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1 Choque em pediatria ⤷ Incapacidade do organismo em suprir oxigênios aos tecidos, ou seja, existe um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de O2. Quando a gente tem esse desequilíbrio acaba acontecendo uma situação de anaerobiose, se eu não estou conseguindo oferecer oxigênio de forma suficiente para os meus tecidos, eu vou acabar entrando em anaerobiose e essa anaerobiose vai levar a produção excessiva do ácido lático, do lactato ⤷ O que que acontece: a gente tem vários mecanismos e por isso vários tipos de choque, para minha circulação funcionar de forma adequada eu preciso ter uma bomba cardíaca íntegra, então eu posso ter um problema na minha bomba cardíaca; eu posso ter minha bomba cardíaca funcionando de forma adequada, mas não ter líquido, sangue suficiente para fazer a minha circulação, então eu posso ter uma diminuição da pré-carga; eu posso ter minha bomba funcionando de forma adequada, tenho líquido de forma adequada, mas os meus vasos não estão conseguindo distribuir de forma adequada esse sangue que está chegando, então é o terceiro problema que a gente pode ter; por fim, eu posso ter tudo isso funcionando adequadamente, mas tem alguma obstrução, alguma coisa impedindo essa saída do sangue do coração, a gente chama isso de aumento da pós-carga (aquilo que impede o coração de jogar o sangue para frente). Então esses 4 mecanismos são os mecanismos básicos que vão levar aos tipos de choque. ⤷ Em relação a manifestação do choque, a gente pode ter um choque compensado, na população pediátrica a hipotensão é um sinal tardio de choque, eu não vou ficar esperando a criança tá hipotensa para pensar no diagnóstico de choque, para começar a tratar essa criança. Eu tenho que pegar a criança na fase em que ele está compensado. o Choque compensado: é o paciente que tem choque, mas ainda não está hipotenso. ⤷ Quando o paciente está hipotenso -> ele tem um choque descompensado o O prognóstico já piorou bastante, já é bem mais difícil de reverter o quadro dessa criança ⤷ Choque irreversível: aqui independente dos meus esforços não importa mais o que eu faça esse choque ele já é irreversível, a perfusão dos órgãos já está totalmente comprometida não tem muito mais o que fazer ⤷ O ideal é que a gente detecte o choque na fase em que ele está compensado pra gente poder tratar e melhorar o prognóstico dessa criança Tipos de choque • Hipovolemico • Obstrutivo • Cardiogênico • Distributivo • Séptico (é uma mistura dos outros tipos de choque) Choque hipovolêmico ⤷ É o tipo mais comum de choque em pediatria ⤷ O paciente tem uma perda de volume em qualquer que seja a etiologia, isso diminui a pré-carga, a quantidade de líquido que esse paciente tem dentro do corpo dele e isso diminui o volume circulante efetivo, não adianta nada ter o coração funcionando de forma adequada, os vasos distribuindo sangue de forma adequada se não tiver o que distribuir, se tiver hipovolemia ⤷ As principais causas de choque hipovolêmico: o Diarreia** o Vômitos** o Hemorragia o Fraturas de ossos longos o Enema de repetição o Poliúria ⤷ Na população pediátrica, na situação de trauma = hemorragia e fratura, mas em geral o que mais leva ao choque hipovolêmico -> diarreia e vômitos Choque obstrutivo ⤷ Acontece uma obstrução mecânica ao fluxo de sangue, então eu tenho o coração batendo de forma adequada, tenho sangue suficiente dentro dos vasos, os vasos estão conseguindo distribuir esse sangue de maneira adequada, mas alguma coisa está obstruindo a passagem desse sangue Não são causas frequentes 2 ⤷ As principais causas: o Tamponamento cardíaco, o próprio coração tá restrito, tem líquido ao redor do coração e aí ele não consegue bater direito o Pneumotórax hipertensivo, o paciente tem muito ar nas pleuras e isso acaba comprimindo todo o mediastino