no mínimo, pois gera muito ruído, mas hoje 
existem câmeras que permitem que você aumente o ganho e 
consiga resultados até superiores do que se tivesse registrado 
com a sensibilidade no mínimo. Isso ocorre devido à alta 
velocidade que estas câmeras conseguem registrar frames e 
também ao baixo nível de ruído que os modelos mais recentes 
apresentam. Se o ruído aumenta cinquenta por cento, mas a 
câmera gera duas vezes mais frames por segundo, o resultado 
final pode ser uma imagem superior. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
146 
 
O ganho geralmente é expresso em decibéis. O decibel 
não é das medidas mais fáceis de se entender, pois na verdade, é 
uma ordem de grandeza. Ele indica a intensidade do aumento da 
sensibilidade da câmera em relação ao ganho mínimo. 
Algo muito importante sobre câmeras astronômicas é 
saber o nível de ruído que elas apresentam para um determinado 
nível de sensibilidade. Esse valor pode variar muito de câmera 
para câmera. A nova ASI224, por exemplo, câmera planetária 
com enorme sensibilidade, chega a ter seu ruído diminuindo até 
o ganho de 30 decibéis, quando finalmente começa a elevar-se. 
Já câmeras fotográficas normais, em especial as DSLRs, 
têm ajuste de sensibilidade chamado de ISO. Esses valores 
partem de algo entre 50 e 100 e podem ir a até dezenas de 
milhares. Com DSLRs de entrada, com sensores do tipo APS-C, 
teoricamente você pode fotografar com o valor máximo que a 
câmera permite, mas o mais comum é que as imagens sejam 
registradas com ISOs entre 400 e 1600. Se o acompanhamento 
de sua montagem não permite tempos de exposição elevados, 
ou seu tubo óptico tem razão focal alta e é muito lento na 
captura de luz, ISOs de 1600 ou mais são permitidos, mas você 
deve compensar o ruído destes frames produzindo muitos deles. 
Até com ISOs de 6400 é possível resultados aceitáveis, se você 
fizer muitos frames para serem integrados. 
DSLRs com sensores do tipo Full Frame fotografam em 
sensibilidades maiores com muito menos ruído do que DSLRs 
de entrada. Com essas câmeras, você pode usar ISOs de 3200 
com frames de até mais qualidade do que uma DSLR de entrada 
consegue em ISO 800. Câmeras full frame são mais caras e, 
quando conectadas ao telescópio, exigem filtros e acessórios de 
duas polegadas, queem média custam o dobro do preço dos 
acessórios de 1,25 polegadas. Além disso, exigem uma óptica 
muito mais apurada, capaz de cobrir todo o sensor sem produzir 
aberrações na borda, mas a qualidade que conseguem paga bem 
este preço. 
Existem sites que fazem comparações do nível de ruído 
em ISO alto das DSLRs mais conhecidas. Um bem conhecido é 
o “Snapsort.com”. Nestes sites você pode ver quais câmeras 
apresentam melhores níveis de ruído em ISO alto. Você verá 
 Rodrigo Andolfato 
147 
 
que existem diferenças significativas entre câmeras de marcas 
diferentes, mesmo com sensores de tamanho bastante parecido. 
O nível de ruído em ISO alto é um dos fatores que influenciarão 
na qualidade de suas Astrofotografias com DSLRs. 
 
Resfriamento dos Sensores 
 
Em Astrofotografia de céu profundo, o maior problema 
dos sensores das câmeras é que, enquanto estão capturando, 
sensores tendem a esquentar. Em fotos com tempo de 
exposição muito curto, tiradas durante o dia, praticamente não 
há motivo para preocupação. Uma imagem com um centésimo 
de segundo de exposição não causa alteração significativa na 
temperatura de um sensor, mas em Astrofotografia de céu 
profundo não são raros tempos de exposição de até dez minutos 
ou mais para cada frame. Isso provoca uma elevação na 
temperatura do sensor, que certamente afetará no resultado final 
do registro, gerando ruído e hot pixels – pontos claros que 
aparecem nas imagens quando se tira fotos com longos tempos 
de exposição e são um dos maiores problemas na 
Astrofotografia digital. 
Felizmente, existem formas de manter a temperatura de 
um sensor durante captações de longa duração. Mais ainda, 
muitos sensores podem ser resfriados a temperaturas muito 
baixas, até mais de 40 graus abaixo da temperatura ambiente 
nas câmeras astronômicas mais avançadas. Normalmente, 
câmeras feitas para o mercado fotográfico geral, como as 
DSLRs, não apresentam resfriamento do sensor, mas câmeras 
feitas para Astrofotografia de céu profundo, sim. Em muitas 
delas, você pode até selecionar a temperatura que considera 
mais adequada para a captação, que a câmera manterá o sensor 
naquela temperatura durante toda a captação, não importa 
quanto tempo de exposição que cada registro tenha. 
O resfriamento do sensor produz uma diferença de 
resultado dramático na fotografia de longa exposição. Por isso, 
todas as boas câmeras feitas para este tipo de Astrofotografia 
apresentam esta função. Imagens com dez minutos ou mais de 
exposição esquentam muito os sensores fotográficos. Tanto que 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
148 
 
DSLRs tendem a nativamente não permitir tempos de exposição 
acima de 15 minutos. Além disso, nas captações com câmeras 
sem resfriamento é necessário deixar intervalos entre um frame 
e outro para que o sensor esfrie até a próxima captação. Numa 
câmera com resfriamento, você pode começar um frame 
imediatamente após o anterior, aproveitando melhor o tempo 
dedicado à captura. 
 
Velocidade de Carregamento 
 
Ter uma câmera que faça a transferência dos arquivos 
rapidamente para o seu computador é algo interessante em 
Astrofotografia de céu profundo e fundamental na fotografia 
planetária, caso contrário, o carregamento dos frames pode 
demorar muito. Hoje, as câmeras de céu profundo geralmente 
vêm com entrada USB 2.0, que fornece uma velocidade 
Câmera Read 
Noise (e-
rms) a 
30db1 
 
SNR1s 
Value2 
 
Resolução 
(pixels) 
Tamanh
o do 
Pixel 
(micróm
e-tros) 
Tamanho do 
sensor 
(Diagonal/ 
Milíme-tros) 
Tipo de 
sensor 
Boa para 
ASI224 0.75e 0,13lx 1304x976 3,75um 6,09mm CMOS Planetas 
ASI290 1.0e 0,23lx 1936x1096 2,9um 6,46mm CMOS Planetas, 
Lua e Sol 
ASI1600 1.2e - 4656x3520 3,8um 21,9mm CMOS Céu 
profundo 
ASI120mm - - 1280x960 3,5um 6mm CMOS Planetas, 
Lua e Sol 
Atik 314L+ 3.7e 0,24lx 1392x1040 6,45um 11mm CCD Céu 
profundo 
Atik 383+ 7e - 3362X2504 5,45um 22,2mm CCD Céu 
profundo 
Canon 800D (t7i) - - 5196x3464 4,29um 26,8mm CMOS Céu 
profundo 
Canon 6D - 5505x3670 6.5um 43,04mm CMOS Céu 
profundo 
Tabela 4: Câmeras mais populares no Brasil e suas características 
1 - Quanto menor o valor, menos ruído a câmera apresenta com o ganho em 30db 
2 -Este valor representa o nível de luz necessário para uma câmera produzir uma imagem 
aceitável, segundo critérios da fabricante Sony. Quanto menor este valor, mais sensível é a 
câmera. 
 Rodrigo Andolfato 
149 
 
aceitável mesmo para os frames de maior resolução. Tome 
cuidado principalmente se for adquirir uma câmera astronômica 
usada antiga, pois ela pode ainda trabalhar com USB 1.0, 
tornando os downloads dos frames muito demorados. As 
câmeras para Astrofotografia planetária já estão migrando para 
o USB 3.0, muito mais rápido e que permite uma taxa de frames 
por segundo maior. 
É importante saber que não adianta a câmera planetária 
ser rápida se ele não sensibilidade suficiente para produzir uma 
boa imagem em baixos tempo de exposição. Se uma câmera 
consegue transmitir 100 frames por segundo em resolução 
VGA, é também necessário que ela consiga uma boa imagem 
do planeta desejado com um tempo de exposição de um 
centésimo de segundo. Se você aumentar o tempo de exposição 
para cinco centésimos de segundo, a câmera automaticamente 
transmitirá a 20 frames por segundo e não cem, pois a câmera 
não inicia o próximo frame enquanto o atual não for registrado, 
mesmo que tenha condições de transmitir a uma taxa mais alta. 
Isso será sentido principalmente com objetos mais pálidos ou 
em razões focais muito elevadas, caso o telescópio não tenha 
abertura suficiente para atingir uma elevada distância focal, sem 
ficar demasiadamente escuro. 
Antes de adquirir uma câmera planetária, leve bem em 
consideração se ela consegue imagens com curtos tempo de 
exposição dos planetas que deseja fotografar. Por exemplo, 
conforme a Tabela 4, a câmera ASI224 da ZWO tem uma 
sensibilidade muito maior do que modelos como ASI174 ou 
ASI178, da mesma fabricante. Isso significa que com a ASI224 
você consegue capturar a mesma quantidade de luz com menos 
tempo de exposição, permitindo uma taxa maior de frames por 
segundo, sem prejudicar a qualidade da captura. 
 
Setup indicado para iniciar 
Agora que você já sabe um pouco sobre telescópios, 
montagens e câmeras. Chegou a hora de escolher qual 
combinação de equipamentos é melhor para você. Aqui vão 
algumas dicas: 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
150 
 
Para Astrofotografia de céu profundo, um setup muito 
adequado para se iniciar é composto por uma montagem do tipo 
EQ5 com GoTo e autoguiagem. Sobre ela um pequeno refrator 
apocromático de 70mm a 90mm de abertura fará maravilhas se 
usado com uma DSLR de entrada, como a Canon T7i ou 
equivalente, que tenha sido modificada para Astrofotografia. 
Uma câmera astronômica resfriada, como a ASI 1600 ou a Atik 
383+, com um sensor monocromático proporcionará resultados 
ainda melhores, mas é mais complexa de usar e mais cara. 
É possível fotografar até com refratores de 100mm sobre 
uma EQ5 motorizada, mas quando você colocar todos os 
acessórios necessários pode ficar meio complicado de se 
trabalhar com esse setup. Aconselho a não passar muito de 
80mm. Com uma distância focal entre 400mm e 600mm, 
telescópios dessa abertura conseguem capturar quase todas as 
nebulosas com uma DSLR, mostrando um nível de detalhes 
excelente. Se estiver pensando muito em usar um refletor sobre 
uma HEQ5, um newtoniano de 150mm com baixa distância 
focal é um equipamento bastante interessante. 
Já para Astrofotografia planetária, abertura faz toda a 
diferença. Um refletor de 200mm sobre uma EQ5 é um setup 
interessante e, para fotos de planetas, mesmos refletores de 
250mm de abertura (de distâncias focais menores) navegam 
razoavelmente bem nestas montagens. Câmeras planetárias são 
leves, e não há necessidade de autoguiagem e nem longas 
exposições. Um astrofotógrafo pode muito bem ter uma EQ5, 
um refrator apocromáticode até 100mm de abertura para 
fotografia de céu profundo e um refletor de 200mm para 
quando quiser fazer imagens planetárias e lunares. 
Não posso dizer que seja impossível colocar um refletor 
de 200mm sobre uma EQ5 e fazer imagens de céu profundo. Eu 
mesmo já usei muito um setup desses, mas, após algum tempo, 
percebi que a dor de cabeça que era operar este conjunto estava 
tirando o prazer da prática astrofotográfica. O número de 
frames com problemas era muito elevado e quase sempre eu 
tinha que fazer gambiarras no processamento da imagem final, 
para compensar o acompanhamento deficiente das estrelas. 
 Rodrigo Andolfato 
151 
 
Caso seja possível adquirir uma EQ6, ela trabalhará muito 
bem com refratores apocromáticos de até 120mm e refletores de 
200mm para céu profundo ou 254mm para fotografia planetária, 
podendo, com o devido cuidado, suportar até um refletor de 
254mm para céu profundo e um de 300mm para imagens 
planetárias. 
 
Refletores do tipo cassegrain são ligeiramente mais leves 
do que os newtonianos e teoricamente você poderia colocar 
aberturas maiores sobre uma EQ5 ou EQ6, mas como estes 
telescópios também possuem distâncias focais mais longas, 
necessitam de tempos de exposição por frame maiores e estão 
mais suscetíveis a vibrações. A abertura recomendável destes 
telescópios sobre uma montagem acaba sendo a mesma do que 
de um refletor newtoniano. Para quem quer versatilidade, 
fotografando todos os tipos de objeto, os Schmidt-Cassegrain 
são os mais indicados. Se o foco é céu profundo com a melhor 
qualidade possível, tente adquirir um Ritchey-Chrétien de seis 
ou oito polegadas para uma EQ5 ou EQ6 com Goto. 
 
Cuidado ao comprar o telescópio junto com a montagem. 
A maioria das montagens vendidas em conjunto com tubos 
ópticos são dimensionadas não para Astrofotografia, mas para 
Astronomia observacional, sendo muito pesados para que as 
montagens consigam registros de longa exposição sem erros de 
acompanhamento. Esses setups são recomendados no máximo 
para Astrofotografia planetária. A grande maioria dos tubos 
ópticos dedicados a Astrofotografia de céu profundo são 
vendidos separadamente, só com o tubo óptico, chamados de 
OTA (Optical Tube Assembly) e são ofertados dessa forma 
porque os fabricantes sabem que os astrofotógrafos geralmente 
preferem escolher a montagem e os acessórios de sua 
preferência separadamente do que comprar o conjunto 
completo. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
152 
 
ACESSÓRIOS IMPORTANTES 
 
O setup astrofotográfico é formado pela trinca montagem, 
câmera e telescópio, mas a verdade é que existe uma série de 
acessórios que vão ser fundamentais para uma boa captura e 
cuja falta, em determinados casos, pode até impossibilitar 
completamente o trabalho. 
 
Sistema de autoguiagem 
O princípio da autoguiagem é bastante simples. Trata-se 
de uma segunda câmera que terá o objetivo de filmar uma 
estrela durante a captura, para orientar a montagem sobre quais 
correções ela deve fazer para garantir um acompanhamento 
perfeito. As montagens mais populares geralmente apresentam 
erros no acompanhamento que passam a ser bastante 
perceptíveis em tempos maiores de exposição, principalmente 
Telescópio de 
guiagem
Câmera de 
guiagem
Câmera 
principal/de 
captura Telescópio 
principal/de 
captura
 
Ilustração 44: Exemplo de sistema de autoguiagem bastante leve, usado sobre um refletor 
de 200mm. Aqui, a guiagem é uma pequena luneta de 50mm com uma câmera planetária. 
Este é um dos setups de guiagem com segundo telescópio mais leves que podemos usar. 
 Rodrigo Andolfato 
153 
 
acima de dois minutos, sendo muito difícil conseguir frames 
mais longos do que isso com um telescópio em montagens do 
tipo EQ5 ou EQ6. 
Esta segunda câmera pode estar conectada diretamente ao 
telescópio de captura, pegando uma sobra do campo gerado 
para ocular. Como a saída para oculares é redonda e os sensores 
são quadrados e menores do que a saída do porta ocular, 
geralmente sobra campo em volta do sensor de captura para se 
colocar um pequeno espelho que direcionará a luz periférica da 
objetiva para uma câmera com sensor menor. Este tipo de 
autoguiagem é feito com um acessório chamado off-axis ou 
OAG, um adaptador que permite conectar as duas câmeras ao 
mesmo porta ocular. 
A vantagem de uma guiagem por off-axis é o alinhamento 
perfeito com a imagem da câmera principal, normalmente 
resultando num acompanhamento mais apurado e menos frames 
com erros de guiagem. Como desvantagem podemos citar o 
reduzido campo disponível, pois se a distância focal é a mesma 
usada na captura, pode ser que seja difícil encontrar uma estrela 
adequada à guiagem num campo muito pequeno. Além disso, o 
trabalho de focar as duas câmeras quando estão no mesmo 
conector é geralmente considerado complicado. A óptica do 
telescópio de captura também deve ser muito boa, pois como a 
câmera de autoguiagem capturará luz na borda do campo da 
imagem, estará num ponto mais suscetível a aberrações ópticas, 
podendo fazer com que o software usado para autoguiagem não 
reconheça as estrelas. 
A segunda forma de autoguiagem é conectar a câmera de 
guiagem num segundo telescópio, preso ao primeiro, como na 
Ilustração 44. Normalmente é um telescópio menor, mais leve e 
mais barato, mas nem sempre é o caso. Quando estou 
fotografando com lentes, por exemplo, não é raro que use um 
refrator ED para autoguiagem. 
Com o uso de um segundo telescópio, o astrofotógrafo 
deve tomar alguns cuidados. A ligação entre o telescópio de 
guiagem e o telescópio principal deve estar totalmente firme. 
Qualquer flexão entre os dois poderá destruir completamente a 
guiagem. Além disso, a autoguiagem com um telescópio de 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
154 
 
menor distância focal pode ser um pouco menos eficiente, mas 
tem a vantagem de resultar em muito mais estrelas aparecendo 
no campo de visão da câmera. Dando muito mais opções do que 
numa guiagem off-axis. Você também pode fazer pequenos 
ajustes no direcionamento do telescópio de guiagem, deixando a 
estrela mais próxima do centro, onde a qualidade da imagem é 
melhor. 
O ideal é que sua câmera de guiagem tenha porta ST-4, 
pois assim você pode conectá-la diretamente na montagem. Se a 
câmera não tiver está porta, você vai precisar de um cabo para 
ligar o computador à montagem, como um cabo GPUSB. Mas 
eles são difíceis de achar (principalmente no Brasil) e 
acrescentam custo e complexidade ao setup. No capítulo sobre 
captura falarei sobre o software de guiagem e como preparar o 
telescópio para este procedimento. 
 
Extensores e redutores focais: A função destes 
acessórios ópticos é alterar a distância focal nativa do 
telescópio, adequando aos interesses do astrofotógrafo. 
Extensores focais (Ilustração 45) são também chamados 
de barlows ou powermates (com algumas variações ópticas 
 
 Ilustração 45: Extensores focais 
 Rodrigo Andolfato 
155 
 
entre eles). Estes acessórios multiplicam a distância focal do 
telescópio, produzindo aumentos elevados. São muito usados 
em Astrofotografia planetária, pois é uma área da 
Astrofotografia que exige mais ampliação e não necessita de 
longas captações de luz. Normalmente, astrofotógrafos 
planetários munidos de refletores newtonianos usam extensores 
focais entre 4 e 5 vezes. Já aqueles com cassegrains, que 
possuem uma grande distância focal nativa, usam extensores 
entre 2 e 3 vezes. Não vale a pena tentar usar uma distância 
focal exagerada, numa razão focal acima de F25, pois, a partir 
disso, a imagem começa a ficar escura demais para uma taxa de 
frames por segundo adequada e não há melhora da definição. O 
aumento da distância focal deve ser acompanhado do aumento 
da abertura. 
O uso de extensores focais também é apreciado na 
captação de detalhes de crateras da Lua ou de manchas e 
erupções solares. Já o seu uso na Astrofotografia de céu 
profundo é mais raro, podendo existir na captaçãode detalhes 
de algumas nebulosas muito brilhantes e que sejam 
interessantes, como dos Pilares da Criação, na nebulosa da 
Águia (M16) ou do chamado Buraco da Fechadura, na 
Nebulosa da Carina (NGC3372). Seu uso nem sempre consegue 
realmente mostrar mais detalhes se a abertura do telescópio não 
for elevada. Além disso, um aumento na distância focal em 2 
vezes torna o telescópio 4 vezes mais lento, o enquadramento 
torna-se mais difícil e o acompanhamento precisa ser muito 
mais exato, tornando a captura um desafio muito mais 
complexo. 
Os redutores focais, ao contrário dos extensores, são 
muito populares na Astrofotografia de céu profundo. Eles 
aumentam o campo da imagem, algo muito útil quando se quer 
capturar nebulosas maiores do que a distância focal nativa de 
seu telescópio. Mas o que é realmente apreciado pelos 
astrofotógrafos de céu profundo é que os redutores deixam a 
captação mais rápida. Um redutor focal de 0,5 vezes deixará o 
telescópio 4 vezes mais rápido, algo que pode ser fundamental 
na captação de nebulosas mais pálidas. É claro que sempre 
existirão objetos que serão captados de forma mais adequada 
com o campo nativo do telescópio, mas a aquisição de um bom 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
156 
 
redutor focal torna o seu setup de céu profundo muito mais 
versátil. 
 
