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Darah Azini 2022 Pneumologia Fibrose Cística → F.O.S, sexo masculino, 18 anos, caucasiano, sol- teiro, estudante, procedente e residente de Sobral – CE, com histórico de tosse crônica e produtiva, além de infecções pulmonares recorrentes por Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia desde os 4 anos de idade, procurou ambulatório de clínica medica com queixa de dor abdominal em quadrante superior direito iniciada há 24 horas, sendo direcionado à internação e à realização de exames. A dor em questão foi referida como de início súbito, em pontada, irradiando para o dorso, atribuído nível 8 na escala EVA, posição genupei- toral como fator de melhora e sem fatores piora. Como sintomas associados foram relatadas náu- seas, vômito, e esteatorreia, além de agravamento dos episódios de tosse. • Nega doenças dos pais, entretanto afirma que seu irmão nascido há 3 meses obteve complicações ao nascer, incluindo relatos de “suor bastante salgado” . • Ao exame físico, o paciente encontrava-se em estado geral regular, orientado em tempo e es- paço, lúcido, febril (38,5 °C), anictérico e acianótico, desidratado, taquidispineico (FR = 25 IRPM), taqui- cárdico (FC = 120 bpm), e normotenso (110 x 70 mmHg). Aparelho respiratório com ausculta de es- tertores grossos disseminados nos dois hemitórax e diminuição da expansibilidade. O exame do ab- dome revelou dor à palpação superficial. • Os exames laboratoriais revelavam: Leucócitos 16.800 mm3, TGO 260 UI/L, Glicemia 220mg/dL e LDH 370 mg/dL, dosagem sérica de amilase (500 UI/L) e lipase (450 UI/L), confirmando o diagnóstico de pancreatite aguda do paciente. Sobre a radio- grafia foi encontrada bronquiectasia dos pulmões direito e esquerdo. Teste do suor 93mmol/l no braço direito e 98mmol/l braço esquerdo. • Doença genética autossômica recessiva caracte- rizada pela disfunção do gene Cystic fibrosis trans- membrane conductance regulator (CFTR) • Mais frequente em caucasianos • No Brasil, 1:7.576 nascidos vivos • Sobrevida mediana > 37anos • 5% dos casos são diagnosticados na idade adulta. → As alterações classes I-III são consideradas “gra- ves” →Já as alterações classes IV-V são ‘brandas” – pois já tem a formação da proteína transportadora, ela funciona de forma ineficiente → A alteração genética mais comum é a deleção de 3pb que resulta na deficiência de fenilalanina na posição 508 do aminoácido (∆F508) → aprox. 70% dos casos. • Essa mutação é da classe II Darah Azini 2022 Pneumologia → Na célula normal, a RTFC exerce função regu- ladora dos Enac, controlando a entrada de Sódio, além de permitir a saída de Cloro. • Na FC, não existe esse controle de entrada de Na. → Pulmão • Com a desidratação do muco, o seu clearance fica reduzido, ainda que tenha o mecanismo da tosse, e esse acumulo predispõe a infecções repe- tidas. • Por ficar aderido às vias aéreas por mais tempo que o normal, a tensão de O2 no muco é reduzida. Isso torna-se facilitador de infecção por pseudomo- nas e bactérias anaeróbias. → Pâncreas • Há limitação na secreção de HCO3-, devido defi- ciência no trocador Cl-/HCO3- • Isso leva a retenção e enzimas no pâncreas e posterior destruição de seu tecido. → Intestino • Há diminuição da secreção de líquidos das células para o lúmem e aumento da absorção de líquido do lúmem para as células. • Desidratação do bolo fecal, diminuição do peris- taltismo... Fecaloma, Sd obstrução intestinal → Fígado • A secreção biliar também fica espessa, dificul- tando sua locomoção pelas vias biliares. • Essa estase biliar causa cirrose biliar focal, prolife- ração dos ductos biliares, colelitíase de repetição e colecistites → Glândulas sudoríparas • Nas glândulas sudoríparas, o volume de suor nos ácinos não é afetado. Mas a quantidade de Cloreto no suor é elevada, uma vez que ele seria reabsor- vido nos ductos sudoríparos. → Teste do Pezinho – dosa o tripsinogênio imu- norreativo sérico no neonato, se elevado, repete- se o teste → Dosagem de cloro no suor: >=60 confirma, <30 descarta e entre eles irá para análise. → Análise genética → Análise da diferença de potencial transmem- brana nasal – indicada na Darah Azini 2022 Pneumologia → Pré-natal: • Intestino hiperecogênico • Imagem sugestiva de peritonite meconial • Distenção intestinal • Ausencia de vesícula biliar → Nascimento • Baixo