Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Endocrinologia – Helena Franco HIPERALDOSTERONISMO SECUNDÁRIO: é decorrente de um estímulo fisiológico à secreção de aldosterona, como acontece quando há redução do volume circulante (ex: ICC, hipovolemia) ESCAPE DA ALDOSTERONA: a retenção hidrossalina inicial, o aumento da pressão arterial estimula a natriurese pressórica, e também a liberação de pepitídeo atrial natriurético. Com isso, o rim do paciente aumenta a eliminação de sódio e água, impedindo a formação do edema. ➔ No Hiperaldosteronismo primário, há uma retenção hidrossalina inicial, que vai ser capaz de causar hipertensão, mas que não evolui para causar o edema periférico. HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO - HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO: ocorre quando há produção excessiva de aldosterona pela suprarrenal, independente da estimulação normal pelo sistema renina-angiotensina. - Os níveis de renina ajudam a separar os subtipos de hiperaldosteronimso. No primário há supressão da renina (feedback negativo) e no secundário há hiper-reninemia. - O excesso de aldosterona exacerba a reabsorção de sódio no túbulo coletor, levando à hipervolemia e consequentemente à hipertensão arterial. - O hiperaldosteronismo também aumenta a excreção renal de potássio e hidrogênio, resultando em hipocalemia (marco da síndrome) associada a alcalose metabólica. → ETIOLOGIA - Adenoma Produtor de Aldosterona (APA) – considerado o mais prevalente. - Hiperplasia adrenal idiopática (HAI) – é mais comum que o APA, representando a principal etiologia. - Outras causas menos frequentes: • Hiperplasia adrenal unilateral • Carcinoma adrenal • Produção ectópica de aldosterona (por tumores de ovário) • Hiperaldosteronismo supressível por glicocorticóides • Hiperaldosteronismo familiar → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Hipertensão arterial grave e refratária. - Os pacientes NÃO costumam apresentar edemas periféricos (explicado pelo fenômeno do “escape da aldosterona”) - Fraqueza muscular, que pode ser causada pela hipocalemia grave. (pode ter pacientes que vão apresentar paralisia muscular) - Poliúria e polidipsia devido a deficiência de potássio que vai provocar lesão nos túbulos renais (proximal = nefropatia hipocalêmica vacuolar // distal = diabetes insípido nefrogênico), além de tendência ao agravamento da própria hipocalemia. Endocrinologia – Helena Franco → EXAMES COMPLEMENTARES INESPECÍFICOS - Achados clássicos da hiperaldosteronismo primário: • Hipocalemia (com níveis de potássio <3meq/L) • Alcalose metabólica • Leve hipernatremia (principalmente em casos que acompanham nefropatia hipocalêmica) • Microalbominúria ou franca proteinúria (nefropatia hipertensiva) • Azotomia (até 15% dos casos pode evoluir) - ECG: • Sobrecarga do VE (pela HAS) • Presença de ondas U proeminentes (pela hipocalemia) • Extrassístoles atriais/ventriculares são comuns, assim como episódios de taquiarritmia. → DIAGNÓSTICO - Estabelecer a presença de hiperaldosteronismo através da medida da relação aldosterona/renina no plasma – RASTREIO BIOQUÍMICO (pode dosar tanto a atividade da renina plasmática quanto a concentração de renina) – relação aldosterona/renina > 50 já pode estabelecer diagnóstico sem necessidade de exames adicionais. - Para confirmar que o hiperadosteronismo encontrado é devido a uma hiperprodução autônoma pela suprarrenal é preciso demonstrar que a produção de aldosterona não é suprimível, o que requer exames adicionais – TESTES CONFIRMATÓRIOS DIAGNÓSTICO BIOQUÍMICO → RASTREIO - Dosagem de aldosterona plasmática (CAP) - Atividade de renina plasmática (ARP) • Feito entre 8 e 10h da manhã, tendo o paciente corrigido previamente a hipocalemia com reposição de potássio. • Com o resultado determina-se a relação CAP/ARP INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS - Relação <30, com CAP > 12 e ARP >1 = DESCARTA o diagnóstico. - Relação > 50 com CAP > 20 e ARP < 0,1 = CONFIRMA o diagnóstico. - Relação entre 30 e 50 indica a necessidade de testes adicionais. Para dosar a relação CAP/ARP deve-se interromper o uso de espironolactona 4-6 semanas antes. Outros anti-hipertensivos como BB, IECA/BRA podem interferir no teste, porém NÃO necessitam de suspensão. O BB pode reduzir a ARP (chance de falso positivo), e o IECA/BRA aumentam a ARP (chance de falso negativo). Um positivo em quem usa BB ou negativo em quem usa IECA/BRA deve-se levar a repetição do teste na ausência da droga por pelo menos 2 semanas. Endocrinologia – Helena Franco ➔ TESTES CONFIRMATÓRIOS → DIAGNÓSTICO POR IMAGEM - Após confirmação laboratorial o próximo passo é estabelecer a etiologia. - O primeiro exame a ser feito é a TC de abdome superior, que diferencia a hiperplasia adrenal bilateral e adenoma/carcinoma unilateral. (Lesões >4cm já são sugestivas de carcinoma) – A limitação do método é que adenomas <1cm podem não ser visualizados. - Cintilografia com 131-I-iodocolesterol sendo uma opção para os casos de APA de pequenas dimensões. A hipercaptação unilateral numa glândula aparentemente normal indica a presença de um aldosteroma. → TRATAMENTO • ADENOMA ADRENAL Endocrinologia – Helena Franco - Tratamento é cirúrgico por meio da adrenalectomia unilateral por via laparoscópica. - Corrigir no pré-operatório o potássio sérico por meio de suplementos e iniciarmos a espironolactona em altas doses, 300-400mg/dia (controle da PA), no intuito de diminuirmos as complicações anestésicas. Pode ainda associar a amilorida na dose de 20-40mg/dia. • Hiperplasia adrenal idiopática - Tratamento principal é medicamentoso com a droga recomendada espironolactona (100-400mg/dia). - Eplerenoma (100-200mg/dia) é um antagonista específico do receptor da aldosterona que pode ser utilizado como alternativa à espironolactona nos pacientes com intolerância. - Outras medidas: restrição de sódio, manutenção do peso ideal e prática de atividade física - Amilorida (20-40mg/dia) é um diurético poupador de potássio que pode ser utilizado como alternativa para os pacientes que não toleram a espironolactona e a eplerenoma. - Adrenelectomia raramente é realizada, pois a cura é obtida em menos de 25% dos pacientes.
Compartilhar