e não deixa esse sangue fluir o Embolia pulmonar ⤷ Essas condições não são tão frequentes na pediatria Choque cardiogênico ⤷ Acontece por uma falha na bomba cardíaca, se tem falha na bomba = não vou ter débito cardíaco suficiente, a minha função sistólica vai estar reduzida, a minha função de jogar o sangue para frente, ou seja, o meu débito cardíaco reduzido ⤷ As causas: o Cardiopatias congênitas: falha do coração pela cardiopatia o Cardiopatias adquiridas (miocardite viral, miocardiopatia por doença de chagas...) Choque distributivo ⤷ É aquela situação em que o paciente tem a bomba adequada, ou seja, não é choque cardiogênico. Ele tem líquido suficiente = não é choque hipovolêmico. Ele não tem nada obstruindo = não é choque obstrutivo. Então é um choque distributivo. ⤷ O que acontece é que os vasos (veias e artérias) estão sem tônus, tem perda do tônus, com isso ele fica todo vasodilatado e isso causa uma redução da pós-carga (eu até facilito a saída do sangue do coração para os vasos, porque ele está todo dilatado) a pós- carga está reduzida, só que isso gera uma hipovolemia relativa. Esse paciente acaba perdendo líquido para o terceiro espaço e isso leva a uma redução da pré-carga. o O paciente está hipovolêmico, mas ele tem uma hipovolemia relativa, ele não tem uma diarreia levando a isso, ele tem uma quantidade total de líquido no corpo dele adequada ⤷ Os principais exemplos: o Choque anafilático o Choque neurogênico (trauma medular) o Choque séptico Choque séptico ⤷ É uma mistura de: o Choque hipovolêmico = tem perda de líquido para o terceiro espaço, uma hipovolemia relativa + o Choque distributivo = tem também essa perda do tônus vasomotor o Muitas vezes a própria causa da sepse é o vírus, a bactéria ou fungo que está cometendo esse paciente vai lá no coração e faz lesão no coração e aí tem um choque cardiogênico, o coração não funciona direito ⤷ Dentro do choque séptico na pediatria tem a divisão em: o Choque quente: é aquele caracterizado, é mais comum numa fase inicial do choque se a gente consegue detectar bem precocemente, tem um DC aumentado e uma RVP reduzida ▪ Choque quente, porque como ele tem uma RVP diminuída, o DC tá aumentado, porque ele tá no início do processo de choque, ele já detectou que os órgãos estão sendo mal perfundidos, a FC aumenta, o paciente fica taquicárdico e com isso eu elevo o DC, a RVP diminuiu, o paciente fica vasodilatador, vermelho, quente, você encosta e ele tem pulso bem rápido, tempo de enchimento capilar é instantâneo, você encosta no paciente ele fica vermelho na hora ▪ Se não fizer nada: o paciente não vai conseguir manter essa tentativa de compensação e vai evoluir para um choque frio o Choque frio: tem um DC reduzido e uma RVP aumentada ▪ Quando a gente encosta nesse paciente ele está gelado, a perfusão dele tá ruim, o tempo de enchimento capilar é prologado, o pulso tá fraco, 3 porque ele já não tem mais mecanismo de defesa, de tentar aumentar a FC, as vezes ele até ainda está taquicárdico, mas o DC está ruim, porque os outros mecanismos estão se instalando ▪ É uma sequência, enquanto a gente não atuar = progredindo ⤷ SIRS: síndrome da resposta inflamatória sistêmica o Critérios diagnósticos: PELO MENOS 2 DOS ABAIXO 1. T central > 38,5°C ou <36°C 2. Taquicardia ou Bradicardia 3. Taquipneia ou ventilação mecânica por processo agudo não relacionado à doença neuromuscular ou anestesia 4. Leucocitose ou leucopenia (não induzida por quimioterapia) ou >10% neutrófilos imaturos o É obrigatório que pelo menos um deles seja ou critério número 1 da temperatura ou alteração da contagem de leucócitos, então um desses 2 critérios têm que estar presentes associado a qualquer um dos outros 3 ⤷ Se tem SIRS, a progressão é a sepse o Asepse nada mais é do que a SIRS + infecção suspeita ou comprovada o A gente caracteriza como sepse grave