Alguns redutores, além de diminuírem a distância focal, 
também diminuem aberrações dos telescópios, principalmente o 
coma, tornando a imagem uniforme em todo o campo da 
fotografia. Existem inclusive acessórios ópticos que cumprem 
somente a função de eliminar o coma, sem alterar a distância 
focal. São os chamados aplanadores ou corretores de coma. 
Vale dizer que os melhores redutores focais ou redutores de 
coma podem custar quase tão caros quanto o seu telescópio, 
principalmente em relação aos baratos refletores newtonianos. 
Ainda assim, a qualidade da imagem que os bons corretores 
produzem faz o investimento valer a pena. 
 
A aquisição de um redutor focal ou de coma deve ser feita 
com muito cuidado, lendo-se atentamente as especificações do 
produto, para ver se ele é compatível com o seu telescópio. E 
mesmo que as especificações digam serem compatíveis com o 
seu tipo de telescópio, pode ser que haja alguma particularidade 
na óptica de seu instrumento que impeça esta compatibilidade. 
O ideal mesmo é saber se o redutor focal é compatível com o 
seu modelo de telescópio. Se essa informação não estiver 
disponível, contate o fabricante do acessório ou procure em 
fóruns ou redes sociais por alguém que tenha o mesmo 
telescópio que o seu e tenha adquirido o redutor. É muito 
importante ter a certeza da compatibilidade antes da aquisição. 
 
Até caríssimos telescópios apocromáticos das melhores 
marcas podem precisar de aplanadores para conseguir uma 
imagem perfeita em toda a área da imagem. No mercado, 
existem hoje alguns telescópios refratores apocromáticos 
anunciados como sendo de cinco elementos (cinco lentes). Eles 
nada mais são do que apocromáticos de três elementos com 
corretores de dois elementos instalados dentro do tubo ópticos. 
Em alguns, o corretor pode até ser destacado. 
 
 Rodrigo Andolfato 
157 
 
Extensores (Ilustração 46): são peças muito mais simples 
do que os extensores focais, sendo simplesmente cilindros 
metálicos que encaixam no porta ocular. Não possuem nenhuma 
peça óptica e são usados quando, por mais que você afaste o 
foco, o focalizador chega ao fim sem que a câmera esteja 
distante o suficiente para que o sensor atinja o ponto focal. 
 
Extensores são peças baratas. Afinal, são só pequenos 
cilindros de metal rosqueáveis. Mas é importante lembrar que 
eles só são úteis se o foco estiver para fora do limite do 
focalizador de seu telescópio e não para dentro. 
 
Filtros para Astrofotografia 
 
Filtros são simplesmente pequenos pedaços de vidro que 
selecionam qual faixa de luz vai ou não passar. Filtros podem 
fazem uma enorme diferença em Astrofotografia (por isso, 
alguns podem ser bem caros). Com câmeras monocromáticas, 
filtros são obrigatórios caso você queira fazer imagens 
coloridas, mas mesmo com câmeras coloridas eles podem 
ajudar a melhorar o contraste, mostrar mais detalhes e barrar 
muito da poluição luminosa que chegaria ao sensor. 
 
Ilustração 46: Extensores 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
158 
 
O conjunto de filtros coloridos necessário para se produzir 
imagens com cores realistas em câmeras monocromáticas 
chama-se filtros RGB (Red, Green, Blue). Alguns conjuntos de 
filtros RGB também acompanham um filtro de luminância. Por 
isso, são chamados de filtros LRGB. 
Numa captura LRGB (Ilustração 48), o filtro que vai ser 
usado como luminância é o mais importante. Ele tem a função 
de registrar as formas e os detalhes do objeto a ser capturado. 
Por isso, qualquer erro na captura com este filtro, 
inevitavelmente estará presente na imagem após a integração 
dos frames. Os filtros coloridos serão usados somente para 
preencher as cores da imagem e mesmo que tenham defeitos ou 
sejam capturados em menor resolução, somente problemas mais 
sérios afetarão a imagem de forma significativa. A captura 
separada da luminância é uma forma de trabalho que pode 
render imagens muito boas e com menos tempo de captação, 
pois em vez de fazer três grandes capturas para os três canais de 
cor, você faz uma captura tão longa quanto possível para a 
luminância e três capturas mais curtas somente para ilustrar as 
cores. 
 
 Ilustração 47: Filtros e roda de filtros 
 Rodrigo Andolfato 
159 
 
Para céu profundo, existem filtros feitos para aumentar o 
contraste das imagens e que funcionam bem tanto com câmeras 
monocromáticas como coloridas. Esses filtros bloqueiam 
algumas faixas de luz, muitas que estão na poluição luminosa, 
permitindo melhores captações mesmo em áreas urbanas. Os 
mais populares são o CLS, o UHC (Ultra Hight Contrast) e o 
Sky Glow. Ambos deixam passar as emissões mais comuns dos 
objetos celestes e tentam bloquear o resto das emissões. 
O filtro CLS é mais focado em eliminar luzes na faixa das 
lâmpadas de sódio, muito usadas na iluminação pública. 
Infelizmente, nos últimos anos, temos visto um grande avanço 
do uso de lâmpadas de LED na iluminação pública. Mais 
econômicas e eficientes do que as lâmpadas de sódio, não há 
muitos argumentos que impeçam a proliferação das lâmpadas 
do tipo LED. O problema destas lâmpadas é que elas 
normalmente espalham luz branca, que atinge todas as faixas do 
espectro, fazendo com que os filtros CLS e mesmo o UHC e o 
Sky Glow percam a sua eficácia. 
Vale lembrar que filtros voltados para Astrofotografia têm 
suas bandas de passagem definidas se pensando em câmeras 
que não possuem o filtro que bloqueia parte da luz das 
nebulosas, ou seja, CCDs e DSLRs modificadas para 
Astrofotografia. Se a sua câmera for uma DSLR não 
modificada, uma faixa importante que esses filtros deixam 
passar não chegará ao sensor de sua câmera. Neste caso, o ideal 
é utilizar filtros que tenham sido fabricados principalmente para 
observação, pois a faixa de luz que seus olhos deixam passar é 
muito semelhante a uma DSLR não modificada. 
 
Ilustração 48: Captura de Júpiter feita com câmera monocromática. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
160 
 
Os filtros IR e IV CUT são muito usados em 
Astrofotografia planetária. Sem o uso de um filtro destes, a 
imagem dos planetas perde nitidez devido à absorção de luz 
infravermelha, de ondas maiores, e a cor destes objetos fica 
meio rosada, diferente da cor que conhecemos. Esse efeito 
ocorre de forma mais evidente em Júpiter. O planeta tem uma 
cor amarronzada, mas, sem usar um filtro IR/IV CUT em sua 
captura, o que vemos é um planeta rosado. 
Existe uma enorme quantidade de modelos de filtros RGB 
e de luminância. É muito difícil saber qual deles é o melhor 
para o seu telescópio. É claro que filtros mais caros de marcasconsagradas serão melhores, mas muitas vezes podem ser feitos 
para um objetivo diferente do pretendido. Recomendo uma boa 
pesquisa antes de se adquirir filtros de luminância, RGB ou de 
realce dos astros. Prefira filtros das marcas Astronomik, Baader, 
Orion, ou outras semelhantes ou melhores. 
 
Filtros de Banda Estreita: estes filtros captam faixas de 
cor específicas das nebulosas de emissão. Os mais conhecidos 
são os que capturam a emissão do Hidrogênio (H-alpha), do 
Oxigênio (OIII) e do Enxofre (SII). A junção de captações 
com estes três filtros pode produzir uma imagem conhecida 
como Hubble Palette. Este nome vem das celebradas imagens 
do Telescópio Hubble, com nebulosas azuis e douradas 
apresentando enorme contraste e profundidade. Estas imagens, 
que encantam amantes da Astronomia no mundo inteiro, são 
feitas com esses filtros. 
Com filtros de banda estreita e uma boa câmera 
monocromática é possível fazer imagens tão belas quanto as do 
telescópio Hubble com um equipamento acessível para qualquer 
um disposto a se esforçar para adquirir um bom setup de 
Astrofotografia. É claro que você não vai conseguir o mesmo 
aumento e o nível de detalhes do espelho de mais de 2 metros 
de diâmetro do Hubble, mas conseguirá cores bem parecidas e 
até a vantagem de registrar um campo maior. 
Filtros de banda estreita podem ser usados também com 
câmeras coloridas, mas é fortemente recomendado que se tenha 
 Rodrigo Andolfato 
161 
 
uma câmera monocromática à mão, ou os frames terão bastante 
ruído. 
Filtros de banda estreita são classificados pela largura da 
faixa de comprimento de onda da luz que deixam passar, 
medidas em nanômetros(nm). Quanto menor este valor, mas 
estreita é a faixa de luz que os filtros permitem passar. O 
resultado disso é que quanto menor o número de nanômetros 
um filtro deixar passar, mais detalhes revelará, entretanto, maior 
deverá ser o tempo de exposição e mais caro será o filtro. Os 
filtros de banda estreita mais populares estão entre 6 e 12 
nanômetros, sendo que alguns astrofotógrafos chegam a usar até 
filtros de 3 nanômetros. Caríssimos, mas com resultados 
incríveis. 
Dos três filtros de banda estreita, certamente o mais 
importante é o H-alpha. É ele que produz os detalhes da 
imagem, ou luminância. Os outros dois, OIII e SII, são 
basicamente para se conseguir as cores do Hubble Palette. O H-
alpha também pode ser usado em composições com filtros 
RGB, mesmo em imagens captadas com câmeras coloridas, 
gerando registros com cores naturais, mas com muito mais 
detalhes das nebulosas de emissão do que uma imagem 
produzida somente com os filtros RGB. 
 
Vale lembrar que os filtros de banda estreita só são 
aconselháveis na captura de nebulosas de emissão, que são as 
nebulosas vermelhas, como Lagoa (M8), Carina (NGC 3372), 
América do Norte (NGC7000), entre outras. Para captura de 
nebulosas escuras ou de reflexão, a captura com filtros RGB é 
mais aconselhável. 
Os filtros astrofotográficos, principalmente quando 
usados em câmeras monocromáticas, são utilizados de forma 
mais prática com uma roda de filtros (Ilustração 47). Trata-se 
de um mecanismo que permite a você não ter que retirar a 
câmera do telescópio cada vez que precisar trocar de filtro. 
Algumas rodas de filtros são motorizadas, podendo até mesmo 
serem conectadas ao computador e trabalhar em conjunto com a 
câmera, sendo programadas para trocarem os filtros após uma 
quantidade de frames pré-definida pelo astrofotógrafo. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
162 
 
Um detalhe muito importante sobre os filtros para 
Astrofotografia com câmeras monocromáticas é que alguns 
destes filtros fazem o ponto focal da imagem mudar, 
obrigando o astrofotógrafo a ter que ajustar o foco após trocar o 
filtro usado. Isso impossibilita a automação da captura com uma 
roda motorizada e mesmo que o astrofotógrafo esteja disposto a 
fazer este ajuste a cada troca de filtro, aumenta o risco de 
ocorrerem erros no foco. Filtros que apresentam exatamente o 
mesmo ponto de foco são chamados de parafocais. Os filtros 
dos melhores fabricantes geralmente são parafocais, mas se 
você estiver, por exemplo, usando filtros RGB de um fabricante 
e luminância de outro, há chances de que eles não sejam 
parafocais. Por isso, recomenda-se usar filtros parafocais de um 
mesmo fabricante. Para fotografia planetária, que exige 
trocas rápidas entre os filtros, utilizar filtros que tenham 
focos diferentes é praticamente inviável. 
Mas saiba: não adianta os filtros serem parafocais se o seu 
telescópio não coloca todas as cores no mesmo ponto focal. Em 
refratores de menor qualidade, como acromáticos ou até mesmo 
muitos apocromáticos de apenas duas lentes (dupletos), a cor 
azul pode estar num ponto focal diferente da cor vermelha, 
fazendo com que o foco esteja diferente para cada filtro, ainda 
que sejam parafocais. 
 
Filtros Solares 
 
Os filtros para Astrofotografia solar são bastante 
específicos e nunca devem ser confundidos com os de céu 
profundo. Esses filtros funcionam somente para a fotografia 
do Sol. Se você tentar fotografar nossa estrela com qualquer 
filtro que não tenha sido desenvolvido especificamente para 
este tipo de fotografia, corre risco de ter sérios problemas com a 
sua câmera. Pior ainda será se você tentar olhar pela ocular e 
ferir o seu olho de forma irreversível. 
Os três filtros mais usados em Astrofotografia solar são os 
seguintes: 
 Rodrigo Andolfato 
163 
 
Filtro de Luz Branca: são os filtros mais populares em 
Astrofotografia Solar. Eles mostram o Sol da mesma forma que 
nossos olhos veem, barrando 99,99% da luz da nossa estrela, 
para que a câmera consiga fotografá-la sem que o sensor derreta 
e sem estourar a imagem. Esses filtros mostram principalmente 
as manchas solares (Ilustração 49). Com muito aumento e uma 
excelente câmera captam também os grânulos solares, zonas de 
convecção que num telescópio amador lembram grãos de arroz 
na superfície solar. 
Os filtros de Luz branca devem ser sempre colocados à 
frente da objetiva, nunca após ela, pois a condensação da luz 
solar pode esquentar muito o filtro e derretê-lo se ele ficar 
imediatamente à frente do sensor da câmera. E depois que o 
filtro derrete, o próximo é o sensor da câmera. 
Em complemento a um bom filtro de luz branca, você 
pode utilizar um filtro chamado Continuum, cuja função é 
realçar os grânulos solares. O filtro Continuum pode ser usado 
logo à frente do sensor, mas nunca sem o filtro de luz branca. 
Este filtro também pede telescópios de maior abertura e 
câmeras de ponta para realmente destacar os grânulos. 
 
 
Ilustração 49: Imagem solar feita com o uso de filtro de 
luz branca. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
164 
 
Filtros H-alpha solares: se os filtros de luz branca são os 
mais populares em Astrofotografia solar, os filtros H-alpha são 
os mais desejados. Eles mostram não apenas as manchas 
solares, mas também espículas, filamentos, erupções (Ilustração 
50) e proeminências. Esses filtros conseguem esse feito porque 
literalmente conseguem apagar a fotosfera solar, que é mostrada 
pelos filtros de luz branca, e deixar somente a cromosfera à 
vista, que é onde ocorrem estes eventos. 
É curioso o fato de que a cromosfera está acima da 
fotosfera, mas ela é transparente e o brilho muito superior da 
fotosfera, logo abaixo, faz com que a cromosfera fique invisível 
para filtros com luz branca. Se você quer entender este 
fenômeno, repare na televisão da sua casa. Os LEDs que 
iluminam a televisão quando ela está ligada são a fotosfera e a 
placa de vidro sobre eles é a cromosfera. Quando a televisão 
está ligada, você não vê nada da placa de vidro, mas quando 
você desliga a televisão é possível reparar na poeira ou mesmo 
marcas de dedo sobre o vidro. É isto que um filtro H-alpha faz 
com o Sol, apaga o brilho da fotosfera para você ver o que há 
Ilustração 50: Borda do Sol com a presença de grande erupção escapandoda 
cromosfera. Esse tipo de imagem só é possível com a utilização de filtros H-alpha 
solares. 
 Rodrigo Andolfato 
165 
 
acima dela, a cromosfera. 
 
É importantíssimo dizer que filtros H-alpha solares não 
têm absolutamente nada a ver com filtros H-alpha para 
Astrofotografia de céu profundo. Os filtros H-alpha solares 
bloqueiam uma quantidade imensa da luz solar branca, que um 
filtro de Astrofotografia para céu profundo deixaria passar. 
Eu já vi muita gente com um filtro de luz branca falar em 
adquirir um filtro H-alpha de céu profundo para tentar ver as 
erupções solares. Isso não funciona. Antes da luz chegar ao 
filtro H-alpha de céu profundo, o filtro de luz branca já 
eliminou quase toda a luz da cromosfera também, impedindo 
qualquer visualização que seria possível com os filtros H-alpha 
solares normais. 
Algo legal sobre os filtros H-alpha solares é que, ao 
contrário dos filtros H-alpha para céu profundo, eles também 
permitem excelentes observações visuais ao telescópio e não se 
prestam apenas a Astrofotografia. E observar o Sol através de 
um filtro H-alpha solar é uma das experiências mais incríveis 
que você vai ter, aliado ao enorme prazer de compartilhar isso 
com outras pessoas, muitas vezes amigos e familiares que 
jamais imaginariam poder ter uma visão dessas do quintal de 
suas casas. 
A grande desvantagem dos filtros H-alpha em relação aos 
filtros de luz branca está no preço. Eles são dezenas, até 
centenas de vezes mais caros do que os filtros de luz branca. 
Filtros de luz branca podem ser encontrados até em folhas que 
são vendidas por poucas dezenas de dólares cada folha de 
25x25cm. Um filtro H-alpha solar deste tamanho custaria o 
preço de um automóvel. A grande maioria dos astrofotógrafos 
que fazem imagens com filtros H-alpha solares usam modelos 
pequenos, com até 90mm de abertura. 
 
Dentro do mercado de filtros H-alpha você pode adquirir 
somente o filtro H-alpha, para colocar na frente da objetiva do 
telescópio, ou adquirir um telescópio solar H-alpha 
propriamente dito. Estes telescópios já possuem o filtro 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
166 
 
integrado a seu corpo, e geralmente acompanham buscadoras 
solares, apropriadas ao trabalho de apontar para o Sol. Os 
fabricantes de telescópios e filtros solares mais populares são 
Lunt, Meade (com a marca Coronado), Daystar e Solarscope. 
Os filtros H-alpha possuem duas especificações que você 
deve ficar atento na hora da compra: 
 
Bandpass – é medido em angstrons. Indica a faixa de luz 
que o filtro deixa passar. Quanto menor, mais detalhes da 
cromosfera o filtro irá mostrar. Os telescópios H-alpha solares 
mais baratos possuem geralmente 1 angstron de band pass. Os 
mais caros podem chegar a 0,3 angstron. 
 
Blocking Filter – indica a distância focal que o telescópio 
em que você usará o filtro deve possuir. Ela pode vir de duas 
formas, com a sigla BF (Coronado) ou B (Lunt). O número que 
vier depois indica a distância focal máxima dividido por 100 no 
Coronado ou somente a distância focal num Lunt. 
Exemplificando: um filtro Coronado BF5 deve ser usado com 
um telescópio de no máximo 500mm de distância focal, 
enquanto o equivalente da Lunt seria um B500. 
 
O blocking filter ser BF5 ou BF10 não afeta a qualidade 
da imagem, apenas diz que o primeiro filtro tem um limite de 
500mm na distância focal do telescópio onde ele será usado, 
enquanto o segundo pode ser usado num telescópio com 
distância focal de até 1000mm. Ao se adquirir telescópios 
solares e não somente o filtro, você não tem que se preocupar 
com o Blocking Filter, pois ele já vem dimensionado para o 
telescópio, mas é importante saber está especificação quando 
você compra somente o filtro para adaptar num telescópio 
normal. 
 
Os filtros H-alpha solares podem possuir módulos de 
double-stacking, que permitem tornar a faixa de captação ainda 
mais estreita. Por exemplo: um double-stacking reduz a faixa de 
um filtro H-alpha de 0,7 angstrons para 0,5 angstron, 
 Rodrigo Andolfato 
167 
 
aumentando os detalhes da cromosfera. Mas é importante saber 
que os módulos de double-stacking nunca podem ser usados 
sozinhos. Eles são um complemento, não um filtro em si. 
 
Apesar de caros, os filtros H-alpha têm se popularizado 
nos últimos anos, tornando-se os preferidos dos astrofotógrafos 
solares mais avançados. Estes filtros mostram detalhes únicos 
do Sol, fora do alcance dos filtros de luz branca. 
 
A forma mais barata de se ter um filtro H-alpha é adquirir 
os modelos mais populares de telescópios solares H-alpha da 
Lunt e Coronado. A Coronado oferece o Coronado PST 
(Personal Solar telescope), modelo de 40mm de abertura com 
um filtro H-alpha um pouco menor inserido no meio do 
caminho entre a objetiva e o porta ocular (primeira imagem da 
Ilustração 51). O Lunt tem menos abertura, 35mm, mas o filtro 
H-alpha está à frente do telescópio. Esses dois modelos 
parecem pequenos, mas são mais do que o suficiente para 
Ilustração 51: Na primeira imagem, vemos um telescópio solar H-alpha Coronado PST de 
40mm sobre uma montagem EQ5. Na segunda imagem, este mesmo telescópio foi anexado 
a um refrator de 102mm com um filtro C-ERF acoplado à objetiva, transformando-se num 
telescópio H-alpha de 102mm. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
168 
 
excelentes fotos e observações solares. Eles custam entre 600 e 
700 dólares. 
 