peso ou prematuridade • Ileo meconial → Sistema respiratório • Tosse crônica, Expectoração, sibilância, dispneia • DPOC • Infecções de repetição • Bronquiectasias • Colonização: Staphylococcus aureus, Haemophi- lus influenzae, Pseudomonas aeruginosa, Steno- trophomonas maltophilia, Achromobacter xylosoxi- dans, Burkholderia cepacia complex, nontubercu- lous mycobacteria (especialmente Mycobacte- rium avium complex e Mycobacterium abscessus), e o fungo filamentoso Aspergillus fumigatus. → Seios da face • Congestão nasal cronica, tosse, cefaleia, distúrbios do sono. → sinusite cronica • Infecção dos seios da face podem ser gatilhos para exacerbações pulmonares. → Sistema digestório • Insuficiência pancreática exócrina: Diarreia, estea- torreia, desnutrição, edema por hipoalbuminemia, distúrbios hidroeletrolíticos • Pancreatite • Diabetes: Surge mais tardiamente na doença e é insulino-dependente. • Sd obstrução intestinal distal → é manejada por medicações e intervenções colonoscópicas, evi- tando-se as cirurgias. • Prolapso retal era comum, provavelmente secun- dário a má nutrição e constipação intestinal • Fígado • Cirrose biliar focal, cirrose hepática, hipertensão portal, sangramento varicoso de esôfago • Vesícula biliar • Colelitíase e colecistes → Nutricional • Atraso do crescimento, desnutrição → mal ab- sorção, aumento do consumo energético, apetite reduzido. • Infecções recorrentes ou cronicas → aumento de consumo e diminuição do apetite. → Sistema reprodutor • Homens: até 95% dos casos são inférteis, muitas vezes por ausência do vaso deferente. Apesar da infertilidade, ele consegue produzir espermatozoi- des • Mulheres: a infertilidade deve-se à má nutrição e espessamento do muco cervical. Além disso, deve- se expor claramente os prós e contras para a ges- tação, caso a paciente deseje. Darah Azini 2022 Pneumologia → Outras manifestações • Anemia • Trombose venosa profunda • Osteoporose e artropatias • Nefrolitíase e nefrocalcinose → Pulmonar: • Cultura de escarro frequente e em exacerbações • Espirometria 2x ao ano → o VEF1 relaciona-se com qualidade de vida, exacerbações, avalia evolu- ção da doença e prognóstico • Rx tórax anual / TCAR em caso de piora funcional ou clínica • Fisioterapia respiratória: uso de dispositivos, como máscara de pressão expiratória positiva e máscara de pressão oscilatória positiva do tipo flutter®, sha- ker® e acapella®.. VNI pode ser indicado para de- sobstrução brônquica ou ins resp hipercapnica • Atividade física: 20-30min diários por 5 dias na semana. Mesmo na exacerbação • Mucolíticos: Dornase alfa • Hidratação mucosa: salina 7% ou manitol 2x ao dia → reduz exacerbação e promove melhora fun- cional e qualidade de vida. • Ibuprofeno em alta dosagem → apenas em cri- anças com função pulmonar preservada e monito- rização sérica constante. • Aspergilose pulmonar alérgica → não basta ter aspergilo no escarro, tem que ter teste cutâneo positivo, ige total aumentado ou ige específico au- mentado. // deve ser tratatada com prednisona e ou antifúngico. • Mucolíticos: salina 7% ou manitol 2x ao dia → reduz exacerbação e promove melhora funcional e qualidade de vida. • É importante a tentativa de erradicação das prin- cipais bactérias, pois a presença delas pode levar a deterioração clínica e funcional • Azitromicina vo 3x por semana pode ser utilizada em casos com infecção crônica por Pseudomonasaeruginosa → melhora função e reduz exacerba- ção. • No caso de infecção crônica por pseudomonas, é recomendado uso diário de tobramicina inalatório ou aztreonam inalatório, no esquema de mês alter- nado • Exacerbação pulmonar: aumento da tosse, alte- ração no aspecto das secreções, febre, alterações na ausculta pulmonar, queda do VEF1, queda da sa- turação, alterações radiológicas e perda ponderal • O antibiótico será escolhido baseado na gravidade e culturas prévias. → Nutricional: • Devemos manter o peso e crescimento adequa- dos, fazer uso de suplementos quando necessário. • Suplementar calorias, gorduras, proteínas e vita- minas lipossolúveis. • Pode ser necessário uso de gastrostomia ou je- junostomia. → Gastrointestinal: • Insuficiência pancreática exócrina: dosagem de elastase-1 fecal. O controle da reposição com enzimas é feito cli- nicamente. • Insuficiência pancreática endócrina: DM.
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