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AN ÁLISE E D ECISÃO D E IN VESTIM EN TO S ED U ARD O KO G A EDUARDO KOGA ANÁLISEANÁLISE Código Logístico I000116 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6557-8 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 5 7 8 Análise e decisão de investimentos Eduardo Koga IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Octus_Photography/Sittipong Phokawattana/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ K84a Koga, Eduardo Análise e decisão de investimentos / Eduardo Koga. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 140 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6557-8 1. Finanças. 2. Investimentos - Análise. I. Título. 21-72353 CDD: 332.6 CDU: 330.322 Eduardo Koga Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Nove de Julho. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (USP). Professor no ensino superior em cursos de graduação e pós-graduação, ministrando as disciplinas de Mercado Financeiro, Custos e Formação de Preços, Matemática Financeira, Gestão Financeira, Fundamentos Contábeis e Financeiros. Atua também como gerente de produtos e consultor de empresas.. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Introdução à análise de investimentos 9 1.1 O valor do dinheiro no tempo 10 1.2 Elementos das análises dos investimentos 16 1.3 Métodos de avaliações de projetos de investimentos 22 1.4 Técnicas de planejamento e controle de investimentos 29 2 Características de investimentos 37 2.1 Tipos e modalidades de investimento 37 2.2 Estrutura do processo de investimentos 45 2.3 Influências na decisão de como investir 52 2.4 Planejamento de investimentos 57 3 Critérios para decisão de investimentos 64 3.1 Comparativo entre os principais métodos 64 3.2 Índices de rentabilidade, financeiros e de lucratividade 67 3.3 Riscos de investimentos 72 3.4 Retorno de investimentos 77 3.5 Outras considerações sobre investimento 81 4 Administração do caixa e gestão de investimentos 88 4.1 Demonstrativos financeiros, balanço e DRE 89 4.2 Orçamentos de capital 92 4.3 Fluxo de Caixa 96 4.4 Relações entre Fluxo de Caixa e lucro 103 4.5 Principais índices para análise e decisão de investimentos 105 5 Financiamentos de projeto de investimento 113 5.1 Estrutura de capital de projetos 114 5.2 Custos de capital 118 5.3 Fontes de financiamento 124 5.4 Comparativo entre Project Finance e Corporate Finance 129 Resolução das atividades 136 Esta obra apresenta aspectos relacionados a investimentos e projetos de investimento. Trabalhamos com os conceitos básicos relacionados a investimentos, métodos de análise, avaliação e escolha de uma fonte de financiamento de recursos que seja consistente com as necessidades de recursos para custear um investimento ou projeto de investimento. No primeiro capítulo a nossa abordagem tem como foco apresentar os conceitos e as ferramentas básicas para planejamento, controle e análise de avaliação de projetos de investimentos. Esses conhecimentos permitem aos profissionais de áreas financeiras fundamentar suas escolhas no processo de tomadas de decisão que envolvam investimento. Os conceitos básicos não servem apenas para preparar os futuros profissionais quanto à fundamentação das suas decisões financeiras, mas também para compreender a inter-relação entre as atividades operacionais e financeiras de uma empresa. Isso ocorre porque qualquer projeto relacionado a um planejamento de empresa necessita da definição sobre como serão custeadas as atividades propostas (tanto operacionais quanto relacionadas a investimentos e seus benefícios). Essa compreensão permite ao profissional de qualquer área contribuir para a discussão e implementação de um investimento ou projeto de investimento. No segundo capítulo tratamos das definições do que realmente é considerado um investimento sob a ótica da ciência contábil/financeira e das características que diferenciam os tipos de investimentos, conforme as principais peculiaridades na forma como se estrutura o processo de investimentos em mercados (incluindo a intermediação financeira), como se caracterizam os tipos de investidores e sua adequação com os diversos tipos de investimentos, quais são os principais fatores que interferem na decisão de investir etc. Dessa forma, o leitor conhece, de modo sucinto, as etapas do planejamento e os objetivos de um projeto de investimento. APRESENTAÇÃOVídeo 8 Análise e decisão de investimentos No terceiro capítulo propomos reflexões relacionadas a comparações entre diferentes critérios de análise e avaliação de projetos, indicadores, riscos e retornos, bem como a abordagens que fundamentam os processos de tomadas de decisão relativas à escolha da seleção sobre melhor investimento considerando as incertezas e os riscos entre os diferentes métodos abordados. No quarto capítulo apresentamos os principais conceitos a respeito da utilização de informações contábeis que são extraídas das demonstrações financeiras obrigatórias e não obrigatórias e que, posteriormente, são essenciais para a determinação dos indicadores financeiros e para a análise e avaliação, processos que servem para fundamentar o processo de tomada de decisão sobre investimentos. Esses conceitos nos permitem compreender diversos aspectos relacionados a um projeto de investimento, como se relacionam e como podem ser melhorados – por exemplo, como recursos que originam seus bens e direitos relativos a um projeto de investimento estão relacionados com as obrigações referentes a ele e como a alteração de transações pode melhorar o desempenho dos investimentos feitos em projetos. No quinto e último capítulo abordamos os principais conceitos relacionados aos recursos de longo prazo para financiar investimentos ou projetos de investimentos, incluindo sua estrutura e melhor composição, meios/ modalidades de operações e fontes de recursos, seus custos individuais e globais e aspectos relacionados a necessidades de valores muito elevados para a execução de um projeto, como o Project Finance. Com base em uma revisão de conceitos e fatores relacionados a processos de investimentos, trazemos nesta obra conteúdos que esclarecem e auxiliam a aprendizagem a respeito de investimentos, abrangendo desde a definição de conceitos básicos até a maneira de obter informações para utilizar, avaliar, analisar e selecionar um investimento, quais são os métodos utilizados nessa escolha, assim como aspectos relacionados à obtenção de financiamentos quando a empresa estiver em uma situação de déficit ou falta de recursos. Bons estudos! Introdução à análise de investimentos 9 1 Introdução à análise de investimentos É comum nos depararmos, em nosso cotidiano, com várias oportuni- dades e opções deinvestimentos, projetos e empreendimentos. A dúvida então é: quais seriam os critérios para selecionar a melhor escolha em ter- mos de rentabilidade, riscos e incertezas e objetivos a serem alcançados? Neste capítulo discutiremos os princípios e os conceitos básicos para compreender como seriam analisadas e avaliadas as características de um investimento e, assim, decidir se ele deve ser aprovado ou reprovado. Iniciamos o capítulo com a perspectiva de compreender o valor do dinheiro no tempo, adotando o princípio básico, utilizado em matemática financeira, no qual só se comparam valores em uma mesma data. Dentro desse princípio, são admitidos os métodos matemáticos no qual se adotam Fluxos de Caixa estimados, sempre traduzidos em valores que remetem ao início do investimento em métodos de avaliação, como o Valor Presente Líquido e os fluxos futuros descontados. Veremos, ainda, como esses métodos definem as estimativas de valores futuros e quais são as técnicas de planejamento e controle de investimentos, que visam tornar mais assertivos os valores estimados para o Fluxo de Caixa Futuro – valores esses que serão utilizados na análise de investimentos. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender os principais elementos relacionados à análise de investimentos; • conhecer as ferramentas básicas para planejamento, controle, análise e avaliação de projetos de investimentos. Objetivos de aprendizagem 10 Análise e decisão de investimentos 1.1 O valor do dinheiro no tempo Vídeo Quando se comparam valores monetários em épocas diferentes, uma das questões básicas é compreender se estamos utilizando uma conduta correta ou se estamos cometendo algum erro ao adotarmos esse procedimento. Essa comparação, no sentido que pretendemos abordar, é exem- plificada pela seguinte situação hipotética: imagine que você empresta uma determinada quantia para alguém hoje e essa pessoa se propõe a pagar essa mesma quantia daqui a cinco anos. Aparentemente, ela estará devolvendo seu dinheiro no final do período. Agora convido você a responder se é correto comparar valores em momentos diferentes do tempo, como nesse caso. Provavelmente sua resposta será não. Qual é a explicação? Muitos responderão que a explicação se deve ao aumento do preço dos bens, mas, se pararmos e refletirmos, essa resposta mostra o efei- to e não a causa. Vamos esclarecer melhor essa afirmação. Os preços sobem sob o ponto de vista econômico, conforme Assaf Neto (2018) e Gremaud et al. (2012) explicam, pois esse é um dos efeitos da inflação, causado por um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de bens na economia, o que afeta o poder de compra do dinheiro. Quando ocorre uma eleva- ção contínua e generalizada nos índices gerais de preços, o efeito senti- do pelos consumidores é a necessidade de desembolsar mais dinheiro para comprar uma mesma quantidade de bens ou serviços, ou seja, ocorre uma perda do poder aquisitivo da moeda devido à inflação 1 . Outra explicação embasada na economia seria a de que o capital é considerado um fator de produção e, por esse motivo, deve ser remu- nerado pelos juros, conforme afirmam Gremaud et al. (2012). Os juros são determinados em função do tempo. Enquanto o tempo decorre, o capital (dinheiro investido) deve estar sendo acrescido pelos juros nesta razão direta: quanto maior o tempo decorrido, maior será o valor dos juros associados ao capital aplicado no período considerado. Assaf Neto (2017) aponta outro fator importante que deve ser con- siderado nessa questão: trata-se do risco que envolve um empréstimo ou uma aplicação de um capital, pois geralmente não existe total cer- O artigo O valor do dinhei- ro no tempo, disponível no site Valor Investe, aborda a visão analítica central, na qual a matemática financeira, as finanças e os investimentos em geral são conceituados, de acordo com o estudo sobre a influência da variável tempo sobre o dinheiro nos resultados obtidos em investimentos. Discutem-se as razões pelas quais não é possível comparar diferentes valo- res ao longo do tempos, de modo direto, sem que se façam ajustes nos quais a variável tempo seja considerada. Disponível em: https://valorinveste. globo.com/blogs/carlos-heitor- campani/coluna/o-valor-do- dinheiro-no-tempo.ghtml. Acesso em: 8 abr. 2021. Leitura De maneira inversa, porém menos recor- rente, existe o efeito da diminuição de preços na economia, denominado deflação. 