Existe uma forma de se usar filtros solares H-alpha logo à 
frente do sensor da câmera, sem prejudicar seu equipamento, 
tornando possível usar um telescópio de 200mm para se fazer 
imagens espetaculares mesmo com um filtro H-alpha de 40mm, 
ou mesmo o do Coronado PST. O segredo está num filtro 
chamado C-ERF, cuja função é barrar somente o calor gerado 
pela luz solar. O filtro C-ERF é utilizado para que você possa 
colocar um outro filtro, logo à frente do sensor e ter a certeza de 
que este filtro não irá ser danificado devido ao calor dos raios 
solares. Assim, é possível utilizar filtros H-alpha menores em 
telescópios maiores sem o risco de derreter o filtro e conseguir 
resoluções incríveis. Um procedimento que astrofotógrafos 
realizam é adaptar um Coronado PST a um telescópio maior e 
colocar um filtro C-ERF à frente da objetiva (Ilustração 51), 
 
Ilustração 52: Imagem do Sol feita com filtro Calcium-K 
 Rodrigo Andolfato 
169 
 
sendo possível produzir imagens espetaculares com uma fração 
do custo de um filtro H-alpha maior. 
 
Filtro Calcium-K: em relação aos filtros solares 
anteriores, é de longe o menos conhecido e tem um mercado 
muito mais restrito. Filtros Calcium-K são tão caros quanto os 
filtros H-alpha. Eles mostram detalhes até interessantes do Sol, 
ao tornar visíveis diferenças entre os grânulos solares invisíveis 
para os filtros de luz branca e H-alpha. Também são capazes, 
com algum esforço, de mostrar erupções ou proeminências 
solares mais brilhantes que estejam na borda do disco solar, mas 
não conseguem mostrar proeminências que estejam à frente do 
Sol. Para quem quer registrar proeminências e erupções solares, 
um filtro H-alpha é muito mais indicado. Normalmente, 
astrofotógrafos que adquirem filtros Calcium-k são aqueles 
mais apaixonados por fotografia solar, já possuem os outros 
dois filtros e desejam incrementar seus trabalhos ainda mais. 
 
Enquanto um filtro H-alpha ou de luz branca funciona 
perfeitamente para observação visual, é extremamente difícil 
conseguir ver algo com um filtro Calcium-K, o que o torna um 
filtro exclusivamente para Astrofotografia. 
 
Buscadoras: são pequenas lunetas que são acopladas ao 
telescópio, com a função de ajudar a encontrar o objeto que se 
pretende fotografar ou observar. Isso é possível porque, como as 
buscadoras têm bem menos aumento do que o telescópio 
principal, também têm muito mais campo, facilitando colocar o 
objeto em seu campo de visão. Geralmente, também possuem 
um retículo, que forma uma mira, indicando o centro do campode visão. 
Alguns podem até pensar que um telescópio com GoTo 
dispensa o uso de uma buscadora. Eu lhe digo que o GoTo 
diminui significativamente a dependência da buscadora e, é 
claro, facilita o trabalho de encontrar objetos. Mas depender do 
GoTo pode acabar numa dor de cabeça imensa, quando você 
manda a montagem encontrar um objeto e ele não aparece no 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
170 
 
campo do sensor. Isso pode acontecer principalmente se o 
telescópio for de grande distância focal. 
A minha buscadora preferida é a de 50mm de abertura 
com um espelho ou prisma que desvia a luz em noventa graus. 
Acho o prisma fundamental. Quando você está procurando algo 
no Zênite, usar uma buscadora sem prisma te obriga a ficar em 
posições desconfortáveis ao tentar olhar pela buscadora. Já a 
abertura de 50mm permite que você veja muito mais estrelas de 
referência e até objetos celestes que são invisíveis a olho nu. 
Além de pequenas lunetas, existem outros tipos de 
buscadora, como as red dots, que projetam uma mira numa 
janela de vidro. Estas buscadoras têm seus fãs, mas são mais 
aconselháveis para fotografia planetária ou de outros objetos 
muito brilhantes. Para objetos pálidos, escondidos no meio de 
estrelas pouco luminosas, uma luneta de 50mm de baixa 
distância focal é muito mais eficiente. Além disso, as red dots 
precisam de bateria para funcionar e podem te deixar na mão 
numa noite importante, porque é particularmente fácil esquecer 
esta buscadora ligada na hora de guardar as coisas. 
 
Fitas/Cintas térmicas: um astrofotógrafo que já tenha 
feito registros em áreas de zona rural sabe que uma noite de 
Astrofotografia pode ser arruinada pela umidade da madrugada. 
Quando a umidade atinge o ponto de orvalho, ela pode embaçar 
lentes ou espelhos dos telescópios. Para quem não estiver 
preparado contra isto, é o fim da noite. 
Não é raro vermos astrofotógrafos usando um secador de 
cabelo ou papel higiênico para enxugar a óptica de setups 
astrofotográficos. Nenhum desses procedimentos é totalmente 
aconselhável, principalmente o papel higiênico. Mesmo que o 
papel seja do tipo extra macio, uma partícula de poeira feita de 
quartzo ou coisa parecida pode estar sobre a lente e quando 
você passar o papel, corre o risco de esfregar esse pedaço de 
vidro em sua óptica. 
Uma cinta térmica nada mais é do que uma tira de tecido 
com seu interior preenchido por fios metálicos, que aquecem ao 
serem ligados à energia elétrica. Esta cinta envolve o telescópio, 
sendo colocada perto de onde está a óptica, mantendo a 
 Rodrigo Andolfato 
171 
 
temperatura do tubo mais alta que a do ambiente. Isto impede 
que a umidade condense sobre a óptica, garantindo ao 
astrofotógrafo uma noite muito mais tranquila, sem lentes ou 
espelhos embaçados. É aconselhável que você coloque uma 
cinta térmica em volta do telescópio de captura e também do 
telescópio de guiagem, se estiver usando autoguiagem. 
Cintas térmicas são vendidas em muito tamanhos, 
podendo ser usadas com telescópios de 50mm, pequenas lentes 
ou até mesmo com grandes refletores. As cintas mais comuns 
são modelos que se conectam a dispositivos controladores, que 
permitem usar duas ou quatro cintas térmicas numa única 
tomada, mas algumas cintas podem ser ligadas diretamente na 
energia elétrica. A vantagem do uso dos controladores é que 
você só precisa de um ponto de energia para todas as cintas. A 
desvantagem é que você tem que adquirir os controladores à 
parte, que no Brasil são difíceis de achar. Além disso, quando os 
controladores estragam, comprometem todo o sistema. Eu estou 
enfatizando isto porque já tive um controlador que estragou, me 
deixando com lentes embaçadas bem no meio de uma viagem 
astrofotográfica. 
Para quem tem um pouco de familiaridade em trabalhar 
com equipamentos elétricos, uma cinta térmica é bastante fácil 
de fazer, mas não tente confeccionar uma se não tiver certeza 
que sabe o que está fazendo. Afinal, você está mexendo com 
eletricidade e calor. 
 
Computador portátil: um notebook é um acessório 
fundamental para Astrofotografia digital. Seu uso é obrigatório 
com CCDs dedicadas para céu profundo ou câmeras planetárias, 
pois elas só funcionam conectadas a um computador rodando 
um software de captura. Este software pode ser um programa 
proprietário, desenvolvido pelo fabricante da câmera, ou um 
programa de terceiros. Será através desses softwares que você 
controlará estas câmeras, definindo o tempo de exposição, 
número de frames e sensibilidade. Além disso, será através do 
computador que você verá o que a câmera captura, ajustando 
enquadramento, foco e orientação da imagem. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
172 
 
Com uma DSLR é possível até dispensar o notebook 
durante a captura, pois essa câmera possui um visor LCD em 
seu corpo. Além disso, é possível controlar os tempos de 
exposição, número e intervalos entre os frames através de um 
intervalômetro ou mesmo com um software instalado na 
câmera, que pode ser o nativo ou um feito por terceiros. Um 
muito popular é o Magic Lantern, software gratuito feito para 
DSLRs da Canon, que acrescenta vários recursos a estas 
câmeras, inclusive o intervalômetro. 
Mas mesmo com uma DSLR, ter um notebook traz várias 
vantagens. Você terá à disposição uma tela muito maior do que 
a das DLSRs, podendo ver as imagens prévias com muito mais 
detalhes para ajustar o foco, o enquadramento e como está o 
acompanhamento com muito mais precisão. Além disso, muitos 
softwares trazem recursos interessantes que ajudam na captura, 
como análise do foco e alinhamento. E você vai precisar de um 
notebook para um bom sistema de guiagem. O uso de uma 
DSLR para Astrofotografia sem computador só vale a pena se 
você está interessado num setup ultra portátil. 
Um cuidado que se deve ter com computadores portáteis é 
em relação à luz que estes dispositivos emitem. Essa luz pode 
ser captada pela objetiva de seu tubo óptico e chegar ao sensor 
de sua câmera, ou mesmo nos equipamentos de outros 
astrofotógrafos que estejam próximos. Num encontro com 
muitos astrofotógrafos, pode haver uma aglomeração de 
computadores, atrapalhando uns aos outros. 
Por isso, não deixe de adquirir uma placa de acrílico da 
cor vermelha para seu notebook. A luz vermelha é a que menos 
agride a visão humana e a placa também reduzirá o brilho de 
seu monitor. Você também pode usar papel-celofane, mas este 
material prejudica muito a visualização da tela. 
 
Se você for usar um notebook durante as sessões de 
captura, dois acessórios que farão muita falta serão uma mesa e 
uma cadeira. Astrofotografar com o notebook no chão não é 
nada recomendado, muito menos se o chão for de terra ou 
grama e, mesmo que você tenha uma mesa, passar a noite toda 
em pé ao lado do telescópio também não é das melhores 
 Rodrigo Andolfato 
173 
 
experiências. Nessas horas, nada substitui uma boa mesa e uma 
cadeira. É claro que se você vai precisar se deslocar de carro 
para um local distante, o ideal será que ambas sejam do tipo 
dobrável. Devido à umidade em zonas rurais também é 
aconselhável que a mesa e a cadeira sejam totalmente 
produzidas em material impermeável. Evite cadeiras 
acolchoadas, revestidas de tecido que possa absorver água. Uma 
cadeira de praia também é um acessório bem interessante 
quando fotografando longe de casa ou mesmo de seu quintal, 
principalmente para as astrofotógrafos de céu profundo. 
Durante o tempo em que o setup está capturando, que pode 
levar horas, ter um lugar aconchegante para relaxar pode ser 
algo muito interessante. Mas lembre-se que a cadeira de praia 
geralmente é indicada para momentos de descanso, não sendo 
adequada para o uso quando se está trabalhando no computador. 
 
Um computador não será útil somente na captura. Este 
equipamento é fundamental na hora de integrar e processar suas 
imagens. Sendo recomendável para esta fase, que o hardware 
tenha um poder razoável de processamento.Não precisa ser um 
desktop com dezesseis núcleos e duas placas de vídeo 
dedicadas, mas que seja no mínimo um notebook atual, capaz 
de rodar os softwares de processamento sem travar, se possível 
com duas vezes a memória RAM média do mercado. Se você 
começar a ter problemas na hora de integrar ou aplicar ações em 
suas imagens durante o tratamento final, pode ser que esteja na 
hora de trocar de computador. 
Algo que vai te dar um certo trabalho quando você 
começar a ter uma grande produção em Astrofotografia é o 
armazenamento de seus arquivos. Astrofotografia consome muit 
espaço em disco, seja ela de céu profundo ou planetária. Você 
tem que tirar muitas fotos, fazer frames de calibração. Esses 
arquivos são salvos sem compressão, e ocupam muito mais 
espaço do que imagens JPEG. E quando você começa a tratar a 
imagem final, não raro constrói uma coleção de arquivos 
enormes, no formato Tiff ou Fits até encontrar o ajuste ideal. O 
recomendado hoje é que você tenha pelo menos um Terabyte 
disponível de espaço em disco. Se o disco rígido de seu 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
174 
 
computador não tiver muito espaço, adquira um disco externo 
de grande capacidade. Este acessório é interessante mesmo para 
quem possui mais espaço no computador, pois permite também 
o backup de suas imagens. 
A quase totalidade dos softwares de Astrofotografia é feita 
para o sistema operacional Windows®. Por isso, mesmo que 
você odeie o sistema operacional da Microsoft (o que, em 
minha opinião, é totalmente compreensível), praticar 
Astrofotografia em outro sistema operacional poderá revelar-se 
uma tarefa ingrata. Não abra mão de ter o Windows® em seu 
computador, mesmo que seja como segundo sistema 
operacional em alguma partição extra. 
 
Binóculos: um bom par de binóculos pode ser um 
companheiro muito interessante para o astrofotógrafo, 
principalmente para aqueles que não usam ou não têm GoTo em 
suas montagens. Binóculos ajudam você a localizar galáxias ou 
nebulosas mais pálidas que pretende fotografar. Muitos objetos 
celestes imperceptíveis a olho nu são visíveis num bom 
binóculo que tenha uma abertura de 50mm e um aumento de 7 
ou 10 vezes. E mesmo que os objetos não sejam visíveis ao 
binóculo, eles mostram muito mais estrelas, permitindo 
localizar com mais precisão o alvo. Por fim, mesmo que você 
tenha o sistema de GoTo perfeitamente alinhado em sua 
montagem, um bom binóculo pode ser uma forma interessante 
de passar o tempo enquanto está esperando o fim das 
exposições. 
Binóculos normalmente são classificados através de dois 
números separados por um sinal de vezes. O primeiro número 
se refere à capacidade de aumento do binóculo e o segundo à 
abertura das lentes objetivas. Por isso, um binóculo 10x50 é um 
binóculo que aumenta dez vezes e tem objetivas com 50mm de 
diâmetro. Evite binóculos cujos diâmetros das objetivas, em 
milímetros, seja menos do que cinco vezes maior do que o 
aumento, pois serão binóculos escuros para observação celeste. 
Talvez sejam bons para serem utilizados durante o dia, mas não 
para varrer o céu a procura de objetos pálidos. 
 Rodrigo Andolfato 
175 
 
Evite também binóculos que tenham zoom. O recurso de 
zoom traz uma série de problemas, diminui o campo de visão, 
escurece a imagem e, geralmente, quando o recurso é aplicado, 
o binóculo fica vesgo, além da imagem tremer muito se não 
estiver num tripé, causando tontura e dor de cabeça. 
 
Lanternas são acessórios cuja importância não deve ser 
subestimada. Afinal, a sessão astrofotográfica, principalmente 
de céu profundo, deve ser feita com o mínimo de luz possível e 
você precisa conseguir enxergar os instrumentos para poder 
manuseá-los. O ideal é usar lanternas fracas e com luz 
vermelha. Se a luz de sua lanterna não for vermelha, papel-
celofane vermelho e fita adesiva resolvem. 
Se você estiver na companhia de outros astrofotógrafos, o 
ideal é que a luz de sua lanterna seja bastante suave e ilumine 
somente o suficiente para que você consiga enxergar os 
equipamentos que estiver operando. 
Lanternas de cabeça são acessórios bastante interessantes, 
pois deixam as mãos livres para que você possa manusear todo 
o equipamento, mas estas lanternas têm o seu uso restrito em 
sessões com outros astrofotógrafos presentes. Lanternas de 
cabeça ficam numa altura muito próxima da entrada de luz dos 
telescópios ou mesmo lentes de fotografia. Se você estiver 
usando uma lanterna de cabeça, evite ficar andando próximo a 
telescópios com ela ligada, isso pode destruir frames de seus 
colegas e eles não costumam ficar felizes com isso. 
 
Lonas: usar uma lona ou outro tipo de tecido sobre o 
chão em que será montado o seu equipamento astrofotográfico é 
algo importante quando você estiver fotografando sobre a 
grama ou terra batida. Nestes casos, cobrir o chão onde você vai 
instalar seu setup tem algumas funções interessantes. Diminui a 
umidade que poderá atingir o seu equipamento e embaçar a 
óptica (principalmente ao se fotografar sobre grama). Também 
reduz a sujeira que seu equipamento acumulará, principalmente 
caso alguma peça caia no chão, além de tornar mais fácil 
encontrar essas mesmas peças quando elas caem, 
principalmente parafusos pequenos. Por fim, a instalação de 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
176 
 
uma lona no chão ajuda a delimitar a sua área de trabalho, 
diminuindo a possibilidade de que algum desavisado passeando 
pela área de fotografia esbarre em seu telescópio. 
É importante que o material da lona seja resistente e 
aguente o peso dos pés do tripé ou pilar de seu setup sem rasgar, 
caso contrário, a lona aguentará poucas noites de 
Astrofotografia. É interessante também que o tecido seja ou 
possa ser atravessado por ganchos, que serão enterrados no 
chão, para evitar que o vento noturno levante a lona, 
atrapalhando a sessão astrofotográfica. 
Como montar, desmontar e alinhar um setup 
astrofotográfico avançado em campo é algo muito trabalhoso, 
ao fim de sessões astrofotográficas, você pode querer manter os 
componentes mais pesados no local para continuar fotografando 
na próxima noite sem ter que montar e alinhar tudo de novo. 
Neste caso é importante também que você tenha uma capa 
para colocar sobre o equipamento durante o tempo em que 
ele estará parado. Pois você precisa proteger o conjunto da 
poeira e do Sol durante o dia. Deixar um telescópio e montagem 
o dia todo debaixo do sol, ainda mais no Brasil, pode até 
mesmo derreter ou empenar componentes de seu equipamento. 
E a poeira diminuirá a vida útil de sua montagem. Para esta 
função, a capa não precisa ser de um tecido resistente como a 
lona que ficou sob o tripé durante a noite, afinal, ninguém vai 
pisar em seu telescópio durante o dia. Mas é importante que o 
tecido seja impermeável, principalmente se houver a mínima 
possibilidade de chuva no local e que também seja reflexivo, 
para não deixar que os raios solares esquentem o equipamento. 
Algo muito ruim que pode acontecer é essa capa absorver 
energia solar e acabar derretendo sob o seu telescópio. Se for de 
um plástico muito ruim e num dia de muito calor, isso não é 
impossível de acontecer. Afinal, ela ficará por horas absorvendo 
calor. 
Também é importante que essa capa possa ficar bem presa 
ao telescópio. De nada adianta ela ser de um tecido resistente, 
impermeável e reflexivo se durante o dia ela for levada pelo 
vento. Pior ainda se ela se soltar parcialmente e com um forte 
vento ficar puxando seu equipamento como um paraquedas. 
 Rodrigo Andolfato 
177 
 
Pode até acontecer de a capa fazer todo o seu equipamento 
despencar. Procure uma capa que possa ser bem amarrada e leve 
algum tipo de cordão junto, para prendê-la sobre o tripé ao fim 
da sessão astrofotográfica. Se a capa tiver um elástico para esta 
função, também é interessante. 
 
Compatibilidade do diâmetro de acessórios e 
adaptadores 
Uma característica dos acessórios que ficam entre o portaocular de seu telescópio e o sensor da câmera é que estes 
equipamentos, bem como o próprio porta ocular, costumam ter 
dois tamanhos padrão em seu encaixe: 1,25 ou 2 polegadas. 
Muitos telescópios vêm com porta oculares de 1,25 polegadas, 
enquanto outros possuem porta oculares com diâmetro de 2 
polegadas. Se o seu telescópio veio com um porta ocular de 2 
polegadas, não haverá muita dificuldade em usar filtros, rodas 
de filtros ou extensores e redutores focais tanto de 2 como de 
1,25 polegadas. Mas se o seu porta ocular é de 1,25 polegadas, 
usar acessórios de duas polegadas é bastante complicado e pode 
causar grande vinhetagem na captura, pois parte da luz pode ser 
bloqueada. 
A vantagem de se usar acessórios de 2 polegadas está 
diretamente ligada ao tamanho do sensor de sua câmera. Se ele 
possui mais de 1 polegada de diagonal, acessórios de duas 
polegadas são obrigatórios, caso contrário, a imagem gerada por 
sua câmera terá vinhetagem. Mas se o sensor de sua câmera for 
pequeno, como em câmeras planetárias, o uso de acessórios de 
1,25 polegadas é permitido. 
Existem basicamente duas vantagens de se usar acessórios 
e adaptadores de 1,25 polegadas. Eles são bem mais baratos – 
filtros de 2 polegadas custam em média duas vezes mais caros 
do que seus correspondentes de 1,25 polegadas – e também são 
mais leves. São duas vantagens consideráveis. Mas se você 
fotografa céu profundo, mesmo que tenha uma câmera com 
sensor pequeno, pense bem se no futuro não existe a chance de 
você trocar sua câmera por uma com sensor maior. Essa é uma 
evolução natural de todo astrofotógrafo de céu profundo. 
Adquirir acessórios de duas polegadas evitará que você tenha 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
178 
 
que trocar considerável parte de seu equipamento quando 
substituir sua câmera por uma que precise de acessórios de duas 
polegadas. 
 
