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RESUMO DE MEDICINA LEGAL

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RESUMO DE MEDICINA LEGAL
DEFINIÇÃO
“A aplicação dos conhecimentos médicos a serviço da Justiça e à elaboração das leis correlatas” (Tanner de Abreu).
“O conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito, cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução dos dispositivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada” (Hélio Gomes).
A Medicina Legal, “é uma disciplina de amplas possibilidades e grande dimensão pelo fato de não se ater somente ao estudo da ciência hipocrática, mas de se constituir na soma de todas as especialidades médicas acrescidas de fragmentos de outras ciências acessórias, sobrelevando--se entre elas a ciência do Direito”. (França No-lo)
O perito médico-legal há de possuir, portanto, amplos conhecimentos de Medicina, dos diversos ramos do Direito e das ciências em geral. Hélio Gomes asseverava ter o perito indispensável educação médico-legal, conhecimento da legislação que rege a matéria, noção clara da maneira como deverá responder aos quesitos, prática na redação dos laudos periciais. Sem esses conhecimentos puramente médico-legais, toda a sua sabedoria será improfícua e perigosa. E, mais: “o laudo pericial, muitas vezes, é o prefácio de uma sentença”.
Com efeito, informações periciais equivocadas, ainda que involuntariamente, podem constituir-se na chave da porta das prisões para a saída de marginais ou para nelas trancafiar inocentes, pois, conforme Ambroise Paré, in Oeuvres complètes, os juízes julgam segundo o que se lhes informa.
DIVISÃO DIDÁTICA
Antropologia Forense: Estuda a identidade e a identificação, seus métodos, processos e técnicas. 2)Traumatologia Forense: Trata das lesões corporais e das energias causadoras do dano. 3) Sexologia Forense: Versa sobre a sexualidade normal, patológica e criminosa. Analisa as sutis questões inerentes à Erotologia, à Himenologia e à Obstetrícia forense. 4) Asfixiologia Forense:Vê as asfixias em geral, do ponto de vista médico e jurídico. Detalha as particularidades próprias da esganadura, do estrangulamento, do enforcamento, do afogamento, do soterramento, da imersãoem gases irrespiráveis etc., nos suicídios, homicídios e acidentes. 5) Tanatologia: Preocupa-se com a morte e o morto em todos os seus aspectos médico-legais, os fenômenos cadavéricos, a data da morte, o diagnóstico da morte, a morte súbita e a morte agônica, a inumação, a exumação, a necropsia, o embalsamento e a causa jurídica da morte. 6) Toxicologia: Estuda os cáusticos, os envenenamentos e a intoxicação alcoólica e por tóxicos, pelo emprego de processos laboratoriais. Graças à suanotável evolução é, atualmente, especialidade que empresta seu saber à Medicina Legal. 7) Psicologia Judiciária: Versa sobre os fenômenos volitivos, afetivos e mentais inconscientes que podem influenciar na formação, na reprodução e nadeformação do testemunho e da confissão do acusado e da vítima. Analisa, ainda, o depoimento dos idosos e dos menores etc. 8) Psiquiatria Forense: Estuda as doenças mentais, a periculosidade do alienado, as socioneuropatias em face dos problemas judiciários, a simulação, adissimulação, os limites e modificadores da capacidade civil e da responsabilidade penal. 9) Policiologia científica: Visualiza os métodos científico-médico-legais empregados pela polícia na investigação criminal e no deslindamento de crimes. 10) Criminologia: Estuda os diferentes aspectos da gênese e da dinâmica dos crimes. 11) Vitimologia: Trata da análise racional da participação da vítima na eclosão e justificação das infrações penais. 12) Infortunística: Preocupa-se com os acidentes do trabalho, com as doenças profissionais, com a higiene e a insalubridade laborativas.
PERÍCIA MÉDICO-LEGAL
CONCEITO
Todo procedimento médico (exames clínicos, laboratoriais, necroscopia, exumação) promovido por autoridade policial ou judiciária, praticado por profissional de Medicina visando prestar esclarecimentos à Justiça, denomina-se perícia ou diligência médico-legal. Dispõe sobre as periciais oficiais a Lei n.12.030, de 17 de setembro de 2009.
Perícia ou diligência médico-legal é, dessa forma, toda sindicância praticada por médico, objetivando esclarecer à Justiça os fatos de natureza específica e caráter permanente, em cumprimento à determinação de autoridades competentes.
A perícia médico-legal não é um simples meio de prova — effectus criminis corporeus — mas, sim, “um elemento subsidiário, emanado de um órgão auxiliar da Justiça, para a valoração da prova ou solução da prova destinada a descoberta da verdade”.