1 https://valorinveste.globo.com/blogs/carlos-heitor-campani/coluna/o-valor-do-dinheiro-no-tempo.ghtml https://valorinveste.globo.com/blogs/carlos-heitor-campani/coluna/o-valor-do-dinheiro-no-tempo.ghtml https://valorinveste.globo.com/blogs/carlos-heitor-campani/coluna/o-valor-do-dinheiro-no-tempo.ghtml https://valorinveste.globo.com/blogs/carlos-heitor-campani/coluna/o-valor-do-dinheiro-no-tempo.ghtml Introdução à análise de investimentos 11 teza quanto ao resultado econômico e financeiro de um empreendi- mento, projeto ou investimento. Há sempre uma incerteza quanto ao futuro, e, em razão dessa incerteza, o capital deve ser remunerado. No que diz respeito a um capital emprestado ou aplicado, uma in- terpretação de Assaf Neto (2017) se refere à necessidade de remune- rar o proprietário do capital (o investidor), que se priva do recurso por um período de tempo e que, portanto, deve ser remunerado por essa privação, como uma espécie de “aluguel” a ser pago pela ausência ou desprovimento desse capital que foi aplicado e que poderia ser utiliza- do em outras formas de investimento. Essa remuneração associada à privação do recurso é denominada custo de oportunidade. Agora podemos responder corretamente ao questionamento na si- tuação hipotética na qual você, leitor, emprestava um recurso e a pes- soa lhe devolveria o mesmo valor daqui a cinco anos: não podemos comparar o dinheiro diretamente em épocas diferentes, pois o capital tem valores diferentes conforme decorre o tempo. Esta é uma das re- gras básicas utilizadas na matemática financeira: só se comparam valo- res em uma mesma data. O valor a ser devolvido deve atentar à valorização do dinheiro no tempo e considerar o pagamento dos juros, que devem ser suficientes para remuneração do capital, bem como dar importância ao risco en- volvido nesse empréstimo – representado, por exemplo, pela incerteza de não haver recursos para quitar a operação após decorrer o prazo combinado); pela perda do poder aquisitivo de bens e serviços causado pela inflação, que corrói o poder de compra do dinheiro; e pela necessi- dade de ressarcimento a você, proprietário, pela privação dos recursos durante o período da operação. Portanto, deve-se considerar sempre a variável tempo associada ao valor do dinheiro, o que implica a regra de se comparar valores se estes estiverem referenciados na mesma data. 1.1.1 Regras básicas de matemática financeira A principal regra ou característica da matemática financeira refe- re-se ao valor do dinheiro no tempo. Para comparar valores, parte-se da premissa de que é necessário que eles estejam na mesma data. Os valores do dinheiro no tempo se desenvolvem mediante o pagamento de juros. 12 Análise e decisão de investimentos Gitman e Joenk (2005) esclarecem que os juros pagos ao investidor representam uma remuneração comparável a um “aluguel” pago para compensar a utilização do capital pelo tomador de recursos. Assaf Neto (2017) afirma que a atualização de valores é uma função matemática que utiliza um coeficiente numérico constante, representado pela taxa de juros, o qual cresce conforme aumenta a variável tempo de- corrido e descreve como os juros são formados e integrados ao capital. Um aspecto descrito por Assaf Neto (2017) e Gitman e Joenk (2005) diz respeito aos critérios utilizados para calcular e incorporar os juros ao capital. Esses critérios são conhecidos como regimes de capitalização e são dois: 1. Regime de capitalização simples ou juros simples, no qual o cálculo utilizadopara determinar o valor dos juros incide exclusivamente sobre o capital inicial, ou seja, nesse critério o valor dos juros é calculado como uma progressão aritmética 2 . Para exemplificar como é feito esse cálculo, vamos acompanhar os conceitos básicos de álgebra matemática. Imagine um investidor que aplica um valor de R$ 10.000,00 no regime de capitalização de juros simples, a uma taxa de juros de 5,00% ao mês por um período de 4 meses. Qual é o valor a ser resgatado no final do período da operação? Para analisar, resolver e compreender essa questão, acompanhe a tabela a seguir. Tabela 1 Demonstrativo do cálculo do exemplo utilizando juros simples Tempo (meses) Saldo ini- cial (R$) Cálculo dos juros (R$) Acréscimo mensal (R$) Saldo devedor final (R$) 1 10.000,00 10.000,00 · 0,05 = 500,00 500,00 10.500,00 2 10.500,00 10.000,00 · 0,05 = 500,00 500,00 11.000,00 3 11.000,00 10.000,00 · 0,05 = 500,00 500,00 11.500,00 4 11.500,00 10.000,00 · 0,05 = 500,00 500,00 12.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. O valor a ser resgatado no final do período é de R$ 12.000,00. É importante destacar alguns procedimentos nesse cálculo: I. A matemática financeira adota em suas fórmulas o pressuposto da uniformidade de número de dias, ou seja, a variável tempo é medida em termos comerciais, não em termos civis: A progressão aritmética é uma sequência de números na qual o pri- meiro termo representa a base de cálculo e os termos subsequentes são determinados a partir de uma soma de um número constante. 2 Introdução à análise de investimentos 13 Medida do tempo Medida comercial (dias) Medida civil (dias) Ano 360 365 ou 366 dias Mês 30 28, 29, 30 ou 31 II. Deve-se realizar os cálculos utilizando a notação numérica e não a percentual. Assim, no exemplo, 5,00% é convertido para 0,05. Observe que na Tabela 1 os valores formam uma sequência com acréscimo constante: R$ 10.000,00; R$ 10.500,00; R$ 11.000,00; R$ 11.500,00 e R$12.000,00 – com valor inicial de R$ 10.000,00 soman- do-se o valor constante de R$ 500,00 em cada mês, caracterizando o comportamento de uma progressão aritmética, na qual o valor de juros incide somente sobre o valor inicial. 2. Regime de capitalização composta ou juros compostos, em que o cálculo para determinar o valor dos juros incide sobre o capital acrescido dos juros. Nesse critério, o valor dos juros é calculado sobre o capital acumulado, ou seja, como uma progressão geométrica 3 . Vamos retornar ao exemplo proposto no caso dos juros simples, agora mudando para o regime de capitalização composta para compa- rar os valores. Considere que o investidor aplica um valor de R$ 10.000,00 no regi- me de capitalização composta, a uma taxa de juros de 5,00% ao mês, por um período de 4 meses. Qual é o valor a ser resgatado no final do período da operação? Para analisar e resolver essa questão, acompanhe a tabela a seguir. Tabela 2 Demonstrativo do cálculo para resolução do exemplo utilizando juros compostos Tempo (meses) Saldo ini- cial (R$) Cálculo dos juros (R$) Acréscimo mensal (R$) Saldo devedor final (R$) 1 10.000,00 10.000,00 · 0,05 = 500,00 500,00 10.500,00 2 10.500,00 10.500,00 · 0,05 = 525,00 525,00 11.025,00 3 11.025,00 11.025,00 · 0,05 = 551,25 551,25 11.576,25 4 11.576,25 11.576,25 · 0,05 = 578,81 578,81 12.155,06 Fonte: Elaborada pelo autor. Progressão geométrica é uma sequência de números na qual a base de cálculo dos termos subsequentes é determi- nada a partir do capital inicial acrescido dos juros acumulados. 