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AUXILIAR DE SAÚDE BUCAL Tattiana Enrich Essvein Sumário 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1 Normatização da Profissão 5 1.2 Administração do Consultório Odontológico 6 2 Ética Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.1 Código de Ética Odontológica 8 3 Anatomia da Cavidade Bucal e Dental . . . . . . . . . . . . . . . . 10 3.1 Anatomia Bucal 10 3.2 Anatomia Dental 10 3.3 Identificação da Dentição 13 3.3.1 Tipos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.3.2 Nomenclatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 4 Placa, Cárie e Doença Periodontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 4.1 Placa Bacteriana 17 4.2 Cárie Dentária 18 4.3 Doença Periodontal 20 4.3.1 Gengivite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.3.2 Periodontite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.4 Índices Odontológicos 23 5 Materiais Odontológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 5.1 Materiais de Uso Geral 24 5.2 Materiais para Isolamento 25 5.3 Materiais para Moldagem 26 5.4 Materiais Restauradores 27 5.5 Materiais para Endodontia 28 5.6 Materiais para Prótese 30 5.7 Materiais para Ortodontia 31 5.8 Vídeos Explicativos 32 6 Instrumentais Odontológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 6.1 Instrumentais para Exame Clínico 36 6.2 Instrumentais para Procedimentos Gerais 36 6.3 Instrumentais para Isolamento 37 6.4 Instrumentais para Moldagem 37 6.5 Instrumentais para Procedimentos Restauradores 37 6.6 Instrumentais para Endodontia 38 6.7 Instrumentais para Ortodontia 38 6.8 Instrumentais para Cirurgia 39 6.9 Instrumentais para Periodontia 39 7 Equipamentos Odontológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 8 Medidas de Biossegurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 8.1 Biossegurança 52 8.1.1 Higienização das Mãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 8.1.2 Vacinação dos Profissionais da Equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 8.1.3 Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 8.1.4 Limpeza/Desinfecção/Esterilização de Equipamentos e Instrumentais . 55 8.1.5 Limpeza Geral do Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 8.1.6 Gerenciamento de Resíduos em Serviços Odontológicos . . . . . . . . . . . 57 8.2 Equipamentos de Raios-x 58 8.3 Ergonomia Aplicada à Odontologia 58 8.4 Acidentes com Material Biológico 59 9 Promoção de Saúde Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 9.0.1 Gestantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 9.0.2 Bebês e Crianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 9.0.3 Usuários de Prótese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 1. Introdução 1.1 Normatização da Profissão A Lei nº 11.889 de 24 de dezembro de 2008 regulamenta o exercício das profissões de Técnico em Saúde Bucal (TSB) e de Auxiliar em Saúde Bucal (ASB). De acordo com essa Lei, tanto o TSB quanto o ASB estão obrigados a se registrar no Conselho Federal de Odontologia e a se inscrever no Conselho Regional de Odontologia em cuja jurisdição exerçam suas atividades. Estabeleceu-se também, que as atribuições do Auxiliar em Saúde Bucal, sempre sob a supervisão do Técnico em Saúde Bucal ou do Cirurgião-Dentista (CD), são: I - organizar e executar atividades de higiene bucal; II - processar filme radiográfico; III - preparar o paciente para o atendimento; IV - auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções clínicas, inclusive em ambientes hospitalares; V - manipular materiais de uso odontológico; VI - selecionar moldeiras; 6 Capítulo 1. Introdução VII - preparar modelos em gesso; VIII - registrar dados e participar da análise das informações relacionadas ao controle administrativo em saúde bucal; IX - executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, equipa- mentos odontológicos e do ambiente de trabalho; X - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal; XI - aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; XII - desenvolver ações de promoção da saúde e prevenção de riscos ambientais e sanitários; XIII - realizar em equipe levantamento de necessidades em saúde bucal; XIV - adotar medidas de biossegurança visando ao controle de infecção. Além disso, também determina que é vedado ao Auxiliar em Saúde Bucal: I - exercer a atividade de forma autônoma; II - prestar assistência, direta ou indiretamente, a paciente, sem a indispensável super- visão do cirurgião-dentista ou do Técnico em Saúde Bucal; III - realizar, na cavidade bucal do paciente, procedimentos não discriminados no art. 9o desta Lei; IV - fazer propaganda de seus serviços, mesmo em revistas, jornais ou folhetos especi- alizados da área odontológica. 1.2 Administração do Consultório Odontológico O Auxiliar de Saúde Bucal deve ser uma pessoa organizada e conhecer os procedimen- tos rotineiros do consultório odontológico. O ASB tem papel fundamental antes, durante e depois do atendimento. É o ASB quem torna o atendimento odontológico mais eficiente. Entre as competências do ASB antes do atendimento estão: o agendamento e a confir- mação das consultas, a resolução de dúvidas dos pacientes com relação aos procedimentos odontológicos, a organização e o preenchimento de fichas clínicas, ligar o compressor 7 e os aparelhos, preparar o material e instrumental de acordo com o procedimento a ser realizado, etc. Durante o atendimento, o ASB recepciona o paciente, auxilia o cirurgião-dentista na consulta, preenche a ficha clínica, manipula os materiais, processa filmes radiográficos, etc. Após o atendimento, o ASB higieniza e esteriliza os instrumentais e o ambiente de trabalho seguindo as normas de biossegurança, desliga os equipamentos, faz o controle do estoque para que não faltem materiais e não sejam usados materiais vencidos, faz a manutenção dos instrumentais, etc. 2. Ética Profissional Segundo o Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa a Ética profissional "abrange todos os setores profissionais da sociedade industrializada e tem por objetivo interrogar mais amplamente o papel social da profissão, sua responsabilidade, sua função, e sua atitude frente a riscos e ao meio ambiente". A Ética profissional é importante para o trabalho em conjunto e para o bem-estar comum. 2.1 Código de Ética Odontológica O Código de ética Odontológico (CEO), assim como o código de ética de outras profissões, é um manual de conduta para os profissionais (dentistas, técnicos e auxiliares). O CEO foi elaborado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) e dita os direitos e os deveres fundamentais destes profissionais para garantir a segurança no atendimento odontológico tanto para os pacientes quanto para os profissionais. Com a resolução n.º 118/2012 do CFO, foi aprovado o novo Código de Ética Odontoló- gica que entrou em vigor dia 01 de janeiro de 2013. Alguns pontos importantes abordados no CEO são: • O Relacionamento com o Paciente e entre a Equipe de Saúde: A relação deve ser transparente e o diagnóstico e tratamento devem estar claros para o paciente, 9 assim como riscos, alternativas e custos dos honorários dos profissionais. • O Sigilo Profissional: É proibido exibir imagensde pacientes em propagandas do consultório. Imagens de tratamentos só podem ser divulgadas para fins pedagógicos e com autorização por escrito assinada pelo paciente. • A documentação Odontológica: Deve-se manter os prontuários sempre atualizados e legíveis. • Os Honorários: Os profissionais não podem cobrar valores irrisórios ou inferiores aos de referência e devem levar em conta fatores como a complexidade do tratamento, o tempo clínico, o custo operacional, etc, para estabelecer o valor de seus honorários. • As Especialidades Odontológicas e as Atualizações: Os profissionais devem manter-se atualizados em relação a técnicas e procedimentos e só podem intitular-se especialistas quando estiverem registrados com a devida especialização no Conselho Regional de Odontologia. • Anúncio, Propaganda e Publicidade: É proibida a divulgação de fotos de "antes e depois"de tratamentos, assim como valores de consultas e de procedimentos, formas de pagamentos, brindes, sorteios, descontos e prêmios. 