Assim, a autoridade policial ou judicial recorrerá ao profissional de Medicina, ou, onde os houver, ao perito médico-legal ou legista, toda vez que numa ação penal ou civil lhe deva ser esclarecido um fato médico.
Para esclarecer à Justiça problemas que lhe são pertinentes, a perícia ou diligência médico-legal utiliza um conjunto de indagações de competência essencialmente médica, realizadas em pessoas, em cadáveres, em animais e em coisas.
Sobre as pessoas, as perícias visam determinar a identidade, a idade, a raça, o sexo, a altura; diagnosticar prenhez, parto e puerpério, lesão corporal, sociopatias, estupro e doenças venéreas; determinar exclusão da paternidade,doença e retardamento mental, simulação de loucura; investigar, ainda, envenenamentos e intoxicações, doenças profissionais e acidentes do trabalho.
Nos cadáveres objetiva diagnosticar a realidade, a causa jurídica, o tempo da morte, a identificação do morto; diferenciar as lesões intra vitam e post mortem; realizar exames toxicológicos das vísceras do morto; proceder à exumação; extrair projéteis.
As perícias em animais são raras. Visam identificar a sua espécie, diagnosticar lesões e caracterizar elementos encontrados em seu corpo ou em seus pelos passíveis de serem úteis para a identificação do criminoso.
Nos objetos e instrumentos têm por finalidade a pesquisa de pelos, levantamento de impressões digitais, exames de armas e projéteis e caracterização de agentes vulnerantes e de manchas de saliva, colostro, esperma, sangue, líquido amniótico e urina nos panos, móveis e utensílios. A falta de exame pericial nos instrumentos do crime não contamina de nulidade o feito, podendo ser suprida por outras provas; inaplicável in casu o art. 175 do Código de Processo Penal.
As autoridades podem requisitar perícias ao foro criminal para exames da vítima, do indiciado, das testemunhas ou de jurado e do local do crime; ao foro civil, para exames físicos e mentais, de “erro essencial” e avaliação da capacidade civil; ao foro de acidente do trabalho, para julgar a existência de nexos, de incapacidade, de insalubridade, indenizações etc.
O exame de corpo de delito pode ser solicitado diretamente ao perito pela autoridade policial encarregada da sindicância, do inquérito ou da diligência, peloJuiz de Direito à frente do processo e pela autoridade militar onde o fato ocorreu,nunca, porém, pelo advogado procurador da parte interessada.
No processo penal é a perícia médico-legal amiúde realizada na fase policial, logo que o delegado de Polícia tiver conhecimento da prática da infração delituosa (art. 6.º, VII, do CPP), ou até a conclusão do inquérito, nada obstando, todavia, a sua efetuação durante a instrução criminal, mandada realizar pelo juiz a quo, exempli gratia, na suposição de exame de insanidade mental. Salvo um crime que deixou vestígios, ou quando houver dúvida no que concerne ao estado mental do acusado ou quando for admissível e tempestivamente requerida, não se obriga ao juiz determinar a realização do exame pericial.
PERITOS
É todo técnico que, por sua especial aptidão, solicitado porautoridades competentes, esclarece à Justiça ou à polícia acerca de fatos, pessoas ou coisas, a seu juízo, como início de prova. Dessa forma, aduz -se que todo profissional pode ser perito.
Perito médico é o que cuida de assuntos médicos; evidentemente, ele só pode ser médico.
ATUAÇÃO
Embora a atuação do perito se forre de função oficial, ela é limitada, pois ele não julga, não defende, não acusa. Destarte, compete ao perito somente examinar e relatar fatos de natureza específica e caráter permanente de esclarecimento necessário num processo; vê e refere: visum et repertum; visto e referido, está concluída sua nobilitante missão.
NOMEAÇÃO
A escolha do perito é de alçada do juiz, o qual, tanto para o penal como para o cível, deve nomeá-lo dentre os expertos oficiais, como estabelece o art. 421 do Código de Processo Civil: “O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o pra o para a entrega do laudo”.
No âmbito criminal, para a nomeação dos expertos também é competente a autoridade policial que presidir o inquérito, sem intervenção alguma das partes (art. 276 do CPP).
O juiz deve preferentemente nomear peritos oficiais (art. 159 do CPP), porém, em comarcas onde não os haja, é permitido à autoridade judiciária designar duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame (art. 159, § 1.º, do CPP).
Talqualmente, o laudo redigido por pessoas idôneas, mas sem conhecimento técnico necessário à sua lavratura, torna inidônea a prova.