3 14 Análise e decisão de investimentos O valor a ser resgatado no final do período, obtido pelo método de cálculo do regime de capitalização composta, é de R$ 12.155,06. Quando comparamos esse valor com o resultado de R$ 12.000,00 obtido pelo método de cálculo dos juros simples, percebemos o efeito de se ter a base de cálculo crescente nos juros compostos, pois a di- ferença de R$ 155,06 entre os resultados dos dois métodos refere-se justamente ao fato de incorporar ao capital inicial o valor dos juros acu- mulados na base de cálculo, conhecido como juros sobre juros. No Brasil, a maioria das operações envolvendo a remuneração do dinheiro corresponde ao regime de capitalização composta, pois o país passou por vários períodos de inflação elevada no passado e, por esse motivo, existe uma prática de realizar operações que adotam a incorpo- ração dos juros ao saldo devedor como base de cálculo para o período subsequente. É raro o uso de operações de juros simples no país. Em operações financeiras internacionais e adotadas na maioria dos países desenvolvidos, o regime de capitalização predominante é de ju- ros simples. A seguir veremos as fórmulas para cálculo de juros. I. Juros simples: • Relacionando o Valor Inicial para o Valor Final da operação ou Valor de Resgate: VF = VP · (1 + i · n) • Cálculo dos juros de uma operação. J = VP · i · n Onde: VF = Valor de Resgate ou Valor Futuro. VP = Valor Inicial ou Valor Presente. i = taxa de juros a ser adotada na operação. n = prazo da operação. J = valor dos juros acumulados. Para exemplificar a utilização dessas fórmulas de juros simples e comparar o resultado com o mesmo problema visto na Tabela 1: Valor Aplicado VP = R$ 10.000,00 Taxa de juros i = 5,00% ao mês (lembre-se de converter a taxa expressa em porcentagem para a notação numérica, considere: 5% = 0,05 para então substituir o valor da taxa “i” nas fórmulas). Introdução à análise de investimentos 15 Período n = 4 meses. Qual é o valor a ser resgatado no final da operação (VF) e qual o é valor dos juros (J) desta operação? Resolução: Cálculo do Valor de Resgate, ou Valor Futuro da operação: VF = VP · (1 + i · n) VF = 10.000,00 · (1 + 0,05 · 4) VF = 10.000,00 · 1,20 VF = 12.000,00 Cálculo dos juros da operação: J = VP · i · n J = 10.000,00 · 4 · 0,05 J = 10.000,00 · 0,20 J = 2.000,00 Perceba que, se somarmos o valor aplicado aos juros simples no período da operação, teremos como resultado o Valor de Resgate: VF = VP + J VF = 10.000,00 + 2.000,00 VF = 12.000,00. II. Juros compostos • Relaciona o Valor Inicial ao Valor Final da operação: VF = VP · (1+ i)n • Cálculo dos juros. J = VP · [(1+ i)n – 1] Onde: VF = Valor de Resgate ou Valor Futuro. VP = Valor Inicial ou Valor Presente. i = taxa de juros a ser adotada na operação. n = prazo da operação. J = valor dos juros acumulados. Novamente, para exemplificar a utilização dessas fórmulas de juros com- postos, vamos utilizar o problema visto na Tabela 2 e comparar os resultados. Valor aplicado VP = R$ 10.000,00 Taxa de juros i = 5,00% ao mês (juros compostos). Período n = 4 meses. Qual é o valor a ser resgatado no final da operação (VF) e qual é o valor dos juros (J) dessa operação? 16 Análise e decisão de investimentos Resolução: Cálculo do Valor de Resgate ou Valor Futuro da operação: VF = VP · (1+ i)4 VF = 10.000,00 · (1+ 0,05)4 VF = 10.000,00 · 1,2155062 VF = 12.155,06 Cálculo dos Juros da operação: J = VP · [(1 + i)n –1] J = 10.000,00 · [(1 + 0,05)4 –1] J = 10.000,00 · 0,2155062 J = 2.155,06 Ao somarmos o valor aplicado aos juros compostos no período da operação, teremos como resultado o Valor de Resgate: VF = VP + J VF = 10.000,00 + 2.155,06 VF = 12.155,06 As regras matemáticas básicas que foram apresentadas nessa se- ção são imprescindíveis para se calcular o valor do dinheiro em diferen- tes instantes. Como verificamos, conforme o tempo varia, precisamos calcular o seu respectivo valor, pois não podemos comparar valores em datas diferentes. Abordaremos a seguir outras técnicas que serão utilizadas na análise de investimentos. 1.2 Elementos das análises dos investimentos Vídeo Para exercer suas atividades de modo eficiente, é comum que o gestor financeiro de uma empresa utilize diversas ferramentas admi- nistrativas. Uma que se destaca na avaliação de investimentos é o Fluxo de Caixa. Para Silva (2018), o Fluxo de Caixa éuma ferramenta de adminis- tração e controle de uma empresa que retrata as entradas e saídas de recursos (movimentação financeira) em um determinado intervalo de tempo. Esse intervalo inclui períodos futuros, configurando, então, a projeção de valores em períodos vindouros e permitindo determinar o comportamento do saldo de caixa estimado em datas futuras. Nesse sentido, o Fluxo de Caixa é utilizado para antecipar qual será a situação do caixa, prevenindo necessidades de cobertura de valores em caso de desembolsos a serem efetuados. A utilização dele é impor- tante, ainda, para antecipar a ocorrência de possíveis recursos exce- dentes, auxiliando no planejamento da destinação desses valores. Por este motivo, constitui o principal instrumento da gestão financeira ao Introdução à análise de investimentos 17 ser utilizado nas atividades de controle e análise de receitas, despesas e investimentos. Para compreender a importância desses aspectos para a gestão fi- nanceira, convido você a refletir: quais são as consequências da falta de recursos em um determinado período? A resposta é que, além de gerar atrasos dos compromissos financei- ros, esses atrasos geram outras consequências indesejadas, como per- da de crédito com fornecedores, que compromete o capital de giro das empresas; atrasos de pagamentos de funcionários, que geram perda de produtividade por insatisfações geradas devido ao não pagamento de salários na data prevista; atrasos em recolhimentos de obrigações tributárias, que motivam a visita da fiscalização fazendária para veri- ficar as causas do não recolhimento, entre outras. Para evitar esses problemas, é comum que a empresa recorra a empréstimos com insti- tuições financeiras. A utilização dessa solução tem efeitos indesejados, que acarretam dimi- nuição nos lucros ou prejuízos, pois os empréstimos geram despesas finan- ceiras, e estas corroem os resultados financeiros das empresas. Então, para evitar esses efeitos indesejados, os quais são originados por saldos negativos no Fluxo de Caixa, e prevenir suas consequências em períodos mais extensos, uma solução simples é negociar os paga- mentos em períodos em que há previsões de sobra de recursos no Fluxo de Caixa, evitando-se tomar empréstimos para suportar a falta de dinheiro, já que eles originam o pagamento de despesas financeiras. Samanez (2007) descreve o Fluxo de Caixa como um resumo das entradas e saídas efetivas de valores monetários, não apenas com o propósito de planejar ou definir a capacidade de pagamento de dívi- das, mas também como uma ferramenta que possibilita identificar a rentabilidade de um projeto de investimento e, dessa forma, analisar, avariar e decidir sobre sua viabilidade. Andrich e Cruz (2013) conceituam o Fluxo de Caixa como uma de- monstração de entradas e saídas de valores previstos pela empresa em um determinado intervalo de tempo 4 . Com base nessas definições, entende-se que o Fluxo de Caixa é uma ferramenta que resume informações associando valores monetários positivos (entradas de recursos) e valores monetários negativos (saídas de caixa) estimados à cronologia da sua ocorrência. O artigo O fluxo de caixa como ferramenta de gestão financeira e estratégica nas empresas, das autoras Danielle Zanetti Guima- rães da Silva e Roberta Mendes Neiva, publicado em 2010 na Revista da Faculdade de Administra- ção e Economia (ReFAE), aborda aspectos gerais do Fluxo de Caixa e permite ao leitor desenvolver uma melhor compreensão sobre a importância dessa ferramenta – considerada essencial – para o gestor financeiro executar suas atividades de maneira assertiva e sob o ponto de vista estratégico, uma vez que o Fluxo de Caixa utiliza dados que permi- tem a tomada de decisões que afetarão o futuro das empresas, diferencian- do-se das informações contábeis, que também são importantes para o gestor, mas apresentam a limitação de registrar informações de fatos que ocorreram no passado, sem incluir o dinamismo que a conjuntura econô- mica impõe às empresas atualmente. Disponível em: https://core.ac.uk/ download/pdf/229080247.pdf. Acesso em: 9 abr. 2021. Artigo Andrich e Cruz (2013) advertem para não confundir Fluxo de Caixa ou Orçamento de Caixa (previsões de valores) com Demonstrativos de Fluxo de Caixa (entradas e saídas passadas). 4 https://core.ac.uk/download/pdf/229080247.pdf https://core.ac.uk/download/pdf/229080247.pdf 18 Análise e decisão de investimentos Há diversas formas de representar um Fluxo de Caixa, seja utilizando tabelas ou planilhas, seja por recursos visuais, como uma representação gráfica de valores por meio de diagramas de fluxos de caixa (Figura 1). Os diagramas de fluxo de caixa (DFC) são formas de representação de valores conforme ocorre a movimentação de recursos ao longo do tempo. Figura 1 Representação de um DFC 0 2 4 6 Tempo (meses) 1 3 5 7 Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto, 2017. Na Figura 1, o eixo horizontal representa a marcação da variação do tempo na unidade de representação do Fluxo de Caixa no tempo. Já a direção vertical representa os valores desse Fluxo de Caixa, no qual se adota a convenção de valores positivos (entradas de caixa) sendo caracterizados por seta no sentido para cima, enquanto as setas têm sentido para baixo para indicar valores negativos (desembolso) . Eventualmente podem acontecer casos em que ocorram entradas e saídas em um mesmo momento do DFC, como ilustrado na Figura 2. Figura 2 Representação de um DFC, no qual ocorre uma entrada e uma saída em um mesmo instante do fluxo (período 3). Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto, 2017. 200 200 RESULTANTE 150 – 50 = 100 0 2 4 6 Tempo (meses) 1 100 3 50 150 150 75 50 5 7 0 2 4 6 Tempo (meses) 1 100 100 3 150 75 50 5 7 Introdução à análise de investimentos 19 Na Figura 2 adota-se a possibilidade de se considerar a resultan- te quando, em um mesmo instante do fluxo, ocorrer uma entrada e uma saída 5 (observe o 3º período), pois em muitas análises associadas ao DFC é importante trabalhar com a resultante para fins de análise – por exemplo, da Taxa Interna de Retorno (TIR), que reflete a taxa im- plícita do Fluxo de Caixa analisado correspondente a um projeto de investimentos. Um ponto interessante para o DFC é a possibilidade de representar um parcelamento de uma operação com parcelas de valores iguais. Po- demos visualizar essa representação na figura a seguir. Figura 3 Exemplo de representação de dois DFCs com parcelamento, no qual o primeiro DFC representa um devedor, ou tomador de recursos, e o segundo DFC, um credor, ou investidor. Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto, 2017. 