3. Anatomia da Cavidade Bucal e Dental 3.1 Anatomia Bucal Na Figura 1 podemos ver os principais componentes da cavidade bucal. Vale notar que o palato é popularmente conhecido como "céu da boca"e está dividido em palato duro (parte mais anterior, perto dos dentes anteriores) e palato mole (parte mais posterior, perto da garganta). Já a língua, é dividida em parte dorsal (parte de cima, visível quando abrimos a boca) e parte ventral (parte de baixo, visível quando encostamos a língua no palato). Além disso, a língua pode ser dividida em ápice (ponta da língua) e base/corpo. Na figura 2 vemos a anatomia gengival que é composta pela gengiva livre (margem móvel de gengiva que circunda os dentes), gengiva inserida (gengiva fixa inserida na raiz dos dentes) e mucosa alveolar (frouxa, inserida no osso alveolar). 3.2 Anatomia Dental Os dentes são divididos anatomicamente em Coroa e Raiz (Figura 3). A coroa e a raiz são unidas numa porção intermediária estrangulada chamada colo dentário. A coroa pode ser nomeada ainda como Coroa Anatômica (porção que termina no colo dental) ou Coroa Clínica (parte da coroa visível na cavidade bucal, geralmente menor que a coroa anatômica). Coroa e raiz podem ser divididos ainda em partes menores chamadas terços 11 Figura 1: Anatomia da cavidade bucal. Figura 2: Anatomia gengival. (Figura 3). Além disso, quando os dentes tem 1 raiz são chamados de uniradiculares, quando têm 2 raízes são birradiculares e quando têm 3 são tri/multirradiculares. Os dentes podem ser divididos também em faces. Na figura 4 podemos ver todas as faces dentais e na figura 5 a identificação de algumas faces em um sorriso. • Face vestibular: Face voltada para o vestíbulo, ou seja, a parte da frente do dente. • Face lingual: Face voltada para a língua, ou seja, a parte detrás do dente. • Face mesial: Face voltada para a linha média bucal. • Face distal: Face mais distante da linha média, lado oposto à mesial. • Face oclusal: Área de mastigação dos dentes posteriores. 12 Capítulo 3. Anatomia da Cavidade Bucal e Dental Figura 3: Divisão anatômica do dente. Figura 4: Faces de um incisivo (à esquerda) e um molar (à direita). A figura 6 mostra a morfologia dental que é composta por Esmalte, Dentina, Polpa e Cemento. • Esmalte: A coroa dentária é recoberta externamente pelo esmalte dental, um tecido duro densamente mineralizado. O esmalte é o tecido mais mineralizado do corpo hu- mano, composto por cerca de 96% de minerais, 3% de água e 1% de matéria orgânica. O componente mineral é constituído principalmente por cristais de hidroxiapatita. • Dentina:A dentina é a camada que fica abaixo do esmalte. É composta por cerca de 70% de minerais, 20% de matéria orgânica e 10% de água, ou seja, menos mineralizada que o esmalte. A parte orgânica da dentina é constituída principalmente por colágeno tipo I. • Polpa: Na polpa dental ficam os vasos sanguíneos e as fibras nervosas. Pode ser dividida em câmara coronária (parte que fica na coroa) e canal radicular (parte que fica nas raízes). 13 Figura 5: Exemplo de faces e terços visíveis em um sorriso. • Cemento: O cemento recobre a dentina das raízes e é menos mineralizado que o esmalte e a dentina. Liga o dente ao osso alveolar através de fibras do ligamento periodontal. Figura 6: Morfologia dental. 3.3 Identificação da Dentição 3.3.1 Tipos A dentição humana pode ser de dois tipos: Decídua ("dentes de leite") ou Defini- tiva/Permanente. Os dentes decíduos começam a se formar durante a gestação e se completam após o nascimento. O primeiro dente decíduo erupciona ("nasce") por volta 14 Capítulo 3. Anatomia da Cavidade Bucal e Dental dos 6 meses de idade e o último por volta dos 30 meses de idade. A dentição decídua é composta por 20 dentes, sendo 10 superiores e 10 inferiores. A troca de dentição ocorre quando os dentes permanentes começam a erupcionar, por volta dos 6 anos de idade. A dentição permanente é composta por 32 dentes, sendo 16 inferiores e 16 superiores. 3.3.2 Nomenclatura A figura 7 mostra a nomenclatura e a posição dos dentes: os Incisivos (centrais e laterais) em vermelho, os Caninos em verde, os Pré-molares (primeiro e segundo) em azul e os molares (primeiro, segundo e terceiro) em amarelo. Figura 7: Nomenclatura dos dentes permanentes. A arcada dentária pode ser dividida em dois arcos (superior e inferior) e em 4 hemi- arcos/quadrantes (figura 8). A contagem dos quadrantes dos dentes permanentes segue o sentido horário (de 1 a 4), sendo o 1º quadrante o hemiarco superior direito e o 4º quadrante o hemiarco inferior direito (o lado direito/esquerdo se refere a uma vista a partir do paciente). 15 Figura 8: Divisão da arcada dentária em arcos e quadrantes. Além dos nomes, cada dente tem um número representativo na cavidade dental. Esse número tem dois dígitos, o primeiro dígito representa o quadrante e o segundo a ordem em que o dente aparece no hemiarco (figura 9). Por exemplo, o incisivo central superior direito é identificado pelo número 11 já que está no 1º quadrante e é o primeiro dos 8 dentes desse hemiarco. O segundo pré-molar inferior esquerdo é identificado pelo número 35 já que está no 3º quadrante e é o quinto dente desse hemiarco. A dentição decídua não possui nem os pré-molares nem o terceiro molar, por isso só existem 5 dentes em cada hemiarcada. Além disso, para que os números não se confundam com os dos dentes permanentes, a divisão em quadrantes vai do número 5 ao 8 (figura 9). Dessa forma, o canino superior esquerdo, por exemplo, é identificado pelo número 63 e o primeiro molar inferior direito é identificado pelo número 84. 16 Capítulo 3. Anatomia da Cavidade Bucal e Dental Figura 9: Identificação numérica dos dentes decíduos e permanentes. 4. Placa, Cárie e Doença Periodontal 4.1 Placa Bacteriana A placa bacteriana ou biofilme oral são depósitos de bactérias e restos alimentares que se acumulam sobre a superfície dentária. A formação da película adquirida é o primeiro estágio do desenvolvimento da placa. A película adquirida é um composto de substâncias (como proteínas) que permitem a adesão e a nutrição das bactérias colonizadoras. Com essa colonização, as bactérias da placa criam um microambiente propício para o crescimento, multiplicação e agregação de outras variedades de microorganismos na placa. A figura 10 mostra o aspecto clínico da placa dental. Figura 10: Aspecto clínico da Placa Bacteriana. Imagem disponível em <https://thecapitolhilldentistry.com/dental-plaque-biofilm/> Acesso em 11 de junho de 2021. Se a placa bacteriana não for eliminada através da higiene bucal, esses depósitos 18 Capítulo 4. Placa, Cárie e Doença Periodontal bacterianos podem se mineralizar pela precipitação de sais da saliva e tornar-se uma placa dura/mineralizada chamada de cálculo ou tártaro dental. Outra consequência de não eliminar a placa, é que alguns dos microrganismos presentes são capazes de metabolizar carboidratos e como consequência,produzir ácido lático, que por sua vez, desmineraliza o esmalte dental originando assim a cárie dentária. A formação da placa bacteriana é rápida, ela pode se formar entre 4 a 12 horas após a escovação dental. Por isso é importante manter uma correta e frequente higiene oral pelo menos 3 vezes ao dia. 4.2 Cárie Dentária A cárie dentária é uma doença com alta prevalência em todo o mundo. Ela é causada por bactérias presentes na placa que metabolizam carboidratos produzindo ácido lático e baixando o pH da cavidade bucal. Esse ácido é capaz de desmineralizar as estruturas calcificadas do dente (esmalte, dentina e cemento) progressivamente e na ausência de tratamento progride até destruir totalmente a estrutura dentária (figura 11). Os carboidratos simples, como o açúcar refinado, são mais fáceis de serem metabolizados por estas bactérias, por isso é extremamente importante realizar higiene bucal após o consumo de doces e alimentos super processados. Figura 11: Progressão da cárie dental. Porém, não basta apenas a existência das bactérias para que ocorra o desenvolvimento 19 da cárie pois ela é uma doença multifatorial, (depende de vários fatores para que possa ocorrer), infecciosa, transmissível e dieta dependente. Keys