O juiz nomeará o perito. No cível, dentro de cinco dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito, faculta-se às partes indicar assistentes técnicos, cujos nomes serão submetidos à apreciação do magistrado, para aquiescência, os quais não são expertos doJuiz, mas, sim, meros assessores das partes litigantes ou interessados (art. 421, § 1.º, do CPC). No criminal, nostermos do art. 159, II, § 5.º do CPP, durante o curso do processo judicial poderãoas partes indicar assistentes técnicos, que poderão apresentar pareceres, no prazo fixado pelo juiz; e, tanto no cível quanto no criminal, formular quesitos.
CORPO DE DELITO
Enquanto o exame de corpo de delito registra no laudo a existência e a realidade do delito, o corpo de delito é o próprio crime na sua tipicidade.É o resultado redigido e autuado da perícia, tendo como objeto evidenciar a realidade da infração penal e demonstrar a culpabilidade ou não do agente. É o conjunto de vestígios materiais deixados pelo fato criminoso.
O exame de corpo de delito é dito direto quando persistem os vestígios da infração (homicídio, lesão corporal), e indireto quando esses vestígios materiais da infração inexistem, ou nunca existiram, como na injúria verbal, desacato, rubefação.
“Nulo é o processo em que, tendo a infração deixado vestígios e não existindo qualquer obstáculo à realização do exame de corpo de delito, este não é realizado. O art.158 do CPP encerra uma regra de observância compulsória, cuja preterição é fulminada com a pena de nulidade, não a suprindo a confissãodo réu, nem a prova testemunhal” (RT, 208:71), importando evidentemente a suaausência na absolvição por falta de prova quanto ao fato criminoso (art. 386, II, do CPP). “Somente o exame de corpo de delito poderá comprovar a materialidade do crime de lesões corporais” (RT, 457:445).
O exame de corpo de delito indireto, pelo desaparecimento dos elementos materiais, ou por recusa da vítima em submeter-se ao exame pericial a que nãoestá obrigada e para cuja lavratura não permite a lei condução coercitiva, sendo,nessa hipótese, inaplicável o art. 201 do Código de Processo Penal, é suprido nomesmo Código, art. 167, por prova testemunhal. Desse modo, nos delitosmateriais de conduta e resultado, desaparecidos os vestígios da infração, éadmissível a prova testemunhal supletiva.
Apesar de exaustivo, é oportuno insistirmos que nos crimes que deixam vestígios a prova pericial será sempre direta, sendo a prova supletiva testemunhal somente admitida quando impossível a primeira e devidamente justificada. E porque nem sempre se forma com depoimentos testemunhais, o exame de corpode delito indireto também requer lavratura de auto.
Importa saber que o nome corpo de delito indireto é impróprio, pois pelo desaparecimento ou inexistência de elementos materiais não há corpo, embora haja o delito.
A lei autoriza que o exame de corpo de delito se proceda em qualquer dia, mesmo aos domingos e feriados, em qualquer lugar que não seja a Delegacia de Polícia (para não ensejar suspeita de coação), a qualquer hora, mesmo à noite, desde que haja iluminação suficiente (art. 161 do CPP). Constitui exceção a necroscopia, que deve sempre ser realizada à luz do dia, pois um exame cadavérico eivado não mais poderá ser refeito em condições satisfatórias.
A necropsia nos casos de morte violenta é obrigatória por força de lei todavia, fica a critério do peritus, diante de uma morte violenta, quando não houver infração penal que apurar, ou se as lesões externas permitirem precisar as causae mortis e não houver necessidade de exame visceral para a verificação de alguma causa relevante, fazer o exame interno do de cujus
QUESITOS OFICIAIS
Exame de corpo de delito
Se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente; 2.º ) qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa; 3.º ) se foi produz ida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso e cruel (resposta especificada); 4.º ) se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; 5.º ) se resultou perigo de vida; 6.º ) se resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função (resposta especificada); 7.º ) se resultou incapacidade para o trabalho ou enfermidade incurável, ou deformidade permanente (resposta especificada); nos casos indicados, será formulado mais o seguinte quesito: 8.º ) se resultou aceleração de parto ou aborto.
Exame cadavérico
1º Se houve morte; 2.º) qual a causa da morte; 3.º ) qual o instrumento ou meio que produziu a morte; 4.º ) se foi produz ida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso e cruel (resposta especificada).