0 0 2 2 4 4 6 6 1 1 6.000 6.000 3 3 5 5 1.200 1.200 Tempo (meses) Tempo (meses) Tomador de recursos Investidor (credor) A Figura 3 mostra a representação de 2 DFCs, em que há, no iní- cio do 1º fluxo, um valor positivo indicando uma entrada de recursos (6.000) e, posteriormente, saídas com 6 parcelas idênticas (1.200), uma em cada mês, de modo consecutivo, ou seja, trata-se de uma operação na qual um tomador de recursos tem um valor liberado no valor de 6.000 e depois efetua 6 pagamentos contínuos e com valores idênticos de 1.200. No 2º fluxo ocorre, inicialmente, um desembolso de 6.000, que representa um investimento, e, depois, a entrada de 6 valores po- sitivos idênticos e consecutivos, indicando o recebimento das parcelas com valor de 1.200. O uso de uma resultante quando existem valores em um DFC com sinais in- vertidos é similar ao con- ceito de somas vetoriais utilizados na matemática vetorial ou na Física quando ocorrem forças de sentidos contrários. 5 20 Análise e decisão de investimentos Com esses conceitos, é possível compreender como identificar ope- rações de empréstimos (tomadores de recursos) e aplicações ou inves- timentos (credores ou aplicadores de recursos). Para entender o funcionamento de um Fluxode Caixa em uma em- presa, observe a Figura 4. Figura 4 Exemplo de representação de um Fluxo de Caixa de uma empresa Mão de obra Matérias- -primas Produtos em elaboração Produtos acabados Imposto de Renda Vendas Contas a receber Ativo fixo Participação Exigível curto e longo prazo Fluxos operacionais Fluxos de Caixa da empresa Pagamento provisionado Fluxos de investimentos Fluxos de financiamentos Pagamento de fornecedores Depreciação Compras Compras Vendas Vendas Empréstimos Pagamentos Vendas de ações Recompra de ações Pagamentos de dividendo Pagamentos Restituição Venda à vista Recebimento de vendas a prazo Patrimônio Despesas operacionais com depreciação e juros Despesas gerais Contas a pagar Salários Caixa e títulos negociáveis Fonte: Adaptado de Gitman; Madura, 2003, p. 251. Introdução à análise de investimentos 21 Observe na Figura 4 que Gitman e Madura (2003) demonstram que o Fluxo de Caixa de uma empresa pode ser dividido conforme a ne- cessidade do gestor financeiro, com o objetivo de melhor controlar e avaliar cada parte da movimentação de caixa em separado. Nesse exemplo, o autor dividiu em três tipos de fluxos: • Fluxo de Caixa Operacional: associado às entradas e saídas de valor relacionadas com as vendas e os gastos para a obtenção de produtos e serviços. • Fluxo de Investimentos: relacionado aos Fluxos de Caixa que têm como referência transações de compra de ativos ou de par- tes de empresas e valores positivos relacionados aos retornos que essas aquisições proporcionariam ou, eventualmente, às transações de vendas desses bens e direitos. • Fluxo de Financiamentos: no qual se analisam os resultados da utilização de capitais próprios e de terceiros no financiamento das atividades da empresa, por exemplo o pagamento de divi- dendos aos acionistas e uma recompra de ações próprias como uma saída de caixa, além de uma venda de ações próprias como uma entrada de caixa. O estudo de movimentações de recursos pelo Fluxo de Caixa, para efeito de análise de um investimento, necessita do componente que correlaciona os valores nos diferentes períodos dos Fluxos de Caixa, que, no caso, é a taxa de juros, conhecida como taxa mínima de atra- tividade. Assaf Neto e Lima (2019) definem que essa taxa diz respeito à remuneração mínima aceita pelos investidores em função do risco assumido em um projeto de investimento. Assim, quando se analisa a aceitação de uma proposta de investi- mento, a rentabilidade apresentada pelo projeto deve ser comparada à taxa mínima de atratividade. Portanto, considera-se o investimento como satisfatório ou aceitável quando a rentabilidade implícita do pro- jeto de investimento proposto for superior ou, no mínimo, igual à taxa mínima de atratividade. A taxa mínima de atratividade é utilizada diretamente (taxa utilizada para descontar os valores dos Fluxos de Caixa futuros) nos métodos de avaliações de investimentos do Payback Descontado e do Valor Presen- te Líquido, e indiretamente (utilizada como taxa comparativa de renta- bilidade mínima) no método de Taxa Interna de Retorno. 22 Análise e decisão de investimentos 1.3 Métodos de avaliações de projetos de investimentos Vídeo Abordamos, aqui, os métodos quantitativos de avaliações de inves- timentos alinhados à premissa básica da matemática financeira, que considera o valor do dinheiro no tempo. Esses métodos de avaliações levam em consideração três enfoques: o primeiro tem como base o tempo de retorno de um investimen- to (Payback Descontado); o segundo utiliza uma avaliação baseada no valor do retorno do valor investido, considerando esse valor no pre- sente (Valor Presente Líquido – VPL, ou Net Present Value – NPV); e, fi- nalmente, o terceiro método de avaliação, tendo como base a taxa de retorno do investimento, ou projeto de investimento (Taxa Interna de Retorno – TIR, ou Internal Rate of Return – IRR). 1. Payback Descontado: segundo Assaf Neto e Lima (2019) e Samanez (2007), esse método utiliza todos os valores de um fluxo trazidos a Valor Presente até que estes sejam suficientes para zerar ou trazer um retorno positivo ao investimento realizado. Uma fórmula matemática pode ser expressa para encontrar qual é o tempo “T”, no qual o capital investido retorna em termos de valores descontados até o instante inicial do projeto de investi- mento, segundo a fórmula descrita por Samanez (2007, p. 22): I FC kt T t t � �� ���1 1 Onde: I = valor investido no início do projeto. t = tempo decorrido a cada entrada do fluxo do investimento. ∑ = representa a somatória de uma série de dados. FCt = fluxos previstos de entradas ou saídas de caixa em cada período de tempo. k = taxa de remuneração do capital. T = prazo decorrido para que a somatória dos valores desconta- dos se iguale ao valor I. Introdução à análise de investimentos 23 Exemplo: Considere a seguinte tabela, que representa um investimento com desembolso inicial de R$ 15.000, duração prevista de 5 anos e taxa mí- nima de atratividade (TMA) de 10% a.a. Ano 0 1 2 3 4 5 Fluxo de Caixa (R$) -15.000 7.000 6.000 3.000 2.000 1.000 Calcule em quanto tempo o capital investido será recuperado. Resolução: Para resolver essa questão, vamos descontar cada valor do fluxo futuro para o início do investimento 6 utilizando a fórmula de desconto a Valor Presente, até que o saldo a Valor Presente se torne positivo. Assim, no 1º ano: CF1 1 7 000 1 0 10 � �� � � . , 6.363 (esse valor está na 3ª linha da Tabela 3). O saldo a recuperar do investimento, utilizando esse valor descon- tado que representa a somatória, é obtido por –15.000 + 6.363 = –8.637 (esse valor está expresso na 4ª linha da Tabela 3). No 2º ano: CF2 2 6 000 1 0 10 � � � . ( , ) 4.959 (esse valor está expresso na 3ª linha da Tabela 3). O saldo a recuperar do investimento, utilizando este valor descon- tado, é obtido por –8.637 + 4.959 = –3.678 (esse valor está expresso na 4ª linha da Tabela 3). No 3º ano: CF3 3 3 000 1 0 10 � � � . ( , ) 2.254 (esse valor está expresso na 3ª linha da Tabela 3). O saldo a recuperar do investimento, utilizando esse valor descon- tado, é obtido por –3.678 + 2.254 = –1.424 (esse valor está expresso na 4ª linha da Tabela 3). No 4º ano: CF4 4 2 000 1 0 10 � � � . ( , ) 1.366 (esse valor está expresso na 3ª linha da Tabela 3). O saldo a recuperar do investimento, utilizando este valor descon- tado, é obtido por –1.424 + 1.366 = –58 (esse valor está expresso na 4ª linha da Tabela 3). No 5º ano: CF5 5 1 000 1 0 10 � � � . ( , ) 621 (esse valor está expresso na 3ª li- nha da Tabela a 3). Um dos princípios da matemática financeira refere-se a comparar valores somente se estes estiverem na mesma data. Nesse caso, todos os valores futuros do fluxo estão sendo descontados para o instante do início da operação. 6 24 Análise e decisão de investimentos O saldo a recuperar do investimento, utilizando este valor descon- tado é obtido por –58 + 621 = 563 (este valor está expresso na 4ª linha da Tabela 3 e finalmente o saldo do investimento a Valor Presente se torna positivo). O valor de R$ 563 é o retorno que o investimento trará ao final de 5 anos em termos de valor trazido ao início do investimento, ou seja, quando o investidor decide aplicar R$ 15.000, ele sabe que terá um va- lor adicionado que representa R$ 563 em termos de valor comparativo no instante do investimento. O resultado ainda não expressa a resposta da questão. Observan- do-se a Tabela 3, no final do 4º ano ainda faltam R$ 58 para serem re- cuperados. O investimento retorna, então, entre o final do 4º e 5º ano (passa de –R$ 58 para R$ 563). Para determinar quando isso ocorre (aproximadamente), utiliza-se o seguinte raciocínio: • No final do 4º ano faltam R$ 58, e no 5º ano gera um resultado de R$ 621. • Então isto ocorre aproximadamente em 58 621 0 0933977= , anos 7 . • Sabendo-se que um ano tem 12 meses, multiplica-se 0,0933977por 12; então: 0,0933977 · 12 = 1,1208 mês, ou seja, recupera-se o valor de R$ 15.000 em 4 anos e 1,1208 mês. • Para ser mais preciso, pode-se determinar que 0,1208 mês repre- senta 0,1208 · 30 = 3,623 dias , isto é, o valor é recuperado em 4 anos, 1 mês e 4 dias (aproximadamente). Tabela 3 Valores de Fluxo de Caixa descontado a Valor Presente e o respectivo saldo a recuperar Ano 0 1 2 3 4 5 Fluxo de Caixa (R$) –15.000 7.000 6.000 3.000 2.000 1.000 Fluxo Desconta- do (R$) –15.000 6.363 4.959 2.254 1.366 621 Saldo do Fluxo Descontado (∑) (R$) –15.000 –8.637 –3.678 –1.424 –58 563 Fonte: Elaborada pelo autor. Lembre-se de que o dinheiro tem valores dife- rentes conforme o tempo decorre, então todos os valores do fluxo foram trazidos ao instante do vencimento (descontados) e somados ao valor inicial (desembolso tem sinal ne- gativo, e entradas têm si- nal positivo). Dessa forma, comparam-se valores em uma mesma data, que, no caso, referem-se, por convenção, ao instante inicial do investimento. Atenção Se no 5º ano se recu- peram R$ 621, então é necessário definir quanto tempo representa essa fração do 5º ano para recuperar R$ 58. 