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Ginecologia e Obstetrícia Alterações do Líquido Amniótico - Polidrâmnio e Oligoâmnio · FISIOLOGIA: - O líquido amniótico, é um líquido claro e transparente. - Preenche a cavidade amniótica (espaço situado entre o polo embrionário e o trofoblasto). - Este líquido é constituído por água (99%), sais minerais e substâncias orgânicas. - A osmolaridade do LA é sempre maior que o do plasma materno. · FUNÇÕES: - Proteção. - Hidrata o feto. - Manter a temperatura em equilíbrio. - Auxiliar no desenvolvimento músculo-esquelético, gastrointestinal e pulmonar. - Manter integridade das membranas corioaminióticas. - Evita o aparecimento de malformações fetais. · PRODUÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO: - No início, o líquido é produzido na placenta. - Ao final do primeiro trimestre a composição do líquido amniótico começa a mudar, passando a se assemelhar ao plasma fetal. - 9ª semana, a filtração glomerular e a produção de urina fetal se iniciam. - 10ª semana, primeira semana em que a bexiga fetal pode ser identificada ultrassonograficamente. - Com 18 semanas a produção de urina pode ser estimada em 0,3 a 0,6 ml/h. - O TGI também desempenha importante papel na regulação e diminuição do volume de líquido da cavidade amniótica. Com 40 semanas é fisiológica a queda da quantidade de líquido amniótico, pois a placenta está velha. · REGULAÇÃO: - O mecanismo de regulação não é completamente conhecido. - Fontes de produção: Produção urinária fetal. Fluido pulmonar.Distúrbios fetais que comprometam as vias de produção/reabsorção podem afetar o volume do líquido amniótico. - Vias de reabsorção: Deglutição. Absorção intestinal. Trocas através da pele, superfícies do cordão umbilical e da placenta/membranas amnióticas. Secreções das cavidades oral e nasal. - Deglutição: 200/1500 ml/dia – 25% do peso fetal. - Secreções respiratórias: 60-100 ml/kg/dia. - Urina fetal: 600 a 1200 ml/dia – 20% do peso fetal/dia. · FISIOPATOLOGIA: - No 6º mês de gestação, os pneumócitos I começam a ser convertidos em pneumócitos II, que começam a produzir uma macromolécula glicoproteica chamada surfactante. - Ela reveste a superfície interna dos alvéolos pulmonares. - Diminui a tensão superficial da interface ar-alvéolo. - Evita atelectasia. - A falta de surfactante é a principal causa da doença das membranas hialinas no RN. - Para prevenção: corticoide para amadurecimento pulmonar (estimula a síntese e a liberação de surfactante por pneumócitos II) – entre 24 e 34 semanas. · POLIDRÂMNIO: - Polidrâmnio é conceituado como excesso na quantidade de líquido amniótico (LA), quando o volume de LA é superior a 2000ml. - Associado à maior morbidade e mortalidade perinatais. - Incidência de 0,4 a 1,5% das gestações. Quanto mais precoce o polidrâmnio mais chance de ser infecção. Se tem polidrâmnio sem causa, deve fazer investigação de DM com curva glicêmica. Se tem alterações espontâneas deve fazer curva glicêmica. - A hiperglicemia fetal provoca diurese osmótica. · CLASSIFICAÇÃO: AGUDO: - Surge em poucos dias. - É mais frequente no 2º trimestre (antes da 24ª semana de gestação). - Mais grave. - Geralmente evolui para TPP e aumenta a mortalidade perinatal. Geralmente é por infecção neonatal. CRÔNICO: - Surge em semanas. - É a mais comum. - É mais frequente no 3º trimestre da gestação. - Evolução fetal mais favorável. · DIAGNÓSTICO CLÍNICO: - Altura uterina acima do esperado para a fase gestacional. - Edema na região supra púbica. - Distensão da pele