Exame de corpo de delito infanticídio
1.º) Se houve morte; 2.º) se a morte foi ocasionada durante o parto ou logo após; 3.º) qual a causa da morte; 4.º) qual o instrumento ou meio que produziu a morte; 5.º) se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso e cruel (resposta especificada)
Exame cadavérico na gestante (aborto)
1.º) Se houve morte; 2.º) se a morte foi precedida de provocação de aborto; 3.º) qual o meio empregado para a provocação do aborto; 4.º) qual a causa da morte; 5.º) se a morte da gestante sobreveio em consequência de aborto ou de meio empregado para provocá-lo.
Exame de corpo de delito (aborto) 
1.º) Se há vestígio de provocação de aborto; 2.º) qual o meio empregado; 3.º) se, em consequência de aborto ou de meio empregado para provocá-lo, sofreu a gestante incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, ou perigo de vida, ou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou deformidade permanente (resposta especificada); 4.º) se não havia outro meio de salvar a vida da gestante (no caso de aborto praticado por médico); 5.º) se a gestante é alienada ou débil mental.
Exame de corpo de delito (estupro sem conjunção carnal) 
1.º) Se há vestígio de ato libidinoso;2.º) se há vestígio de violência e, em caso afirmativo, qual o meio empregado; 3.º) se da violência resultou para a vítima incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, ou perigo de vida, ou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou deformidade permanente (resposta especificada); 4.º) se a vítima é alienada ou débil mental; 5.º) se houve outra causa, diversa da idade não maior de 14 anos, alienação ou debilidade mental que a impossibilitasse de oferecer resistência; nos casos indicados será formulado o seguinte quesito: 6.º) se resultou aceleração de parto, ou aborto (vide n. 12.7).
Auto de corpo de delito (estupro com conjunção carnal) 
1.º) Se a paciente é virgem; 2.º) se há vestígios de desvirginamento recente; 3.º) se há outros vestígios de conjunção carnal recente; 4.º) se há vestígios de violência e, no caso afirmativo, qual o meio empregado; 5.º) se da violência resultou para a vítima incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, ou perigo de vida, ou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou deformidade permanente, ou aceleração de parto, ou aborto (resposta especificada); 6.º) se a vítima é alienada ou débil mental; 7.º) se houve outra causa, diversa de idade não maior de 14 anos, alienação ou debilidade mental que a impossibilitasse de oferecer resistência (vide n. 12.6.3).
 Exame de idade
 1.º) Se a paciente é menor de 18 anos; 2.º) em caso afirmativo, se é maior de 14 anos.
Quesitos em psiquiatria forense
 Não existem, o que permite ao juiz, ao curador e às partes formular os quesitos que julgarem pertinentes ao caso (vide n. 1.5.4).
DOCUMENTOS MÉDICO-JUDICIÁRIOS 
Denominam-se documentos médico-judiciários a simples exposição verbal e os instrumentos escritos por médicos objetivando elucidar a Justiça e ser​vir pré-constituidamente para a prova ou de prova do ato neles representados. Observa-se, então, que os documentos médico-judiciários podem ser escritos ou verbais. Os documentos médico-judiciários ou médico-legais são de cinco espécies: notificações, atestados, relatórios, pareceres e depoimentos orais.
Notificações 
As notificações são comunicações compulsórias às autoridades competentes de um fato médico sobre moléstias infectocontagiosas e doenças do trabalho. Da mesma forma, também as doenças profissionais e as produzidas em virtude de condições especiais de trabalho são de notificação compulsória, de conformidade com instruções baixadas pelo Ministério do Trabalho (art. 169 da CLT). Talqualmente, em caráter de emergência é toda morte encefálica comprovada em hospital público ou privado, conforme. o art. 13 da Lei n. 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. A notificação compulsória não mais se aplica aos viciados em substâncias capazes de determinar dependência física ou psíquica, conforme. a Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006.
Atestados 
Denominados, também, certificados médicos, são a afirmação simples e redigida de um fato médico e de suas possíveis consequências. Classificam-se os atestados em oficiosos, administrativos e judiciários. Os primeiros são solicitados pelos pacientes para justificar ausência ao trabalho, às aulas etc. Os atestados administrativos são os reclamados pelo serviço público para efeito de licenças, de aposentadorias ou abono de faltas, vacinações etc. E, finalmente, judiciários são os atestados que interessam à Justiça, requisitados sempre pelos juízes. Somente os atestados judiciários constituem documentos médico-legais. O atestado médico é documento que não exige compromisso legal; no entanto, nem por isso se faculta ao médico nele firmar inverdades, para evitar que se imputem ao profissional os delitos de Falsidade Ideológica e de Falsidade de Atestado Médico.