aquele paciente que tem sepse + disfunção cardiovascular OU síndrome do desconforto respiratório agudo OU mais do que 2 disfunções orgânicas (que não podem ser nem desconforto respiratório/insuficiência respiratória nem disfunção cardiovascular) ▪ A gente caracteriza essa disfunção cardiovascular quando o paciente ele tem uma hipotensão mesmo depois de a gente aplicar volume para esse paciente ou se ele precisar de droga vasoativa ⤷ Choque séptico o Sepse associada a disfunção CV Tratamento ⤷ De forma geral: paciente que está em choque é um paciente grave, então a gente tem que estabilizar esse paciente por estabilização (garantir via aérea pérvia, monitorizar esse paciente, ofertar oxigênio, deixar esse paciente no ambiente de emergência controlado, monitorizado para fornecer todo o suporte que seja necessário) ⤷ Tratar a causa base o Choque séptico -> ATB o Choque hipovolêmico -> hidratar, expandir o Choque anafilático -> adrenalina IM o Choque obstrutivo- pneumotórax hipertensivo -> drenar ⤷ Corrigir: o Hipoglicemia o Distúrbios ácidos básicos o Distúrbios eletrolíticos o Anemia (manter Hb>10) ⤷ Tratamento voltado para o choque: o Reposição volêmica: paciente está em choque, chega lá mal perfundido, pulso fraco, extremidade fria a gente faz reposição volêmica em bolus de 10-20ml/kg de solução cristaloide, pode ser soro fisiológico ou ringer lactato o É impressionante como criança responde a isso até porque a gente sabe que a principal causa é o choque hipovolêmico o A gente pode repetir até 3 vezes, agora eu preciso ter certeza que esse volume que eu estou dando para o meu paciente não está fazendo mal para ele, então eu estou fazendo a expansão volêmica isso aqui é um paciente grave, é um paciente que eu estou ali do lado dele avaliando sempre se ele tem sinais de sobrecarga hídrica ⤷ Se não respondeu à infusão de fluidos, vamos partir para o uso de droga vasoativa ⤷ Temos 3 tipos de droga: aquela que aumenta a contratilidade do coração (inotrópicos), cada uma das drogas adrenalina, noradrenalina, vasopressina, todas elas têm algum tipo de ação inotrópica, cronotrópica que aumenta a FC, alteram a RVP (vasoconstritores e 4 vasodilatadores) todas essas drogas têm alguma forma de efeito de acordo com a dose que a gente utiliza ⤷ Então a gente pode atuar fazendo inotropismo, a gente pode atuar fazendo o cronotropismo aumentando a frequência, a gente pode atuar alterando a resistência vascular periférica se é um paciente que está todo o vasodilatador, um choque distributivo, eu posso fazer um vasoconstritor, porque ele não está conseguindo distribuir porque não tem pressão nenhuma nos vasos ⤷ Se o paciente está muito vasoconstrito em excesso, eu posso dar um vasodilatador para ele para deixar o sangue passar ali pelos vasos ⤷ A epinefrina é a droga de escolha que a gente vai utilizar no paciente pediátrico com choque séptico frio e a noradrenalina no paciente com choque séptico quente o A noradrenalina: a principal função dela é de vasoconstrição, se o paciente tem um choque quente ele tá vasodilatador, então eu vou dar vasoconstritor o Já a epinefrina ela tem uma ação um pouquinho de vasodilatadora isso depende da dose que a gente utiliza, mas ela tem muito efeito inotrópico, muito efeito na contratilidade. Se esse paciente tá frio ele tá mal perfundido, o coração dele não deve estar funcionando direito = a gente dá um pouquinho de epinefrina para ele, melhora essa contratilidade, melhora esse choque frio ⤷ Guideline 2020: existe essa preferência de epinefrina para choque frio e norepinefrina para choque quente, mas isso varia de acordo com a preferência do médico e de acordo com a observação do médico. Se o médico começa a adrenalina e viu que não caiu bem epinefrina ele pode trocar pela noradrenalina e não tá errado.
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