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Laboratório de Direito Privado QUESTÃO – PROBLEMA Manoel, representado por sua genitora Rafaela, ingressa com ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos em face de Pedro. Além de provas documentais (fotos do casal Rafaela e Pedro), Manoel apresenta também com a inicial exame de DNA realizado em ação de produção antecipada de provas que teve a devida participação de Pedro. Após a apresentação de contestação, o juiz julga procedente a investigação e reconhece Pedro como pai de Manoel diante das provas suficientes já juntadas. No mesmo pronunciamento determina que as partes apresentem seus pedidos de provas quanto aos alimentos. Após a intimação, o autor pede a oitiva de testemunhas e o réu se silencia. É designada audiência de instrução e julgamento, mas o réu e nem o seu advogado (a) são intimados para este ato. Em audiência, mesmo sem a presença do réu ou de seu advogado, são ouvidas as testemunhas do autor e é julgado procedente o pedido de alimentos. Na condição de advogado (a) do réu elabore a melhor solução jurídica para defesa dos seus interesses quanto às duas decisões judiciais narradas no problema. Analise a possibilidade de novo recurso em caso de julgamento não unânime pelo tribunal. No que diz respeito à primeira decisão do caso em análise (reconhecimento da paternidade) a defesa cabível é o agravo de instrumento, pois trata-se de uma decisão interlocutória parcial de mérito, hipótese está descrita tanto no artigo 1015, inciso II quanto no artigo 356, § 5º ambos do Código de Processo Civil. O cabimento de Agravo de Instrumento em se tratando de decisão parcial de mérito é entendimento consolidado pela jurisprudência pátria, senão vejamos: 1 Quanto à falta de intimação do réu e seu advogado para a audiência de instrução e julgamento a defesa apropriada é a apelação com pedido de anulação da decisão devido ao vício de procedimento do processo, isto é, o cerceamento de defesa ante a realização da audiência sem que o réu ou seu advogado, portador de endereço certo, tenha sido regularmente intimado para comparecimento do ato judicial. Tal disposição encontra-se amparada pela legislação processual cível nos artigos 237 CPC (obrigatoriedade da intimação das partes de todo ato processual) e § 8º do artigo 272 CPC, in verbis: “ A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for reconhecido”. Ademais, o artigo 1012, § 1º, inciso II, do CPC estabelece que a apelação nos casos de condenação de pagar alimentos não possuirá efeitos suspensivos. Por esse motivo é necessário realizar o pedido de tutela antecipada recursal por meio do procedimento processual previsto no inciso I, § 3º do artigo 1012 c/c §4º; garantindo a defesa do réu, tendo em vista o caráter irreversível do pagamento dos alimentos, tendo, portanto, cumpridos os requisitos estabelecidos no §4º, quais sejam: “a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação” (grifos nossos). 1 Disponível em: https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/821816196/apelacao-civel-ac- 10079130093051001-mg. Acesso em: 29/03/2022 Em caso de julgamento do recurso de apelação não unânime pelo tribunal, o pleito recursal cabível é a técnica de ampliação do colegiado (podendo também ser chamada de técnica do julgamento estendido ou técnica de complementação de julgamento), que contém previsão legal no artigo 942 do Código de Processo Civil. Não havendo acolhimento do Tribunal para realizar o julgamento estendido do acórdão combatido, caberá a parte interessada opor Embargos de Declaração (1.022 do CPC) para que, seja determinado a apreciação do recurso por novos julgadores.
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