Observatórios amadores 
 
A construção ou mesmo aquisição de um observatório 
amador traz uma série de vantagens para o astrofotógrafo. Uma 
delas é a possibilidade de manter a montagem sempre na 
mesma posição, sem ter que se preocupar em alinhar com o 
polo a cada sessão. Ter tudo pronto antes de começar a 
fotografar vai economizar muito do seu tempo antes de cada 
sessão. Poder também simplesmente fechar o teto do 
observatório na hora de encerrar as atividades é muito melhor 
do que ter que guardar tudo. Ainda mais se você já estiver 
caindo de sono. 
Um observatório amador também trará mais segurança e 
conforto principalmente na época das chuvas. Poucas coisas são 
tão chatas quanto montar todo o seu setup e o céu nublar assim 
que você está pronto para começar os registros. E se você 
começa a sentir pingos quando o seu setup está todo montado, 
as coisas podem ficar um pouco mais preocupantes. Poder 
fechar imediatamente o seu observatório e esperar por melhores 
céus, ou poder começar a fotografar rapidamente numa noite 
que o céu começa nublado, mas abre após algumas horas, é uma 
vantagem enorme. 
Um observatório amador pode consistir simplesmente de 
um espaço fechado, com um teto móvel que permita uma 
abertura suficiente para que você possa fazer registros 
fotográficos ou observações com seu telescópio. Esta abertura 
pode ser parcial ou total, mas, caso seja parcial, é necessário 
que o teto tenha mobilidade para permitir apontar o telescópio 
para todas as direções, como nos observatórios com cúpulas. 
Um observatório amador deve ter espaço tanto para seu 
telescópio quanto para o astrofotógrafo. O conforto deve ser 
levado em conta, porque praticar Astrofotografia sem conforto 
pode levar você até a abandonar a atividade. Você precisa de 
 Rodrigo Andolfato 
179 
 
espaço também para uma pequena mesa ou local onde possa 
operar seu computador. É claro que no caso de um observatório 
controlado remotamente, não é necessário espaço para a mesa, 
mas é importante que o astrofotógrafo possa entrar para fazer 
ajustes e manutenção no equipamento. 
Alguns astrônomos amadores ou astrofotógrafos 
constroem observatórios bastante compactos em que cabe 
somente o telescópio. Estes observatórios possuem rodas, 
colocadas ou não sobre trilhos, que permitem retirar a cobertura 
sobre o telescópio, trabalhando ao ar livre, e recolocá-la ao fim 
da sessão, enquanto o telescópio permanece fixo. 
Num observatório amador é bastante recomendado que 
você troque o tripé de sua montagem por um pilar. Os tripés 
ocupam muito espaço e ficam numa posição em que é muito 
fácil chutar um deles durante um momento de distração. Um 
pilar deixará muito mais espaço para você e seu computador. A 
construção de um pilar fixo, chumbado no chão, é ainda melhor 
do que um pilar móvel, pois um pilar móvel pode precisar de 
pés laterais, que podem se estender por até um metro de 
diâmetro, para manter o conjunto em equilíbrio. 
A construção de um observatório amador vai depender 
das condições e também das necessidades do astrofotógrafo. Ele 
pode ser de madeira, concreto ou de fibra. Algumas empresas 
vendem observatórios em forma de cúpulas moduláveis, que 
você pode montar em seu quintal. Eles são feitos de fibra e 
podem ser uma solução interessante se você não quer ter as 
dores de cabeça típicas de uma construção em alvenaria. Até 
por que não é fácil encontrar profissionais da construção que 
entendam as necessidades de um astrofotógrafo amador. 
 
Onde adquirir equipamentos para Astrofotografia 
 
Por ser onde você encontrará mais opções, o mais 
recomendado na hora de adquirir equipamentos 
astrofotográficos é comprar pela Internet, ou pelo menos decidir 
qual telescópio e câmera comprar após muita pesquisa e só 
adquirir numa loja física, se for realmente aquilo que você 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
180 
 
escolheu após ter analisado todas as opções. Isso acontece 
porque existem pouquíssimas lojas físicas no mundo (ou talvez 
nem existam) que são capazes de atender de pronto todas as 
demandas de um astrofotógrafo. 
Evite com todas as forças comprar telescópios, montagens 
e acessórios em lojas não especializadas em equipamentos 
astronômicos, principalmente lojas de departamentos, livrarias 
ou lojas de presentes em shoppings. Quase sempre nada do que 
essas lojas vendem atenderá as necessidades do astrofotógrafo 
sério. Os telescópios e montagens oferecidos nestas lojas estão 
lá com o objetivo de capturarem aquele público que tem um 
interesse grande por Astronomia, mas que não fizeram pesquisa 
alguma antes de entrarem na loja. Muitas vezes, são telescópios 
até bonitos, feitos para atrair a atenção das pessoas. Algumas 
vezes nem isso. No geral, são equipamentos frágeis, de marcas 
ruins, incompatíveis com o padrão dos acessórios das empresas 
sérias, e com óptica simplória. 
Mas, em compensação, hoje existem excelentes sites de 
equipamentos astronômicos no mundo, com todo tipo de 
telescópio, montagem e câmera que você possa imaginar. Esses 
sites vendem de pequenos refratores acromáticos, que custam 
algumas dezenas de dólares e podem ser usados como 
telescópio de guiagem, até enormes refletores ou 
apocromáticos, vendidos por algumas dezenas de milhares de 
dólares. 
A globalização foi, junto com a informática, um dos 
acontecimentos que mais trouxe benefícios à Astrofotografia 
amadora, permitindo a um astrofotógrafo brasileiro receber seu 
equipamento adquirido num site alemão em poucos dias. É 
claro que em nosso país nós pagamos um preço alto quando 
queremos que as coisas cheguem rápido. Os modos mais 
acelerados de envio geralmente mais do que dobram o preço 
dos equipamentos. Além disso, temos limites nos valores de 
importação. Fazendo encomendas acima de 500 dólares em 
sites estrangeiros, já é necessário uma empresa para 
desembaraçar o produto na alfândega e não se surpreenda se o 
exército confundir seu telescópio com algum tipo de arma e 
apreendê-lo, sem qualquer tipo de ressarcimento. 
 Rodrigo Andolfato 
181 
 
Abaixo, alguns sites no exterior que entregamno Brasil. 
http://www.teleskop-express.de/ 
http://www.optcorp.com/ 
http://www.astroshop.eu/ 
http://www.bhphoto.com 
 
Em alguns países desenvolvidos, como Estados Unidos e 
Alemanha, existem boas lojas de equipamentos astronômicos. 
Nestas lojas é possível comprar bons telescópios, montagens e 
até mesmo câmeras dedicadas a Astrofotografia, mas mesmo 
nesses estabelecimentos, você pode estar limitado a algumas 
poucas opções se quiser sair da loja com o equipamento que 
deseja, sendo necessário encomendar o equipamento. O 
problema é que se você for um brasileiro em trânsito no país, 
pode ser que o tempo para o produto chegar seja maior do que o 
tempo que você vai permanecer na cidade onde está a loja. O 
segredo é você adquirir o equipamento no site da loja antes da 
viagem e mandar entregar na loja ou mesmo no hotel aonde vai 
se hospedar. A maioria dos bons hotéis no exterior recebe 
encomendas para o hóspede antes da chegada, mas é sempre 
bom entrar em contato com o hotel e consultar os 
procedimentos antes de fazer a encomenda. A UPS, popular 
serviço de entrega, tem um serviço em que o cliente pode pegar 
a encomenda numa agência escolhida durante sua viagem. 
 
O Brasil possui pouquíssimos sites de venda de 
equipamentos astronômicos. Para piorar, esses sites, 
geralmente, não têm muitas opções e levam meses para repor 
estoques. Mas a boa notícia é que, hoje, esses sites conseguem 
importar diretamente da Ásia, permitindo preços bem inferiores 
aos que cobrariam caso tivessem que trazer esses produtos 
através dos Estados Unidos ou Europa, como acontecia há 
alguns anos. Em muitos casos, quando é possível encontrar o 
produto desejado em sites nacionais, vale mais a pena comprar 
no Brasil do que encomendar de um site estrangeiro, embora 
ainda seja mais caro do que quando você consegue comprar lá 
fora, durante uma viagem. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
182 
 
 
Uma opção muito interessante às lojas são fóruns e 
grupos de Astronomia em redes sociais. O mercado de produtos 
usados em Astronomia é bastante ativo, sendo possível adquirir 
montagens, telescópios e até câmeras CCD usadas por preços 
bem inferiores aos encontrados nas lojas, muitas vezes em 
estado de novo. 
 
Descobrindo se você comprou o equipamento certo 
 
A grande maioria dos novos astrofotógrafos vai descobrir 
se comprou o equipamento certo na hora da captura. Existem 
dois indicadores para mensurar o sucesso de suas aquisições de 
equipamentos astrofotográficos: o resultado de suas fotos e o 
nível de stress que você está sendo submetido na hora da 
captura. É claro que os resultados tendem a melhorar com a 
prática, bem como quanto maior o domínio que você tiver sobre 
o equipamento, menos estressante e mais agradável serão suas 
noites astrofotográficas. Entretanto, se após vários meses e 
muitas sessões de captura com o seu equipamento, você 
perceber que nem os resultados estão evoluindo e nem o stress 
está diminuindo, alguma coisa pode estar errada com o seu 
conjunto astrofotográfico. 
Não é raro vermos astrofotógrafos amadores insistindo 
por anos em equipamentos ruins. Os motivos são os mais 
variados: teimosia, vontade de justificar o gasto, ou de provar 
que aqueles que criticaram sua compra estavam errados. O 
maior problema nessa história é que, após anos de frustração, 
não é raro que desistam da Astrofotografia, alegando que a 
atividade é impossível, sendo que, com o equipamento certo, é 
um dos trabalhos mais agradáveis que existe. 
Um outro erro muito comum, mas num sentido contrário, 
é correr para fazer upgrades sem usar o equipamento em todo o 
seu potencial. Muitos astrofotógrafos, ansiosos por fotos 
melhores, se desfazem de bons equipamentos sem terem 
realmente produzido o que o material é capaz, gastando muito 
dinheiro e muitas vezes de forma errada. A dica é: uma vez que 
 Rodrigo Andolfato 
183 
 
você adquiriu seu equipamento astrofotográfico, tire o máximo 
dele antes de pensar em adquirir outro telescópio ou câmera. A 
não ser que tenha identificado ter feito uma compra errada. 
 
Cuidando de seu equipamento 
 
Agora que você gastou uma boa grana com seu 
equipamento astrofotográfico, algo importantíssimo a se pensar 
é n conservação do mesmo. Tratam-se de instrumentos de 
precisão, geralmente caros e delicados, que você pretende 
usufruir por anos ou revendê-los por um preço próximo ao que 
pagou por eles. Por isso, vale a pena tratá-los com carinho. 
O cuidado com os equipamentos deve ser realizado 
sempre, seja durante o armazenamento, transporte ou manuseio. 
Armazenamento: Na maior parte do tempo, seu 
equipamento astrofotográfico ficará guardado. Há duas formas 
de se guardar equipamentos astrofotográficos: 
− Guardar em caixas, retirando somente quando for 
utilizar. 
− Manter montados todo o tempo, próximos de onde serão 
usados ou em observatórios fixos, que permitam abrir o teto 
para a utilização do setup. 
No caso do armazenamento em caixas, o maior inimigo 
geralmente é a umidade e possíveis fungos. Sempre procure 
armazenar seus equipamentos astrofotográficos em lugares 
secos. Caso a sua região seja naturalmente úmida, deixe sacos 
de sílica gel ou algum outro produto que retire umidade junto 
aos equipamentos, dentro da embalagem. Cuidado também para 
não guardar as caixas dos equipamentos em locais onde eles 
possam sofrer quedas quando retirados, como no alto de 
guarda-roupas ou estantes. 
Quando o setup astrofotográfico permanece montado o 
tempo todo, além da umidade, temos também o problema da 
poeira. É recomendado colocar uma capa sobre o setup 
astrofotográfico, mesmo que esteja num espaço reduzido. 
Procure também não deixar que os raios solares atinjam 
diretamente seu equipamento. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
184 
 
 
Transporte: é um assunto ainda mais sério. Poucas coisas 
são tão destrutivas para equipamentos astrofotográficos quanto 
um transporte inadequado. Muitos encontros astronômicos são 
realizados em áreas rurais acessíveis somente por estradas de 
terra, o que significa que o equipamento será submetido a forte 
vibração ou mesmo pancadas e quedas. Mesmo em viagens 
aéreas, você não tem como saber se o seu telescópio 
despachado está sendo tratado da forma adequada. Por isso, 
quanto mais você puder proteger seu equipamento, melhor. 
Acredito que nada protegerá seu equipamento melhor do 
que uma case/maleta rígida feita em metal (geralmente 
alumínio) com o seu interior em espuma, cujo formato envolva 
por completo o equipamento. Alguns telescópios e montagens, 
geralmente mais avançados, são vendidos ou têm a opção de já 
virem acompanhados de cases específicas para eles, mas você 
também pode mandar fazer uma case personalizada para seu 
equipamento. Em grandes cidades brasileiras, não é difícil 
encontrar quem faça esse trabalho. Você pode pedir para o 
profissional fazer a espuma interna na forma de seu 
equipamento ou usar o isopor ou espuma que veio na caixa do 
instrumento. No mercado fotográfico existem maletas que 
podem muito bem receber suas câmeras ou telescópios 
menores, mas quando se trata de grandes refletores ou 
montagens, é muito difícil encontrar numa loja uma maleta 
rígida que os comporte de forma adequada, sendo necessário 
encomendar a sua fabricação. 
O único defeito das cases de metal é que elas geralmente 
ocupam muito espaço e adicionam bastante peso ao conjunto. 
Um tubo óptico refletor newtoniano de 200mm numa case 
ocupará quase todo o espaço de um porta-malas de um bom 
sedã. Tudo depende de suas condições e necessidades. Eu 
geralmente transporto um refletor de 200mm no banco de trás 
do carro, enrolado por um edredom e me parece bastante 
seguro, mas se tivesse que transportar no bagageiro de um 
ônibus, o edredom certamente não seria a melhor proteção e 
provavelmente eu nem conseguiria despachar o tubo óptico 
assim. 
 Rodrigo Andolfato 
185 
 
 
Manuseio: Se transportar de forma inadequada pode 
prejudicarou até destruir o equipamento, manuseá-lo de forma 
equivocada também pode trazer grandes prejuízos. Diga-se de 
passagem, se há algo que estou acostumado a ver é 
equipamento de Astrofotografia sendo avariado durante o 
manuseio. Eu mesmo já derrubei uma lente e uma câmera; já 
esqueci de travar a embreagem da montagem com o telescópio 
sem contrapeso, fazendo o tubo bater no tripé; também já vi 
amigos queimarem montagens por problemas com a fiação 
elétrica e outros apontarem telescópios para o Sol com a câmera 
acoplada ao porta ocular, mas esquecendo-se de colocar o filtro 
solar, quase perdendo a câmera se não agissem rápido. 
Os acidentes durante a captação têm vários motivos. É 
uma atividade feita no escuro e em horários avançados. Quando 
você está com outras pessoas que também estão 
astrofotografando, elas não querem que você acenda luzes na 
hora de guardar o seu setup. Muitos astrofotógrafos chegam 
atrasados a noites de Astrofotografia e também precisam montar 
todo o seu setup no escuro. É muito fácil, nestas condições, não 
perceber que algo está solto ou encaixar um equipamento de 
forma equivocada. 
 
Poeira e umidade são outro grande problema durante a 
captura. Em áreas urbanas, geralmente não há umidade, mas em 
locais afastados da cidade, com vegetação abundante, ela pode 
ser um grande problema. Cintas térmicas protegerão o interior 
do tubo óptico e câmeras tendem a esquentar por fora durante a 
captura, o que ajuda a proteger esses equipamentos da umidade. 
Mas montagens motorizadas geralmente estão vulneráveis. 
Também não é raro ver monitores de computador pingando 
água durante noites mais úmidas. Uma caixa envolvendo o 
computador durante a captura pode prolongar, e muito, a vida 
de seu computador. 
Um dos pontos críticos do manuseio de equipamentos 
astrofotográficos é a energia elétrica. Acredito que quando estão 
em casa os astrofotógrafos amadores são mais zelosos com isso. 
Na varanda onde eu astrofotografo, em meu apartamento, há 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
186 
 
três tomadas disponíveis. Mas em encontros astrofotográficos 
não é raro vermos até mais de vinte setups astrofotográficos 
conectados a uma única tomada. Entre câmeras, montagens 
motorizadas e notebooks, podemos chegar fácil a mais de meia 
centena de equipamentos utilizando um único ponto de energia. 
Geralmente a tomada aguenta, o problema é quando ela está 
muito distante do local de captura e a fiação utilizada é fina ou 
repleta de remendos. Uma extensão que seja capaz de transmitir 
com segurança energia elétrica da tomada até o local de captura 
é um acessório fundamental para grupos de astrofotógrafos. 
 
Um componente que sempre exige uma atenção enorme 
do astrofotógrafo é o sensor da câmera. Quando você conecta 
uma câmera a seu telescópio tem que expor o sensor da câmera, 
principalmente DSLRs. O recomendado é que esse tempo 
sempre seja o mínimo possível e que o sensor sempre fique 
apontado para baixo quando estiver trabalhando com ele 
exposto. 
 
Limpeza de sensores e peças ópticas. 
 
Todos os sensores de câmeras costumam ter um vidro à 
frente dele, com a finalidade de proteger o equipamento. 
Algumas câmeras têm até um segundo vidro, um pouco mais à 
frente, com a finalidade de proteger o vidro primário e também 
de ajudar câmeras com resfriamento a manterem a temperatura 
do sensor mais baixa, vedando a câmera. Ter esse segundo vidro 
é muito interessante. Ele é mais fácil de ser reposto em caso de 
quebra ou se arranhar, além de fazer com que as partículas 
sobre ele sejam muito mais transparentes do que se estivessem 
sobre aquele imediatamente à frente do sensor. 
A limpeza desses vidros à frente do sensor deve ser feita 
sempre com muito cuidado. Caso você decida usar algum 
produto de limpeza sem antes pesquisar sobre seu uso neste tipo 
de equipamento, há sempre a possibilidade destas peças 
possuírem revestimentos que podem reagir com produtos 
químicos inadequados. 
 Rodrigo Andolfato 
187 
 
O equipamento de limpeza de lentes e sensores mais 
importante que você deve ter à mão é um soprador de ar 
manual. Um muito popular em fotografia é o soprador blower. 
Trata-se de um acessório facilmente encontrado em lojas de 
fotografia, por preços na casa de vinte a cinquenta reais. Muitas 
vezes eles são vendidos em kits que possuem flanelas e pinceis 
para limpeza. Esses dois últimos podem ajudar a limpar lentes, 
mas sempre apresentam o risco de encontrarem com algum grão 
de poeira cristalizada e provocarem arranhões no equipamento. 
Já o soprador é uma forma bastante segura de limpar sensores e 
lentes. E lembre-se, jamais assopre ar com a boca em lentes 
e, principalmente, em sensores. O ar do sopro humano sempre 
é acompanhado de saliva, produto viscoso e extremamente 
complexo que, inclusive, possui funções solventes. 
 
O soprador é capaz de tirar quase que qualquer sujeira que 
esteja num sensor, lente ou filtro. Ele deve ser aplicado sempre 
com o sensor virado para baixo e o soprador apontado para 
cima, para que a gravidade não faça com que novos grãos de 
poeira caiam sobre o equipamento. Somente caso haja uma 
mancha que claramente necessite ser retirada por contato físico 
ou usando meios úmidos é que você deve recorrer a outro 
método de limpeza. De preferência, use produtos que sejam 
 
Ilustração 53: Soprador Blower (ou pera), a forma mais 
indicada para retirar partículas de sensores de câmeras. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
188 
 
fabricados especificamente para a limpeza do equipamento em 
questão. Se há a suspeita de que o equipamento esteja 
contaminado por fungos, recomenda-se levar para alguma 
assistência técnica especializada. 
Tome muito cuidado se estiver pensando em improvisar 
um soprador. Este equipamento, além de ter a capacidade de 
exalar ar por uma ponta, também tem um filtro na outra 
extremidade, por onde o ar entra. Se você tentar fazer um 
soprador, mas ele não tiver este filtro para o ar que entra no 
equipamento, pode acabar jogando mais poeira no seu sensor ou 
lente. 
Algo que você deve aceitar é que praticamente não há 
como deixar um sensor, filtro ou lente totalmente limpos. Por 
mais que você se esforce para limpar uma lente, continuarão 
caindo partículas de poeira sobre ela. E mesmo que você feche 
rapidamente um sensor depois de limpá-lo, dificilmente ele 
ficará totalmente livre de algum tipo de sujeira. Se você jogar 
uma luz vermelha sobre qualquer lente ou sensor, poderá ficar 
bastante triste com o que vai perceber de sujeira em seu 
equipamento, mas não se preocupe, é totalmente normal que 
haja alguma partícula na lente ou sensor. 
 