em 1960 definiu que eram ne- cessários 3 fatores para o desenvolvimento da cárie: o dente suscetível, os microrganismos cariogênicos e uma dieta cariogênica (primeira imagem da figura 12). Newbrum em 1983 adicionou como outro fator etiológico o tempo, já que a cárie é um processo crônico de interação entre todos os fatores (segunda imagem da figura 12). Figura 12: Etiologia da cárie dental. Fonte: Lima, 2007. • Suscetibilidade: A suscetibilidade pode ser individual da pessoa (condições e estilo de vida, capacidade da saliva em neutralizar ácidos, etc.) ou do dente (grau de mineralização do dente, morfologia dental - fossas e fissuras são mais difíceis de higienizar -, etc.). • Microrganismo: As bactérias cariogênicas são aquelas capazes de metabolizar os carboidratos e produzir ácidos. As principais bactérias envolvidas nesse processo são: Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus e Lactobacillus. • Dieta: A metabolização dos carboidratos fermentáveis pelas bactérias, além de produzir ácido que desmineraliza os tecidos dentários, produz polissacarídeos extra- celulares que estão associados à formação da placa e à adesão das bactérias. • Tempo: Tempo de interação entre os 3 fatores para que se produza a cárie dentária. O tempo é inversamente proporcional à frequência de ingestão de dieta cariogênica. A capacidade que a saliva tem de neutralizar os ácidos é chamada de capacidade tampão. Além da capacidade tampão, a saliva está envolvida no processo de remineralização dental pela precipitação de minerais e flúor. Esse desequilíbrio no processo de desmineralização pelos ácidos e remineralização pela saliva e escovação dental (des-re) é característico da formação da cárie dental. Quando ocorre pouca higienização, mais formação de placa e consumo de dieta cariogênica com muita frequência, ocorre o desequilíbrio do processo 20 Capítulo 4. Placa, Cárie e Doença Periodontal des-re onde a desmineralização é maior que a remineralização e a lesão de cárie progride. Além dos fatores determinantes para a doença vistos anteriormente, já se sabe que fato- res sociais, econômicos e comportamentais também podem influenciar no desenvolvimento da doença cárie. Inicialmente, a cárie se apresenta clinicamente como uma lesão de mancha branca e pode evoluir ou não para uma cavidade. O controle de placa é capaz de inativar a lesão seja ela cavitada ou não cavitada. As lesões ativas costumam ser opacas e rugosas/aspecto úmido, já as lesões inativas são brilhantes e escurecidas/negras. A figura 13 mostra os diferentes estágios clínicos de lesões de cárie. Figura 13: Estágios clínicos da progressão da cárie. Fonte: Melo, 2014. 4.3 Doença Periodontal O periodonto são os tecidos e estruturas que estão ao redor dos dentes e dão suporte a eles: gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso alveolar (figura 14). Doença perio- dontal são afecções que acometem o periodonto. Assim como a cárie, a doença periodontal também é causada pelo acúmulo de placa bacteriana, podendo acometer um (localizada) ou todos (generalizada) os dentes. Os dois grupos principais de doença periodontal são: a gengivite que acomete o periodonto de proteção (gengiva) e a periodontite que acomete o periodonto de sustentação (ligamento periodontal, cemento e osso alveolar). 21 Figura 14: Estruturas do periodonto. Fonte: Ministerio da saúde, Brasil, 2012. 4.3.1 Gengivite A Gengivite é a inflamação da gengiva como resposta ao acúmulo de placa no sulco gengival. Clinicamente a gengiva aumenta de volume, fica mais avermelhada e sangra com facilidade, espontaneamente ou com a escova e/ou fio dental (figura 15). O tratamento da gengivite é a higienização do local e a manutenção de uma correta higiene bucal para evitar novo acúmulo de placa na região. É importante saber que gengiva saudável não sangra! Se há sangramento é porque existe inflamação. O Tártaro ou Cálculo dental é a calcificação da placa que não foi removida pela higienização. Clinicamente se vê como uma crosta endurecida e amarelada difícil de ser removida com escovação (figura 15). A remoção se faz com limpeza profissional em consultório devido a sua forte aderência ao dente. Como a superfície do tártaro é rugosa, favorece ainda mais o acúmulo de placa. A gengivite progride para uma periodontite quando a inflamação avança da gengiva para o osso que sustenta o dente. 4.3.2 Periodontite A Periodontite é um estágio mais avançado da doença periodontal. Na periodontite a inflamação avança para os tecidos que suportam os dentes, formando uma bolsa periodontal. A periodontite acarreta a perda do osso e tecidos de sustentação, produzindo além de sangramento, pus, sensibilidade, mau hálito, retração da gengiva e mobilidade do dente já que ele perde sua sustentação (figura 16). Se a periodontite não for tratada, pode levar à 22 Capítulo 4. Placa, Cárie e Doença Periodontal Figura 15: Aspectos clínicos da Gengivite na imagem à esquerda e do tártaro na imagem à direita. Fonte: Ministério da saúde, Brasil, 2012. perda do dente afetado. Figura 16: Aspectos da gengiva saudável e com periodontite na parte superior e aspectos morfológicos na parte inferior. Podemos notar a perda de altura do osso alveolar e a inflamação do tecido gengival na periodontite. Fonte: Melo, 2014. Os fatores de risco para a periodontite são o tabagismo e a diabetes. Pacientes diabéticos e tabagistas têm uma maior perda de suporte periodontal. Os fatores predisponentes a desenvolver periodontite são a idade (quanto maior, maior incidência e agressividade da doença), o gênero (homens são mais afetados que as mulheres) e a condição sócio- econômica (quanto mais pobreza, mais doença). Por outro lado, a periodontite é considerada um fator de risco para outras condições sistêmicas como o parto prematuro e o nascimento de bebês com baixo peso em gestantes e, aliada a outros fatores, risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 23 O principal método de prevenção da formação de placa bacteriana, cárie, tártaro e doenças periodontais é a escovação dental. 4.4 Índices Odontológicos O Odontograma é um desenho ou esquema em que aparecem todos os dentes. Geral- mente na primeira consulta são marcadas, de forma padrão, em cima de cada face dental a situação atual e as lesões presentes em cada dente. O odontograma faz parte do prontuário do paciente. Ao longo dos tratamentos o odontograma deve ser constantemente atualizado. Para uma avaliação quantitativa da condição dentária, os índices CPO-D (dentes permanentes) e CEO-d (dentes decíduos) são os mais utilizados. Esses índices dão como resultado a soma dos dentes Cariados, Perdidos e Obturados. Já para a avaliação da condição periodontal, os índices mais usados sãoo CPI (Índice Periodontal Comunitário) e o exame de PIP (Perda de Inserção Periodontal). 5. Materiais Odontológicos Neste módulo iremos listar os principais materiais de consumo utilizados em cada área da odontologia. Materiais de consumo são aqueles de uso corrente que tem duração limitada a um curto espaço de tempo. 5.1 Materiais de Uso Geral Os materiais de consumo de uso geral são aqueles utilizados em muitos tratamentos de diferentes áreas (figura 17). • PASTA PROFILÁTICA: Faz a limpeza e o polimento dos dentes. • FIO DENTAL: Utilizado tanto na limpeza quanto quando se necessita amarrar algum objeto como os grampos. • FLÚOR TÓPICO: O flúor tópico possui altas concentrações de flúor e é utilizado como um tratamento para pacientes com alto risco de cárie ou com sensibilidade. • FLÚOR VERNIZ: O flúor em verniz é mais utilizado em crianças já que o verniz se adere ao dente diminuindo o risco de ingestão do flúor. • CLOREXIDINA: A clorexidina pode ser utilizada como antisséptico bucal (solu- ção na concentração de 0.12%) ou para a limpeza da cavidade dentária antes da restauração (na concentração de 2%). • ANESTÉSICOS: Os anestésicos utilizados no consultório odontológicos são os 25 utilizados em anestesia infiltrativa com agulha (em forma de tubetes) e os utilizados em anestesia tópica local (em forma de gel, líquido ou spray). • AGULHA: A agulha é utilizada para executar anestesia infiltrativa. • SUGADOR: Os sugadores são utilizados em quase todos os procedimentos odonto- lógicos para a sucção de sangue e fluidos orais. • ROLETES DE ALGODÃO: Os roletes de algodão também são utilizados na maioria dos procedimentos para manter a área de trabalho seca e afastar a mucosa. • FIO DE SUTURA: O fio de sutura serve para realizar ponto em processos cirúrgicos. • LUVAS, MÁSCARA E TOUCA DESCARTÁVEIS: Protege os profissionais e os pacientes das contaminações. Figura 17: Materiais de consumo de uso geral mais utilizados na clínica odontológica. 