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PROCTOLOGIA Patologias orificiais: doença hemorroidária . CONCEITOS GERAIS . ● A doença hemorroidária ocorre a partir do acometimento de estruturas vasculares normais no canal anal, decorrentes de um canal de tecidos conjuntivos arteriovenosos que drena para as veias hemorroidas superior e inferior. ● São formadas a partir de coleções de sinusóides submucosos, fibrovasculares e arteriovenosas. ● É comum a congestão, dilatação e aumento dos corpos cavernosos. ● Importante não confundir com plicoma ⇒ Na doença hemorroidária tem que ter a mucosa aumentada, hiperemiada e geralmente tem sangramento. ● A verdadeira prevalência de hemorroidas é incerta, pois o desconforto anorretal é frequentemente atribuído a hemorróidas sintomáticas. ● A queixa mais comum associada à doença hemorroidária é o sangramento retal indolor durante a defecação com ou sem prolapso tecidual. ● É considerada uma doença degenerativa, por isso aparece mais em adultos e idosos. . ETIOPATOGENIA . ● Em geral, fatores como predisposição familiar e fatores dietéticos estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da doença hemorroidária. ● Alimentação pobre em fibras, rico em gorduras, proteínas e ingestão de alimentos de difícil digestão tem grande papel na etiopatogenia da doença. ● Ocupações associadas à compressão do plexo anal durante várias horas também tem associação. ● Diarréias crônicas, gravidez e hábitos defecatórios errados são importantes fatores na doença hemorroidária. ● HEMORRÓIDAS INTERNAS: ● Surgem do plexo venoso superior. ● Suas três localizações primárias (lateral esquerda, anterior direita e posterior direita) correspondem aos ramos finais das veias hemorroidárias médias e superiores. ● O epitélio colunar sobrejacente é visceralmente inervado ⇒ essas hemorróidas não são sensíveis à dor, toque ou temperatura. ● HEMORRÓIDAS EXTERNAS: ● Surgem do plexo venoso inferior. ● Eles são cobertos pelo epitélio escamoso modificado, que contém numerosos receptores somáticos de dor, tornando as hemorroidas externas extremamente dolorosas na trombose. ● Hemorroidas internas e externas se comunicam e drenam para as veias pudendas internas e, finalmente, para a veia cava inferior. ● O desenvolvimento de hemorróidas sintomáticas tem sido associado ao avanço da idade, diarreia, gravidez, tumores pélvicos, repouso prolongado, esforço, constipação crônica e pacientes em uso de anticoagulação e terapia antiplaquetária, embora não esteja claro se a associação é causal. . CLASSIFICAÇÃO . ● Pode ser classificada em dois aspectos: classificação em função de sua relação com a linha pectínea e outra classificação em função da existência ou não de um prolapso e, caso presente, como ele se comporta. EM RELAÇÃO À LINHA PECTÍNEA: ● HEMORRÓIDAS INTERNAS: ● São próximas ou acima da linha pectínea. ● Os tecidos acima da linha pectínea recebem inervação visceral, sendo menos sensível à dor e a irritações. ● São passíveis de uma variedade de procedimentos no consultório que podem ser realizados com pouca ou nenhuma anestesia. ● HEMORRÓIDAS EXTERNAS: ● Estão distais ou abaixo da linha pectínea, onde os tecidos são inervados por fibras somaticamente e, portanto, são mais sensíveis à dor e irritação. ● Como resultado, hemorroidas externas sintomáticas que são refratárias ao tratamento conservador geralmente são tratadas cirurgicamente sob anestesia, com exceção de pequenas hemorroidas externas trombosadas agudas, que às vezes podem ser tratadas no consultório. ● HEMORRÓIDAS MISTAS: ● Cobrem a linha pectínea e geralmente são tratadas da mesma maneira que as hemorróidas externas. ● A