Sujeiras em objetivas não aparecem em fotografias. Já 
detritos em filtros próximos a sensores podem começar a 
atrapalhar a sua imagem. É possível identificar nas imagens da 
câmera se uma sujeira está diretamente sobre o sensor ou mais à 
frente. Repare na Ilustração 54. Vemos um flat frame feito com 
a câmera usando roda de filtros. É possível perceber várias 
manchas pequenas em toda a imagem. Estas manchas são 
consequência de pequenas partículas exatamente sobre o vidro 
que cobre o sensor. Mas também há algumas manchas maiores. 
Elas são formadas por partículas presentes num filtro cerca de 
dois centímetros, à frente do sensor. Por isso elas são maiores. 
Manchas mais distantes também ficam mais transparentes, mas 
no caso desta imagem, a sujeira sobre os filtros era realmente 
grave, tanto que tive que limpá-los com um soprador após os 
primeiros testes. 
 
 Rodrigo Andolfato 
189 
 
Na parte deste livro sobre captura haverá mais discussão 
sobre cuidados durante o manuseio dos instrumentos de 
Astrofotografia. 
 
Montagens são provavelmente o equipamento mais 
crítico quando o assunto é manutenção. O grande problema das 
montagens é que são a parte de seu setup que precisa de 
movimentação mecânica, através de motores e engrenagens, 
peças que tendem a dar muito mais problemascom o uso 
constante do que lentes ou componentes eletrônicos de câmeras. 
É sempre recomendado fazer uma manutenção periódica em sua 
montagem, lubrificando as engrenagens com graxa sintética ou 
ajustando folgas. 
 
Folgas em montagens ocorrem devido ao uso com carga 
desbalanceada ou transportes longos com a ocorrência de 
vibração constante. Os motores costumam apresentar parafusos 
que permitem o ajuste desta folga, bastando apertá-los um 
pouco. 
É sempre recomendado ler com atenção o manual de sua 
montagem antes de realizar qualquer manutenção. Se não 
Ilustração 54: Duas imagens feitas por uma câmera monocromática. Na imagem à 
esquerda, um flat frame foi feito com o filtro sujo. Na imagem à direita, o filtro usado na 
captura foi limpo. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
190 
 
houver nada sobre ajuste de folga, lubrificação ou outros ajustes 
no manual, é sempre possível encontrar tutoriais na Internet 
sobre como realizar estes procedimentos. 
 Rodrigo Andolfato 
191 
 
 
 
Galeria 2 
A Nebulosa da Roseta (Caldwell 49) é facilmente encontrada no céu pelo 
aglomerado aberto NGC2244, bem ao centro da Nebulosa. É um dos melhores 
objetos para ser registrado seja por câmeras coloridas ou monocromáticas, com 
filtros de cores naturais (RGB) ou de banda estreita, como no caso desta imagem, 
totalmente feita da varanda de meu apartamento, em Brasília. 
 
Imagem feita com lente de 200mm Canon EF 2.8L USM II em F4, Câmera 
astronômica Atik 314L+ e filtros de banda estreita, sobre uma montagem Sky-
Watcher HEQ5 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
192 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEM DOR, SEM GANHO 
(Captura) 
 
 Rodrigo Andolfato 
193 
 
 
Agora que você comprou o seu equipamento, chegou o 
grande momento da Astrofotografia: a captura, onde você 
colocará a teste não somente a eficiência do setup escolhido, 
mas também suas habilidades como fotógrafo espacial. Talvez 
você esteja um pouco tenso sobre isso, mas saiba que, enquanto 
eu comprava meu primeiro setup astrofotográfico, muitas vezes 
me perguntei se daria conta de fazer ao menos uma única foto 
com aquele equipamento. Não vou dizer que foi fácil, porque se 
tivesse sido fácil, não teria sido divertido, mas com um bom 
senso de direção e atenção a detalhes não é necessário fazer 
qualquer conta matemática. Não é uma atividade exclusiva de 
engenheiros, estando perfeitamente ao alcance de qualquer 
pessoa. 
Vou falar a seguir sobre os passos e detalhes mais 
importantes numa noite de captura astrofotográfica. Você vai 
notar que eu dou certa ênfase à captura em grupo, em eventos e 
encontros de Astrofotografia, por considerar esta forma a mais 
enriquecedora e estimulante para o astrofotógrafo, 
principalmente de céu profundo. 
 
O local de captura 
O primeiro passo para uma boa captura envolve definir 
onde ela será realizada. Se os alvos forem objetos de céu 
profundo, principalmente galáxias, nebulosas escuras, de 
reflexão e cometas, será muito importante encontrar um local 
com pouca poluição luminosa. A forma mais simples de 
identificar o nível de poluição luminosa em sua região é olhar 
para o céu sem qualquer instrumento e tentar identificar uma 
estrela que esteja no limite da sua capacidade de observá-la. 
Tente reparar em alguma estrela que só seja possível enxergar 
de canto de olho. Se ela desaparecer quando você olhar 
diretamente para ela, é por que está na magnitude limite do céu 
disponível. Identifique a estrela e veja num software planetário, 
como o Stellarium, qual é a magnitude dessa estrela. Este valor 
é a magnitude limite do céu neste local. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
194 
 
Uma magnitude limite de 6,2 a 6,5 indica um céu 
excelente. Se essa é a condição no local onde você fotografa, 
você está num lugar maravilhoso para a captura de qualquer 
objeto de céu profundo. Você provavelmente também está num 
local isolado, a uma boa distância de qualquer cidade. 
Uma magnitude limite entre 5.5 e 6 é resultado de um 
bom céu, provavelmente uma fazenda ou chácara a algumas 
dezenas de quilômetros de uma cidade grande (com cerca de 
um milhão de habitantes). Esse tipo de céu normalmente 
apresenta algumas irregularidades, com algumas manchas de 
poluição luminosa no horizonte, na direção onde estão cidades 
próximas. Dependendo do tamanho e da distância para estas 
cidades, as manchas de poluição serão maiores. Se você está se 
deslocando para um local assim, procure identificar com 
antecedência quais são os locais do céu mais afetados pela 
poluição luminosa e planeje a captura de objetos que estão fora 
deles. 
Se a magnitude limite do céu onde você vai fotografar 
estiver entre 5 e 5,5, você está num céu razoável, 
provavelmente um pouco além dos limites entre a zona rural e 
urbana de uma cidade grande. Poderá fotografar todas os 
objetos de brilho destacado, como, por exemplo, qualquer 
objeto do Catálogo Messier que esteja visível. Mas objetos um 
pouco mais pálidos, como a Nebulosa Cabeça do Cavalo, 
podem já se tornar complicados de serem capturados. 
Um céu considerado medíocre tem magnitude visível 
entre 4 e 5. Se você está bem na periferia de uma cidade grande, 
tem grandes chances de estar sob um céu assim. Poderá 
fotografar as nebulosas de emissão mais brilhantes, como Lagoa 
e Orion, mas terá dificuldades com nebulosas escuras e mesmo 
as galáxias mais brilhantes aparecerão de forma pálida em seus 
frames. 
Uma magnitude limite abaixo de 4 é típica de áreas 
urbanas. Você ainda conseguirá fotografar aglomerados abertos 
e globulares e, com um bom processamento, registrar as 
nebulosas de emissão mais brilhantes, mas o uso de filtros de 
banda estreita é recomendado. Na ausência destes filtros e de 
uma CCD monocromática, a fotografia lunar, solar e planetária 
 Rodrigo Andolfato 
195 
 
já deve ser considerada como única opção mesmo para os mais 
motivados pela fotografia de céu profundo. 
 
Outro fator importante a se considerar é a perturbação 
causada por turbulências na atmosfera, que faz com que os 
objetos apresentem variações na visualização, como que se 
estivéssemos os observando através do reflexo de uma piscina. 
Os objetos podem parecer estarem dançando ou simplesmente 
estarem se distorcendo enquanto os observamos. Esses efeitos 
são percebidos principalmente com grandes ampliações, sendo 
prejudiciais principalmente na Astrofotografia planetária e 
outros registros de grande aumento, como de estrelas múltiplas 
ou detalhes da superfície lunar e solar. As condições 
atmosféricas variam muito de um dia para o outro, ou mesmo 
em poucos minutos, mas existem lugares que tendem a ter 
sempre muita turbulência enquanto outros apresentam boas 
condições na maior parte do tempo. 
 
Um tipo de turbulência particular faz com que os objetos 
pareçam estar o tempo todo entrando e saindo do foco 
(Ilustração 55). Este fenômeno é chamado “seeing”. É o terror 
dos astrofotógrafos planetários, pois um frame fora de foco é 
um frame perdido, mas um seeing ruim também pode prejudicar 
a Astrofotografia de céu profundo, fazendo as estrelas ficarem 
mais “gordas”. Em regiões com grandes campos estelares, um 
seeing ruim pode destruir uma imagem de céu profundo. 
 
Em áreas urbanas, a variação maior da temperatura e o 
calor emergindo do concreto podem aumentar a turbulência 
atmosférica, principalmente no começo da noite, mas a situação 
tende a melhorar no avançar da madrugada. Longe das cidades 
e perto de lagos, é mais fácil encontrar boas condições de 
seeing. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
196 
 
O seeing vária muito de região para região, durante 
épocas do ano, ou mesmo durante alguns minutos. Mas existem 
regiões que frequentemente estão com seeing ruim, enquanto 
outras estão quase sempre com o seeing bom. Os melhores 
astrofotógrafos planetários moram, ou possuem telescópios 
remotos instalados, em regiões onde o seeing ésempre muito 
bom. Um site excelente para verificar a quantas anda o seeing 
de sua região é o MeteoBlue, que classifica o seeing de 1 a 5, 
sendo 5 o melhor seeing possível. 
 
A transparência da atmosfera é um dos fatores que mais 
afeta os astrofotógrafos brasileiros. Enquanto a poluição 
luminosa é um problema para astrofotógrafos de céu profundo e 
a turbulência atmosférica é mais agressiva com Astrofotografias 
planetárias, uma atmosfera bloqueada por nuvens é um 
problema para qualquer tipo de Astrofotografia. Em nosso país, 
temos regiões bastante chuvosas, onde durante quase o ano 
inteiro os céus estão fechados, encoberto por nuvens. Outras 
regiões são mais secas, podendo passar meses sem uma única 
nuvem no céu. É claro que regiões mais secas são melhores 
para Astrofotografia. Por esta razão há tantos observatórios no 
 
Ilustração 55: Dois frames de Júpiter separados por poucos segundos. No primeiro, a 
imagem está nítida, já no segundo, parece que a câmera saiu do foco. A sombra de uma 
das Luas do planeta, projetada no disco, praticamente desaparece. A oscilação 
permanece em todo o vídeo. Característica de um seeing ruim. 
 Rodrigo Andolfato 
197 
 
deserto do Atacama. Já regiões com estações chuvosas e secas 
bem definidas, como o cerrado, podem ser problemáticas 
durante o verão, mas permitem que você agende sua temporada 
astrofotográfica para o inverno. O Clube de Astronomia de 
Brasília, por exemplo, concentra seus encontros de observação 
e Astrofotografia entre os meses de maio e setembro. 
Vale lembrar que as maiores cidades, como São Paulo ou 
Rio de Janeiro, podem ter baixa transparência devido também à 
poluição química do ar, provocada por indústrias e veículos 
automotores. Já em regiões com boa vegetação, mas estações 
muito secas, sua sessão astrofotográfica de inverno corre o risco 
de ter o céu bloqueado pela fumaça de queimadas próximas ao 
local de captura. 
 
Viajando para astrofotografar 
 
É claro que se o local onde você mora não é o ideal, 
sempre existirá a possibilidade de se deslocar para uma região 
com menor poluição luminosa, melhores condições 
atmosféricas ou céus mais limpos. 
 
Mas não basta ter pouca poluição luminosa e céus abertos 
e estáveis. Um bom local para Astrofotografia precisa ter outras 
características importantes: 
− Permitir o seu acesso: não se aventure em nenhum lugar 
sem saber que você pode entrar lá, sem correr risco de levar um 
tiro ou ser atacado por um cão de guarda. O dono do local 
precisa sempre saber que você está lá. 
− Estradas acessíveis: você provávelmente vai precisar de 
um carro para chegar ao local com seu equipamento. Atravessar 
um rio ou pular cercas com um telescópio nas costas, pode ser 
arriscado para o seu setup e até para sua vida. O ideal é que no 
local de observação você consiga deixar seu veículo o mais 
próximo possível de onde fará seus registros. 
− Pouco acesso de pessoas leigas em Astronomia: a 
presença de telescópios em pousadas ou hotéis tende a atrair a 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
198 
 
curiosidade do público leigo, mas poucas coisas podem ser 
piores para a Astrofotografia do que o trânsito de pessoas não 
envolvidas com a atividade no local de captura, principalmente 
se elas não têm compreensão das peculiaridades da tarefa que 
estamos realizando. Procure sempre propriedades onde os 
responsáveis tenham consciência das necessidades de um 
astrofotógrafo. Luzes são praticamente proibidas próximo aos 
telescópios, e se outros hóspedes estiverem curiosos para 
visitarem o local, eles devem seguir normas de conduta em 
relação a lanternas e, acima de tudo, faróis de automóveis. 
Deve-se tomar muitíssimo cuidado ao se escolher um 
hotel ou pousada de grande porte como sítio astrofotográfico. 
Prefira sempre uma pousada que tenha uma capacidade 
semelhante ao número de pessoas que participarão do evento 
astrofotográfico. Você poderá até conseguir reservar todos os 
quartos para o evento, evitando qualquer contratempo com 
outros visitantes. 
 
Ilustração 56: O autor deste livro, fazendo pose num dos encontros de astrofotógrafos 
realizados pelo Clube de Astronomia de Brasília - CASB 
 Rodrigo Andolfato 
199 
 
− A propriedade deve ter uma área ampla e afastada de 
qualquer luz ao redor: não adianta ir para uma região no meio 
do deserto e ter que deixar seu telescópio ao lado de um poste 
de luz, ou mesmo de uma varanda iluminada. Se você for ficar 
num local que não seja de sua propriedade, corre o risco de ter 
que negociar com os donos sobre luzes próximas. Isso pode 
tornar-se muito complicado em hotéis ou pousadas maiores, 
ainda mais se o estabelecimento tem trânsito de hóspedes 
durante a noite. Se estas luzes forem da iluminação pública, não 
cometa a idiotice de tentar quebrá-las. Procure ficar o mais 
afastado possível ou simplesmente escolha outro lugar para 
fotografar. 
− Prefira locais que garantam eletricidade: essa dica vale 
principalmente para aqueles que vão fotografar com câmeras 
astronômicas resfriadas e notebooks. Com um setup portátil, 
formado por uma pequena montagem e DSLR com lentes, é 
possível passar uma noite às custas de baterias pequenas. Mas 
se o seu setup for mais complexo e o grupo de astrofotógrafos 
for maior, será um desafio alimentar tudo isso. Se o local não 
tiver uma tomada disponível, alguém vai ter que levar um 
gerador a diesel ou alguma outra forma de energia semelhante. 
− Tenha certeza da segurança do local: ainda não tive 
notícias de algum astrofotógrafo que tenha sido atacado por 
lobos, mas você não vai querer ser o primeiro. Sempre obtenha 
informações sobre a fauna do local antes de preparar seu setup, 
principalmente se o grupo for muito pequeno ou, ainda pior, se 
você estiver sozinho. Lembre-se que muitos predadores 
possuem hábitos noturnos e, em certas regiões, a atividade 
animal noturna pode até mesmo ser maior do que a diurna. 
Insetos venenosos, como aranhas ou escorpiões, podem ser tão 
perigosos quanto animais maiores. Antes de se instalar no local, 
verifique também a presença de formigueiros e ninhos de 
abelhas ou vespas nas proximidades. A presença de tocas 
suspeitas também deve ser vista com atenção. Outra coisa que 
pode causar sérios problemas é a presença de uma cerca 
elétrica, algo comum em zonas rurais. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
200 
 
Procure sempre examinar o sítio astrofotográfico durante 
o dia. Chegar de noite e começar a montar tudo num terreno 
que você não conhece é brincar com o perigo. 
Animais domésticos também podem causar grandes 
problemas numa sessão astrofotográfica, principalmente os de 
grande porte, como cavalos e vacas. Problemas com este tipo de 
animais são, na verdade, bem mais frequentes do que com 
animais selvagens. É comum astrofotógrafos procurarem 
fazendas para a prática do hobby e não se atentarem que estão 
num local de trânsito de animais domésticos, terminando a noite 
brigando com bois ou cavalos que querem entrar ou apenas 
passar pela área dos telescópios. 
Uma experiência que pode ser realmente das mais 
desagradáveis seriam bandidos. Em regiões de alta 
criminalidade, passar a noite numa área isolada pode acabar 
muito mal. Quando estiver numa propriedade com a presença 
de pessoas estranhas, tenham elas ou não aparência suspeita, 
sempre evite ficar ostentando câmeras fotográficas e notebooks 
perto de desconhecidos. Esses são os acessórios que mais 
podem atrair a cobiça de pessoas mal-intencionadas. Se for 
manter seu setup instalado durante o dia, procure deixar 
somente os telescópios e as montagens no local. Evite deixar 
acessórios menores e, principalmente, câmeras e computadores 
na área, sempre os guardando num local seguro e privativo após 
cada sessão astrofotográfica. 
− Fique atento às condições meteorológicas do local: essa 
análise deve ser feita duas vezes. Se você estiver analisando o 
calendário para verificar como será a sua programação anual deviagens astrofotográficas, você deve consultar o clima do local, 
para definir quais são as melhores épocas para a sua viagem. 
Muitas regiões do Brasil possuem estações chuvosas e secas 
bem definidas, o que pode lhe ajudar neste planejamento. E 
mesmo que você tenha tomado o cuidado de marcar sua viagem 
para o mês cuja a média de chuvas era a menor do ano, dias 
antes de se deslocar, procure saber como anda a previsão do 
tempo para a região. Infelizmente o clima tem se mostrado 
muito irregular nos últimos anos. Isso ocorre devido a vários 
fatores, entre eles, o aquecimento do planeta Terra. Em muitos 
 Rodrigo Andolfato 
201 
 
lugares, meses que antes eram marcados por céus 
completamente limpos, podem presenciar até mesmo fortes 
chuvas. 
− Verifique a topografia da região: muitas vezes um local 
inadequado pode parecer perfeito ao se olhar em mapas quando 
não podemos visualizar as variações do terreno. O sítio de 
captura pode ser demasiadamente acidentado e uma montanha 
pode estar bem ao lado de onde você pretende ficar, cobrindo 
grande parte do céu. 
 
Antes de definir a sua viagem, é extremamente 
recomendado sempre visitar a propriedade onde pretende 
astrofotografar. Se possível, durante a visita de 
reconhecimento, fique até anoitecer completamente para ver as 
condições reais do céu. Não é necessário que todos que vão 
participar da noite de captura façam esta visita, mas é 
interessante que pelo menos dois dos participantes mais 
experientes se desloquem para o sítio, conheçam o ponto onde 
os telescópios serão instalados e façam um parecer sobre o 
local. Levar uma câmera com lentes de grande campo e fazer 
imagens de todas as direções é algo que vai ajudar muito 
aqueles que não participaram da visita a entender as condições 
do local e também a comparação com outros lugares. 
A distância entre a sua casa e o local de captura poderá 
influenciar na complexidade do setup que você pode se dispor a 
levar. Quando for possível fazer o trajeto de automóvel, você 
estará limitado somente pelo modelo do veículo usado e 
quantidade de pessoas que o acompanharão. Caso você tenha 
que viajar de avião, um setup portátil, baseado na fotografia 
com lentes ou no máximo um pequeno refrator apocromático, 
pode ser o mais sensato. Mas não fique surpreso de ver alguém 
tentando despachar um telescópio de doze polegadas de 
abertura nessas viagens. 
Dependendo do local para onde está indo, você também 
terá que levar muita bagagem além de seu setup 
astrofotográfico, como roupas para frio, mantimentos, extensões 
elétricas, lanternas, mesa, cadeira e até mesmo uma barraca. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
202 
 
Sempre que for viajar para astrofotografar em locais mais 
isolados, recomendo que faça em grupo. Quem assistiu ao filme 
“127 Horas” sabe dos riscos de sofrer um acidente e não ter 
ninguém por perto para ajudar ou chamar socorro. Mais do que 
isso, sessões astrofotográficas com outros colegas, são muito 
mais interessantes. Dá para conversar muito enquanto o setup 
está capturando e sempre há alguém para te salvar quando você 
descobre que esqueceu aquele parafuso ou cabo de energia 
importantíssimo para seu setup funcionar. Nestas horas, nada 
como ter um colega com acessórios sobressalentes ao lado. 
 