do abdome, aspecto brilhante ou estrias. - Dificuldade na palpação do útero. - Dificuldade na identificação das partes fetais. · DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO: - Aumento evidente do volume de LA ou grande discrepância entre o tamanho do feto e os bolsões de LA. - A placenta pode apresentar-se fina pela acentuada distensão da cavidade amniótica (grave). - Dificuldade de avaliar a morfologia pelo distanciamento entre a parede abdominal e o feto. DIÂMETRO DO MAIOR BOLSÃO VERTICAL (MBV): - De acordo com a medida do diâmetro vertical do maior bolsão de LA. - Aplica-se em gemelar. ÍNDICE DE LÍQUIDO AMNIÓTICO (ILA): - Método semiquantitativo. - Medida do diâmetro vertical do maior bolsão de LA no quatro quadrantes do útero. - Cada quadrante é avaliado pelo diâmetro vertical do maior bolsão de LA (cm ou mm). - As medidas são somadas e o resultado é dominado ILA. - Preferencialmente acima de 28 semanas. - Não se aplica em gemelar. · CONDUTA: - De acordo com a etiologia. - Pesquisa de DMG. - Pesquisa de anticorpos irregulares. - Correção de causas maternas ou fetais. - Controle de peso materno. - Repouso relativo. - Dieta hiperproteica. - Investigação de malformações/cardiopatias fetais. - Avaliação ultrassonográfica da placenta. - Considerar realização de cariótipo fetal nos casos sugestivos de cromossomopatia. - Diuréticos não são recomendados, não tem efeito sobre LA. AMNIOCENTESE: - É a drenagem da cavidade amniótica por punção. - É eficaz, porém em poucos dias, o polidrâmnio pode se refazer. - Indicada nos casos de dispneia materna progressiva e dor abdominal persistente (34 a 37 semanas). - Permite a continuidade da gestação ao diminuir o desconforto materno. - Preconiza-se a retirada de 200 a 500ml/h de LA, guiada por USG. Só faz em ultimo caso devido aos riscos. Após 34 semanas o bebê já tem pneumócitos II então já pode pensar em fazer o parto. RISCOS: - Trabalho de parto prematuro. - Infecção intrauterina. - Descolamento prematuro de placenta. - Lesão do feto. - Rotura prematura das membranas ovulares. - Hemorragias. · PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES NO PARTO E PUERPÉRIO: - Dificuldade respiratória materna desde a gestação. - Descolamento prematuro de placenta (principalmente durante a rotura das membranas, quando seguida de rápida descompressão do útero). - Prolapso de membros ou de cordão (na rotura espontânea de membranas). - Distocia funcional pela distensão excessiva do útero. - Atonia ou hipotonia uterina pós-parto. - Rotura prematura de membranas ovulares. - Trabalho de parto prematuro. - Polidrâmnio grave: o parto está indicado com 37 semanas. - Polidrâmnio moderado: parto com 39 a 40 semanas. · OLIGOÂMNIO: - Oligoidrâmnio ou oligoâmnio referem-se ao volume de líquido amniótico menor que o esperado para a idade gestacional. - < 250 ml acima de 20 semanas. - Prevalência estimada: 1% das gestações < 24 semanas. 1% a 5% no termo. 7% após 40 semanas. - Anidrâmnio: ausência de líquido. · ETIOLOGIA: PRIMEIRO TRIMESTRE: - Má formação. - Infecção. SEGUNDO TRIMESTRE: - Rotura prematura de membranas – 50%. - Restrição de crescimento fetal – 18%. - Relacionados ao sistema urinário fetal – 15%. - Idiopático – 5%. TERCEIRO TRIMESTRE: - Pós-datismo. - Desidratação materna. - Insuficiência placentária. · DIAGNÓSTICO CLÍNICO: - Altura uterina abaixo do esperado para a fase gestacional. - Facilidade na palpação do útero. - Avaliação subjetiva. - Os métodos quantitativos de avaliação ecográfica são preferíveis por permitirem