7 Introdução à análise de investimentos 25 2. Valor Presente Líquido (VPL) ou Net Present Value (NPV): segundo Assaf Neto (2017), esse método requer a definição de uma taxa a ser utilizada para descontar (trazer o valor futuro ao início do investimento). Nesse método, o resultado obtido consiste na somatória de to- dos os valores de um investimento descontados a Valor Presente pela taxa mínima de atratividade 8 e, então, subtrai-se do valor investido inicialmente. Para Samanez (2007), esse método de análise de investimentos baseia-se no cálculo em valores presentes (no início do projeto de investimento) de todos os valores gerados pelo projeto ao longo de sua vida útil. Quando não existem restrições de valores de capital, segundo Samanez (2007), o objetivo do método é encontrar valores de in- vestimento que determinem o maior VPL positivo, considerando o custo de capital, o risco ou a incerteza dos valores envolvidos. Se o VPL encontrado for negativo, o projeto de investimento deve ser rejeitado. De acordo com Assaf Neto (2017, p. 201), esse método pode ser expresso pela seguinte fórmula matemática: NPV FC i FC i FC i FCn n � �� � � �� � � � �� � � � � � � � � � �1 2 2 01 1 1 ... Ou na forma de somatória: NPV FC i FCj j j n � �� � � � � 11 0 Onde: FC0 = quantia no momento inicial (recebimento no caso de ser um empréstimo, ou pagamento quando se tratar de um investimento). FCj = valores previstos na admissão de recursos futuros no caixa ou desembolsos de caixa em um determinado período de tempo. i = taxa de desconto utilizada para trazer, no instante do início da operação, as entradas e as saídas previstas de caixa. Taxa mínima de atrativida- de é a aquela que reflete a remuneração mínima aceita pelos investidores, segundo Assaf Neto e Lima (2019). 8 26 Análise e decisão de investimentos j = termo genérico das parcelas para especificar as parcelas quan- do se desenvolve a fórmula do NPV na forma de somatória das parcelas. n = representa o termo genérico que simboliza o último termo das parcelas na somatória (entendemos que o valor de j varia de 1 até n). Exemplo: Uma proposta de investimentos foi oferecida com um investimen- to inicial de R$ 103.000,00, e pelo plano de negócios apresentado foi demonstrado que esse investimento gerará retornos líquidos estimados ao final de cada ano conforme a tabela a seguir. Ano 0 1 2 3 4 5 Fluxo de Caixa (R$) –103.000 30.000 35.000 32.000 28.000 27.000 Considerando que é utilizada uma taxa mínima de atratividade de 15% a.a., qual é o VPL desse investimento? O projeto deve ser aceito ou reprovado? Assim, no 1º ano: CF1 1 30 000 1 0 15 � � � . ( , ) 26.086,96 No 2º ano: CF2 2 35 000 1 0 15 � � � . ( , ) 26.465,02 No 3º ano: CF3 3 32 000 1 0 15 � � � . ( , ) 21.040,52 No 4º ano: CF4 4 28 000 1 0 15 � � � . ( , ) 16.009,09 No 5º ano: CF5 5 27 000 1 0 15 � � � . ( , ) 13.423,77 Aplicando a fórmula do VPL= NPV: NPV FC i FCj j j n � �� � � � � 11 0 NPV = VPL = 26.086,96 + 26.465,02 + 21.040,52 + 16.009,09 + 13.423,77 – 103.000,00 VPL = 103.025,37 – 103.000,00 = 25,37 Introdução à análise de investimentos 27 Resposta: considerando que o retorno é positivo, teoricamente este investimento deveria ser aceito, por se tratar de um retorno posi- tivo, contudo este valor é muito baixo e provavelmente, os investidores devem rejeitá-lo, pois um retorno esperado de R$ 25,37 é muito infe- rior ao valor investido de R$ 103.000,00 (arrisca-se muito para ter um retorno tão baixo). Desta forma, em princípio, o projeto deve ser rejei- tado, pois uma alteração nas taxas de mercado (se a taxa de mercado se alterar para uma taxa acima dos 15% a.a.), podem alterar o retorno positivo para negativo, ou seja, neste exemplo, o retorno esperado, mesmo sendo positivo, não vale o risco. 3. Taxa interna de Retorno (TIR) ou Internal Rate of Return (IRR): para Assaf Neto (2017), esse método consiste em determinar uma taxa de juros na qual a somatória dos valores dos fluxos futuros descontados até o instante inicial do projeto de investimento se iguala ao valor inicial em termos absolutos, ou seja, se trouxermos os valores dos fluxos futuros à taxa da TIR em valores absolutos no instante inicial da operação e subtrairmos o valor inicial, o resultado é 0. Para Samanez (2007), o método da TIR é encontrar uma taxa in- trínseca de rendimento do Fluxo de Caixa do investimento. Bruni e Famá (2018) descrevem de maneira simples que a TIR corresponde ao valor do custo de capital que iguala o VPL a zero. Ainda segundo Assaf Neto (2017, p. 195), as fórmulas matemáti- cas deste método podem ser expressas por: FC FC i FC i FC i FC i n n0 1 2 2 3 31 1 1 1 � �� � � �� � � �� � ��� �� � Na forma de somatória: FC FC ij n j j0 1 1 � �� ��� Esta fórmula pode ser desenvolvida algebricamente, passando o termo FC0 para o lado direito do sinal de igual (lembrando-se de inverter o sinal positivo para negativo). 0 FC i FC j n j j � �� � � � � 1 0 1 28 Análise e decisão de investimentos Onde: FC0 = valor do Fluxo de Caixa no momento zero (empréstimo se for valor positivo, ou investimento se for um valor negativo). FCj = fluxos previstos de entradas ou saídas de caixa em cada período de tempo. n = o último período considerado, a partir do início do investimento. i = Taxa Interna de Retorno, que representa a incógnita da equação. A incógnita, no caso, é a variável i da equação de grau n. j = é o termo genérico das parcelas, que varia de 1 até n, quando se desenvolve a soma dos fluxos descontados na somatória. Portanto, para resolver um problema envolvendo o cálculo da TIR, é necessário utilizar recursos que apresentem formas específicas de resolução desses cálculos mais complexos envolvendo equa- ções polinomiais de grau n, como a calculadora financeira HP 12c ou planilhas eletrônicas – o Excel da Microsoft, por exemplo. Exemplo: Considere um investimento no qual se aplica um valor inicial de R$ 5.000,00 e que proporcione retornos anuais de R$ 1.000,00 ao fi- nal dos dois primeiros anos; R$ 2.000,00 no terceiro ano e, finalmente, R$ 3.000,00 no quarto ano, quando termina o projeto. Sabe-se que o retorno mínimo aceito pelos investidores é 10% a.a. Nessas condições, o investimento deve der realizado? Resolução: Podemos visualizar o problema conforme o seguinte DFC: 0 2 4 anos 1 1.000 1.000 2.000 3.000 5.000 3 5 Um emulador é um software que permite reproduzir e executar o funcionamento de outro software ou mesmo de um equipamento (hardware). Aqui vai uma dica: você, estudante, não precisa comprar uma calculadora financeira para utilizar em seus estudos, pois existem diversos emuladores que imitam as funcionalidades desse tipo de calculadora e que podem ser baixadosno seu equipamento ou utilizados on-line (alguns são de utilização gratuita). Portanto, fica a sugestão para que você obtenha um desses emuladores grátis. Curiosidade Introdução à análise de investimentos 29 Nesse exemplo, ao desenvolvermos a equação da TIR, constatamos ter uma equação polinomial de 4º grau, na qual a incógnita é a variável i, que representa a Taxa Interna de Retorno (TIR) do fluxo: 5 000 1 000 1 1 000 1 2 000 1 3 000 11 2 3 4 . � . � . � . � .� �� � � �� � � �� � � �� �i i i i Por se tratar de uma equação de 4º grau – de difícil resolução al- gébrica –, vamos utilizar uma ferramenta para resolvê-la (neste caso, utilizaremos, para resolver o problema, a calculadora HP 12c, cujo uso é bastante difundido). Os passos são: f CLX; 5000 CHS gCF0; 1000 gCFj; 1000 gCFj; 2000 gCFj; 3000 gCFj; f IRR. A resposta que surgirá no visor será 12,157492025 ou, arredondan- do, 12,16. A interpretação, aqui, é que a Taxa Interna de Retorno deste in- vestimento é 12,16% ao ano. Ao compararmos com a taxa mínima de retorno do investimento, que é de 10% ao ano, concluímos que esse investimento deve ser aceito, sob o ponto de vista de avaliação de taxa implícita do investimento. Um ponto importante sobre o qual alertar o aluno é que aqui a aná- lise se baseia na utilização de previsões de valores de Fluxo de Caixa Futuro, que possuem o risco de não se concretizarem. Os riscos relacionados a essas incertezas podem ser atenuados com a utilização de técnicas de planejamento e controle de investimentos. 1.4 Técnicas de planejamento e controle de investimentos Vídeo As técnicas de planejamento e controle de investimentos visam di- minuir incertezas quanto aos investimentos. Neste tópico abordare- mos as técnicas mais utilizadas. Samanez (2007) afirma que, para se conseguir uma análise econômi- ca de investimento mais assertiva, devem ser utilizadas algumas técnicas de investimento, como: análise de sensibilidade; análise de cenários; si- mulação de Monte Carlo; árvores de decisão, dentre outros. Pereira (2010) descreve o uso de técnicas complementares que per- mitem compreender como alterações nas principais variáveis podem O artigo Análise de Investimentos, escrito por Reinaldo Luiz Lunelli e disponível no Portal de Contabilidade, apresenta os métodos de avaliações de investimentos, abor- dando visões de retornos de investimentos, de acordo com conceitos de matemática financeira. O texto avalia questões rela- tivas ao tempo de retorno do capital (payback des- contado, importante sob a premissa de quanto maior o prazo para recuperar o capital, maior o risco, levando-se em conside- ração as incertezas que envolvem um investimen- to); à previsão em valor atual de um investimento (Valor Presente Líquido); e à rentabilidade estimada, em termos de taxa que um investimento repre- senta (Taxa Interna de Retorno). Disponível em: http://www. portaldecontabilidade.com.br/ tematicas/analiseinvestimentos. htm. Acesso em: 9 abr. 2021. Leitura http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/analiseinvestimentos.