5.2 Materiais para Isolamento Os materiais de consumo para isolamento afastam os tecidos bucais e permitem uma melhor visualização do campo operatório. São utilizados na maioria dos procedimentos odontológicos (figura 18). • MATRIZ METÁLICA: A matriz metálica protege os dentes vizinhos durante o pro- cedimento restaurador e ajuda a obter uma melhor anatomia proximal da restauração. 26 Capítulo 5. Materiais Odontológicos • CUNHAS DE MADEIRA: As cunhas de madeira são usadas para adaptar a matriz na parte cervical do dente e para afastar dentes vizinhos. • LENÇOL/DIQUE DE BORRACHA: O lençol de borracha é utilizado para fazer o isolamento absoluto, formando uma barreira em volta do(s) dente(s) isolado(s). Figura 18: Materiais de consumo para isolamento mais utilizados na clínica odontológica. 5.3 Materiais para Moldagem As moldagens são realizadas quando se necessita fazer uma cópia das estruturas dentais. Os materiais utilizados para moldagem registram as dimensões e a anatomia dos tecidos bucais com muita precisão. Estes materiais quando estão em contato com as estruturas que se quer copiar, passam de um estado plástico (mole) a um estado elástico/inelástico dependendo do material. A essa mudança de estado físico se denomina como "presa". Quando o material já tomou presa, retiramos da cavidade bucal e vemos a reprodução negativa das estruturas que foram moldadas. Quando esse molde (reprodução negativa) é preenchido (vazado) por algum material como o gesso por exemplo, temos uma reprodução positiva das estruturas dentárias chamada modelo (nesse caso, um modelo de gesso). Sobre esse modelo, é possível fazer o planejamento de diversos tratamentos com uma maior precisão sem a necessidade de estar com o paciente no consultório. • ALGINATO: O alginato é um hidrocolóide irreversível de fácil manipulação e baixo custo. É um dos materiais de moldagem mais utilizados em odontologia. O alginato é um pó que se mistura com água e sofre um processo de geleificação. Ele é irreversível porque quando muda da fase sol (mole) para a fase gel (endurecido) não volta mais ao seu estado inicial. Apesar de ser muito usado, tem menor precisão de detalhes e pouca estabilidade dimensional. A proporção de pó e água que deve ser 27 utilizada na mistura deve ser seguida conforme recomendação do fabricante, porém, geralmente, os medidores já vêm com a proporção correta indicada. A espatulação (mistura) deve ser feita de forma vigorosa durante 1 minuto. Após aplicação na moldeira, o alginato demora cerca de 3 minutos para endurecer. • SILICONES: Os Silicones de Adição são muito precisos na reprodução de detalhes das estruturas dentais além de ter uma alta estabilidade dimensional. No entanto, pode haver alteração na sua polimerização quando em contato com enxofre, por isso é recomendado não manipular com luvas de látex. O modelo não necessita ser vazado imediatamente e permite duplo vazamento (confeccionar dois modelos). Na figura 23 vemos o passo a passo de uma moldagem com silicone de adição. Já os Silicones de Condensação têm uma técnica de moldagem mais fácil (podem ser manipulados com luvas de látex) e uma boa precisão de detalhes. No entanto, eles têm uma maior deformação dimensional quando comparados com os silicones de adição e por isso deve ser vazado imediatamente após a moldagem. Permite vazar apenas uma vez. Na figura 24 vemos o passo a passo de uma moldagem com silicone de condensação. • GESSO: O gesso é o material mais utilizado para produzir os modelos. Os tipos mais utilizados em odontologia são: Tipo I = Gesso Comum, Tipo II = Gesso Pedra e Tipo III = Gesso Especial. A proporção de pó/água depende do tipo de gesso utilizado e das recomendações do fabricante. A espatulação deve ser vigorosa durante cerca de 1 minuto. Para vazar o gesso de maneira eficiente, o molde deve estar em vibração. Após vazado, deve-se esperar pelo menos 1 hora para remover o modelo de gesso da moldeira. Em todos os casos antes de vazar o modelo, eles devem ser desinfectados (geralmente são imersos em uma solução de glutaraldeído a 2,0% por 10 min). 5.4 Materiais Restauradores Os materiais restauradores devolvem forma e função aos dentes. Na figura 19 vemos os principais materiais de consumo utilizados em procedimentos restauradores. • IONÔMERO DE VIDRO: Os Cimentos de Ionômero de Vidro (CIV) são materiais restauradores amplamente utilizados devido a sua eficácia e porque são capazes de liberar flúor. Existem dois tipos de CIV, os convencionais e os modificados por resina/híbridos. A manipulação dos CIV convencionais deve ser feita em cima de 28 Capítulo 5. Materiais Odontológicos uma placa de vidro, com as proporções de pó/líquido recomendadas pelo fabricante. Primeiro divide-se a quantidade de pó em duas partes. A primeira parte é vigoro- samente misturada com 1 gota de líquido por 15 segundos. Logo, adiciona-se o restante do pó à massa formada durante outros 15 segundos. O cimento é então aplicado na cavidade com o uso de uma espátula ou uma seringa especial (Centrix). • RESINAS: A resina composta é utilizada para restaurações funcionais e estéticas. Possui uma ampla variação de modelos e cores, o que a torna ideal para restaurações estéticas. Para seu uso, é necessário o condicionamento do dente e a aplicação de um sistema adesivo. Ela deve ser aplicada em incrementos pequenos com a utilização de espátulas. A resina necessita ser fotoativada, por isso seu endurecimento ocorre quando se aplica luz por um fotopolimerizador. • CONDICIONADOR ÁCIDO: A principal indicação do condicionamento ácido da dentina e do esmalte com ácido fosfórico 37% é para gerar um desgaste superficial e promover uma união micromecânica entre o tecido dental e a resina. • SISTEMA ADESIVO: Existem 2 tipos de sistemas adesivos, os convencionais que necessitam de um passo de condicionamento com ácido e os autocondicionantes. Os adesivos universais são amplamente usados na clínica odontológica e podem ser utilizados emambas técnicas (convencional ou autocondicionante). • PASTA PARA POLIMENTO: São utilizadas para fazer o acabamento e polimento das restaurações. Deixa o material restaurador com mais brilho e remove excessos de material não polimerizado. • TIRAS DE LIXA DE POLIÉSTER: São utilizadas para o desgaste e polimento das superfícies proximais. • SELANTE: Os selantes são de um tipo de resina fluida que se aplica em fossas e fissuras para prevenir cárie em pacientes com alto risco de desenvolver a doença. 5.5 Materiais para Endodontia Os materiais utilizados em tratamentos endodônticos são os necessários para realizar o tratamento de canal do dente Na figura 20 vemos os principais materiais de consumo utilizados nos procedimentos endodônticos e de proteção pulpar. • TRICRESOL FORMALINA: O Tricresol é utilizado como curativo na câmara pulpar de dentes permanentes com necrose quando o tratamento de canal está incompleto e/ou será retomado em outro momento. • FORMOCRESOL: Já o formocresol é utilizado como medicação curativa intracanal 29 Figura 19: Principais materiais de consumo utilizados em procedimentos restauradores na clínica odontológica. e em tratamentos endodônticos de dentes decíduos. • HIDRÓXIDO DE CÁLCIO: Indicado quando há exposição pulpar ou cavidades profundas como protetor sob os materiais restauradores. É capaz de promover um tecido mineralizado. Pode vir apresentado como pó, pasta ou cimento. Também pode ser utilizado como material obturador. • CIMENTO DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL: Cimento mais utilizado para obturação de canais radiculares por seu custo-benefício mesmo que o eugenol apresente certa toxicidade. É composto por dois frascos misturados, o pó (óxido de Zinco) e o líquido (Eugenol). O pó deve ser dividido em 3 partes e cada parte deve ser misturada ao líquido durante 15 segundos. • GUTA PERCHA: São cones utilizados nas obturações dos condutos radiculares. • HIPOCLORITO: É um desinfetante e solvente utilizado no preparo e limpeza dos canais radiculares para a obturação. • EDTA: É desinfetante utilizado como coadjuvante ao hipoclorito no final do preparo do canal radicular. 