doença hemorroidária geralmente aparece em grupos de três. ● Essas três posições dos chamados “mamilos hemorroidários” correspondem aos ramos finais das veias hemorroidárias médias e superiores. EM RELAÇÃO AO GRAU DO PROLAPSO: ● HEMORROIDAS DE GRAU I: ● Não exterioriza⇒ o paciente geralmente queixa de sangramento. ● São visualizadas na anuscopia e podem inchar no lúmen, mas não gera um prolapso abaixo da linha pectínea. ● Não é necessário cirurgia, apenas uma dieta ⇒ no máximo uma ligadura elástica. ● HEMORRÓIDAS DE GRAU II: ● Apresenta um prolapso para fora do canal anal com defecação ou esforço, mas reduz espontaneamente. ● Quando o paciente aumenta a pressão intra-abdominal ela exterioriza e quando a pressão volta ao normal ela reduz. ● HEMORROIDAS DE GRAU III: ● Apresenta um prolapso para fora do canal anal com defecação ou esforço, e requerem redução manual. ● HEMORROIDAS DE GRAU IV: ● São irredutíveis e podem estrangular hemorroidas. . MANIFESTAÇÕES . ● Aproximadamente 40% dos indivíduos com hemorroidas são assintomáticos. ● As principais características da doença hemorroida incluem sangramento, prurido anal, prolapso e dor devido a trombose. ● O sangramento hemorroidal é quase sempre indolor e geralmente está associado a um movimento intestinal, embora possa ser espontâneo. ● O sangue é tipicamente vermelho vivo e reveste as fezes no final da defecação ou pode pingar no vaso sanitário. ● Ocasionalmente, o sangramento pode ser abundante e pode ser exacerbado pelo esforço. ● Em casos raros, a perda crônica de sangue pode causar anemia por deficiência de ferro com sintomas associados de fraqueza, dor de cabeça, irritabilidade e graus variáveis de fadiga e intolerância ao exercício. . COMPLICAÇÃO . ● TROMBOSE: ● A trombose é mais comum em hemorroidas externas em comparação com hemorroidas internas. ● As tromboses das hemorroidas externas podem estar associadas a dores excruciantes, pois a pele perianal sobrejacente é altamente inervada e se distende e inflama. ● As hemorroidas internas trombosadas também podem causar dor, mas em menor grau do que as hemorroidas externas. ● Nunca reduzir ⇒ dói muito. ● O tratamento varia, clínico e cirúrgico. ● Não existe muito consenso sobre o tratamento. . DIAGNÓSTICO . ● Hemorroidas sintomáticas devem ser suspeitas em pacientes com sangue vermelho brilhante por reto, prurido anal e/ou início agudo de dor perianal. ● O diagnóstico será baseado na anamnese do paciente e nos achados em seu exame físico. ● Ele é estabelecido pela exclusão de outras causas de sintomas semelhantes e pela visualização de hemorroidas. HISTÓRIA CLÍNICA: ● A defecação dolorosa não está associada a hemorroidas. ● É possível o paciente referir incontinência fecal leve, secreção de muco, umidade ou sensação de plenitude na área perianal devido a uma hemorroida interna prolapso. ● Os pacientes podem apresentar início agudo de dor perianal e um nódulo perianal palpável por trombose. EXAME FÍSICO: ● INSPEÇÃO: ● Busca de hemorroidas externas, hemorroidas internas prolapso, marcas de pele, fissura, fístulas, abscessos , neoplasias e condiloma. ● O exame retal digital deve ser realizado na posição prona ou lateral esquerda em repouso e com esforço. e deve incluir palpação de massas, flutuação, sensibilidade e caracterização do tônus do esfíncter anal. ● Uma hemorroida trombosada é extremamente sensível à palpação e um trombo pode ser palpável dentro da hemorroida. ● Hemorroidas internas geralmente não são palpáveis no exame digital na ausência de trombose. ● ANUSCOPIA: ● Nos pacientes com sangue vermelho brilhante por reto ou com suspeita de hemorroida trombosada, nos quais não foram