comparação entre diferentes exames realizados. · DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO: - Frequentemente é achado ultrassonográfico incidental. PRIMEIRO TRIMESTRE: - Diferença de <5mm entre o diâmetro médio do saco gestacional e do comprimento crânio-nadega. - Causa: má formação e infecção. SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTRE: - Índice de líquido amniótico (ILA) ≤ 5cm (mais sensível). - Mensuração isolada do maior bolsão vertical (MBV) < 2cm (mais fácil execução). - ILA ≤ 5cm tem maior morbidade. · CONDUTA: AMNIOINFUSÃO: - Técnica útil nos casos de oligoidrâmnio precoce (26 semanas). Para tentar diminuir o risco de hipoplasia pulmonar e mortalidade, porém não é mais recomendado. HIDRATAÇÃO MATERNA POR VIA ORAL: - Pode aumentar o volume de líquido amniótico nas horas seguintes à ingestão de um grande volume de água (até 2 litros). Recomenda ingestão de 2/3L por dia ou interna, hidrata e repete USG após 2 dias depois. HOSPITALIZAÇÃO: - 3º trimestre. - Hidratação venosa. - Investigação de causas e monitorização da vitalidade fetal. Interna, hidrata EV, avalia com cardiotocografia e Doppler – se normal,casa e se alterado, investiga. OLIGOIDRÂMNIO IDIOPÁTICO (ISOLADO): - Expectante até o termo. - Avaliação da vitalidade semanalmente por meio de parâmetros biofísicos e/ou Doppler. - Acompanhamento do crescimento fetal a cada 2 semanas. - Parto a partir de 37 semanas (individualizar). PARTO: - Monitorização contínua da frequência cardíaca fetal no intraparto. - Parto no pré-termo tardio ou no termo precoce (36 a 37 6/7 semanas de gestação), ou ao diagnóstico, quando este for feito após esse período. · CASO 1: J.P.M, gestante, 32 anos, professora, natural e procedente de Vassouras, Rio de Janeiro, com idade gestacional de 39 semanas, é encaminhada à maternidade devido a oligoâmnio. É tercigesta (G3 P2N A0). Ao exame obstétrico: altura uterina = 30cm, dinâmica uterina ausente e, ao toque vaginal, colo impérvio e apresentação fetal cefálica. MF presente e BCF = 150 bpm. 1. Quais exames devem ser solicitados na admissão? R. Cardiotocografia e doppler. 2. Quais dados referentes ao pré-natal são relevantes para esse caso? R. USG morfológicos, sorologias, ganho de peso materno (avaliar desnutrição). CTB: categoria I (normal). USG: 39 semanas pela DUM e 38 semanas pela biometria, FUVC, 2853g AIG, placenta anterior III, ILA 45mm, Doppler sem alterações 3. Qual a conduta? R. Indução do parto e monitorização. 4. Quais complicações devem ser monitoradas? R. Desacelerações, sofrimento fetal. · CASO 2: M.L.N., gestante, 45 anos, do lar, natural e procedente de São Paulo, com idade gestacional de 38 5/7 semanas, é encaminhada à maternidade devido a polidrâmnio. É primigesta. Ao exame obstétrico: altura uterina = 39cm, dinâmica uterina ausente e, ao toque vaginal, colo impérvio e apresentação fetal cefálica. MF presente e BCF = 144 bpm. 1. Quais exames devem ser solicitados na admissão? R. Cardiotocografia, doppler e TTOG. 2. Quais dados referentes ao pré-natal são relevantes para esse caso? R. USG morfológicos, tipagem sanguínea, DMG, infecções, ganho de peso. 3. Qual a conduta? R. Indução ao parto. 4. Quais complicações devem ser monitoradas? R. Prolapso, descida fetal tardia, atonia, hemorragia pós-parto. Biometria deve ser compatível com a DUM. Níveis de placenta: 0 – começo da gestação. Grau I – até a metade. Grau II – até o 8º mês. Grau III – 9º mês. FUVC: feto único, vivo e cefálico.
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