30 Capítulo 5. Materiais Odontológicos Figura 20: Principais materiais de consumo utilizados em procedimentos endodônticos e de proteção pulpar. 5.6 Materiais para Prótese Na figura 21 podemos ver alguns dos principais materiais de consumo utilizados nos procedimentos protéticos. • CIMENTO DE FOSFATO DE ZINCO: É o material mais antigo utilizado para cimentação de peças protéticas em odontologia. O preparo do cimento requer uma técnica sensível. Recomenda-se ver o vídeo de manipulação de fosfato de zinco disponível através do código QR no final deste módulo. • CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO: O cimento de Hidróxido de Cálcio é muito utilizado em cimentações provisórias por sua moderada adesão. • CIMENTO RESINOSO: Os cimentos resinosos possuem composição parecida à das resinas compostas porém podem ser autopolimerizáveis (por reação química), fotopolimerizáveis ou de polimerização dual. Apesar de ter uma técnica sensível, eles têm boa adesão, alta resistência e possibilidade de escolha de cor. • RESINA ACRÍLICA: A resina acrílica é um material utilizado em vários tipos 31 de trabalhos odontológicos que vão desde confecção e o reparo de próteses até a confecção de dentes provisórios imediatos. Figura 21: Materiais de consumo utilizados nos procedimentos protéticos. 5.7 Materiais para Ortodontia Na figura 22 podemos ver alguns dos principais materiais de consumo utilizados em ortodontia. • BRÁQUETES ORTODÔNTICOS: Os bráquetes ortodônticos são peças de metal, plástico ou cerâmica, utilizadas em aparelhos fixos. • BANDAS ORTODÔNTICAS: As bandas ortodônticas são anéis que envolvem os molares na ortodontia fixa. É a parte mais posterior onde o fio vai preso. • ELÁSTICOS ORTODÔNTICOS: Os elásticos servem para forçar a movimentação ortodôntica. • FIO ORTODÔNTICO: O fio de aço ortodôntico é responsável pelo posicionamento e estabilidade dos dentes nas arcadas dentárias. 32 Capítulo 5. Materiais Odontológicos Figura 22: Materiais de consumo utilizados em ortodontia. 5.8 Vídeos Explicativos Na figura 25 aparecem códigos QR que levam a vídeos sobre a manipulação de alguns materiais odontológicos. Para visualizá-los, basta apontar a câmera do celular para o código ou procurar o vídeo pelo link da descrição que está abaixo de cada código. 33 Figura 23: Passo a passo de uma moldagem com silicone de adição. Fonte: Alto, R. M. MATERIAIS E TÉCNICAS DE MOLDAGEM. 34 Capítulo 5. Materiais Odontológicos Figura 24: Passo a passo de uma moldagem com silicone de condensação. Fonte: Alto, R. M. MATERIAIS E TÉCNICAS DE MOLDAGEM. 35 Figura 25: Vídeos sobre manipulação de materiais odontológicos. 6. Instrumentais Odontológicos É de extrema importância que o auxiliar de saúde bucal saiba reconhecer os instru- mentais mais utilizados em diversos procedimentos odontológicos para poder auxiliar o cirurgião-dentista nos atendimentos. 6.1 Instrumentais para Exame Clínico • BANDEJA: A bandeja clínica é onde se depositam os instrumentais esterilizados. • ESPELHO BUCAL: É utilizado para a visualização das estruturas bucais. • SONDA EXPLORADORA: Utilizada para detectar falhas, cavidades, excessos, etc., nas estruturas dentais. • PINÇA CLÍNICA: Se utiliza para pegar algodão e instrumentais menores. Na figura 26 vemos os instrumentais necessários para a realização de um exame clínico odontológico. 6.2 Instrumentais para Procedimentos Gerais • TAÇA DE BORRACHA: Utilizada para fazer o polimento na profilaxia dental. • ESCOVA ROBINSON: Utilizada para fazer profilaxia. 37 • ESPÁTULA nº1: Espátula para inserção de materiais na cavidade bucal. • ESPÁTULA 24: Espátula usada para manipular e preparar materiais na placa de vidro. • PLACA DE VIDRO: Base para manipulação de materiais com a espátula. • POTES DAPPEN: Potes de vidro, plástico ou silicone utilizados para colocação de diversos materiais odontológicos. • COLGADURA: Utilizada para segurar as películas radiográficas durante o processo de revelação. • SERINGA CARPULE: Seringa para aplicação de anestesia infiltrativa. Na figura 27 vemos os principais instrumentais utilizados em diversos tipos de procedi- mentos odontológicos. 6.3 Instrumentais para Isolamento • ARCO: Onde se fixa o lençol de borracha. • GRAMPOS: Instrumento que se coloca ao redor do dente e para segurar o lençol de borracha. • PINÇA PORTA-GRAMPO: Pinça que leva o grampo ao dente. • PERFURADOR DE LENÇOL DE BORRACHA: Alicate utilizado para fazer furos no lençol de borracha e poder encaixar o grampo. • AFASTADOR: Afasta os tecidos bucais do campo operatório. Na figura 28 vemos os principais instrumentais utilizados para fazer isolamento. 6.4 Instrumentais para Moldagem • CUBA DE BORRACHA E ESPÁTULA: utilizadas para manipular alginato e gesso. • MOLDEIRAS: Onde se insere o material de moldagem para levar à boca do paciente. Na figura 29 vemos os principais instrumentais utilizados para fazer moldagens. 6.5 Instrumentais para Procedimentos Restauradores • ESCAVADOR DE DENTINA (COLHER DE DENTINA): Faz a remoção de dentina cariada. 38 Capítulo 6. Instrumentais Odontológicos • APLICADOR DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO: Instrumento utilizado para aplicar pasta de hidróxido de cálcio. • ESPÁTULAS PARA RESINA COMPOSTA: Utilizadas para manipular reisna e para dar forma anatômica às restaurações. • PORTA-MATRIZ: Mantém a matriz metálica em posição ao redor do dente. • BROCAS: Podem ser diamantadas ou de aço, são utilizadas para cortar/remover tecidos dentais. • DISCOS SOFLEX: Utilizados para o polimento de resinas. Na figura 30 vemos os principais instrumentais utilizados em procedimentos restaura- dores. 6.6 Instrumentais para Endodontia • LIMAS: Utilizadas para a limpeza e preparo radicular. • BROCAS INTRARRADICULARES: Brocas finas utilizadas no interior das raízes. Na figura 31 vemos os principais instrumentaisutilizados em procedimentos endodôn- ticos. 6.7 Instrumentais para Ortodontia • ALICATES: Para dobrar e cortar fios de aço ortodônticos. • APLICADOR/EXTRATOR DE ELÁSTICOS: Utilizado para auxiliar na coloca- ção/remoção de elastique em procedimentos ortodônticos. • PINÇA PARA BRÁQUETES: Utilizada para o posicionamento de bráquetes or- todônticos. • CALCADOR DE BANDA ORTODÔNTICA: Utilizado para adaptar a banda or- todôntica no dente. Na figura 32 vemos os principais instrumentais utilizados em procedimentos ortodônti- cos. 39 6.8 Instrumentais para Cirurgia • CUBA METÁLICA: Recipiente utilizado para colocação de soro, clorexidina, álcool iodado, etc. • CABO E LÂMINA DE BISTURI: Utilizado para fazer incisão nos tecidos bucais. • PINÇA HEMOSTÁTICA: Podem ser planas ou curvas. Utilizadas para apreensão de vasos e tecidos. • PINÇA PORTA-AGULHA: Prende a agulha para fazer a sutura. • PINÇA ADSON: Pode ser com o sem "dentes", utilizadas para apreender tecidos. • SINDESMÓTOMO: Utilizado para fazer o descolamento da gengiva e das fibras periodontais. • DESTACA PERIÓSTEO: Utilizado para separar os tecidos moles do osso. • MARTELO CIRÚRGICO E CINZEL: Utilizados para a remoção de osso. • LIMA PARA OSSO: Utilizada para fazer a remodelação do osso. • CURETA PARA ALVÉOLO: Utilizada para limpar o alvéolo após a extração. • ALAVANCAS: Utilizadas para extrair os dentes. • FÓRCEPS: Utilizados para extrair os dentes. • AFASTADORES: Afastam os tecidos do campo operatório. Na figura 33 vemos os principais instrumentais utilizados em procedimentos cirúrgicos. 