A noite da captura 
 
Antes de começar, prepare seu corpo para uma longa 
sessão de Astrofotografia. Se está planejando uma noite inteira 
de captura, tenha consciência que você precisa estar preparado 
fisicamente para isto. Ficar acordado até o nascer do Sol não é 
nada fácil. Pode exigir muito de seu corpo, principalmente de 
quem não está tão acostumado a ficar acordado até muito tarde. 
Além disso, ao final da sessão você precisa ainda ter energia 
para guardar suas coisas com o devido cuidado. 
A dica é simples: descanse bem antes de uma sessão 
astrofotográfica longa. Trabalhar com equipamentos de 
precisão, com operações que são complexas e exigem muita 
atenção, é algo muito mais complicado se você estiver cansado. 
E a chance de erros, ou mesmo acidentes, como, derrubar uma 
câmera é muito maior. Nos dias que antecedem uma noite 
astrofotográfica, se a intenção é aproveitar todo o período 
escuro, procure dormir o máximo que puder. 
 
Em áreas mais isoladas, longe das grandes cidades, a 
temperatura pode variar muito do dia para a noite. Estações 
secas são ótimas para Astrofotografia, mas também são o 
período onde ocorrem maiores variações térmicas entre o dia e 
a noite, fazendo um astrofotógrafo que estava vestindo camiseta 
cavada, bermudas e chinelos durante a hora do almoço, ter que 
se proteger durante a noite como se estivesse numa expedição 
 Rodrigo Andolfato 
203 
 
para o Polo Sul. Nos encontros astrofotográficos em que 
participo, costumo levar no carro um casaco que comprei para 
andar na neve. No meio da madrugada sempre acabo colocando 
ele, com mais duas blusas por baixo. 
Dois agravantes ao frio são o fato de que Astrofotografia é 
uma atividade de pouco movimento e que é praticada em locais 
bem abertos, onde normalmente há incidência de vento. Se você 
não quer que a tremedeira o impeça de operar os equipamentos, 
agasalhe-se muito bem, com meias grossas, calçados robustos, 
blusas forradas e, principalmente, touca de lã e cachecol. Para 
quem não conhece o frio é impressionante perceber como um 
cachecol faz falta. 
Luvas exigem uma atenção maior do astrofotógrafo na 
hora de adquirir um par. De nada adianta colocar luvas de lã se 
não puder nem segurar uma lanterna pequena quando está com 
elas. Ficar toda hora tirando as luvas quando precisa fazer 
alguma coisa é complicado e pode fazer você desistir de usá-las 
no meio da noite. O ideal é usar luvas leves e impermeáveis, de 
preferência de borracha ou um tecido muito fino. 
 
Nunca subestime o frio de uma noite de 
Astrofotografia fora da cidade. Praticamente todos os amigos 
que levei para participar de um evento astronômico em áreas 
rurais me disseram em algum momento da noite que não 
imaginavam que ficaria tão frio. Já vi muitos colegas indo para 
a cama antes do que gostariam porque não suportaram as baixas 
temperaturas. Mesmo eu, algumas vezes, desisti de uma noite 
porque não estava aguentando o frio e estava tremendo demais. 
E isso foi ao norte de Brasília, não no Sul do Brasil. Se você 
ficar em dúvida sobre levar ou não uma roupa de frio, leve. É 
sempre melhor sobrar do que faltar. 
Diga-se de passagem, o frio que testemunhei nas noites 
astrofotográficas no Brasil me fez entender porque nos países 
Europeus a Astrofotografia remota é muito popular. Em muitas 
regiões desses países deve ser impossível ficar do lado de fora 
durante a noite. 
 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
204 
 
 
Instalando seu setup 
 
Numa viagem astrofotográfica, ao chegar na propriedade 
onde serão realizadas as fotos, sua primeira preocupação deve 
ser analisar em qual posição você instalará seu equipamento. Há 
muitos fatores que você precisa levar em consideração: 
− Condições do piso: procure por um ponto com o piso 
mais plano possível, com poucas pedras e irregularidades. Evite 
áreas com grama ou mato. Além de dificultarem os trabalhos, 
quanto mais vegetação em volta, mais umidade você terá que 
enfrentar durante a noite. 
− Obstáculos à visão do céu: se vai alinhar sua montagem 
usando o polo celeste como referência, o principal aqui é 
procurar uma posição em que o polo não seja bloqueado por 
árvores ou construções. Se você estiver em baixas latitudes, 
onde o polo fica mais próximo do horizonte, a possibilidade de 
o polo celeste ser bloqueado é muito maior. Também reveja 
quais objetos você pretende fotografar durante a noite e procure 
uma posição em que não exista nada bloqueando o céu na 
direção onde estes objetos estarão posicionados. 
− Posicionamento de outros telescópios: se você não for 
fotografar sozinho, deve analisar onde ficarão os telescópios de 
seus colegas. Evite ficar perto demaisde outros setups. Vocês 
podem acabar atrapalhando uns aos outros, jogar luz e até 
causar vibrações no chão que afetem o vizinho. Em encontros 
com outros astrofotógrafos, gosto de manter uma distância de 
pelo menos uns dez metros do telescópio mais próximo. 
Preocupe-se também com a luz de notebooks. Quase todos os 
astrofotógrafos usam este equipamento. Por isso, é importante 
posicionar a mesa ao lado do telescópio de forma que a tela do 
seu computador não fique iluminando outros astrofotógrafos. 
Nestes eventos, é comum que os telescópios fiquem 
posicionados em círculos, com todos os computadores com sua 
tela apontando para fora deste círculo. 
− Acesso à energia elétrica: certifique-se de que as 
extensões elétricas que alimentarão os equipamentos são 
 Rodrigo Andolfato 
205 
 
suficientemente longas para alimentar todos os setups. Se 
estiver pensando em se isolar dos outros astrofotógrafos, tenha 
uma extensão para ligar seu setup até o ponto de energia mais 
próximo. O local onde você posicionará seu setup estará 
limitado ao comprimento desses acessórios. 
 
− Posicionamento de seu veículo: Eis aqui uma questão 
muitas vezes ignorada pelos astrofotógrafos mas que faz 
enorme diferença. Ter o carro por perto durante a noite traz 
muitas vantagens. Você não precisa retirar do veículo todo 
equipamento que levar, protegendo da umidade. Se fizer frio 
você pode entrar no carro e tirar um cochilo, enquanto o setup 
estiver fotografando, ou simplesmente proteger-se um pouco do 
frio. Mas é importante que você pense sobre se vai ter que sair 
do local com o veículo durante a madrugada, se vai ficar até o 
dia clarear, ou se pode deixar o carro ali caso decida sair no 
meio da noite. Na maioria dos encontros astrofotográficos, se o 
seu carro estiver próximo a outros telescópios, você não será 
lembrado como o herói do evento se decidir sair dirigindo no 
meio da madrugada, ligando faróis e levantando poeira. Se 
pretende sair com o carro no meio da noite, deixe ele em local 
mais afastado do sítio de fotografia, de preferência onde as 
luzes do veículo não atinjam os telescópios caso você precise 
acender os faróis. 
 
Escolhido onde você vai posicionar seu equipamento, o 
passo agora é tirar tudo da caixa e montar da forma correta. É 
uma atividade que leva entre 20 e 40 minutos. Dependendo da 
experiência do astrofotógrafo e da complexidade do setup, pode 
demorar menos ou mais. 
Se você pretende colocar uma lona sob o setup, 
obviamente a instalação dela será a sua primeira tarefa. Antes, 
analise o terreno aonde você vai realizar a instalação. Evite 
colocar a lona sobre um piso muito irregular, principalmente 
onde houver pedras e, pior ainda, se elas forem pontiagudas. 
Caso o terreno inteiro esteja infestado por pedras ou 
irregularidades, tente aplanar o chão e remover as pedras com 
uma enxada. Caso não haja como remover as regularidades ou 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
206 
 
você não tenha ferramentas ou condições de fazer este trabalho, 
avalie os riscos de se cobrir o chão com a lona. Quais são as 
chances de o tecido rasgar ou mesmo provocar um acidente? 
Num piso muito irregular o ideal talvez seja deixar a lona 
guardada. Se houver opção, procure um local melhor. 
Outro fator que pode atrapalhar ao se instalar uma lona é 
o vento. Não é necessário um vento muito forte para levantar 
uma lona mesmo sendo de material mais pesado. O ar entra por 
baixo do tecido, acumula e levanta a lona facilmente, podendo 
causar transtornos durante a noite. Tome o cuidado de prender o 
tecido ao chão, principalmente os cantos, que são os pontos 
mais suscetíveis a serem levantados pelo vento. Usar ganchos 
de barraca é uma solução interessante, mas se o tecido for fraco 
e os furos não forem protegidos por anéis de plástico ou metal, 
a lona não apenas vai levantar como poderá rasgar. Uma 
estratégia muito comum usada por astrofotógrafos é colocar os 
cases de equipamentos, ou acessórios pesados que não estão 
sendo usados, nos cantos da lona. 
 
Posicionando o tripé. 
 
O primeiro equipamento de seu setup astrofotográfico 
propriamente dito a ser instalado será o tripé. Aqui o importante 
é tomar o cuidado de deixá-lo posicionado de acordo com a 
orientação polar. Provavelmente, neste momento você não sabe 
exatamente onde está o polo celeste, mas é aconselhável que 
tenha ao menos uma noção. Se já estiver escuro, procure pelas 
constelações que servem de referência. No Sul, é o Cruzeiro do 
Sul. Ele aponta para onde está o Polo Sul como uma seta 
(Ilustração 68). O Polo está aproximadamente cerca de cinco 
vezes a extensão da cruz a partir da estrela mais brilhante 
(Acrux). Se ainda estiver dia, se oriente pelo Sol. Se já estiver 
próximo do pôr do sol, o que é bem provável, o polo sul estará 
na extrema esquerda de onde o Sol está se pondo. Caso esteja 
num encontro de Astrofotografia ou observação, talvez já 
existam no local telescópios com montagens equatoriais 
alinhadas para o polo. Use elas como referência. 
 
 Rodrigo Andolfato 
207 
 
 
Sua montagem deve ficar com o eixo de ascensão reta 
(Ilustração 34) apontado exatamente para o polo. Então, o lado 
de seu tripé que vai ficar alinhado ao eixo de ascensão reta deve 
ficar apontado para o polo. Na base do seu tripé, talvez exista 
um parafuso de posicionamento para encaixe da cabeça da 
montagem (Ilustração 58). Este parafuso deve ficar posicionado 
para a direção do polo. Se o pé do tripé alinhado com o eixo de 
ascensão reta (pé de apoio) for colocado à frente da montagem, 
este pé deve estar voltado o máximo possível para o polo, se 
este pé for colocado atrás da montagem, como a primeira 
imagem da Ilustração 57, este pé deve ficar exatamente na 
direção contrária ao polo. Em áreas de baixa latitude é muito 
comum o uso do tripé com o pé de apoio para trás, para evitar 
bater na barra de contrapesos da montagem. Em alguns tripés de 
montagens, o parafuso de posicionamento está soldado ao tripé. 
Essas montagens não permitem inverter a posição do pé de 
apoio. A solução, em alguns casos, pode ser serrar este parafuso 
Parafuso que 
prende a 
cabeça da 
montagemDireção do 
pólo celeste
Pé de 
apoio
Base do tripé
Ilustração 57: primeiro posicione o tripé de acordo com a posição do polo celeste, depois instale 
o parafuso que prende a cabeça da montagem. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
208 
 
e soldá-lo no outro lado da base do tripé ou usar um pilar 
extensor sobre a base da montagem, afastando a cabeça da 
montagem do tripé. 
 
É importante que a base do tripé esteja perfeitamente 
nivelada com o solo, principalmente se você deixou o pé de 
apoio para trás. Se a base do tripé estiver inclinada para frente, 
corre-se o risco de todo o conjunto cair para frente. O 
nivelamento se faz simplesmente deixando um pé um pouco 
mais alto do que o outro, com um nível ou inclinômetro sobre a 
base você consegue saber se está perfeita nivelado. Algumas 
montagens ou tripés já possuem níveis instalados em seu corpo. 
 
Se estiver fotografando com um setup mais pesado, como 
um refletor de 200mm sobre uma EQ5, sempre deixe os pés do 
tripé estendidos o mínimo possível. Isso reduz muito a vibração 
que vai chegar ao telescópio. Se o setup for mais leve, estenda 
os pés para uma altura que seja mais confortável para você 
trabalhar. Em refratores, por exemplo, a câmera ficará para 
baixo e deixar os pés do tripé totalmente retraídos pode lhe 
causar dor nas costas durante a operação. Já em refletores 
newtonianos, a câmera fica na ponta do telescópio, sendo 
geralmente recomendado deixar os pés do tripé mais retraídos 
possível quando estiver fotografando com newtonianos. 
 
Instalando a cabeça da Montagem 
 
A cabeça da montagem vai exatamente em cima do tripé, 
mas é comum que ela seja presa por um longo parafuso que 
encaixa por baixo da base do tripé, como na segunda imagem 
da Ilustração 57. A ponta deste parafuso, que se encaixa nabase, tem dois níveis. No primeiro nível, ele encaixa somente na 
base do tripé, então você pode posicioná-lo ali antes de instalar 
a cabeça da montagem. 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
209 
 
Para colocar a cabeça da montagem, observe a parte 
inferior deste componente. Há dois parafusos de pressão 
instalados em sentidos opostos (segunda imagem da Ilustração 
58). Eles são chamados de parafusos de ajuste fino de azimute. 
Abra um pouco de espaço entre eles e coloque a cabeça da 
montagem de forma que o parafuso de posicionamento fique 
exatamente entre estes dois parafusos. Após colocar a cabeça da 
montagem, aperte o parafuso que prende a cabeça da montagem 
e os parafusos de ajuste de azimute. Não precisa apertar com 
muita força, você ainda vai trabalhar com esses parafusos na 
hora de fazer o ajuste fino do alinhamento polar. 
 
Parafuso para 
posicionamento da 
cabeça da 
montagem
Encaixe dos 
parafusos de 
ajuste fino de 
azimute
 
Ilustração 58: Com o parafuso de posicionamento da cabeça da montagem (imagem à esquerda) 
instalado entre os parafusos de ajuste fino de azimute (imagem à direita), encaixe a cabeça da 
montagem. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
210 
 
Você agora está com a cabeça da montagem instalada 
sobre o tripé. O próximo passo é fazer o ajuste de latitude, ou 
seja, colocar o eixo de ascensão reta de sua montagem na 
mesma inclinação da latitude do local onde vai fotografar. As 
montagens equatoriais costumam ter um parafuso na parte de 
trás da cabeça da montagem que permite este ajuste (primeira 
imagem da Ilustração 59). As montagens também costumam ter 
um marcador de latitude do lado, mas ele nem sempre é muito 
preciso, principalmente se o tripé não estiver perfeitamente 
nivelado. Se você tiver em mãos um inclinômetro, conseguirá 
um ajuste muito mais preciso. 
Observação: muitas montagens também possuem um 
parafuso de ajuste de latitude na frente da cabeça da montagem, 
mas em baixas latitudes, como é comum no Brasil, a montagem 
pode bater neste parafuso quando estiver se movimentando. A 
solução é retirá-lo, pois esse parafuso só tem função quando 
usado em altas latitudes. Ele impede que a montagem com 
inclinação bastante elevada caia para trás. Em baixas latitudes 
isso é impossível de acontecer, pois com a baixa inclinação, 
todo o peso da montagem se concentra no parafuso de trás. 
Ajuste de 
latitude
Barra de 
contra pesos
contra peso
Eixo de 
ascensão 
reta
Ilustração 59: à esquerda, parafuso de ajuste de latitude. À direita, a montagem já com um 
contrapeso para receber o tubo óptico. Repare na inclinação do eixo de ascensão reta 
 Rodrigo Andolfato 
211 
 
O passo seguinte é instalar os contrapesos na montagem. 
Antes de instalar os contrapesos, tome o cuidado de deixar a 
barra de contrapesos apontada totalmente para baixo, para não 
forçar a trava do eixo de ascensão reta. 
Há quem prefira instalar o telescópio primeiro, mas é 
grande o risco de o conjunto girar e bater no telescópio. Nas 
ilustrações, estou instalando um setup que precisa de dois 
contrapesos, mas antes de colocar o telescópio coloco somente 
um, o mais baixo possível. É o suficiente para não deixar o 
telescópio descer com velocidade após ser instalado. Depois de 
instalar o telescópio, coloco o segundo contrapeso. 
 
Instalando o tubo óptico 
O tubo óptico é instalado sobre a base da cabeça da 
montagem, também chamada de berço para telescópio. O 
dovetail é feito para encaixar nesta base, onde haverá um ou 
mais parafusos de pressão com a função de fixar o dovetail. 
Berço para
telescópio
Parafusos 
de pressão
Dovetail
Ilustração 60: Encaixe o dovetail no berço do telescópio através de parafusos de pressão. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
212 
 
(Ilustração 60). Montagens do tipo EQ1 ou EQ2, mais simples, 
podem não ter berço de dovetail, encaixando as braçadeiras do 
tubo óptico diretamente na base. 
 
Balanceando o setup 
Com o tubo óptico instalado na montagem, você deve 
balancear o setup. Este é um procedimento obrigatório em 
montagens equatoriais. Um setup mal balanceado forçará os 
motores da montagem, diminuindo o seu tempo de vida, além 
de prejudicar o acompanhamento e a guiagem. 
Antes de fazer o balanceamento, lembre-se de instalar 
todos os acessórios que irá utilizar, como câmeras, rodas de 
filtro, autoguiagem, buscadora. Não adianta fazer o 
balanceamento somente com o tubo óptico se depois você vai 
colocar mais alguns quilos de acessórios. Isso alteraria 
totalmente o equilíbrio do setup. 
Para fazer o balanceamento do eixo de ascensão reta, 
desaperte a embreagem deste eixo (primeira imagem da 
Ilustração 61). Faça isso segurando o telescópio com a outra 
 
Ilustração 61: Nas duas primeiras imagens: embreagens dos eixos de ascensão reta e declinação. 
Na imagem à direita, a montagem com as embreagens destravadas. Nesta situação, quando 
perfeitamente balanceados, a barra de contrapesos e o tubo óptico ficam na posição horizontal. 
 Rodrigo Andolfato 
213 
 
mão, pois se a montagem estiver muito desbalanceada, o eixo 
pode girar com velocidade, fazendo o telescópio ou contrapesos 
baterem no tripé. Desça o telescópio até a barra dos contrapesos 
ficar horizontal e deixe o telescópio mover-se com o próprio 
peso. Se o telescópio começar a descer, afaste os contrapesos da 
montagem; se o telescópio subir, aproxime os contrapesos até 
que o eixo fique em equilíbrio. Ao terminar, aperte bem o 
parafuso dos contrapesos e também a embreagem do eixo de 
ascensão reta, mantendo este eixo de forma que a barra de 
contrapesos permaneça na posição horizontal (terceira imagem 
da Ilustração 61). 
Para fazer o balanceamento do eixo de declinação, 
mantenha o eixo de ascensão reta travado e desaperte a 
embreagem do eixo de declinação (segunda imagem da 
Ilustração 61). Se a parte da frente do tubo óptico descer, é 
porque o tubo está demasiado para frente; se subir é porque o 
tubo está muito para trás. Você deve corrigir a posição do tubo 
afrouxando os anéis de fixação ou os parafusos de pressão do 
berço do dovetail. Lembre-se que para isso você deve 
movimentar o eixo de ascensão reta de forma que a barra dos 
contrapesos fique novamente na vertical, apontando para baixo, 
para não correr risco de o telescópio sair do berço quando você 
afrouxar os parafusos de pressão. Também segure bem o 
telescópio neste momento. Você não vai querer derrubá-lo. 
 
Para finalizar, coloque tudo na posição horizontal, como 
na terceira imagem da Ilustração 61, solte as duas embreagens e 
veja se o setup mantém-se totalmente na posição horizontal. Se 
o telescópio nem a barra de contrapesos se movimentarem, o 
setup está bem balanceado nos dois eixos. 
 
