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Universidade Estadual de Feira de Santana Bacharelado em Engenharia de Alimentos Departamento de Tecnologia Prof. Dr. Ernesto Acosta Martínez Determinação de ácidos graxos livres Arleane Gleice de Sousa Bispo Larissa Gonçalves Mascarenhas dos Santos Robson de Oliveira Carvalho Junior Feira de Santana-Ba 2022 Introdução: Ácidos graxos são ácidos carboxílicos com uma longa cadeia alifática. Estes são frequentemente classificados pela ausência ou presença de insaturações. Fazem parte da classe lipídica, amplamente difundida na natureza, alimentos e organismos, sendo um importante constituinte da membrana celular. Eles têm importantes funções biológicas, papéis estruturais e funcionais, e representam uma fonte de energia fundamental para o corpo humano (BOBBIO e BOBBIO, 2001). São caracterizados principalmente pela sua estrutura geral que apresenta uma parte polar contendo ácido carboxílico terminal, e outra parte apolar, também chamada de hidrofóbica, formada por uma cadeia extensa de hidrocarbonetos. A parte polar (hidrofílica) facilmente interage com a água devido à natureza anfipática dos ácidos graxos. No entanto devido o comprimento da cadeia carbônica, a parte apolar (hidrofóbica) é predominante, influenciando diretamente na baixa solubilidade do composto (BOBBIO e BOBBIO, 2001). Em óleos e gorduras, são os maiores constituintes dessas substâncias, na forma de mono, di e triglicerídios, uma grande quantidade de ácidos graxos livres indica que o produto está em acelerado grau de deterioração. A principal consequência disso é que o produto confere uma característica mais ácida (MORETTO, 1998). Os lipídios podem sofrer transformações químicas durante o armazenamento, no processamento ou ainda no uso como meio de transferência de calor. As transformações mais importantes são a rancidez hidrolítica e rancidez oxidativa. A rancidez, seja hidrolítica ou oxidativa, é a deterioração dos lipídios e constitui-se em um dos problemas técnicos mais importantes na indústria de alimentos (MORETTO, 1998). A rancidez hidrolítica resulta da hidrólise da ligação éster por lipase ou umidade. A rancidez hidrolítica enzimática refere-se à hidrólise dos óleos e gorduras com produção de ácidos graxos livres (AGL), devido à ação das enzimas lipases, presentes nas sementes oleaginosas ou lipases de origem microbiana (MORETTO, 1998). De forma não enzimática, a rancidez hidrolítica se dá em altas temperaturas, produzindo ácidos graxos livres. É acelerada por luz e calor e os ácidos graxos livres formados são responsáveis pelo sabor e odor desagradáveis, especialmente em gorduras como a manteiga, que possui grande quantidade de ácidos graxos de baixo peso molecular (MORETTO, 1998). Um elevado índice de acidez (que corresponde a quantidade em mg de base (KOH ou NaOH) necessária para neutralizar os ácidos graxos livres presentes em 1 g de gordura) indica, portanto, que o óleo ou gordura está sofrendo quebras em sua cadeia, liberando seus constituintes principais. Por esse motivo o cálculo desse índice é de extrema importância na avaliação do estado de deterioração (rancidez hidrolítica) do óleo ou gordura que é consumido (MORETTO, 1998). Objetivo: O objetivo deste relatório é o entendimento do que é o índice de acidez e do cálculo da quantidade de ácidos graxos livres presentes em uma determinada gordura, tendo ênfase nas implicações destes parâmetros para a avaliação do estado de deterioração de certos óleos e gorduras. Resultados e discussões: A instrução normativa de número 87, prevê que para óleos e gorduras refinados devem ter um valor máximo de acidez até 0,6 mgKOH/g. Esse índice é medido pela formula a seguir: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑔 𝑑𝑎 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 Antes de se realizar os cálculos propriamente dito, segue abaixo os dados coletados durante a prática: • O volume gasto de NaOH na titulação foi de 0,5 ml. • Foi pesado 28,3g de óleo vencido. • 0,1 N de NaOH significa que a solução padronizada possui 0,1g por litro de solução, ou seja, temos 100mg da base a cada 1000ml da solução. Tendo o conhecimento do que significa 0,1N de NaOH conseguimos calcular a quantidade gasta em mg de NaOH gasta no procedimento através da relação: 100 𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 − 1000𝑚𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑥 𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 − 0,5𝑚𝑙 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑥 𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 = 0,05( 𝑠𝑒𝑟á 