6.9 Instrumentais para Periodontia • SONDA MILIMETRADA: Utilizada para medir o tamanho das bolsas periodontais. • CURETAS: Utilizadas para remover cálculos, principalmente supragengivais. • LIMAS: Utilizadas para remover cálculos, principalmente subgengivais. • PEDRAS PARA AFIAR: Pedras para afiar curetas e limas periodontais. • GENGIVÓTOMOS: Utilizado para cortar gengiva. Na figura 34 vemos os principais instrumentais utilizados em procedimentos periodon- tais. i 40 Capítulo 6. Instrumentais Odontológicos Figura 26: Instrumentais necessários para o exame clínico odontológico. Figura 27: Principais intrumentais usados em diversos tipos de procedimentos odontológi- cos. 41 Figura 28: Principais instrumentais utilizados para fazer isolamento. Figura 29: Principais instrumentais utilizados para fazer moldagens. 42 Capítulo 6. Instrumentais Odontológicos Figura 30: Principais instrumentais utilizados em procedimentos restauradores. Figura 31: Principais instrumentais utilizados em procedimentos endodônticos. 43 Figura 32: Principais instrumentais utilizados em procedimentos ortodônticos. 44 Capítulo 6. Instrumentais Odontológicos Figura 33: Principais instrumentais utilizados em procedimentos cirúrgicos. 45 Figura 34: Principais instrumentais utilizados em procedimentos periodontais. 7. Equipamentos Odontológicos É muito importante que o auxiliar de saúde bucal conheça os equipamentos odontoló- gicos e seu funcionamento para realizar a correta manutenção dos mesmos. • CADEIRA ODONTOLÓGICA: Cadeira onde o paciente se acomoda. Deve ser confortável para o paciente e ter comando automático de posicionamento do assento (figura 35). – COMANDO AUTOMÁTICO: Botões ao alcance do pé do profissional que permitem acionar a luz do refletor e os movimentos da cadeira sem ter que tocar com as luvas. • EQUIPO: É o local onde os profissionais apoiam os materiais que serão utilizados. O equipo conta ainda com a seringa tríplice e as mangueiras para o acoplamento das peças de mão. O equipo pode estar acoplado à cadeira por um braço móvel ou estar separado, com rodas para sua movimentação (figura 35). – SERINGA TRÍPLICE: Peça acoplada ao equipo com dois botões, um para água e outro para ar. Os botões podem ser apertados ao mesmo tempo para usar água e ar juntos (spray de água). – PEDAL DE CONTROLE: Assim como na cadeira, existe um pedal para o comando das funções das mangueiras (uso das peças de mão) no equipo. – CAIXA DE COMANDO: Caixa onde estão as conexões para entrada de ar do compressor, instalações de água e esgoto e um reservatório para o abasteci- 47 mento de água filtrada da seringa tríplice. • UNIDADE AUXILIAR: Pode estar acoplada à cadeira ou independente (figura 35). – CUSPIDEIRA: Recipiente onde o paciente cospe durante os procedimentos odontológicos. – SUGADORES: Auxilia o profissional sucionando saliva e sangue do campo de trabalho. • REFLETOR: Saída de luz para iluminar a boca do paciente durante o procedi- mento. Sua iluminação deve ser intensa, concentrada e, de preferência, com luz fria (figura 35). • MOCHO: É a cadeira usada pelo dentista e pelo auxiliar. Deve possuir encosto para as costas e base correta (figura 36). • APARELHO DE RAIOS-X: Aparelho que realiza os exames radiográficos que irão guiar os procedimentos odontológicos (figura 36). • CÂMARA ESCURA: Local isento de luz onde são processados os filmes radiográ- ficos. Deve haver um recipiente para cada líquido durante o processo, líquido 1 = revelador, 2 = água, 3 = fixador e 4 = água para lavagem final (figura 36). • PEÇAS DE MÃO: Peças que são encaixadas nas mangueiras do equipo e necessi- tam, para seu funcionamento, água para refrigeração, ar comprimido e eletricidade (figura 36). As peças de mão, principalmente as canetas de alta e baixa rotação, são um dos itens que mais apresentam necessidade de manutenção. Elas devem ser limpas corretamente e lubrificadas com óleos determinados pelo fabricante. – CANETA DE ALTA ROTAÇÃO: Onde se colocam as fresas de alta rotação / extra torque (alto poder de corte e desgaste). Para seu uso é necessário a saída de água para não queimar as estruturas dentais. – MICROMOTOR: Onde se acopla a peça reta ou o contra ângulo. – CONTRA-ÂNGULO: O contra-ângulo é acoplado ao micromotor e tem menos rotações que a caneta de alta rotação. É utilizado para trabalhar em tecidos menos duros (dentina), na profilaxia ou quando se necessita um desgaste/corte mais controlado como em cirurgias. – PEÇA RETA: A peça reta é mais utilizada em procedimentos extraorais como em desgaste de componentes protéticos. • FOTOPOLIMERIZADOR: Aparelho que emite luz halógena ou LED para polimeri- zar (endurecer) alguns materiais odontológicos fotossensíveis (figura 36). • ULTRASSOM E JATO DE BICARBONATO: Aparelho utilizado para fazer a profi- laxia (limpeza) dental. É capaz de remover cálculos dentários e manchas externas dos dentes (figura 36). 48 Capítulo 7. Equipamentos Odontológicos • NEGATOSCÓPIO: Aparelho utilizado para visualizar e analisar as radiografias, muito útil para visualizar a imagem durante o processo de trabalho (figura 36). • AUTOCLAVE: A autoclave tem como função esterilizar materiais através de ca- lor úmido sob pressão em altas temperaturas (figura 36). Um ciclo completo de esterilização constitui-se basicamente de três etapas: aquecimento, esterilização e secagem. • SELADORA: Aparelho para selar (fechar) as embalagens com instrumentais para serem colocados na autoclave (figura 36). • CUBA ULTRASSÔNICA: Aparelho utilizado para lavagem de material. Possibilita limpeza eficiente em áreas de difícil acesso dos instrumentos clínicos (figura 36). • COMPRESSOR: Equipamento utilizado para bombear ar comprimido para as pon- tas da seringa tríplice no equipo e nas pontas sugadoras. É composto por uma unidade de compressão propriamente, um motor e um tanque para armazenamento de ar (figura 36). O compressor é fundamental no funcionamento de uma clínica odontológica. • BOMBA DE VÁCUO: As bombas de vácuo proporcionam uma sucção de alta potência. É fundamental para que não haja uma sobrecarga no compressor odonto- lógico. Para um bom funcionamento da bomba o filtro precisa estar sempre limpo (figura 36). • DESTILADOR DE ÁGUA: É utilizado para destilar água (produzir água pura) para uso em autoclave de esterilização a vapor e para os reservatórios deabastecimento de água filtrada para uso em procedimentos odontológicos (figura 36). • SCANNER INTRAORAL: O scanner intraoral é uma alternativa à moldagem odon- tológica rotineira. O scanner reproduz as estruturas dentárias através de softwares de computador (figura 37). Dessa forma o dentista pode fazer o planejamento dos tratamentos de maneira digital. Muitos laboratórios de prótese já contam com impressoras 3D que fabricam o elemento protético com base nesse planejamento digital. 49 Figura 35: Componentes principais de uma unidade odontológica. 50 Capítulo 7. Equipamentos Odontológicos Figura 36: Principais equipamentos usados em uma clínica odontológica. 51 Figura 37: Scanner Intraoral 8. Medidas de Biossegurança 8.1 Biossegurança O termo Biossegurança significa segurança da vida. As medidas de biossegurança em odontologia são um conjunto de ações necessárias para uma prática profissional segura protegendo a saúde dos profissionais da equipe e dos pacientes. Tais medidas visam ao controle de riscos químicos (por substâncias tóxicas como ácidos, mercúrio...), físicos (por radiação, alta temperatura, ruídos, materiais cortantes...), biológicos (por agentes infecciosos como bactérias, vírus, fungos...), ergonômicos (pela postura durante o trabalho, estresse, carga de trabalho excessiva...) e acidentais (por falta de prevenção). O consultório odontológico pode ser uma fonte de infecção cruzada. A infecção cruzada é quando a transmissão dos microrganismos ocorre entre pacientes (através dos equipamentos/instrumentais), entre pacientes e a equipe de trabalho (através dos equipa- mentos/instrumentais e a falta do uso de EPIs) e entre a equipe de trabalho dentro de um ambiente clínico (falta de uso dos EPIs, por exemplo). Se não se realizam os cuidados ne- cessários de biossegurança, existe um risco de contaminação cruzada de algumas doenças como: Sífilis, Gonorréia, Tuberculose, Difteria, Sarampo, Caxumba, Catapora, Rubéola, Influenza (gripe), Coronavírus, Herpes, Citomegalovírus, Hepatite, HIV, entre outras. As medidas de prevenção que devem ser adotadas na clínica odontológica são: higieni- zação das mãos, vacinação dos profissionais, uso de equipamentos de proteção individual 53 (EPI), limpeza/esterilização de equipamentos e instrumentais, limpeza geral do ambiente e o gerenciamento de resíduos. 