É comum o médico redigir o atestado em papel timbrado de receituário próprio ou de instituição e entidades médico-sociais, pois somente os atestados de óbito têm forma especial. Pode fazê-lo também em folha de papel comum. Embora não se obrigue ao atestado forma fixa, convém que dele constem, sumariamente, quatro partes: nome e sobrenome do médico, seus títulos e qualidades; qualificação do paciente, tendo-se o cuidado de especificar quem solicita o documento; o estado mórbido e demais fatos verificados; as consequências do que foi apurado.
Relatório médico-legal 
É o registro escriturado minudente de todos os fatos de natureza específica e caráter permanente pertinentes a uma perícia médica, requisitada por autoridade competente a peritos oficiais ou, onde não os houver, a expertus não ofi​ciais portadores de diploma de curso superior, compromissados moralmente.
Sua função é reproduzir fiel, metódica e objetivamente, com exposição minuciosa dos exames e técnicas empregadas e de tudo o que for observado pelos peritos. Destarte, o visum et repertum é a parte do laudo que registra de forma completa minuciosa, metódica e objetivamente, sem preconceber idéias ou hipóteses, a forma, número, situação, largura, disposição, relação com os pontos fixos de referência e tempo de ocorrência das lesões, bem como todos os sintomas encontrados no examinando, e os dados colhidos no local e das vestes etc., numerados e distribuídos em grupos e, quando possível, ilustrados com desenhos, gráficos, plantas, fotografias, microfotografias e videocassetes para melhor compreensão e clareza, ou permitir, se for o caso, reformulação de opiniões pelos peritos nomeados posteriormente.
Parecer médico-legal
Um relatório médico-legal que suscite dúvidas enseja, das partes, solicitação de esclarecimento a perito oficial e mesmo a médico que não tenha participado da perícia, objetivando dirimi-las. Para isso, consultam, escrita ou verbalmente, um ou vários especialistas, sobre o valor científico do laudo em questão, buscando elucidar dúvidas; a resposta à consulta é o parecer médico-legal, laudo extrapericial ou, ainda, perícia extrajudicial. 
O parecer é, então, a resposta da questão referente a assunto médico-forense, suscitadora de dúvidas em relatório pertinente ao mesmo, feita por uma das ou pelas partes a profissional de Medicina ou a uma comissão científica. O parecer é documento particular que vale pelo conceito científico de quem o subscreve, ao qual se atribui moralmente o mesmo dever de veracidade atinente aos peritos e às testemunhas. 
Contudo, se o parecerista falta a essa obrigação, não incide no crime de falsa perícia definido no art. 342 do Código Penal. Possui o valor de simples prova técnica a ser estimada de maneira muito relativa pelo juiz, que dará a esse documento particular a importância que entender (art. 182 do CPP), fundamentando a sua decisão de modo a possibilitar às partes a apreciação crítica da mesma.
Depoimento oral 
O perito chamado a depor nos tribunais e na audiência de instrução e julgamento — providência por vezes necessária ou até indispensável —, como parte técnica do corpo judicante, nunca como testemunha, presta depoimento de viva voz a respeito do laudo que ofereceu nos autos, em linguagem despida de rebuscados literários, compreensível e simples, emitindo respeitosamente opinião rigorosamente científica, respondendo objetivamente a todas as perguntas e explicando devidamente, quando necessário, terminologia técnica.
BALÍSTICA
As armas portáteis, de cano curto e de cano longo, interessam particularmente para o estudo médico-legal pela frequência de uso e por produzirem lesões de gravidade variável, muitas vezes mortais, pelo projétil lançado a distância, pela súbita e violenta expansão dos gases consequentes à combustão da pólvora através da extremidade anterior aberta do cano.
Nas armas de antecarga, “de carregar pela boca”, a munição é introduzida pelo cano do seguinte modo: primeiro a pólvora e a bucha, que são comprimidas moderadamente por uma vareta apropriada ou até improvisada,e, a seguir, o projétil ou os projéteis e nova bucha. A deflagração inicial da carga é feita pela percussão da espoleta pelo “cão”, colocada em orifício lateral da arma, chamado “ouvido”, acionada a tecla. Gatilho é o mecanismo disparador da espoleta formado pelo percussor e pela tecla.
Nas armas de retrocarga, que recebem a carga pela culatra, a munição é representada pelo cartucho, constituído por cinco elementos: cápsula ou estojo, escorva, bucha, projétil e pólvora.
A cápsula pode ser de liga metálica amarelada ou branca ou de papelão prensado colorido e contém a pólvora, a bucha, a escorva e, em sua extremidade apical, incrustado, o projétil cilindro-cônico ou achatado, dito “canto-vivo”, ou então, quando seu uso se destina às armas de caça, de múltiplos chumbos esféricos em seu interior. Tem importância pericial principalmente para caracterizar os tipos de armas.