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/analiseinvestimentos.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/analiseinvestimentos.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/analiseinvestimentos.htm 30 Análise e decisão de investimentos representar riscos por ampliarem as incertezas e por serem determi- nantes em cenários previstos ou imprevistos. 1.4.1 Análise de sensibilidade Pereira (2010) descreve que a análise de sensibilidade é um método que permite uma melhor compreensão das causas de possíveis fracas- sos ou sucessos de maneira mais assertiva, diminuindo as incertezas quanto a estimativas do VPL de um Fluxo de Caixa estimado. Nesse caso, a técnica mede o quão sensível é o VPL quando ocorrem oscila- ções em variáveis que afetam os cenários, que determinam os valores de Fluxos de Caixa futuros estimados. Para Samanez (2007), quando utilizamos as projeções de Fluxos de Caixa, é importante identificar quais seriam as variáveis mais signifi- cativas nas estimativas de valores que compõem esses fluxos e, dessa forma, separar esses fatores e estudar o comportamento destes man- tendo todo o resto de variáveis constante. Essa análise é conhecida como análise unidimensional, na qual utilizamos o estudo de uma variá- vel de cada vez com base no uso de técnicas estatísticas, como probabi- lidades, médias ponderadas de valores, médias aritméticas, medianas, modas, tipos de distribuições etc. Samanez (2007) afirma que a aplicação dessa técnica é hoje amplia- da com a utilização de modelos multidimensionais, viabilizados pelos avanços tecnológicos (recursos de hardware e software) que permitem o estudo na variação de diversas variáveis ao mesmo tempo, com a proposição de um cenário hipotético e o estudo simultâneo da oscila- ção de diversas variáveis. O uso da análise de cenários é justificado para simplificar a corre- lação estatística entre um grande número de variáveis na análise de sensibilidade. Por esse motivo, Samanez (2007) considera como uma variante da análise de sensibilidade. Na análise de cenários admite-se isolar um grupamento de parâme- tros, cuja variação guarda uma correlação e uma consistência com um determinado cenário. Assim, criam-se condições para a identificação das principais variáveis que afetam um cenário, o que significa reco- nhecer características que podem definir o êxito ou o fracasso do pro- jeto analisado. A técnica identificada com o uso da expressão em latim coeteres paribus, que pode ser traduzida como “mantido todo o resto constante”, significa isolar uma variável, mantendo todas as outras variáveis fixas, em uma análise que permite uma simplificação para explicar e estudar somente o efeito da osci- lação dessa variável, em um entendimento de um fenômeno. Um exemplo é o estudo da oferta e da demanda em microecono- mia. Isolando uma variável – a renda, por exemplo – e admitindo que todas as outras permaneçam fixas, pode-se estudar e anali- sar qual é o efeito que a variação da renda exerce no comportamento da oferta e da demanda de um produto. Curiosidade Introdução à análise de investimentos 31 A aplicação dessa técnica poderia ser exemplificada na pandemia da Covid-19, na qual se apresentam cenários de maior liberdade co- mercial e outros que pressupõem cenários mais restritivos. Em cada fase é possível estudar e se antecipar a comportamentos diferentes nas atividades e possíveis efeitos no Fluxo de Caixa para tomar medi- das específicas em cada situação possível. Na hipótese de ocorrer uma oscilação nas variáveis estudadas, a empresa poderia ter condições de decidir e dar uma resposta instantâ- nea mais ágil e assertiva, pois teria desenvolvido estudos antecipados para a ocorrências das possíveis situações (cenários possíveis). 1.4.2 Simulação de Monte Carlo Samanez (2007) aborda o método conhecido como Simulação de Monte Carlo (SMC), cujo objetivo não é encontrar uma única solução, mas uma distribuição de valores que descreva o comportamento de um evento estudado. Portanto, esse método é utilizado quando não se dispõe de uma fórmula matemática que demonstre a elucidação de um problema de modo satisfatório, por isso procura uma aproximação da solução que seja suficiente para explicar de maneira convincente o fenômeno estudado. Samanez (2007) descreve que o método se baseia em aplicações de ensaios estatísticos, e nele se analisam fatores não conhecidos ou variáveis aleatórias e sua distribuição de probabilidades de acordo com sua correspondente detecção do evento observado. Saraiva Júnior, Tabosa e Costa (2011) especificam o método com o uso de variáveis aleatórias e probabilidades para descrever e resolver problemas; os autores ainda apontam a origem desse método no Proje- to Manhattan – no qual foram desenvolvidas armas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial –, por John Von Neumann e Stanislaw Ulam,com uma metodologia que utiliza a geração de números aleatórios. Samanez (2007) e Saraiva Júnior, Tabosa e Costa (2011) apontam que essa técnica é utilizada em diversos ramos da ciência, envolvendo toma- da de decisões nas quais se apresentem situações de incerteza e risco. A Figura 5 mostra um exemplo de operacionalização do método de Simulação de Monte Carlo (SMC), no qual se descreve o sequenciamen- to das etapas até a simulação dos experimentos. O artigo A simulação de Monte Carlo como instrumento para a análise econômico-financeira em investimentos de risco – O caso de uma decisão de investimento na abertura de uma filial para revenda de equipamentos pesados no Estado do Ceará, escrito por Erivelton Meneses Rodrigues, Rosângela Venâncio Nunes e Nayana de Almeida Adriano, pu- blicado no XV Congresso Brasileiro de Custos , em 2010, exemplifica como é possível utilizar uma SMC em diversas áreas do co- nhecimento. O uso desta ferramenta é indicado no processo de tomada de decisões, por diminuir a incerteza na avaliação e no controle de um proje- to, por meio da criação de cenários que permitem aos responsáveis pela to- mada de decisões façam inferências (previsões baseadas em análises estatísticas) a respeito de possíveis resultados de eventos futuros. Desta forma, o artigo em questão descreve como a SMC se constitui numa referência para apoiar a aceitação de se aplicar re- cursos num investimento, por meio da utilização de um sistema simulador de possíveis resultados, que permitem determinar a probabilidade de sucesso ou fracasso de um projeto de investimento. Disponível em: https://anaiscbc. emnuvens.com.br/anais/article/ viewFile/899/899. Acesso em: 12 abr. 2021. Artigo https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/viewFile/899/899 https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/viewFile/899/899 https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/viewFile/899/899 32 Análise e decisão de investimentos Passo 1: Seleção das variáveis incluídas no sistema analisado, fundamentado na subjetividade dos gestores ou no comportamento passado das variáveis que compõem o sistema. Passo 3: Definição dos intervalos de classe para cada uma das variáveis selecionadas no sistema analisado, fundamentadas nas distribuições de fre- quências acumuladas projetadas. Passo 2: Estruturação das distribuições de frequência absoluta, relativa e acumulada estimadas para cada variável selecionada. Passo 4: Geração de números aleatórios e de acordo com a ocorrência do evento observado; utilizar na definição da distribuição de probabilidades correspondente. Figura 5 Passos a serem seguidos no método da SMC Passo 5: Inclusão das ocorrências dos números aleatórios nos intervalos de classe de cada variável para efetuar o cálculo de probabilidade de ocorrência do resultado de uma simulação. Passo 6: Simulação dos experimentos e definição da probabilidade, de acordo com a distribuição de resultados obtidos. Fonte: Elaborada pelo autor com base em Samanez, 2007; Saraiva Júnior; Tabosa; Costa, 2011. Uma dificuldade na aplicação do modelo, descrita por Pereira (2010), refere-se ao custo e à complexidade para construir um modelo, que em geral é elaborado por um especialista ou por consultores, o que cria uma situação na qual quem constrói o modelo o compreende, mas quem decide não entende sua essência e, por esse motivo, mui- tas vezes não confia na utilização da SMC como base para a tomada de decisão em um projeto de investimentos. Introdução à análise de investimentos 33 1.4.3 Árvores de decisão Assaf Neto e Lima (2019) explicam que uma árvore de decisão é um diagrama gráfico que representa as possíveis opções de decisões em ordem cronológica e sequencial, algo que proporciona uma melhor vi- sualização das alternativas de escolha possíveis, com destaque para os resultados associados aos riscos identificados em cada escolha possível. Samanez (2007) define as árvores de decisão como uma ferra- menta que considera as possíveis decisões contínuas em um in- tervalo de tempo e suas inter-relações, em termos de decisões no presente, possíveis eventos e suas consequências. Assaf Neto e Lima (2019) esclarecem que uma árvore de decisão é constituída por nós, que descrevem os possíveis cenários que po- dem ocorrer e cuja representação gráfica é um círculo. Além dessa simbologia gráfica, os autores explicam que essa técnica utiliza um quadrado para simbolizar as