8.1.1 Higienização das Mãos A lavagem de mãos é uma das ações mais importantes na prevenção de infecções. A figura 38 mostra o passo a passo de como deve ser feita a higienização das mãos. Figura 38: Passo a passo da higienização das mãos. Fonte: DA PAZ et al., 2020. 8.1.2 Vacinação dos Profissionais da Equipe Os profissionais da equipe, pelo alto risco de contraírem doenças infecciosas, devem ser imunizados principalmente com as seguintes vacinas: • Hepatite B 54 Capítulo 8. Medidas de Biossegurança • Febre amarela • Sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral) • Tuberculose (BCG) • Difteria e tétano (dupla adulto) • Influenza • Pneumococos • Covid-19 Na figura 39 temos um quadro com o esquema de administração de algumas das principais vacinas que devem ser administradas aos profissionais da equipe odontológica. Figura 39: Esquema de administração de algumas das principais vacinas da equipe odonto- lógica. Fonte: DA PAZ et al., 2020. 8.1.3 Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Os EPIs que devem ser utilizados na clínica são: • GORRO/TOUCA 55 • ÓCULOS DE PROTEÇÃO • PROTETOR FACIAL • MÁSCARA • AVENTAL • LUVAS A ordem de desparamentação, ou seja, da retirada dos EPIs deve ser: 1. Remoção das luvas 2. Lavagem das mãos 3. Remoção do protetor facial e óculos de proteção 4. Remoção do gorro/touca pela parte posterior e descarte no lixo de material biológico 5. Remoção do jaleco 6. Lavagem das mãos 8.1.4 Limpeza/Desinfecção/Esterilização de Equipamentos e Instrumentais Segundo CRO-SC, 2009, limpeza é a remoção física dos resíduos e a redução do número de microrganismos de determinada área, desinfecção é a remoção ou inativação de um grande número de microrganismos patogênicos de determinada área e esterilização é a eliminação de todos os microrganismos, esporos, bactérias, fungos e protozoários de determinada área. A figura 40 mostra a ordem em que os materiais devem ser processados (limpos/ desinfetados/ esterilizados). Os principais agentes de desinfecção utilizados e recomendados para o uso na clínica odontológica aparecem na figura 41. Cada instrumental deve ter seu espaço de armazenamento exclusivo, em um armário fechado e a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede. Além disso, deve-se observar com frequência as datas de validade da esterilização dos instrumentais. 8.1.5 Limpeza Geral do Ambiente Na limpeza geral do ambiente vale ressaltar que está proibida a varredura seca (apenas usando a vassoura). A limpeza da clínica deve ser feita com panos umedecidos com água e sabão. Em casos em que haja contaminação com matéria orgânica (sangue) pode-se aplicar 56 Capítulo 8. Medidas de Biossegurança Figura 40: Fluxo de processamento de artigos da clínica odontológica. Fonte: CRO-SC, 2009. hipoclorito por 5 minutos e enxaguar com água e sabão. A limpeza da clínica deve ser feita sempre da área menos contaminada para a mais contaminada. As paredes devem ser limpas de cima para baixo em sentido único. As salas devem ser limpas do fundo para a porta. Os seguintes equipamentos devem ser recobertos com filme PVC ou sacos plásticos que devem ser trocados a cada atendimento clínico: • Botões manuais de acionamento • Alças de refletores • Encostos de cabeça • Braços da cadeira odontológica • Encosto do mocho; • Canetas de alta rotação 57 Figura 41: Características dos principais produtos utilizados para desinfecção de artigos odontológicos. Fonte: DA PAZ et al., 2020. • Seringa tríplice • Pontas de unidade de sucção • Bancadas 8.1.6 Gerenciamento de Resíduos em Serviços Odontológicos Os resíduos gerados em um consultório odontológico podem ser divididos 4 tipos para serem descartados de maneira correta: em biológicos, químicos, perfurocortantes e comuns. 58 Capítulo 8. Medidas de Biossegurança • Biológicos: Os resíduos biológicos são potencialmente infectantes e devem ser des- cartados em lixeiras com SACO BRANCO LEITOSO ou VERMELHO. Exemplos de materiais descartados neste tipo são curativos, luvas de procedimento, algo- dão/gaze usados, etc. • Químicos: Os resíduos químicos podem ser inflamáveis, corrosivos, reativos e/ou tóxicos e por isso devem ser descartados em GALÕES COLETORES ESPECÍFICOS para cada tipo de substância. Exemplos de resíduos químicos: reveladores e fixadores de raio-X, anestésicos, medicamentos, etc. • Perfurocortantes: Devem ser descartados em COLETOR ESPECÍFICO rígidos, com tampa vedante e resistentes. Exemplos de resíduos perfurocortantes: agulhas, lâminas de bisturi, frascos e ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, etc. • Comuns: Não apresentam riscos biológicos ou químicos. Devem ser descartados em lixeiras com SACOS PRETOS. Se assemelham aos resíduos domiciliares. Os sacos para colocação de resíduos biológicos devem ser substituídos ao atingir o limite de 2/3 de sua capacidade, ou então a cada 48 horas independentemente do volume. 8.2 Equipamentos de Raios-x Para realizar uma tomada radiológica, o paciente deve vestir um colete de chumbo de modo a proteger a tireóide, o tronco e as gônadas durante a exposição. Já o profissional que faz a toma, deve manter-se atrás de uma barreira protetora com uma espessura mínima de 0,5 mm de chumbo e a uma distância mínima de 2 metros do equipamento durante a exposição. 8.3 Ergonomia Aplicada à Odontologia A ergonomia na odontologia tem o objetivo de propiciar mais qualidade de vida para os profissionais, melhorar sua produtividade e manter um ambiente de trabalho saudável. Algumas medidas posturais que fazem parte da ergonomia odontológica são: • Ajustar aaltura do mocho de maneira que forme um ângulo de 90º com as pernas. Os pés devem ficar firmemente apoiados no chão. • As costas devem estar sempre retas e apoiadas no encosto do mocho na região renal. • A cadeira deve ficar numa altura que propicie que o profissional possa manter suas 59 pernas sob o encosto. • Trabalhar com os cotovelos junto ao corpo mantendo a coluna sempre reta. • Ter todo o material e instrumental necessário organizado e acessível. • Quando o TSB ou ASB estiver auxiliando o CD, a transferência de instrumentos deve ser feita junto à boca do paciente, sem que o CD afaste suas mãos do campo operatório. • O ASB ou TSB devem passar o instrumental ao CD com a mão esquerda deixando a mão direita livre para auxiliar (com sugador, afastador, etc.). Rio e Rio (2000) definiram um sistema de posições adotadas pelo CD e seu auxiliar durante o atendimento odontológico. O esquema funciona como um relógio imaginário em volta da cadeira odontológica (figura 42). O número 12 do relógio está na cabeça do paciente e o número 6 nos seus pés. O círculo da zona A é chamado de zona de transferência e é onde devem ser feitos os procedimentos e as transferências de materiais. Na zona estática devem estar os materiais e instrumentos necessários durante o atendimento, geralmente fica entre 1h e 2h. As posições mais recomendadas para o operador (CD) são: 9h e 11h para destros e 3h e 1h para canhotos. Já para o auxiliar, a zona recomendada é 3h ou 9h se o dentista for canhoto. 8.4 Acidentes com Material Biológico Se alguém for exposto a material biológico na clínica, deve seguir os seguintes passos: 1. Manter a calma. Idealmente, a quimioprofilaxia contra HIV deve ser iniciada até duas horas após o acidente. Em casos extremos, pode ser realizada até 24 - 36 horas depois. 2. Lave o ferimento com água e sabão. Em mucosas pode-se usar soro fisiológico ou água em abundância. 3. Obtenha a anamnese do paciente-fonte. 4. Vá até o centro de referência no atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico de sua região e informe o ocorrido ao Técnico de Segurança do Trabalho. Leve sua carteira de vacinação 5. Preencha o formulário CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho. 6. Pode ser solicitado coleta de sangue do paciente-fonte. 7. quimioprofilaxias contra HIV podem ser iniciadas em caso de risco. 60 Capítulo 8. Medidas de Biossegurança Figura 42: Zonas de posicionamento durante o atendimento odontológico. 