Mas além dos eixos de ascensão reta e declinação, há um 
terceiro balanceamento em seu setup que, diga-se de passagem, 
pode ser ignorado por quem está começando na Astrofotografia. 
É o balanceamento lateral em relação ao tubo óptico. Você 
não deve colocar peso demais de um lado do telescópio em 
relação ao lado oposto. Olhe a primeira imagem da Ilustração 
62. Repare que meu econômico setup é formado por um 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
214 
 
pequeno sistema de autoguiagem, composto de uma buscadora 
de 50mm com uma câmera planetária, enquanto no telescópio 
principal temos uma pequena CCD astronômica com roda de 
filtros de 1,25 polegadas saindo do porta ocular. O normal, para 
alguns, seria que o porta ocular saísse mais lateralmente, mas se 
eu fizesse isso, ficaria muito peso deste lado do telescópio. 
Quando você está balanceando os eixos de declinação e 
ascensão reta e deixa tudo na horizontal, não dá para perceber 
se há mais peso de um lado do telescópio, mas movimente o 
eixo de ascensão reta de forma que a barra de contrapesos fique 
apontada uns 45 graus para baixo e trave esse eixo, gire o eixo 
de declinação em 90 graus de forma que o setup fique como na 
segunda imagem da Ilustração62 e solte a embreagem deste 
eixo. Se houver muito mais peso de um dos lados do telescópio, 
assim que você soltar a embreagem, o telescópio irá se 
movimentar na direção onde há mais peso. Se você, segurando 
a frente do telescópio com as mãos, tentar colocar ele de volta 
na posição, vai notar que ele força para um dos lados. Se estiver 
movimentando o telescópio para este lado usando o motor de 
declinação de sua montagem, ele também terá que fazer uma 
força extra, prejudicial ao equipamento. 
Embreagem 
do eixo de 
declinação
Ilustração 62: O balanço lateral é feito distribuindo-se o peso dos acessórios de forma que 
um dos lados do telescópio não tenha mais peso que o outro. 
 Rodrigo Andolfato 
215 
 
 
Alinhando a Buscadora 
 
Toda buscadora possui parafusos de ajuste em volta do 
anel de suporte, com a função de regular a posição para onde a 
buscadora aponta (primeira imagem da Ilustração 63). Antes de 
fazer esta regulagem, verifique se a buscadora está bem presa 
ao anel de suporte. Se estiver frágil, o alinhamento irá se perder 
facilmente quando você movimentar o setup. 
Em buscadoras que possuem somente um anel de suporte, 
normalmente há um fino anel de borracha em volta da 
buscadora que deve estar entre ela e o anel, para mantê-la firme. 
Se este for o caso da sua, faça um teste: segurando na ponta da 
buscadora com o polegar e indicador, tente movimentar ela com 
a mão. Se estiver se movimentando com facilidade, a buscadora 
está solta e isto vai lhe causar dor de cabeça durante a noite. 
Retire a buscadora e verifique se o anel de borracha está na 
posição correta. Deve haver um pequeno sulco no tubo da 
buscadora onde você deve encaixar o anel de borracha. Coloque 
a buscadora de volta e veja se agora está firme. 
 
Parafusos de 
ajuste da 
buscadora
Ponto de 
referência
Ilustração 63: Buscadora instalada sobre refletor de 200mm. Repare nos parafusos de ajuste 
(imagem à esquerda) e no ponto de referência usado: o canto de uma árvore como aparece ao 
centro da buscadora (imagem ao centro) e no telescópio principal (imagem à direita). 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
216 
 
A forma mais fácil de alinhar a buscadora com o 
telescópio principal é apontar o telescópio para uma região 
distante na paisagem em que seja fácil distinguir os objetos e 
comparar o que está vendo em seu telescópio principal com o 
que mostra a buscadora. Se você apontar para um local repleto 
de árvores muito parecidas, por exemplo, pode ter dificuldades 
para entender o que a buscadora e o telescópio estão mostrando. 
Detalhes urbanos na paisagem, como casas, prédios ou torres 
podem ser muito interessantes para este trabalho. Na Ilustração 
63 eu usei uma árvore localizada entre prédios como referência. 
Mas nem todo local de observação tem uma boa vista 
urbana. Muitas vezes o astrofotógrafo está dentro de um 
observatório fechado ou qualquer outro tipo de espaço apertado 
e não há nada na paisagem para onde ele possa apontar. Nesse 
caso, a única solução é apontar o telescópio para uma referência 
no céu, com o acompanhamento celeste ligado. O problema é 
que alinhar a buscadora usando as estrelas como referência 
pode ser um pouco confuso. Pode até mesmo acontecer de você 
achar que uma estrela que está vendo no telescópio principal 
está centralizada na buscadora, mas no fim não são as mesmas 
estrelas. 
Caso tenha que apontar para o céu para alinhar sua 
buscadora, prefira um objeto brilhante e extenso. A Lua é o 
mais fácil de todos, você pode encontrá-la seguindo a 
intensidade de seu brilho. Mas nem sempre a Lua estará no céu, 
até por que astrofotógrafos de céu profundo preferem fotografar 
justamente quando a Lua está escondida abaixo do horizonte. 
Nebulosas extensas e brilhantes como a da Lagoa e de Orion 
costumam ajudar muito neste trabalho. Aglomerados abertos 
também podem ser muito interessantes. Quanto mais extenso 
for o objeto, maiores as chances de um pedaço dele aparecer no 
telescópio principal. 
Mas muitas vezes centralizamos um objeto no campo de 
visão da buscadora e quando olhamos pela ocular ou tiramos 
uma foto com a câmera, nada do objeto aparece. Neste caso, é 
necessário fazer uma varredura na área, movimentando o 
telescópio suavemente para os lados ou para cima e para baixo 
até identificarmos algo no campo de visão do telescópio que 
 Rodrigo Andolfato 
217 
 
também apareça no campo de visão da buscadora. Para esse 
trabalho, quanto menor for o aumento do telescópio, mais fácil 
será encontrar um alvo de referência. Por isso, prefira começar 
com sua ocular de menor aumento, pois a chance de encontrar o 
objeto é muito maior. 
 
Conectando a câmera ao Telescópio 
 
Colocar a câmera no telescópio é uma tarefa simples, mas 
que exige uma certa atenção. A câmera tem que estar bem presa 
ao porta ocular, para evitar que saia do foco durante a captura 
ou, ainda pior, que caia do telescópio. 
Algo que me desagrada um pouco é que os porta oculares 
dos telescópios geralmente prendem os adaptadores das 
câmeras por meio de um ou dois parafusos de pressão. Para não 
deixar marcas nos adaptadores, muitos modelos têm anéis que 
ficam por baixo destes parafusos e distribuem melhor a força. O 
problema é que, mesmo parecendo bem firme, esta pressão 
pode ficar mais fraca durante a noite e fazer sua câmera deslizar 
pelo porta ocular. A umidade e a variação de temperatura são os 
principais ingredientes para isso acontecer. E quanto maior for a 
soma do peso de sua câmera e acessórios, maiores as chances 
de ela escorregar quando, no meio da madrugada, seu refrator 
ou cassegrain estiver apontado para cima e o porta ocular virado 
para baixo. E existem câmeras realmente pesadas. Entre as 
DSLRs, as que mais chamam a atenção pelo peso são as 
fullframes, mas algumas câmeras dedicadas a Astrofotografia 
de céu profundo, acompanhadas de rodas de filtros motorizadas 
de duas polegadas em seu corpo, podem pesar vários quilos. E 
as câmeras mais pesadas geralmente também são as mais caras. 
Confiar elas a um pequeno parafuso de pressão, pode ser um 
grande risco. 
Tente prender a câmera ao porta ocular de uma forma que 
você não dependa somente do parafuso de pressão. Alguns 
telescópios, principalmente voltados para Astrofotografia, 
permitem que você rosqueie o adaptador de sua câmera ao porta 
ocular. Esta é uma solução muito mais segura. Se o 
equipamento que você adquiriu não permite isto, o conjunto 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
218 
 
câmera/roda de filtros de seu setup é pesado e você vai 
fotografar com um refrator ou cassegrain durante uma noite em 
área úmida, aconselho muita atenção à conexão de sua câmera 
com o porta ocular. Se puder, tente reforçar a conexão com o 
que tiver em mãos. Eu já usei fitas do tipo silver tape ou 
isolante para prender melhor a câmera ao porta ocular. Quando 
fotografo com DSLR no refrator, deixo a alça da DSLR presa 
ao suporte da buscadora. Em caso de queda serve como cinto de 
segurança. 
Praticamente todas as câmeras feitas para Astrofotografia 
possuem adaptadores para conectar ao porta ocular do 
telescópio. Se estiver usando DSLR você precisa adquirir o anel 
T ou M42 específico para sua câmera, bem como o adaptador 
para o porta ocular (volte à Ilustração 41). Se o porta ocular de 
seu telescópio possui rosca T ou M42, conecte a câmera 
diretamente a ele, sem o adaptador. 
Se estiver usando roda de filtros, conecte a câmera a ela 
de forma que o sensor da câmera fique o mais próximo possível 
dos filtros, principalmente se estiver usando refratores de 
distâncias focais curtas e cuja óptica não seja perfeita. Muitas 
rodas de filtros têm um porta ocular para conectar a câmera, 
mas também possuem roscas T ou M42. Prefira sempre 
conexões por rosqueamento. 
Coloque os filtros antes de instalar a roda de filtros no 
setup e anote ou memorize em que sessão cada filtro está. Em 
câmeras conectadas a rodas de filtros automáticas, você podeinformar ao software de captura em que posição está cada filtro. 
 
Ajuste do foco 
 
Após você conectar sua câmera no telescópio ou lente, o 
sensor dificilmente estará no ponto focal, ou seja, no ponto 
onde a imagem é melhor definida. A câmera provavelmente 
estará um pouco antes ou depois da posição correta. Você 
precisa então colocar a câmera exatamente na distância certa em 
que ela obtenha a melhor imagem possível, fazendo o ajuste de 
foco. 
 Rodrigo Andolfato 
219 
 
Um dos erros mais comuns que astrofotógrafos cometem, 
principalmente os de céu profundo, é não focalizar com a 
precisão necessária. Devido à ansiedade, descuido, ou mesmo 
cansaço, é muito comum um astrofotógrafo, mesmo experiente, 
não dar a esta etapa o tempo nem o esforço necessário, o que 
quase sempre gera um grande arrependimento na hora de 
processar aquela imagem que você passou a noite inteira 
capturando. Na maioria das vezes, não há tratamento que 
conserte um foco errado, dando um gosto amargo de que todo o 
trabalho e o tempo gasto foi desperdiçado. 
Em Astrofotografia planetária o foco é mais fácil, pois 
você vê o planeta ao vivo na tela do computador. Mas em 
Astrofotografia de céu profundo, você tem que focar sem ver o 
que quer fotografar, o que pode deixar as coisas mais difíceis. 
Nesse tipo de Astrofotografia o foco é feito tendo como 
referência as estrelas. São elas que vão dizer se o seu ajuste está 
bom ou ruim. O objetivo é deixá-las do menor tamanho possível 
e sem a presença de halos em volta. 
 
Antes de fazer o ajuste fino do foco, você terá que fazer o 
chamado ajuste primário. Esse procedimento é tão necessário 
que a maioria dos telescópios usados para Astrofotografia 
Ajuste fino 
do foco
Ajuste rápido 
do foco
Ilustração 64: À esquerda, focalizador de duas velocidades do meu telescópio refletor. À 
direita, o mesmo focalizador com a câmera e roda de filtros já instalados. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
220 
 
possui dois ajustes em seus focalizadores. Um mais rápido 
justamente para este ajuste primário e um mais lento, para o 
ajuste fino (Ilustração 64). Telescópios mais baratos podem não 
ter o ajuste fino, tornando a tarefa de se conseguir um foco 
preciso um pouco mais difícil, principalmente em telescópios de 
menor razão focal. 
O ajuste primário pode ser mais fácil com o telescópio 
apontado para um ponto da paisagem. Se o ponto de referência 
usado para alinhar a buscadora estiver realmente distante 
(acima de pelo menos 200 metros) ele já será adequado para o 
ajuste primário do foco. 
 
Feito o ajuste primário, aponte o telescópio para o céu e 
faça o ajuste fino, até que as estrelas fiquem no menor tamanho 
possível. Algo que ajuda muito no ajuste final do foco é o 
recurso de liveview, onde você pode ver ao vivo na tela da 
câmera ou do computador o que o telescópio está apontando. 
Com o liveview ligado, aponte para uma estrela das mais 
brilhantes do céu e vá ajustando o foco até que a estrela fique 
no menor tamanho possível. Você percebe que chegou no ponto 
certo quando a estrela para de diminuir e começa a perder 
definição, volte com cuidado até o ponto com a melhor 
imagem, sempre usando o ajuste fino de seu focalizador. 
 
Se a sua câmera não possuir liveview, a tarefa de focagem 
será um pouco mais lenta. Você terá que tirar uma foto de cada 
vez, analisando a evolução do foco entre as imagens. 
Normalmente, toda câmera fotográfica digital que possuí 
recurso de vídeo, como as DSLRs mais modernas e câmeras 
planetárias, possuem o liveview, mas as CCDs dedicadas a 
fotografia de céu profundo raramente possuem este recurso. 
Softwares de captura mais avançados, como o Backyard EOS 
ou o MaxIm DL fazem a análise do foco, indicando pelo 
tamanho das estrelas o quanto o foco está refinado, mas não 
impedem que o ajuste tenha que ser feito foto a foto. 
 
 
 Rodrigo Andolfato 
221 
 
Máscaras para foco 
Existem máscaras que você pode colocar na frente da 
objetiva, que lhe ajudam a encontrar o foco mais preciso. Essas 
máscaras são basicamente tampas com orifícios, que causam 
mudanças no comportamento da luz e orientam o astrofotógrafo 
a atingirem um foco mais preciso. 
Uma das máscaras para foco mais simples que existem é a 
Máscara de Hartmann. Ela consiste numa tampa para o tubo 
óptico com três grandes furos distribuídos de forma uniforme 
em sua área. Esses furos podem ser circulares, triangulares ou 
mesmo quadrados, o importante é que tenham a mesma forma. 
Quando se aponta um telescópio com uma Máscara de 
Hartmann para uma estrela brilhante, se a câmera estiver fora de 
foco, onde houver uma estrela, aparecerão três estrelas. Quanto 
mais se ajusta o foco, mais próxima estas três estrelas ficam 
uma da outra, até que, quando se obtém o melhor foco, elas se 
juntam. Dica: quanto mais preciso estiver o foco, procure 
examinar estrelas cada vez menores, até que nenhuma estrela no 
campo de sua imagem esteja triplicada. 
 
Ilustração 65: Máscara de Bahtinov 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
222 
 
A Máscara de Bahtinov (Ilustração 65) é um pouco mais 
complexa de fazer, mas também é mais precisa. Ela consiste em 
várias perfurações longas paralelas dispostas em formato 
triangular, o resultado é que, ao se apontar o telescópio com 
uma máscara de Bahtinov para uma estrela brilhante, quando o 
foco estiver próximo do ideal, aparecerão três linhas, ou spikes, 
cruzando a estrela. Estas linhas devem se cruzar perfeitamente 
para que o foco esteja perfeito, caso contrário, o foco ainda 
estará impreciso. Veja a Ilustração 66 
 
A câmera não deu foco!! 
Quando você estiver ajustando o foco de uma câmera em 
um telescópio pela primeira vez, pode ser que seus 
equipamentos não se entendam. Existem duas formas de uma 
câmera não atingir o foco num telescópio: o foco ideal pode 
estar para fora ou para dentro do curso do focalizador. 
Se a definição da imagem vai melhorando enquanto você 
vai afastando a câmera, até que chega no fim do curso do 
focalizador, o foco está para fora. É de longe a menos grave 
das situações, sendo facilmente resolvida aumentando a 
extensão do focalizador com o uso de extensores (Ilustração 46) 
 
Agora, se a imagem for melhorando quando você 
aproxima a câmera, até que o focalizador para, então você tem 
um problema bem mais sério, pois o foco está para dentro, 
abaixo do curso do focalizador. Neste caso, você vai ter que dar 
um jeito de diminuir a distância entre a objetiva e o focalizador, 
isso normalmente é feito com medidas mais agressivas, 
cortando-se o tubo óptico de um refrator ou avançando o 
Ilustração 66: Linhas que cruzam uma estrela vista através de uma máscara de Bahtinov. 
 Rodrigo Andolfato 
223 
 
espelho primário de um refletor, entre outras formas, que 
exigem um trabalho manual mais complexo do astrofotógrafo. 
Dependendo de sua condição é até mais recomendado que você 
procure um serralheiro ou outro profissional mais apto ao 
trabalho. 
 
Se mesmo depois de ver que o foco ficou para dentro do 
telescópio, você não quiser desistir da noite astrofotográfica, 
ainda existe a possibilidade de você conseguir que o ponto focal 
se afaste um pouco da objetiva com o uso de adaptadores 
ópticos. Barlows tendem a afastar o ponto focal um pouco. O 
problema é que, se esses acessórios são quase obrigatórios para 
fotografia planetária, são um problema para fotografia de céu 
profundo. Pois uma Barlow 2x, por exemplo, torna a captura de 
luz quatro vezes mais lenta, além de exigir muito mais do 
enquadramento e do acompanhamento da montagem, correndo 
o risco de tornar o que seria uma noite agradável num tormento. 
Já redutores focais, no geral tendem a aproximar ainda mais o 
ponto focal da objetiva, algo que você não quer. 
 
Alinhando o setup com o Polo 
 
Alinhar a sua montagem com perfeição em relação ao 
eixo polar da Terra é fundamental para se conseguir longos 
tempos de exposição por frame em imagens de céu profundo.Se o objetivo for Astrofotografia planetária, não há necessidade 
de um alinhamento perfeito, já que as capturas planetárias são 
curtas, com frames de centésimos de segundo, e mesmo que o 
planeta comece a sair do campo de visão durante a gravação dos 
frames, você pode, inclusive, movimentar o telescópio sem 
prejudicar o resultado final. Mas com céu profundo, onde os 
frames precisam ser de alguns minutos, não há nenhuma 
liberdade para erros ou correções enquanto a câmera está 
capturando. É permitido um leve deslocamento entre um frame 
e outro, mas para que as estrelas permaneçam redondas e 
pontuais, este deslocamento deve ser mínimo. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
224 
 
O uso de um setup de autoguiagem pode fazer parecer que 
um bom alinhamento não é assim tão necessário, mas mesmo 
com autoguiagem, se o objetivo são frames longos, com três 
minutos ou mais de duração, as estrelas apresentarão rastros 
num setup mal alinhado. A autoguiagem até trabalha com o eixo 
de declinação, mas ela é feita principalmente para corrigir o 
erro periódico do eixo de ascensão reta. Se a montagem estiver 
muito fora da posição certa, a autoguiagem pode até melhorar 
um pouco o resultado final, mas não vai salvar suas estrelas de 
aparecerem com rastros. 
 
Alinhando sua montagem equatorial 
 
Estrela Polar 
Existem várias formas de se alinhar uma montagem 
equatorial com o polo celeste. Se você estiver no hemisfério 
norte, a forma mais simples é apontar o eixo de ascensão reta 
para a estrela mais brilhante da constelação de Ursa Menor. Esta 
estrela é conhecida como Polar, ou estrela Alpha da constelação 
de Ursa Menor (UMI). De uma EQ3 para cima, quase todas as 
montagens equatoriais possuem uma pequena luneta interna 
(em algumas é um acessório opcional), alinhada com o eixo de 
ascensão reta da montagem, chamada buscadora polar 
(Ilustração 67). Para alinhar sua montagem equatorial, o polo 
celeste deve estar exatamente no centro da buscadora polar, 
geralmente marcado por um retículo. Algumas montagens não 
possuem buscadora polar, mas permitem inserir um laser verde 
no eixo de ascensão reta. 
A Estrela Polar de Ursa Menor não está exatamente no 
Polo Celeste Norte, mas está perto o suficiente para permitir 
alinhar a montagem com relativa precisão. Muitas buscadoras 
polares possuem desenhos internos das estrelas mais próximas 
ao polo que servem como referência para alinhar a montagem. 
Na Ilustração 67, vemos o desenho que aparece na buscadora 
polar da montagem HEQ5. Ela destaca principalmente estrelas 
do hemisfério Norte, em especial as constelações de Cassiopéia 
e Ursa maior (Big Dipper). Do Hemisfério Sul, aparece somente 
a formação da “Panelinha” onde está a estrela T Octans, usada 
 Rodrigo Andolfato 
225 
 
para identificarmos o Polo Celeste Sul. Esta formação é muito 
pálida, sendo vista somente com binóculos, tornando alinhar 
uma montagem equatorial no Hemisfério Sul muito mais 
desafiador do que seria no Hemisfério Norte. 
Na Ilustração 67, note que algumas estrelas desenhadas na 
buscadora polar estão marcadas com pontos vazios, enquanto 
outras estão marcadas com pontos cheios (pretos). As estrelas 
marcadas como pontos vazios são a polar e as estrelas da 
panelinha. Estas estrelas estão na escala real em relação aos 
polos Sul e Norte e se você encaixar as estrelas nesses pontos 
de sua buscadora conforme o desenho, conseguirá alinhar sua 
montagem. A montagem permite girar o telescópio polar para 
corrigirmos a posição de acordo com o horário. Já as 
constelações de Cassiopeia e Ursa Maior, são na verdade muito 
maiores em relação à panelinha do que neste desenho. Estas 
duas constelações provavelmente não aparecerão em sua luneta 
polar. Elas estão ali para que você possa acertar a posição da 
Estrela Polar do Hemisfério Norte de acordo com a posição que 
estas constelações estiverem no céu. No Hemisfério Sul, basta 
encaixar a panelinha, ou trapézio, com a estrela T Octans no 
local certo, para se ter o alinhamento. Em locais com baixíssima 
Ilustração 67: buscadora polar da montagem HEQ5 e imagem que ele apresenta, mostrando 
as estrelas de referência. 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
226 
 
poluição luminosa é possível ver estas estrelas em boas 
buscadoras polares. 
 