A pólvora piroxilada é basicamente constituída por algodão-pólvora ou nitrocelulose. Chamada impropriamente de pólvora sem fumaça, queima rapidamente produzindo intensa expansão dos gases (1 grama gera 900cm3 de gases), deixando poucos resíduos fuliginosos, por combustão completa.
Após o disparo, exteriorizam-se violentamente pela boca do cano, acompanhando o projétil a curta distância, os gases de explosão, a chama, os grãos incombustos, a bucha ou resíduos e fuligem.
Os gases de explosão, em tiro encostado, produzem lesões de monta, tegumentares (buracos de mina) ou, quando insinuam-se no trajeto do projétil, viscerais. A excepcional violência dos gases de explosão pode ocasionar fraturas múltiplas das três lâminas da caixa craniana, com acentuada destruição da massa encefálica. Ocorre fato idêntico com os tiros deflagrados dentro da boca, por cartucho de festim.
A chama consequente à combustão da pólvora exterioriza-se em forma de cone, tanto maior quanto mais antiga for a arma, podendo causar queimaduras da pele, dos pelos e das vestes.
Os grãos incombustos da pólvora atuam como projéteis secundários que, incrustando-se na pele, determinam lesões denominadas “tatuagens das armas de fogo”, de cor negra, cinzenta ou esverdeada, consoante seja a pólvora negra ou piroxilada, constituindo-se em elemento de importância médico-judiciária para determinar o tipo de munição e a distância do tiro.
Nos tiros encostados, com a arma apoiada, é possível a penetração da bucha ou de seus resíduos no organismo.
A fuligem é responsável pelo chamado negro de fumo, mancha esfumaçada sobre a pele nos tiros com a arma apoiada ou à queima-roupa, que analisaremos quando estudarmos as lesões produzidas pelos instrumentos perfurocontundentes.
As lesões perfurocontundentes produzidas por projéteis de armas de fogo ensejam o estudo da ferida de entrada, do trajeto e do orifício de saída, a forma e a dimensão, e os elementos de vizinhança que habitualmente as acompanham.
Ferida de entrada
Pode ser consequente a projétil único ou a projéteis múltiplos e, ainda, dependente da distância de disparo, aos gases provenientes da combustão da pólvora e à bucha e seus resíduos.
Na pele o projétil ocasiona o orifício de entrada e elementos de vizinhança ou zona de contornos, alguns constantes, qualquer que seja o tipo de tiro, como a orla de contusão e o halo de enxugo, e outros que podem faltar, condicionados à distância do disparo, como a tatuagem, as queimaduras e o negro de fumo.
Citamos, como exemplo, o tiro disparado a distância, por arma raiada, que sempre imprime na pele a orla de contusão, por mortificação e desepitelização dos tecidos, e a orla de enxugo, faltando os demais elementos do disparo referido.
Quanto à forma: o projétil cilindrocônico disparado a distância, atingindo a pele de raspão, sem perfurá-la, produz apenas escoriações alongadas.
Obviamente não se falará, então, em ferida de entrada. Exercendo, porém, ação perfurocontundente, produz, em geral, orifício de entrada aparentemente circular, redondo (tiro perpendicular), oval, linear ou em fenda (tiro inclinado ou em região abaulada), lembrando lesão determinada por instrumento perfurante, pois, não atuando os gases e demais elementos da munição, o projétil limita-se a afastar as fibras cutâneas, sem seccioná-las. Nos tiros à queima-roupa, dependendo da incidência do disparo, o orifício de entrada assume forma arredondada ou ovalar, circundado por todos os elementos de vizinhança se a arma que o efetuou tiver a alma do cano raiada. Nos tiros apoiados, além do projétil, atuam violentamente os gases, dilacerando os tecidos moles, levantandos e originando orifício de entrada anfractuoso, irregular, denteado ou com entalhes, algumas vezes com as margens evertidas, pelo efeito “de mina”.
Ademais, em geral, a zona de tatuagem e o negro de fumo não estão nitidamente caracterizados, pois todos os componentes da carga penetram no orifício de entrada. Encontrando o projétil tecido ósseo subjacente à pele, determina orifício de entrada de forma típica, estrelada ou raiada.