𝑢𝑠𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜𝑠) Já tendo os valores necessários para o cálculo de índice de acidez, basta agora seu cálculo: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑔 𝑑𝑎 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 0,05𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 28,3𝑔 𝑑𝑜 ó𝑙𝑒𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑑𝑜 ≃ 0,002 𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑜𝐻 𝑔 𝑑𝑒 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 Para o grupo 2, o qual usou óleo dentro do prazo de validade, as gramas pesados por eles foi: 28,35g. Agora o cálculo para o índice de acidez será: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑔 𝑑𝑎 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 0,05𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 28,35𝑔 𝑑𝑜 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜𝑣𝑜 ≃ 0,002 𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑜𝐻 𝑔 𝑑𝑒 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 O valor encontrado encontra-se dentro dos padrões de identidade e qualidade propostos pela legislação brasileira. O mesmo procedimento foi realizado pelo grupo 3, cuja amostra foi com azeite dentro do prazo de validade. A amostra da gordura pesada pelo grupo foi de 28,26g. Tendo essa informação é possível realizar o cálculo do índice de acidez: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑔 𝑑𝑎 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 0,05𝑚𝑔 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 28,26𝑔 𝑑𝑒 𝑎𝑧𝑒𝑖𝑡𝑒 𝑣𝑒𝑙ℎ𝑜 ≃ 0,002 𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑜𝐻 𝑔 𝑑𝑒 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 Também foi pedido o cálculo de ácidos graxos livres (AGL). Este será feito através da fórmula: 𝐴𝐺𝐿(%) = 𝑚𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑥 𝑁 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑥 0,28 𝑥 100 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 Para o grupo 1, que usou óleo vencido, o cálculo será: 𝐴𝐺𝐿(%) = 0,5 𝑚𝑙 𝑥 0,1𝑁 𝑥 0,28 𝑥 100 28,3𝑔 ≃ 0,05% Um valor pequeno da porcentagem de ácidos graxos livres significa que o óleo de soja, mesmo vencido, é de boa qualidade. Para o grupo 2, que usou óleo novo, ao compartilhar seus dados, o v em mL de NaOH gasto foi de 0,2. Com este dado, podemos fazer a % de AGL: 𝐴𝐺𝐿(%) = 0,2 𝑚𝑙 𝑥 0,1𝑁 𝑥 0,28 𝑥 100 28,35𝑔 ≃ 0,02% Percebe-se que a % calculado de ácidos graxos livres para o grupo 2 também se encontra dentro do valor estimulado pela legislação brasileira. Por fim, o grupo 3 verificou que foi gasto 0,35mL da base até que atingisse o ponto de viragem do experimento. Dessa forma pode-se calcular então a % de AGL para o azeite dentro do prazo de validade: 𝐴𝐺𝐿(%) = 𝑚𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑥 𝑁 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑥 0,28 𝑥 100 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐴𝐺𝐿(%) = 0,35𝑚𝐿 𝑥 0,1 𝑁 𝑥 0,28 𝑥 100 28,26𝑔 ≃ 0,04% Em relação a coloração apresentada, o ponto de viragem ficou um tom de vermelho roseado em vez de rosa claro. A provável explicação para essa coloração diferente é por causa da cor natural do azeite, que é um tom de dourado. Conclusão: Com os valores analisados e comparados, podemos chegar à conclusão de que as amostras de óleo fora e dentro do prazo de validade entram-se com pequenas doses de ácidos graxos livres, tudo dentro do limite proposto pela legislação atual brasileira que é de até 0,06%. Isso também vale para a acidez, afinal ambos os óleos estão com uma boa acidez quando comparado ao valor proposto na IN-87. Já para a amostra contendo azeite dentro do prazo de validade, podemos observar que a porcentagem de ácidos graxos livres deles deu um valor aceitável, de 0,04% aproximadamente. Em relação a sua acidez, ainda se encontra dentro do limite proposto pela IN-87.Referencias: ARAÚJO, Anderson Magalhães. Borra de óleo de soja: caracterização físico-química e avaliação da potencialidade econômica. 2016. BRASIL, A. Instrução Normativa-IN N 87, DE 15 de março DE 2021. Estabelece a lista de espécies vegetais autorizadas, as designações, a composição de ácidos graxos e os valores máximos de acidez e de índice de peróxidos para óleos e gorduras vegetais. Diário Oficial da União, Poder Executivo, DF, Brasília, v. 2021, p. 6, 2021. Moretto, E.; Fett, R.; Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais na Indústria de Alimentos. 1a. ed., Varella: São Paulo, 1998. BOBBIO, P.A; BOBBIO, F.O. Química do processamento de alimentos. 3 ed. São Paulo: Varela, 2001.
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