possíveis decisões que podem ser es- colhidas. Adicionalmente, um caminho ou sequenciamento de uma alternativa selecionada é representado por retas, denominadas ra- mos a serem seguidos. Um exemplo da aplicação da técnica de árvore de decisão, com base em Assaf Neto e Lima (2019), é apresentado de modo resumido a seguir. Considere um investimento inicial de R$ 100.000,00 que possibilita os seguintes Fluxos de Caixa nos próximos dois anos, conforme a Tabela 3. Tabela 3 Informações dos possíveis valores de Fluxos de Caixa gerados e suas respectivas probabilidades de ocorrência nos próximos 2 anos, a partir de um investimento inicial no valor de R$ 100.000,00. Ano 1 Ano 2 Fluxos de Caixa (R$) Probabilidade (E1) Fluxos de Caixa (R$) Probabilidade (E2/E1) 9 60.000,00 70% 70.000,00 80.000,00 60% 40% 70.000,00 30% 75.000,00 85.000,00 50% 50% Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto; Lima, 2019, p. 466. Com base nessas informações, é possível identificar os quatro resul- tados possíveis de Fluxo de Caixa que serão gerados nesse investimen- to e a respectiva probabilidade combinada nos dois anos seguintes ao início do investimento, como se observa na Tabela 4. A Probabilidade (E2/E1) é a chamada probabilidade condicional do evento E2, que representa a probabilidade de ocorrer o evento E2, dado que o evento E1 ocorreu. Utiliza-se a probabilidade condicionada no diagrama de árvores de decisão, pois o modelo pressu- põe analisar eventos sequenciais. 9 34 Análise e decisão de investimentos Tabela 4 Cálculo da probabilidade combinada dos dois anos obtido pela multiplicação das probabilidades das ocorrências sequenciais do Fluxo de Caixa em cada ano do investimento. Combinações Fluxos de Caixa Probabilidade CombinadaAno 1 Ano 2 R$ Probabilidade R$ Probabilidade 1 60.000,00 70% 70.000,00 60% 0,70 · 0,60 = 0,42 2 60.000,00 70% 80.000,00 40% 0,70 · 0,40 = 0,28 3 70.000,00 30% 75.000,00 50% 0,30 · 0,50 = 0,15 4 70.000,00 30% 85.000,00 50% 0,30 · 0,50 = 0,15 Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto; Lima, 2019. Se considerarmos uma taxa de desconto de 10% a.a. para analisar a proposta do investimento em questão, podemos calcular o Valor Pre- sente Líquido dos quatro resultados possíveis do investimento, confor- me a Tabela 5, que mostra o valor do VPL em cada fluxo estimado de retorno do investimento. Tabela 5 Valor do VPL em Fluxo de Retorno Combina- ções Fluxo Descontado (R$) Valor Presente Líquido VPL (R$) 1 60.000,00 ÷ 1,10 + 70.000,00 ÷ 1,102 = 112.396,69 12.396,69 2 60.000,00 ÷ 1,10 + 80.000,00 ÷ 1,102 = 120.661,16 20.661,16 3 70.000,00 ÷ 1,10 + 75.000,00 ÷ 1,102 = 125.619,83 25.619,83 4 70.000,00 ÷ 1,10 + 85.000,00 ÷ 1,102 = 133.884,30 33.884,30 Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto; Lima, 2019. Na Tabela 6 é calculado o valor esperado dos quatro resultados pos- síveis do investimento para calcular seu valor esperado, conforme as possibilidades combinadas. Nela vemos o valor do VPL esperado do retorno do investimento. Tabela 6 Valor do VPN no retorno do investimento Combinações Fluxos de Caixa Probab. combinada VPL (R$) Valor esperado Valores Ano I (R$) Valores Ano II (R$) 1 60.000,00 70.000,00 42% 12.396,69 0,42 · 12.396,69 = 5.206,61 2 60.000,00 80.000,00 28% 20.661,16 0,28 · 20.661,16 = 5.785,12 3 70.000,00 75.000,00 15% 25.619,83 0,15 · 25.619,83 = 3.842,98 4 70.000,00 85.000,00 15% 33.884,30 0,15 · 33.884,30 = 5.082,26 Soma 19.917,36 Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto;Lima, 2019. Introdução à análise de investimentos 35 Com base nessas informações, constrói-se a árvore de decisão des- se exemplo, como mostra na figura a seguir. CFO0 = R$100.000,00 CFO1= R$ 70.000,00 CFO2= R$ 85.000,00 CFO2 = R$ 75.000,00 CFO2= R$ 80.000,00 CFO2= R$ 70.000,00 R$ 19.917,36 R$ 20.661,16 R$ 12.396,69 R$ 33.884,30 R$ 25.619,83 CFO1= R$ 60.000,00 Probabilidade = 70% Probabilidade = 30% Probabilidade = 50% Probabilidade = 50% Probabilidade = 40% Probabilidade = 60% Probabilidade = 28% Probabilidade = 42% Probabilidade = 15% Probabilidade = 15% 0 1 1 2 2 2 2 Figura 6 Árvore de decisão do exemplo Fonte: Elaborada pelo autor com base em Assaf Neto; Lima, 2019. Uma árvore de decisão é uma ferramenta de suporte ao processo decisório que utiliza um diagrama gráfico com o mapeamento das pos- síveis opções de decisões, de maneira a proporcionar para o responsá- vel pela tomada de decisões uma visualização dos possíveis resultados do projeto de investimentos e suas consequências. Desta forma, por meio do uso desta ferramenta de análise, é possível se mapear todos os resultados possíveis do investimento e assim, se determinar uma estimativa do resultado mais provável, com a aplicação de um método, baseado numa média ponderada de cada resultado possível e suas res- pectivas probabilidades de ocorrências. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo foram apresentados os principais conceitos e ferra- mentas básicas e introdutórias utilizadas na análise e avaliação de inves- timentos para embasar tecnicamente o processo de tomada de decisões da aprovação e seleção de projetos. O assunto não se esgota neste conteúdo; neste capítulo abordamos os mais essenciais. Além disso, é importante mencionar a existência de outras 36 Análise e decisão de investimentos ferramentas e técnicas mais específicas, não abordadas aqui, mas que são adotadas no mercado conforme peculiaridades de determinadas empresas e em situações de mercado particulares. ATIVIDADES 1. Quais são os critérios para calcular juros no mercado? Descreva as principais características desses critérios. 2. O que representa o resultado obtido na aplicação do método de avaliação de investimentos do Valor Presente Líquido (VPL)? 3. O que é árvore de decisão? REFERÊNCIAS ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W.. Gestão financeira moderna: uma abordagem prática. Curitiba: Intersaberes, 2013. ASSAF NETO, A. Matemática financeira. Edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. ASSAF NETO, A. Mercados financeiros. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Administração financeira. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Matemática financeira com HP 12c e Excel. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. GITMAN, J. L.; JOENK, M. D. Princípios de investimento. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. GITMAN, J. L.; MADURA, J. Administração financeira. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2003. GREMAUD, A. et al. Introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 2012. PEREIRA, J. dos S. Contribuição da análise de sensibilidade e da simulação de Monte Carlo na análise financeira de projetos. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010. Disponível em: https://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2011_1_Janusa.pdf. Acesso em: 8 abr. 2021. SAMANEZ, C. P. Gestão de investimentos e geração de valor. São Paulo: Pearson Prntice Hall, 2007. SARAIVA JÚNIOR, A. F.; TABOSA, C. de M.; COSTA, R. P. da. Simulação de Monte Carlo aplicada à análise econômica de pedido. Produção, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 149-164, jan./ mar. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prod/v21n1/aop_t6_0003_0208.pdf. Acesso em: 8 abr. 2021. SILVA, E. C. da. Como administrar o Fluxo de Caixa das empresas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018. Vídeo https://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2011_1_Janusa.pdf http://www.scielo.br/pdf/prod/v21n1/aop_t6_0003_0208.pdf Características de investimentos 37 2 Características de investimentos Investimentos é um termo comum no nosso dia a dia. Por ser muito utilizado, passa a ideia de ser um termo simples e de que todos sabemos o seu significado e qual a sua utilidade. Apesar de sua citação frequente em nosso cotidiano, nem todos sabem o correto significado dessa palavra para a economia. Neste capítulo, discutiremos as definições e os conceitos básicos para compreender o significado correto de investimentos, qual o critério para definir seus tipos e suas modalidades, como é a estrutura em que se de- senvolve o processo de investimentos e quais são os principais fatores que definem as influências na decisão de investir. Finalmente, mostraremos um sequenciamento de uma proposta de planejamento de investimentos. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • conhecer os tipos e modalidades de investimentos; • compreender como se estrutura o processo de investimen- tos em mercados; • aprender sobre as etapas de um planejamento de investimentos. Objetivos de aprendizagem 2.1 Tipos e modalidades de investimento Vídeo Caro estudante, é comum nos depararmos com abordagens refe- rentes a investimentos, planejamento para o futuro e garantias de tran- quilidade. Assim, muitas vezes nos interessamos e acabamos sendo enganados pela falta de conhecimentos básicos. Nesse sentido, vamos iniciar o estudo deste capítulo convidando você à seguinte reflexão bá- sica: o que é um investimento? 