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Morfofuncional | UC XVII | SP1 Distúrbios de coagulação HEMOFILIAS ● Hemofilia A - Clássica - distúrbio de coagulação hereditário, na via intrínseca - via intrínseca é importante para potencializar a produção de fibrina - sangramento com risco a vida (o de SNC é o mais grave- podendo ser espontânea em caso de hemofilia grave; se hemofilia for moderada ou leve, me preocupo com essas hemorragias em caso de trauma; hemofilia leve não isenta a pessoa do risco de hemorragia) - traço recessivo ligado ao cromossomo X (1/50000 homens; BR é 1/30000 +/-) - 80% dos casos de hemofilia - história familiar - maioria dos casos (70%) o paciente tem um histórico familiar; 30% dos casos pode ser devido a mutação “de novo”, antes inexistente na família - 30% dos casos são causados por mutações adquiridas - maioria das mulheres é assintomática; em homozigose ela pode ter sintomas, e também em casos que o X saudável da heterozigose for inativado Etiologia - Mutação no gene codificante do FVIII - Localização: qX - braço longo do cromossomo X Heterogeneidade nas mutações causadoras: - deleções (não é tão comum) - ausência total na síntese de proteínas - mutações nonsense - alteração em regiões do DNA que levam a inserção de códon de parada - pode tornar proteína disfuncional - mutações geradoras de erros no splicing de RNAm - no meio do RNA temos íntrons, que são regiões não codificantes; no splicing tiramos os íntrons e deixamos só as partes codificantes; um erro nessa vida, vai levar a uma sequência que formara uma proteína defeituosa ou não funcional O que determina a severidade da doença? → Nível de atividade do fator VIII - grave = atividade < 1% (inversão no cromossomo X - 40% inversão no íntron 22 - no início da transcrição já tenho um erro, praticamente não consigo fazer transcrição, e gera uma proteína não funcional) - moderada = atividade 1 - 5% - leve = atividade > 5,1 - 50% (mutações que permitem a síntese de algum fator VIII ativo) → Hemofílico grave: grande frequência de hemorragia não relacionado com trauma, sangramentos espontâneos → Hemofílico moderado: eventualmente tem sangramento espontâneo; mas com trauma ele tem sangramento → Hemofílico leve: não tem sangramento espontâneo, o sangramento acontece nos traumas; MAS não está livre de hemorragia intracraniana Quadro Clínico - hemorragia desde a infância (quando a criança começa a engatinhar, quando começa a ter desenvolvimento motor); - sangramento gengival quando nascem os dentes; - traumas (mesmo de baixo impacto) - procedimentos simples - sangramento de língua e garganta (GRAVE- é difícil conter a hemorragia, o paciente pode broncoaspirar) - hematúria (no hemofílico grave é comum hematúria leve; se temos uma hematúria grave pode ser algo relacionado com integridade do rim) - hematêmese - melena (avaliar se paciente tem variz gastroesofágica, úlcera péptica) - hemorragia espontânea (regiões sujeitas a traumas) Gabriela de Oliveira | T3 | 6º período 1 Morfofuncional | UC XVII | SP1 - hemartroses - sangramento dentro das articulações; rompeu a bainha e sangue foi pro espaço sinovial; - 1º joelho - 2º tornozelo - 3º cotovelo - ombro - coxofemorais - punhos Recorrentes: artropatia crônica; preciso de uma inflamação no local do sangramento para acabar como sangramento; o influxo de células imunes no espaço sinovial frequente pode levar a artropatia crônica, que é semelhante à osteoartrite; - hematomas (espontâneos ou após um trauma) - limitado: contido - expansivo: mais relacionado com trauma; na dissecação preciso de cicatrização, posso ter contratura excessiva com perda de mobilidade de articulação Exemplos: - em hematoma muscular no antebraço, posso ter: - paralisia - síndrome de Volkman Síndrome compartimental de causa exclusiva de dissecação ; tenho uma lesão no vaso que leva a diminuição da irrigação da musculatura; faço isquemia → necrose → reparo → fibrose Se a lesão é ampla e expansiva, faço contratura; se contrai a musculatura flexora, a mão fica fletida; consigo diferenciar se é lesão de ulnar e medial pela movimentação das falanges distais - em hematoma no íleo-psoas → compromete o nervo femoral nervo femoral é misto, então na parte sensitiva posso ter parestesia e/ou dor; na parte motora eu tenho diminuição de força ou paralisia → déficit de extensão de perna e de flexão de coxa; Gabriela de Oliveira | T3 | 6º período 2 Morfofuncional | UC XVII | SP1 - pseudotumor hemofílico (mimetiza um tumor benigno) - reabsorção incompleta do sangramento → meu sistema imune forma uma cápsula em volta, com a formação da cápsula, começo a ter compressão do compartimento afetado; pode acontecer em qualquer região do corpo; é muito comum em articulação de tornozelo e próximo ao joelho Características laboratoriais - história familiar e pessoal de sangramentos - TTPa: prolongado - TAP: normal - Atividade de fator VIII: reduzida → necessário para diagnóstico O paciente sangra devido a depósitos insuficientes para se obter a hemostase; tenho ausência da ativação do inibidor de fibrinólise ativado pela trombina Tratamento - Reposição do fator deficiente: fator VIII recombinante (tratamento caro) - Terapia de substituição: concentrado liofilizado de fator VIII (20-30% dos pacientes desenvolvem inibidores do fator VIII) - Inibidores da fibrinólise- para favorecer a manutenção de fibrina da vida