9. Promoção de Saúde Bucal A odontologia somente foi inserida junto à equipe multiprofissional de saúde do Programa Saúde da Família em dezembro de 2000 após publicação da Portaria 1.444 do Ministério da Saúde. Essa incorporação surgiu da necessidade de melhorar os índices epidemiológicos da saúde bucal da população e deve ser reconhecida como um marco na história da odontologia brasileira. Em 2004 foi criado o Programa Brasil Sorridente, considerado um dos maiores programas públicos de atenção em saúde bucal do mundo, garantindo ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal da população brasileira. As ações de promoção de saúde bucal são estratégias que visam diminuir os riscos de desenvolver doenças bucais. Segundo as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (2004), a promoção de saúde bucal significa "a construção de políticas públicas saudáveis, o desenvolvimento de estratégias direcionadas a todas as pessoas da comunidade, como políticas que gerem oportunidades de acesso à água tratada, incentive a fluoretação das águas, o uso de dentifrício fluoretado e assegurem a disponibilidade de cuidados odontológicos básicos apropriados. Ações de promoção da saúde incluem também trabalhar com abordagens sobre os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para outros agravos (diabete, hipertensão, obesidade, trauma e câncer) tais como: políticas de alimentação saudável para reduzir o consumo de açúcares, abordagem comunitária para aumentar o autocuidado com a higiene corporal e bucal, 62 Capítulo 9. Promoção de Saúde Bucal política de eliminação do tabagismo e de redução de acidentes." Dessa forma, as ações de promoção de saúde bucal devem ser feitas tanto no âmbito coletivo (fluoretação das águas, por exemplo) como no âmbito individual (aplicação tópica de flúor, por exemplo). Na clínica odontológica, o ASB deve promover algumas ações como a higienização bucal supervisionada, incentivar uma alimentação saudável e fazer o agendamento das revisões preventivas odontológicas. Na figura 43 vemos as recomendações do Ministério da Saúde para a higiene bucal de bebês e crianças de até 5 anos e na figura 44 as recomendações para os adultos. Figura 43: Recomendações de higiene para bebês e crianças de até 5 anos. Fonte: Ministé- rio da saúde, Brasil, 2012. 63 9.0.1 Gestantes Durante a gravidez, mais do que em outras fases da vida da mulher, é extremamente importante o incentivo à prática de uma boa higiene oral, a adoção de uma dieta saudável com controle da ingestão de açúcares, e o acompanhamento odontológico por um dentista. As visitas ao dentista durante esse período devem ser regulares para a realização de profilaxias (limpeza dental), prevenção de doenças e para que a equipe possa passar informações e incentivos com relação a saúde bucal da mãe e do bebê e hábitos saudáveis. Vale lembrar também, que doenças bucais durante a gravidez, como periodontite, podem levar ao baixo peso do recém-nascido. 9.0.2 Bebês e Crianças O aleitamento materno deve ser estimulado pois desenvolve a musculatura e os ossos da face, ajudando a evitar problemas no posicionamento dos dentes. Não está recomendado o uso de chupetas por crianças a partir dos 2 anos pois a deformação óssea e dental causada pelo uso frequente de chupeta acaba acarretando outros problemas como dificuldade de mastigação e deglutição, dificuldade na fala e dificuldade na respiração. A mamada noturna é uma das maiores causas de cáries em bebês e crianças. É necessário tentar fazer a higiene sempre após a mamada noturna, principalmente quando se mistura achocolatado ao leite. 9.0.3 Usuários de Prótese A limpeza de próteses deve ser feita com uma escova de dentes, separada para essa função, água e sabão. Antes de recolocá-la na boca, os dentes (se houver) devem ser escovados e a gengiva, céu da boca e a língua devem ser limpos. É recomendável dormir sem a prótese total, deixando-a sempre em um copo com água e bicarbonato ou produto efervescente para limpeza durante a noite. 64 Capítulo 9. Promoção de Saúde Bucal Figura 44: Recomendações de higiene bucal. Fonte: Ministério da saúde, Brasil, 2012. Bibliografia Alto, R. M. (s.d.). MATERIAIS E TÉCNICAS DE MOLDAGEM. Anusavice, K. J. (2013). Phillips materiais dentários. Elsevier Brasil. Brasil. (2008). LEI Nº 11.889, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008 que Regulamenta o exercício das profissões de Técnico em Saúde Bucal - TSB e de Auxiliar em Saúde Bucal - ASB. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. http: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11889.htm Brasil & da Saúde, M. (2012). Mantenha seu sorriso: fazendo a higiene bucal corretamente. Conselho Federal de Odontologia, A. p. R. C. 1. (s.d.). Código de Ética Odontológica. Costa, H., Solla, J., Suassuna, A. & Pucca Jr, G. A. (2004). Diretrizes da polıética nacional de saúde bucal. Brasília, Ministério da Saúde. da Paz, E. S. L., Barbosa, A. M. F., Costa, A. V., de França Caldas, A., da Silva Casado, B. G., de Melo Monteiro, G. Q., Alves, J., Asfora, K. K., de Araújo Burgos, M. E., Cavalcanti, M. T. M. d. O. et al. (2020). Rotinas de Biossegurança, 1–388. de Almeida, P. F., Franca, M. P., Santos, S. P., Moreira, R. S. & da Rocha Tunes, U. (2002). Microbiota estreptocócica associada com a formação inicial da placa dental. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, 1(1), 33–41. de Odontologia de Santa Catarina, C.-S. C. R. (2009). Manual de Boas Práticas - Biosse-gurança em Odontologia. dos Santos, W. N. & Coimbra, J. L. (2013). Auxiliar em Saúde Bucal (ASB). Editora Rubio. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11889.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11889.htm 66 BIBLIOGRAFIA Júnior, A. d. O. M. & Catai, R. E. (2015). ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABA- LHO CIRURGIÃO DENTISTA-DENTÍSTICA RESTAURADORA-ESTUDO DE CASO. Revista Gestão Industrial, 11(4). Junqueira, L. C. U. (2008). Histologia Básica (11ª ed.). Guanabara Koogan. Kinane, D., Lindhe, J., Lindhe, J., Karring, T. & Lang, N. (1997). Tratado de Periodontia Clıénica e Implantologia Oral. Lima, J. E. d. O. (2007). Cárie dentária: um novo conceito. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 12(6), 119–130. Madeira, M. C. (1995). Anatomia da face: Bases anatomo-funcionais para a prática odonto- lógica. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para a prática odontológica (pp. 174–174). Madeira, M. C. (2010). Anatomia do dente (6ª ed.). Sarvier. Maltz, M., Tenuta, L. M. A., Groisman, S. & Cury, J. A. (2016). 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Santos. 1 Introdução 1.1 Normatização da Profissão 1.2 Administração do Consultório Odontológico 2 Ética Profissional 2.1 Código de Ética Odontológica 3 Anatomia da Cavidade Bucal e Dental 3.1 Anatomia Bucal 3.2 Anatomia Dental 3.3 Identificação da Dentição 3.3.1 Tipos 3.3.2 Nomenclatura 4 Placa, Cárie e Doença Periodontal 4.1 Placa Bacteriana 4.2 Cárie Dentária 4.3 Doença Periodontal 4.3.1 Gengivite 4.3.2 Periodontite 4.4 Índices Odontológicos 5 Materiais Odontológicos 5.1 Materiais de Uso Geral 5.2 Materiais para Isolamento 5.3 Materiais para Moldagem 5.4 Materiais Restauradores 5.5 Materiais para Endodontia 5.6 Materiais para Prótese 5.7 Materiais para Ortodontia 5.8 Vídeos Explicativos 6 Instrumentais Odontológicos 6.1 Instrumentais para Exame Clínico 6.2 Instrumentais para Procedimentos Gerais 6.3 Instrumentais para Isolamento 6.4 Instrumentais para Moldagem 6.5 Instrumentais para Procedimentos Restauradores 6.6 Instrumentais para Endodontia 6.7 Instrumentais para Ortodontia 6.8 Instrumentais para Cirurgia 6.9 Instrumentais para Periodontia 7 Equipamentos Odontológicos 8 Medidas de Biossegurança 8.1 Biossegurança 8.1.1 Higienização das Mãos 8.1.2 Vacinação dos Profissionais da Equipe 8.1.3 Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 8.1.4 Limpeza/Desinfecção/Esterilização de Equipamentos e Instrumentais 8.1.5 Limpeza Geral do Ambiente 8.1.6 Gerenciamento de Resíduos em Serviços Odontológicos 8.2 Equipamentos de Raios-x 8.3 Ergonomia Aplicada à Odontologia 8.4 Acidentes com Material Biológico 9 Promoção de Saúde Bucal 9.0.1 Gestantes 9.0.2 Bebês e Crianças 9.0.3 Usuários de Prótese
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