No que concerne à dimensão, de conformidade com a distância do disparo, a resistência dos tecidos e a do próprio projétil, o orifício de entrada pode ser igual, menor ou maior do que o calibre da bala. Nos tiros a distância, os projéteis cilindrocônicos produzem, em geral, orifícios menores que o diâmetro da bala porque esta deprime a pele em dedo de luva até o limite máximo de sua capacidade elástica; perfurada, a pele retorna a seu ponto primitivo e a retração das fibras elásticas reduz as dimensões do orifício. Nos disparos a curta distância e nos encostados, mais que o projétil, a ação dos gases originados pela pólvora combusta e de alguns elementos constitutivos da munição ocasionam uma verdadeira explosão dos tecidos, determinando orifício de entrada maior ou igual ao calibre da bala. Ocorre fato idêntico pela diminuição da força viva, pela inclinação do alvo ou se, antes de percuti-lo, o instrumento perfurocontundente se houver deformado em superfícies resistentes. O orifício de entrada será, em geral, pouco maior quando o projétil deflagrado, sobretudo a curta distância, é esférico. Nas cartilagens as dimensões do orifício de entrada habitualmente são iguais às do projétil, favorecendo a determinação de seu possível calibre.
A orla de contusão, orla desepitelizada de França, orla erosiva de Piedelièvre e Desoille ou anel de Fisch é uma área pequenina, milimétrica, que circunda o orifício de entrada, consequente à escoriação tegumentar produzida pelo impacto rotatório e atrito do projétil, que inicialmente tem ação contundente, de forma concêntrica ou circular nos tiros perpendiculares, e ovalada ou fusiforme nos casos de incidência oblíqua, sendo tanto mais pronunciada quanto mais próximo for deflagrado o tiro. Tem, portanto, a orla de contusão valor para a determinação da direção do tiro.
O halo de enxugo ou de limpeza, embora menos frequente nos tiros apoiados em virtude de outras ações que se verificam, à maneira da orla de contusão, também é característica do orifício de entrada. É, em geral, de cor escura e produzida pelo movimento rotatório do projétil disparado por arma raiada, por adaptação da bala às margens do orifício de entrada enxugando-a dos resíduos de pólvora, graxa, sarro da arma, fragmentos de indumentária etc. É concêntrico, circular nos tiros perpendiculares e ovalares ou elípticos nos tiros oblíquos.
Ambas, orla de escoriação e orla de limpeza, podem ser perfeitamente demonstradas histologicamente num corte seriado da pele ao nível do orifício de entrada do projétil.
A zona de tatuagem verdadeira resulta dos disparos à queima-roupa ou apoiados, pelos grânulos de pólvora combusta ou incombusta, que acompanham a bala de perto e, como verdadeiros projéteis secundários, incrustam-se mais ou menos profundamente na pele da região atingida. Circular, e dependendo da maior ou menor proximidade da arma ao efetuar o disparo, podendo até ser indelével, margeia o orifício de entrada como um anel de coloração uniformemente escura com a pólvora negra, porque os grânulos se agrupam e se confundem,e de cor variada, com a pólvora piroxilada, sem fumaça. O exame acurado por meio de lupa do maior ou menor grupamento dos grânulos de pólvora e do formato circular ou ovalar da zona de tatuagem tem valor para diagnosticar o orifício de entrada e para determinar a distância do disparo, a incidência do tiro e a natureza da carga. É importante saber que a zona de tatuagem não pode absolutamente ser encontrada no orifício de saída, podendo, ainda, faltar na ferida de entrada, mesmo nos disparos à queima- -roupa, sendo, então, encontrada nas vestes que retiveram os grânulos de pólvora. Ela é fixa, mais ou menos profunda e não se remove pela limpeza comum, diferindo nisto do negro de fumo e da zona de tatuagem falsa, aposição superficial de grânulos incombustos na pele, que desaparece facilmente pela água.
O negro de fumo é formado pela deposição da fuligem resultante da combustão da pólvora ao redor do orifício de entrada, nos tiros próximos, que recobre e ultrapassa a zona de tatuagem. É sinal valioso para indicar o orifício de entrada, a incidência do disparo e também para apontar suicídio, quando presente na superfície externa da lâmina óssea craniana (sinal de Benassi) onde, a modo dos tiros perpendiculares, assume forma estrelada. Tem ainda particular importância para indicar o atirador, pela amostra dos resquícios da combustão da pólvora aderida à sua mão e colhida tecnicamente pela chamada “luva de parafina” moldada sobre a região, que se impregna de fuligem, nitritos e de outros componentes (nitratos) da carga.