extrínseca (última alternativa; quando tenho anticorpos contra o fator VIII) → Paciente pode desenvolver anticorpos anti-fator VIII quando usa fator VIII recombinante ou concentrado liofilizado, então opta-se por usar os inibidores de fibrinólise ● Hemofilia B - Doença de Christmas - distúrbio clinicamente indistinguível da deficiência do fator VIII se não for feita a dosagem do fator - mutação no gene que codifica o fator IX - condição herdada como um traço recessivo ligado ao cromossomo X - severidade segue os mesmos critérios da hemofilia A Característica laboratorial - TTPa: prolongado - TAP: normal - Análise do fator IX é necessária para o diagnóstico → A doença é tratada com infusão de fator IX Caso clínico R: sangramento persistente em uma lesão não grave → pensar em hemofilia TTPa = KPTT = avalia via intrínseca: alargado TAP = avalia via extrínseca: normal Posso medir tanto a quantidade quanto a atividade dos fatores; o melhor é sempre dosar a atividade, já que as vezes a quantidade é normal mas a proteína não é funcional; Hipótese diagnóstica: hemofilia A VER MANUAL DE HEMOFILIA DO MS. Gabriela de Oliveira | T3 | 6º período 3 Morfofuncional | UC XVII | SP1 TRANSTORNOS HEMORRÁGICOS - PTI - PTT - Doença de Von Willebrand ● Púrpura trombocitopênica imune (PTI) primária - Paciente tem plaquetopenia e mais nada! - Pode ser de causa idiopática Patogenia da púrpura → Por alguma relação, seja idiopática, doença infecciosa, imune, etc, causa como se fosse uma sinalização para a plaqueta através do anticorpo; plaqueta passa no baço, o macrófago reconhece e começa a destruir essa plaqueta → trombocitopenia → Pode acontecer em adultos e crianças ( crianças é onde esperamos resolução espontânea do caso, mas ela pode ter sangramento associado, e se houver plaquetopenia associada pode fazer transfusão de plaqueta) Clínica - plaquetopenia - petéquias, púrpura, sangramento nasal e gengival Laboratório - plaquetopenia apenas Tratamento - Não faço reposição para todos pacientes, apenas em casos de plaqueta < 30 mil (sangramento e plaqueta < 30 mil) - Vigência de sangramento e plaquetopenia < 30 mil → indicação para transfusão de plaqueta - Se eu transfundir um paciente que não precisa, vai sinalizar mais e vai destruir mais - Faço corticóide - consegue diminuir a resposta imune, se for de causa autoimune - Pode ser feito imunoglobulina - Nos adultos podemos fazer esplenectomia (as vezes as crianças se enquadram) ● PTI secundária - Secundária a doenças autoimunes e infecciosa, induzida por drogas, gestação, HIV mulher- 20 - 40 anos patologia - LES, Hashimoto, DC, miastenia gravis → Sem vigência de sangramento- não preciso fazer transfusão;trato com corticoide e imunoglobulina ou dependendo do caso esplenectomia ● Púrpura trombocitopênica trombótica- PTT Patogenia - A plaqueta faz adesão, ativação e agregação; - Quando leso o vaso, ele expõe o colágeno → plaqueta é recrutada para o local, para fazer tampão plaquetário - A plaqueta tem 2 “ganchos”, um deles é glicoproteína 6 e a outra é glicoproteína 1b; se os dois se ligassem ao colágeno, seria uma ligação muito fraca; para ser mais estável um deles se liga ao colágeno e o outro gancho se liga ao fator de von willebrand - Não preciso de um FVW tão grande, então o que serve de “tesoura” para fazer essa bainha é o Adamts13 que deixa o FVW do tamanho exato da lesão; - A plaqueta se adere e então forma o tampão plaquetário → Na PTT: - Faço agressão ao Adamts 13, não tenho mais um FVW perfeito do tamanho da lesão, ele fica espalhado; as plaquetas chegam e se aderem a esse FVW, elas fazem quimiotaxia, libera tromboxano A2 e ADP → cada vez mais plaquetas se aderem, formando um trombo → sempre vem mais plaquetas e se aderem a esse trombo - Plaquetas saindo da circulação e se aderindo ao trombo → faz trombocitopenia → Por isso faço trombocitopenia trombótica: forma um trombo e ele fica recrutando cada vez mais plaquetas; Gabriela de Oliveira | T3 | 6º período 4 Morfofuncional | UC XVII | SP1 Considerando a corrente sanguínea que está passando ali naquele trombo, esse fluxo pode fazer ele se soltar; e com isso ele pode impactar em pequenos vasos, principalmente nos capilares → faz anemia hemolítica (a hemácia tenta passar nesse local estreito e fica lesionada) Começo a ter um laboratório de uma paciente que também tem padrão hemolítico (BI aumentada, reticulócitos aumentado, LDH aumentado Clínica → pêntade da PTT - febre - anemia hemolítica microangiopática - plaquetopenia - diminuição do nível de consciência- é a alteração do SNC que é mais vista, devida à obstrução dos capilares, mas o paciente pode ter convulsão também - insuficiência renal Tratamento - plasmaférese- como se fosse uma diálise do sangue Em caso que seja necessário endoscopia, faz-se plasmaférese primeiro ● Doença de VW - Doença hereditária mais comum das hemostasias - Mais comum em mulher Patogenia - tipo 1 e 2: mais comum - tipo 3: deficiência quase total; disfunção plaquetária - FVW além de ser o “cimento” é um protetor do fator VIII; quando o fator VIII sai do fígado, ele precisa de um “protetor” para não entrar em contato com outras células (é como se ele fosse desativado em contato com outras células); - Paciente se comporta como se tivesse um paciente hemofílico Diagnóstico - dosagem de FVW Gabriela de Oliveira | T3 | 6º período 5
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