38 Análise e decisão de investimentos Podemos responder a esse questionamento de diversas manei- ras, mas é importante fundamentar nossa resposta. Veremos a seguir como alguns autores definem o investimento. Martins (2018) define investimento, para a ciência da contabilidade, como sendo um sacrifício originado na obtenção de um bem registrado no ativo de uma organização para amortização ao longo de sua vida útil ou, num sentido genérico, como um gasto no presente associado à possibilidade de usufruir de um benefício futuro. Para Gitman e Joenk (2005), um investimento é todo mecanismo no qual recursos disponíveis podem ser aplicados com a probabilidade de gerar retornos positivos e em que seu valor original será protegido, acrescido de pagamento de juros periódicos (como numa operação de investimento em poupança) ou apresentar uma expectativa de aumen- to do valor (como ocorre numa valorização em uma compra de ações, em que se espera que o valor do preço da ação suba de cotação no mercado em determinado período). Já Assaf Neto e Lima (2019) exemplificam um investimento no mercado financeiro, na situação em que uma entidade (pessoa física ou jurídica) possui sobras de recursos e decide aplicar esses valores numa operação financeira representada por um título emitido por um banco, como um Certificado de Depósito Bancário (CDB). Nesse caso, os autores explicam que o investidor está emprestando seu dinheiro à instituição financeira por um determinado período, tendo como be- nefícios o pagamento de juros e a devolução do capital investido ao término da operação. Por fim, Bruni e Famá (2017) definem que um investimento se ca- racteriza por representar um sacrifício no presente para se obter be- nefícios futuros, cuja análise se baseia na projeção de Fluxos de Caixa futuros estimados de títulos adquiridos no mercado financeiro (investi- mento financeiro) ou na aquisição de bens (projetos de investimentos ou investimentos de capital). Podemos perceber que todos os autores se referem a investimento como um mecanismo financeiro baseado numa aplicação de recursos (sacrifício financeiro) que tem o objetivo de obter um benefício futuro, como aumentar o capital aplicado inicialmente após decorrido um de- terminado período. Características de investimentos 39 Esse conhecimento é importante, pois muitas das questões presen- tes no cotidiano de nossas vidas e das empresas se referem a conhe- cermos os tipos e as modalidades de investimentos para atingir nossosobjetivos financeiros no futuro. Conforme afirma Assaf Neto (2020), os diferentes tipos de investi- mentos estão relacionados aos aspectos envolvidos nas diferentes si- tuações internas, que determinaram a necessidade da realização de estudos 1 , ou seja, o que se objetiva conhecer é como um projeto de investimento de capital afeta ou é afetado por outras eventuais propostas. A seguir veremos algumas formas de investimento. Investimentos economicamente independentes Dois ou mais projetos de investimentos são considerados inde- pendentes quando a aceitação de um deles não implica a recusa ou a impossibilidade de aceitação de outra opção de investimentos, principalmente considerando o aspecto de não ocorrência de in- fluências entre receitas e gastos de um projeto com as outras op- ções disponíveis. Um exemplo exposto por Assaf Neto (2020) ilustra esse conceito. Imagine que uma empresa necessite adquirir apenas uma máquina para ampliar a produção e tenha duas propostas de investimentos para ob- ter essa máquina: a compra em definitivo ou a realização de uma operação de arrendamento mercantil (que em inglês é chamado de leasing). Se ambos os projetos de investimento forem satisfatórios na rela- ção risco/retorno e não houver restrições orçamentárias, deve-se realizar apenas um dos dois projetos propostos, pois a necessidade que se apresenta é a de adquirir apenas uma máquina para suprir o objetivo de aumentar a produção da empresa. É importante observar que a escolha de uma das opções não afeta financeiramente a escolha da outra. Nesse caso, a aceitação de uma das propostas, quando for neces- sária a aquisição de apenas uma máquina e se optar por uma das al- ternativas, automaticamente inviabiliza a realização da outra proposta, ou seja, adquirir uma máquina é suficiente para aumentar a produção, tornando desnecessária a aquisição da segunda máquina. Referem-se às situa- ções com as quais uma empresa pode se deparar no instante em que toma suas decisões de investimentos. 1 M ac ro ve ct or / Sh ut te rs to ck 40 Análise e decisão de investimentos Dessa forma, considera-se que as alternativas de investimento não são economicamente independentes, pois se observa que a seleção das alternativas não se baseou em características nas quais a escolha de uma opção afeta a adoção da outra sob o ponto de vista financeiro. Ou seja, o que afetou a não aceitação da outra opção foi o fato de que a necessidade de aumentar a produção foi satisfeita com a aquisição de apenas uma máquina. Observe agora o mesmo exemplo, porém considerando que a em- presa necessite de duas máquinas para aumentar a produção. Nessa situação, a aceitação de uma das opções não inviabiliza a es- colha da outra, pois são necessárias duas máquinas para se atingir a produção desejada, e se não há restrição orçamentária, pode ocorrer a efetivação conjunta dos dois projetos. Dessa forma, ambos são consi- derados investimentos economicamente independentes. Investimentos com restrição orçamentária Em situações nas quais se apresentam restrições orçamentárias, a escolha de uma opção ou de alguma das alternativas de investimento pode ter sua implementação impedida pela falta de recursos suficientes para desenvolver algum dos projetos apresentados. Nesse caso a im- plementação de uma das propostas é impossibilitada pela insuficiência de recursos, e não pela negativa de satisfação das necessidades ou dos objetivos que motivaram a escolha entre os projetos de investimento. Por esse motivo, é importante destacar que uma das causas co- muns para que investimentos não sejam aprovados, mesmo quando os projetos são economicamente independentes, é a falta de recursos. Investimentos economicamente dependentes Assaf Neto (2020) afirma que existem três situações em que dois ou mais investimentos podem ser julgados como economicamente dependentes: I. Projetos substitutos – ocorrem quando a aceitação de um projeto afeta, de maneira negativa, outro projeto. Nessa situação a escolha de uma opção interfere nos resultados líquidos das demais opções de investimentos, reduzindo as receitas ou aumentando os custos e as despesas. A escolha de qualquer uma das opções não impossibilita a escolha da outra sob o ponto de vista financeiro. Atenção M ac ro ve ct or / Sh ut te rs to ck M ac ro ve ct or / Sh ut te rs to ck Características de investimentos 41 II. Projetos complementares – são aqueles em que a adoção de um projeto exerce influências positivas em relação aos demais projetos, seja pelo aumento das receitas ou pela redução dos gastos. III. Projetos tecnologicamente dependentes – são aqueles nos quais a implementação de um projeto depende previamente do desenvolvimento de outro que forneça avanços tecnológicos que viabilizem economicamente o projeto que será implementado. Investimentos mutuamente excludentes Não devem ser confundidos com os investimentos economicamen- te independentes, pois, segundo Assaf Neto (2020), os investimentos são mutuamente excludentes quando a escolha de uma opção de in- vestimento exclui a oportunidade de seleção de outra pelo motivo de as propostas serem muito semelhantes, a ponto de externarem a mes- ma função. Qualquer que seja a escolha da empresa, seus objetivos serão atingidos. Por exemplo, imagine que uma empresa opte por substituir o layout de sua área comercial e decida por trocar suas instalações de modo que modernize e torne mais aconchegante esse ambiente para recep- cionar seus clientes. Considere que duas propostas de diferentes fabricantes de instala- ções semelhantes são apresentadas. Nesse caso, esses investimentos são mutuamente excludentes, pois, mesmo havendo vantagens que sejam melhores sob o ponto de vista econômico, a aprovação de uma opção não deve ser efetuada pelo fato de que se preferiu escolher a outra. Investimentos com dependência estatística Os investimentos com dependência estatística são descritos por Assaf Neto (2020) como aqueles em que se identifica a manifestação de oscilações comuns em seus resultados conforme o tempo varia. Desse modo, comportamentos nos benefícios de caixa de um tipo de investimento fazem com que esses mesmos comportamentos se re- pitam nas variações nos benefícios das outras opções de investimentos semelhantes. M ac ro ve ct or / Sh ut te rs to ck M ac ro ve ct or / Sh ut te rs to ck 42 Análise e decisão de investimentos Por exemplo, investimentos para a produção de bens direcionados ao comércio exterior são classificados como independentes economi- camente. No entanto, o desempenho de diferentes alternativas está sujeito à influência dos mesmos eventos externos, por exemplo, a va- riação de moedas conversíveis, como o dólar americano e o euro, e o fato de que os negócios se referem ao comércio exterior. Para ilustrar, podemos imaginar uma indústria que atua no setor automotivo. Quando a empresa decide entre várias alternativas de in- vestimento para a produção de peças de reposição para veículos, com o objetivo de atender à demanda do mercado externo, qualquer que seja a opção de investimento escolhida, esta será afetada pela variação do câmbio: a empresa apresentará uma lucratividade maior em moeda nacional quando o real estiver desvalorizado diante da moeda estran- geira (nessa situação são necessários mais reais para trocar por uma unidade de moeda estrangeira), ou seja, a receita apurada em moeda estrangeira apresentará um volume maior quando for convertida para moeda local. Quando ocorrer uma situação inversa e a conversão do câmbio for desfavorável para a exportação, ocorrerá um lucro menor expresso em moeda local. Conforme apontam Gitman e Joenk (2005), também podemos dis- tinguir os indivíduos de empresas e governos, de acordo com a clas- sificação dos tipos de investidores. Desse modo, os investidores são agrupados à medida que se verifica quem investe e a que os recursos a serem investidos se referem: • Investidores
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