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Orientação e suas alterações

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Orientação e suasOrientação e suas
alteraçõesalterações
Referências: DALGALARRONDO. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. CAP 14 e 15
Muitas vezes, verifica-se que um paciente com
nível de consciência aparentemente normal está,
de fato, desorientado. Investigar a orientação é
também um recurso útil para aferir o nível de
consciência dos pacientes. 
 A capacidade de situar-se quanto a si mesmo e quanto
ao ambiente é elemento básico da atividade mental e
fundamental para a sobrevivência do indivíduo. A
avaliação da orientação é um instrumento valioso para a
verificação das perturbações do nível de consciência, da
percepção, da atenção, da memória e de toda a cognição.
 Assim, uma pessoa pode estar desorientada quanto a si
mesma (desorientação autopsíquica), quanto ao seu
próprio corpo (desorientação somatopsíquica) e quanto ao
tempo e espaço (desorientação alopsíquica). 
 Alterações de atenção e retenção (memória imediata e
recente), moderadas ou graves, costumam resultar em
alterações globais da orientação. Além disso, a
orientação é excepcionalmente vulnerável aos efeitos da
disfunção ou do dano cerebral. 
Orientação Espacial
 Por orientação espacial entende-se vários subtipos de
orientação: quanto ao local onde o sujeito está no
momento, orientação topográfica ( saber se localizar em
seu bairro, sua cidade), orientação geográfica (saber onde
fica sua cidade, seu país), julgamento de distância (quão
longe é o hospital de sua casa) e capacidades de
navegação (conseguir seguir caminhos e rotas
previamente conhecidos ou com pistas suficientes).
 A orientação espacial é investigada perguntando-se ao
paciente o lugar exato onde ele se encontra, a instituição
em que está, o andar do prédio, o bairro, a cidade, o
estado e o país.
Orientação Temporal
 A orientação temporal necessita de uma adequada
percepção do tempo e da sequência de intervalos
temporais, de sua correspondente representação mental
e do processamento mental da temporalidade.
 A orientação temporal indica se o paciente sabe em que
momento cronológico está vivendo, a hora do dia, se é de
manhã, de tarde ou de noite, o dia da semana, o dia do
mês, o mês do ano, a época do ano, bem como o ano
corrente.
 A orientação temporal é adquirida mais tardiamente que
a autopsíquica e a espacial na evolução neuropsicológica
da criança. 
 Assim, a temporalidade, é uma função que exige maior
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, além da
integração de estímulos ambientais de forma mais
elaborada.
 A experiência da temporalidade é fundamental para o
senso de coerência e continuidade do self e da identidade
pessoal. Vários elementos compõem a experiência de
temporalidade: percepção do tempo, estimação
prospectiva e retrospectiva de intervalos, percepção da
duração, experiência da passagem do tempo e duração
antecipada.
 Assim, como salienta Marc Wittmann (2009), a
experiência da temporalidade é influenciada de forma
muito marcante pelos estados afetivos e emoções, assim
como pelas experiências de vivências corporais
(embodiment). 
 Além desses elementos afetivos, a percepção do tempo é
também influenciada por outros aspectos cognitivos,
como atenção, memória de trabalho e memória de longo
prazo. 
Psicopatologias
 Embora em quadros depressivos leves pareça haver
uma percepção do tempo mais precisa, fenômeno
chamado de “realismo depressivo”, nos graves a
passagem do tempo é percebida como lenta e vagarosa.
Em contrapartida, nos estados maníacos, é percebida
como rápida e acelerada.
 O ritmo psíquico também é oposto nesses dois
transtornos: na mania, há taquipsiquismo geral, com
aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento,
psicomotricidade, linguagem, etc.), e, na depressão grave,
ocorre bradipsiquismo, com lentificação de todas as
atividades mentais.
 Indivíduos muito ansiosos descrevem uma pressão
temporal, como se o tempo de que dispõem fosse sempre
insuficiente: “Sinto que nunca vou dar conta de fazer o
que devo fazer em determinado período”. Pacientes com
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) grave
ocasionalmente experimentam uma lentificação enorme
de todas as atividades, sobretudo quando devem
completar alguma tarefa.
 Pacientes com esquizofrenia, sobretudo em surtos
agudos, apresentam importantes alterações da vivência
do tempo. Pode-se descrever tais alterações como
fundadas na desarticulação e quebra do aspecto natural,
pré-reflexivo, que caracteriza a vivência normal do tempo.
A experiência temporal em pessoas com esquizofrenia,
sobretudo nos períodos de agudização, é marcada pela
fragmentação, que se verifica pela alteração da
percepção do fluir do tempo, bem como por vivências
anormais, como déjà vu e déjà vecu e estranhamento do
tempo passado e futuro, relacionados a delírios e
alucinações.

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