detectadas hemorroidas no exame retal digital. ● Os feixes hemorroidas internos aparecem como veias azuis arroxeadas salientes. ● Hemorroidas internas prolongadas aparecem como rosa escuro, reluzente e às vezes macias massas na margem anal. ● RETOSSIGMOIDOSCOPIA/COLONOSCOPIA: ● Indicado para avaliação de hemorroidas internas. ● Indicado para pacientes com mais de 40 anos, com base na presença de sintomas associados e fatores de risco para câncer colorretal. ● O reto distale a borda anal devem ser inspecionados em retroflexão com o reto parcialmente insuflado. . TRATAMENTO . TRATAMENTO GERAL: ● Mudanças de hábitos de vida: ○ Não usar papel higiênico ○ Corrigir hábito evacuatório ⇒ não pode passar várias horas sentado no vaso. ○ Dieta rica em fibras ○ Estimular ingestão de líquidos ● Medidas de suporte: ○ Banhos de assento ○ Pomadas analgésicas tópicas ⇒ se usa nos casos em que tem muito desconforto. ○ Esteróides tópicos, como creme ou supositório de hidrocortisona, podem encolher as hemorroidas e aliviar o prurido associado, mas não foram bem avaliados quanto à eficácia no tratamento de hemorroidas trombosadas. TRATAMENTO ESPECÍFICO: ● Na doença de graus I, II e III sem resposta ao tratamento conservador, o tratamento consiste de procedimentos ambulatoriais não cirúrgicos como escleroterapia, crioterapia, fotocoagulação e ligadura elástica. ● Somente de 5% a 10% dos casos, principalmente aqueles com hemorroidas internas grau IV ou que não obtiveram sucesso com outras terapias, necessitam de tratamento cirúrgico, a hemorroidectomia. ● ESCLEROTERAPIA: ● Uso de substâncias esclerosantes como adrenalina e solução salina hipertônica injetadas nos mamilos hemorroidários. ● O objetivo é diminuir (ou retrair) os mamilos, na intenção de reduzir os sintomas ⇒ efeito hemostático, com atrofia da massa hemorroidária. ● CRIOTERAPIA: ● A crioterapia utiliza a congelação com uso de nitrogênio para necrose do tecido hemorroidário. ● Embora eficaz, devido ao elevado número de complicações a crioterapia isolada é atualmente pouco utilizada. ● FOTOCOAGULAÇÃO: ● É provavelmente o método menos doloroso dentre os métodos conservadores do tratamento das hemorróidas. ● Fundamenta-se no emprego de pulsos de 1,5 segundos de irradiação infravermelha para aumentar a temperatura tecidual até 100ºC. ● O tecido queimado reage da mesma forma que o tecido criodestuído ou que o tecido estrangulado por um anel de ligadura. ● Após 10 a 14 dias, o tecido necrótico separa-se deixando uma úlcera recoberta por tecido de granulação ● Não é necessária a aplicação de anestesia regional, nem costuma haver necessidade de prescrição de analgésicos orais no período pós procedimento. ● LIGADURA ELÁSTICA: ● A ligadura elástica (LE) é considerada um método minimamente invasivo para o tratamento da doença hemorroidária (DH) e apresenta vantagens em relação à hemorroidectomia, como: simplicidade de execução, baixo custo e realização ambulatorial sem o emprego de anestesia. TRATAMENTO CIRÚRGICO: ● HEMORROIDECTOMIA: ● Considerada para hemorroidas de grau III muito sintomática, grau IV e hemorróidas mistas. ● É indicada, na maioria das vezes, para pacientes que, mesmo após realizar um tratamento adequado, com uma dieta saudável e medicamentos específicos, o desconforto e o sangramento permanecem, principalmente no momento de evacuar. TÉCNICAS ● Aberta (Milligan-Morgan) – 1937. O pé do vaso é amarrado com fio Catgut, absorvível, e é eliminado na evacuação. ● Fechada (Ferguson) ● Stapler (Longo): Na ponta ele é arredondado, ele grampeia o mamilo hemorroidário, só tira as que estiverem dilatadas.
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