Falsa Estrela Polar (Hemisfério Sul) 
Achar o Polo Celeste Sul não é das tarefas mais fáceis. É 
recomendável um binóculo e a ajuda de um software planetário, 
como o Stellarium, para encontrar a estrela T Octans e a 
formação da “panelinha”. 
Em encontros de Astronomia, geralmente um dos 
astrofotógrafos se dispõe a produzir uma falsa estrela polar para 
ajudar os outros participantes, apontando um laser verde para o 
 
Ilustração 68: Laser verde, indicando aos astrofotógrafos onde está localizado o polo celeste 
Sul. 
 Rodrigo Andolfato 
227 
 
local onde está o Polo Sul (Ilustração 68). Isto deve ser feito 
com o laser sobre um tripé, para manter-se fixo apontando para 
o polo. 
Lembre-se: quanto mais distante você estiver do laser 
utilizado para a falsa estrela polar, mas difícil será a 
visualização da luz emitida pelo aparelho. Se seu setup ficar 
muito distante do laser, você pode ter problemas para alinhar 
sua montagem através deste recurso e será necessário 
providenciar sua própria falsa estrela polar, mais próximo de 
seu equipamento. 
Pode parecer besteira, mas o responsável pela falsa estrela 
polar deve ficar sempre atento à bateria do laser utilizado, que 
pode acabar bem rápido no frio. O aparelho somente deve ser 
ligado por poucos minutos, sempre que alguém solicitar. O 
astrofotógrafo que pediu para o laser ser ligado deve se lembrar 
de avisar quando terminar de alinhar sua montagem e não 
precisar mais da luz emitida. Não é raro, em encontros de 
astrofotógrafos, o laser ser esquecido aceso por muito tempo 
sem ninguém utilizando a falsa estrela polar. Quando finalmente 
alguém precisa, a bateria já era. 
 
Ajustando o alinhamento da montagem 
 
Para ajustar a sua montagem com o polo, você vai usar o 
parafuso de ajuste de latitude (Ilustração 59), localizado na 
parte de trás da cabeça de sua montagem e também os parafusos 
de ajuste fino de azimute (Ilustração 58). O parafuso de ajuste 
de latitude é muito simples de usar; girando no sentido horário o 
eixo de ascensão reta sobe; no sentido anti-horário o eixo desce. 
Esse parafuso costuma ter uma pequena alavanca, que permite 
fazer a movimentação sem o uso de ferramentas. 
A movimentação do eixo de azimute depende dos dois 
parafusos de ajuste fino de azimute. Seu uso é um pouco mais 
complicado. Para movimentar a montagem para o lado que 
deseja, você deve soltar o parafuso posicionado na direção que 
você quer seguir e apertar o parafuso que está na direção 
contrária. Antes de fazer isso desaperte um pouco o parafuso 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
228 
 
que prende a cabeça da montagem (Ilustração 57), caso 
contrário, a cabeça da montagem não irá se movimentar. 
Movimente os dois eixos até o polo celeste estar no centro 
do campo de visão de seu telescópio polar. 
Caso o eixo de azimute esteja demasiado longe do polo, 
talvez valha mais a pena movimentar os pés do tripé, deixando 
o movimento dos parafusos de ajuste fino do azimute somente 
quando o eixo estiver bem próximo do correto alinhamento. 
Afinal, como o próprio nome diz, eles estão ali somente para o 
ajuste fino. Se a diferença para o polo estiver muito elevada, o 
ajuste com esses parafusos pode ser cansativo para o 
astrofotógrafo, principalmente se o setup sobre a montagem 
estiver muito pesado. 
 
Alinhar o telescópio antes ou depois de colocar o 
telescópio sobre a montagem? 
 
Como os parafusos de ajuste fino de azimute podem ficar 
bastante duros se houver muito peso sobre a montagem, alguns 
astrofotógrafos podem preferir fazer o alinhamento da 
montagem ainda sem o telescópio. É claro que, sem o peso do 
telescópio e acessórios,você tem a vantagem de poder girar os 
parafusos de ajuste fino de azimute de forma muito mais suave. 
Mas esta estratégia tem um problema: como você precisará 
esperar escurecer para alinhar a montagem, corre o risco de ter 
que montar o resto do setup no escuro. Se você estiver num 
encontro de astrofotógrafos, o uso de luz será ainda mais 
restritivo e montar todo o equipamento nestas condições não vai 
ser nada fácil. A imensa maioria dos astrofotógrafos prefere 
montar seus telescópios antes do sol se pôr, para aproveitar o 
fim da luz do dia. Alinhar a montagem antes de colocar o 
telescópio e os acessórios só é recomendado se, após o 
alinhamento, você puder iluminar o local de captura. Além 
disso, montar o setup depois de alinhar a montagem traz enorme 
risco de que o alinhamento seja alterado pelo peso e movimento 
dos componentes. 
 
 Rodrigo Andolfato 
229 
 
Alinhando sem polo 
Muitas vezes, simplesmente não é possível enxergar o 
polo celeste de onde se está astrofotografando. Isso acontece 
quando há uma barreira física entre o telescópio e o polo, como 
uma montanha ou construções. Quanto mais próximo o 
astrofotógrafo estiver da linha do equador, maior será a 
possibilidade de que isto aconteça. Quanto menor for a latitude, 
mais baixo o polo celeste estará no céu, aumentando as chances 
de barreiras simples, como morros, árvores ou até mesmo sua 
própria residência bloquearem a vista. 
Quando não se consegue ver o polo celeste, o alinhamento 
polar é mais complicado e exige algumas técnicas para ser 
aperfeiçoado. Você vai precisar de uso de instrumentos. Dois 
deles serão fundamentais para isso: uma bússola e um 
inclinômetro. Esses equipamentos possuem versões manuais 
(ou analógicas) e digitais. As versões manuais têm duas 
vantagens: custam muito menos e não necessitam de baterias, 
eliminando o risco de você ficar na mão numa hora importante. 
Já as versões digitais podem custar várias vezes mais e você 
pode ser surpreendido por uma bateria descarregada na hora 
errada, sem possibilidade de reposição. Entretanto, 
equipamentos digitais são muito mais precisos do que suas 
versões analógicas. Os modernos celulares podem trazer 
 
Ilustração 69: Inclinômetro digital 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
230 
 
recursos de inclinômetro e bússola digital. Para que o aplicativo 
da bússola do celular funcione, o aparelho precisa ter uma 
bússola interna instalada. Este recurso é geralmente encontrado 
em modelos mais avançados. 
O inclinômetro serve principalmente para o ajuste da 
latitude. Seu uso é muito simples, basta colocar sobre uma 
superfície na direção que você quer saber a inclinação que ele 
mostrará o valor. É claro que esta superfície tem que ser reta e 
regular, com alguns poucos centímetros de comprimento para 
uma medição mais precisa. E também deve estar perfeitamente 
alinhada com o eixo de ascensão reta. Um bom lugar para se 
medir a inclinação de sua montagem é sobre o berço do 
telescópio (Ilustração 60), que geralmente está nivelado com o 
eixo de ascensão reta. 
 
Muitas montagens possuem um indicador de latitude, o 
que poderia dispensar o inclinômetro. Essas indicações podem 
ser precisas ou não. Mas um bom inclinômetro à mão, de 
preferência digital, ajuda no alinhamento de qualquer 
montagem. Com ele você já ajusta a latitude de forma precisa e 
o ajuste da longitude torna-se muito mais simples. Lembre-se 
de que você precisa saber a latitude do local aonde se encontra. 
A maioria dos celulares modernos possui um GPS que vai lhe 
dar essa informação. Mas para não ser pego de surpresa por um 
smartphone sem bateria quando se deslocar para áreas isoladas, 
procure sempre anotar num papel a latitude e também a 
longitude de onde está indo. Em algum momento pode ser 
muito útil. 
A bússola vai ajudar no ajuste do azimute, mas é 
importante saber que o polo indicado por sua bússola não é o 
polo da rotação da Terra, e sim o polo magnético, que não é 
coincidente com o de rotação. Essa diferença entre o polo 
geográfico e o polo magnético chama-se desvio ou declinação 
magnética e ela varia de local para local, sendo de pouca 
utilidade colocar aqui uma tabela com esses dados, até por que 
eles também variam com o passar do tempo. O melhor a fazer é 
procurar um software ou site que faça esse cálculo para você, 
como o http://magnetic-declination.com/, que lhe dirá a 
 Rodrigo Andolfato 
231 
 
declinação magnética de qualquer lugar do mundo. Para 
Brasília, onde eu vivo, este site indica que, no momento em que 
escrevo este texto, a declinação magnética é de vinte e um graus 
e dezesseis minutos a oeste. O que quer dizer que, em Brasília, 
minha montagem deve estar apontada para um ponto a mais de 
20 graus de onde a bússola indica. Não é pouca coisa. Uma 
vantagem enorme das bússolas digitais é que elas são 
programadas para corrigir automaticamente a declinação 
magnética, de acordo com a sua localização, mostrando 
exatamente onde está o polo. 
 
Alinhando polo com a câmera ao telescópio 
Uma possibilidade para alinhar sua montagem com o eixo 
de ascensão reta sem visualizar o polo é utilizar a sua câmera 
instalada no telescópio. Esse, na verdade, é o recurso que 
sempre gostei mais de usar quando não tenho acesso ao polo. 
Com o acompanhamento da montagem ligado, posicione 
o eixo de declinação virado noventa graus em relação ao eixo 
de ascensão reta e aponte para uma região no céu. Tire uma foto 
de alguns segundos de exposição e veja se as estrelas 
apresentaram rastros. Caso apareçam redondas, bom sinal, 
então aumente o tempo de exposição até que as estrelas 
apresentem rastros. Quando as estrelas apresentam rastros na 
imagem, movimente um pouco o eixo de azimute numa direção. 
Se o rastro diminui, movimente mais um pouco o eixo na 
mesma direção e tire outra imagem, para ver como se 
comportou. Se o rastro aumenta, movimente o eixo na 
direção contrária e vá seguindo nesta direção da mesma 
forma. Faça isso até notar que o rastro voltou a aumentar. 
Quando isso acontecer, volte para a posição em que o rastro 
estava menor e comece a ajustar o eixo de latitude, até atingir os 
menores rastros possíveis ou que as estrelas fiquem redondas. 
Dica: como montagens possuem erros periódicos, sempre que 
fizer ajustes no eixo das montagens, faça pelo menos duas 
fotos, se a movimentação das estrelas variar entre elas, faça 
uma terceira imagem. 
Vale lembrar que se você já tiver ajustado o eixo de 
latitude com um inclinômetro, basta fazer o ajuste do eixo de 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
232 
 
azimute, o trabalho então vai ser muito parecido com o de 
focalizar, com você movimentando a montagem para os lados 
até que as estrelas atinjam o menor tamanho possível. 
Mesmo perfeitamente alinhadas com o polo, as 
montagens mais populares, como a EQ5 e a EQ6 têm um limite 
no tempo que conseguem acompanhar sem cometer erros, 
geralmente entre dois a três minutos com telescópios de até um 
metro de distância focal. Conseguir estrelas redondas com 
tempos de exposição de um minuto por frame já é um bom 
resultado nestas montagens. Para tempos de exposição maior, a 
autoguiagem é necessária. 
 
Escolhendo o objeto a ser fotografado 
 
Com o setup perfeitamente alinhado (ou com o melhor 
alinhamento possível), você pode apontar o telescópio para o 
objeto alvo. A escolha do objeto que será fotografado envolve 
algumas variáveis. Entre elas, saber qual é o campo que você 
vai conseguir capturar com o seu setup. Por exemplo, se você 
estiver com um pequeno refrator de até 700mm de distância 
focal com uma câmera DSLR, seu setup captura um campo com 
o comprimento de cerca de dois graus. Algo como o diâmetro 
aparente de 3 a 4 luas. Este setup é bom para as galáxias mais 
próximas, como Andrômeda (M31), Triângulo (M33) e as 
Nuvens de Magalhães e é aceitável para outras não tão 
distantes, como Escultor (NGC 253), do Sombreiro (M104), 
NGC55, NGC 300 e mais algumas. Paramuitas outras galáxias, 
o pouco aumento mostrará poucos detalhes do objeto, mas este 
setup ainda pode ser bem interessante se você quiser fotografar 
aglomerados galácticos, como o de Virgem ou Fornax. Este 
setup também pode produzir boas imagens dos aglomerados 
globulares mais destacados e das nebulosas planetárias mais 
próximas, mas o forte de um pequeno refrator com DSLR são 
mesmo as grandes nebulosas e os campos estelares. No geral, 
setups com menos aumento rendem mais quando apontados 
para regiões mais ricas do céu, onde os braços da Via Láctea 
estão presentes. 
 Rodrigo Andolfato 
233 
 
Já um setup com maior aumento, como um grande refletor 
newtoniano ou cassegrain, vai poder capturar um sem número 
de objetos em detalhes. Com um maior aumento, você pode 
explorar áreas mais isoladas do céu, em busca de galáxias mais 
distantes, aglomerados globulares menores ou nebulosas 
planetárias. Nada o impede de apontar este setup para objetos 
maiores, como nebulosas e campos estelares, mas nesse caso 
será comum você ter que escolher uma região do objeto a ser 
fotografado. 
A escolha do objeto alvo exige que você conheça o céu, 
saiba quais são as galáxias mais interessantes, as nebulosas 
mais brilhantes, os campos mais ricos. Não há como ser 
astrofotógrafo sem conhecer o firmamento. Na verdade, mesmo 
que você seja excelente fotógrafo, tenha um ótimo equipamento 
e seja um perito em tratamento de imagens, se você não tem um 
amor genuíno pelo céu, sua “carreira” na Astrofotografia vai 
durar muito pouco. Você vai fazer umas fotos legais dos objetos 
mais famosos, causar uma certa repercussão entre os amigos, e 
ser reconhecido entre os astrofotógrafos e astrônomos 
amadores, mais logo vai se desinteressar e colocar seu 
equipamento à venda. Como ávido acompanhante da 
Astrofotografia brasileira, eu já vi isso acontecer mais de uma 
vez. Somente os astrofotógrafos que amam Astronomia, que 
querem realmente explorar o céu através da 
Astrofotografia, ficam anos nesta atividade. 
Para quem está começando, o ideal é sempre ir nos objetos mais 
brilhantes. Você precisará de menos tempo de exposição para 
registrar estes objetos, não há necessidade do setup estar tão 
bem alinhado e você os encontrará mais facilmente, pois num 
céu escuro, muitos são visíveis a olho nu. 
Na tabela 5, deixo uma lista com os objetos 
recomendados para se iniciar em Astrofotografia de céu 
profundo, de acordo com a estação em que estão visíveis por 
mais tempo durante a noite. 
 
Note que alguns períodos parecem mais ricos em objetos 
brilhantes do que outros. Mas não se preocupe, os objetos que 
estão na mesma linha da estação, podem ser fotografados 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
234 
 
durante toda a noite durante a estação relacionada a eles na 
tabela, mas os objetos da estação anterior, podem ser 
fotografados no início da noite enquanto os que estão na estação 
seguinte podem ser fotografados mais para o fim da noite. 
Somente os que estão na estação oposta ficam invisíveis durante 
quase toda a noite e devem ser desconsiderados durante sua 
sessão astrofotográfica. 
A lista da Tabela 5 representa uma porcentagem muito 
pequena da totalidade de objetos interessantes visíveis em cada 
época, mas são os melhores objetos para começar. Aqueles 
marcados em negrito são minha sugestão pessoal para começar 
em cada estação. 
Algo que você deve levar muito em conta na hora de 
escolher seu alvo para fotografar é o tempo de pretende dedicar 
à captura. Se você decide começar a fotografar um objeto que já 
está muito a leste, não terá muito tempo para capturá-lo e ainda 
deve descontar o tempo que você vai demorar para apontar para 
ele, encontrar o melhor enquadramento, calibrar a autoguiagem 
Estação 
(Hemisfério Sul) 
Objetos de céu profundo mais visíveis 
Inverno Nebulosa da Lagoa (M8), da Águia (M16), do Cisne (M17) e Trífida (M20). América 
do Norte (NGC7000), do Véu (NGC 6960 e 6992) 
Aglomerados aberto da Borboleta (M6) e Ptolomeu (M7) 
Aglomerado Globular M22 
Nebulosa Planetária do Anel (M57) e do Haltere (M27) 
Primavera Nebulosa da Tarântula (NGC 2070) e da Califórnia (NGC 1499) 
Nebulosa Planetária da Hélice (NGC 7293) 
Aglomerado Globular 47 Tucanae (NGC 104) 
Aglomerado Aberto Plêiades (M45) 
Galáxia de Andrômeda (M31), do Triângulo (M33), do Escultor (NGC 253), NGC 55 e 
NGC 300 
Verão Nebulosa de Orion (M42), da Roseta (NGC 2244), do Caranguejo (M1) e Cabeça do 
Cavalo (Barnard 33). 
Outono Nebulosa Carina (NGC 3373) e da Galinha Fugitiva (IC2944) 
Aglomerado Globular Ômega Centauri (NGC 5128) e Grande Aglomerado de Hércules 
(M13). 
Galáxia Centaurus A (NGC 5128), NGC 4549, do Sombreiro (M104), do Redemoinho 
(M51), do Cata Vento do Sul (M83) e do Cata Vento do Norte (M101). 
Aglomerado aberto Caixa de Joias (NGC 4755), Plêiades do Sul (IC 2602) e Presépio 
(M44). 
Tabela 5: Objetos de céu profundo mais populares e época ideal de captura. 
 
 Rodrigo Andolfato 
235 
 
e fazer alguns frames de teste. Pode até acontecer de, quando 
finalmente estiver tudo pronto para a captura dos light frames, o 
objeto já esteja baixo demais, próximo do horizonte. 
Há dois momentos ideais para apontar o seu setup para 
um objeto: primeiro, quando ele está nascendo; segundo, 
quando acaba de passar pelo ponto mais alto possível no céu, a 
linha azimutal que separa o leste do oeste, chamada de 
Meridiano Local. 
Partindo do princípio que você está com o horizonte 
completamente livre, o momento em que um objeto acaba de 
nascer ainda não é o ideal para começar a capturar os light 
frames devido à enorme extensão de atmosfera que existe entre 
você e o objeto neste momento. Mas se a qualidade da imagem 
é insuficiente para os primeiros light frames, é o bastante para 
você encontrar o objeto, enquadrá-lo da forma apropriada e 
fazer alguns frames de teste, para ver qual o melhor tempo de 
exposição e ajuste de sensibilidade para sua imagem. Quando 
você terminar este trabalho, o objeto já terá subido alguns graus 
no céu. Num céu bem escuro, pouco mais de dez graus de 
altitude já são o suficiente. A partir daí a imagem vai ficar cada 
vez melhor e tendo começado cedo, você pode fazer uma 
grande quantidade de frames. 
Levará cerca de cinco horas até que sua montagem 
equatorial cruze o Meridiano Local. A partir deste momento, o 
telescópio passa a ficar abaixo da barra de contrapesos e é 
necessária muita atenção para o risco do telescópio bater nos 
pés do tripé. 
Você ainda pode continuar fotografando o mesmo objeto 
depois que ele cruza o Meridiano Local, basta inverter o 
telescópio na montagem. Mas lembre-se que isso exigirá algum 
trabalho, obrigando a refazer um enquadramento com bastante 
precisão, girar a câmera 180 graus, o que pode fazer o sensor 
sair do ponto focal, além de você ter que fazer novos frames de 
calibração, que podem não conversar bem com os anteriores. Eu 
geralmente prefiro continuar no objeto na noite seguinte e 
prosseguir a noite atual em outro alvo. 
O momento em que o objeto está cruzando o ponto mais 
alto no céu também é interessante para começar uma captura. A 
Astrofotografia Prática – O Guia da Fotografia do Universo 
236 
 
partir deste momento o setup vai apontar cada vez mais para 
baixo sem que você precise inverter a câmera. 
É claro que se o seu objetivo não for muito tempo de 
exposição por objeto, você pode começar quando os objetos 
estivem no meio do caminho para o ponto mais alto do céu ou 
dali para o horizonte. Mas lembre-se: problemas podem ocorrer. 
Muitas vezes achei que em meia hora estaria fotografando, mas 
me atrapalhei com o equipamento e quando finalmente pude 
fotografar, já era tarde. Por isso, sempre prefira aqueles objetos 
que te garantirão mais tempo de exposição, mesmo que pareça 
desnecessário. 
 
Deve-se ficar atento no início e no fim da noite à Luz 
Zodiacal (Ilustração 70). Este fenômeno não é perceptível de 
áreas urbanas e quem não está acostumado a observar