A luva de parafina ou prova de Iturrioz é explicada do modo seguinte: efetuado o disparo com arma de fogo portátil, parte dos gases, de partículas de pólvora combusta e incombusta e de chumbo e cobre são expelidas pelas gretas existentes entre as câmaras do tambor e o cano, ou pela janela de ejeção da cápsula ou estojo, nas pistolas automáticas, impregnando superficialmente ou, por vezes, até penetrando profundamente na derme, principalmente dos dedos polegar, indicador, médio e a prega interdigital, da mão que empunha arma. A moldagem de parafina objetiva aprisionar parcelas significativas das partículas que na pele se achavam incrustadas, para posterior exame, e deve ser processada em ambas as mãos. Impende-nos, neste momento, afirmar que o resultado desta prova deve ser visto com cautelosa reserva, pois sabido é que, em numerosos tipos de armas de fogo portáteis, tem sido possível efetuar sucessivos disparos, sem haver resíduos detectáveis nas mãos de quem os deflagrou.
Os produtos residuais da combustão de explosivos (nitrato de potássio, nitrito de potássio, sulfeto de potássio, sulfeto de chumbo, hidrogênio-sulfeto, sulfidreto, tiocianato de potássio, carbonato de potássio, carvão, fulminato de mercúrio, estifinato de chumbo) podem ser ainda encontrados no corpo da vítima, nas vestes desta e do atirador, no estojo vazio, no cano e nas câmaras do tambor das armas de fogo.
As queimaduras são produzidas pela chama em cone dos gases superaquecidos que, nos tiros apoiados e a curta distância, provocam o chamusca mento das vestes, dos pelos e da pele atingida.
Finalmente, algumas vezes tem sido possível detectar a aréola equimótica, violácea, quase superficial e medianamente difusa, em derredor do orifício de entrada, ocasionada pela ruptura de pequenos vasos capilares.
Tem importância para afirmar que o orifício foi produzido por projétil de arma de fogo e não por objeto perfurante.
A) Tiros com arma apoiada ou encostados São os tiros disparados com a boca do cano da arma contatando intimamente com a superfície do alvo. Determinam no organismo ferida de entrada em “câmara de mina”, pela ação da força viva do projétil aumentando a pressão hidrostática, pela violenta expansão dos gases de explosão anfractuando os tegumentos, pelo escurecimento do orifício de entrada e do início do trajeto por deposição de pólvora incombusta e pelo negro de fumo. Estão, desse modo, presentes, indistintamente, todos os elementos de vizinhança, inclusive queimaduras, sendo a determinação da trajetória do bullet impossibilitada pela intensidade cataclísmica das lesões da ferida de entrada.
B) Tiros a curta distância ou à queima-roupa Determinam orifício de entrada irregular, igual ou, como ocorre frequentemente, por ainda atuar a violenta ação expansiva dos gases, maior do que o calibre do projétil. A zona de tatuagem supõe disparo à distância de 30 a 75 centímetros, ou mais; presente o negro de fumo circundando estelarmente o orifício de entrada, admite a distância de 10 a 30 centímetros. O negro de fumo ou zona de esfumaçamento, “em afastamento do alvo até 35cm é de pequeno diâmetro, mas muito concentrada e de contorno nítido, formando camada espessa e opaca, a qual oculta completamente os vestígios da orla de enxugo e os possíveis efeitos secundários das queimaduras. À medida que o diâmetro cresce, a zona de esfumaçamento vai tornando mais tênue a deposição dos resíduos, cuja concentração diminui do centro para a periferia, com crescente perda de nitidez dos bordos” (apud Milton M. C. Farignoli e Alice H. Takai, Da praticidade em criminalística dos testes para residuografias). Orla de contusão e zona de tatuagem circulares ao redor do orifício de entrada indicam plano de tiro perpendicular à pele; serão ovaladas ou elípticas nos tiros de direção oblíqua em que o orifício de entrada da bala ocupa o polo oposto da orla de contusão e da tatuagem.
C) Tiros de longe ou de longa distância O orifício de entrada é habitualmente menor do que o diâmetro do projétil, de aspecto circular, quando o agente perfurocontundente incidir perpendicularmente sobre a superfície da pele, e oblíquo, ovalado, ou fusiforme, quando atingir alvos inclinados ou abaulados. Excetuadas a orla de contusão, o halo de enxugo e a aréola equimótica (nem sempre presente), todos os demais elementos de vizinhança não podem absolutamente ser encontrados na ferida de entrada.
Importa saber que nos disparos feitos de longe é a situação topográfica da orla de contusão ou orla desepitelizada de França, em relação ao orifício de entrada, o elemento de vizinhança de maior valor para testemunhar a direção da trajetória do projétil. Assim, os tiros perpendiculares ao plano da pele formam orla de contusão circular que contorna como um halo milimétrico o orifício de entrada e, nos disparos oblíquos, é em crescente, com a margem mais larga correspondendo à direção oblíqua do projétil.

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