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Aula de recursos 1 e 2

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Direito Processual Civil
Recursos e o processo nos tribunais
Professor Marcelo Almeida - mpalmeida04@yahoo.com.br
Conteúdo:
I - Sistema recursal
Teoria geral dos recursos (1- introdução; 2- princípios; 3- desistência do recurso; 4- atos sujeitos à recursos; 5- requisitos de admissibilidade )
Recursos em espécie
II - Incidentes recursais e em processos autônomos 
III - Ações autônomas 
1 prova: item 1 ate recurso de agravo
2 prova: matéria toda (pontos principais)
Referências:
CRFB
CPC – Lei 5869/73, lei 12322/10 (art. 544), RL 8046/
Lei 9099/95 – JEC
Lei 10259/01 – JEF
Lei 12153/09 – JEFP (Juizado Especial da Fazenda Pública)
Lei 12016/09 – Mandado de segurança
Lei 4717/65 – Lei da Ação Popular
Lei 7347/85 – Lei da Ação Civil Pública
Lei 8078/90 – CDC
Lei 8069/90 – ECA
Sumulas vinculantes 
Sumulas persuasivas do STJ e STF (Sumula ou jurisprudência defensiva. Ex: sum. 7 do STJ. Relacionados a questão de prova/fato, para impedir que esse recurso chegue ao STJ. Sum. 5, recurso em relação a clausula contratual).
Referências bibliográficas:
Alexandre Câmara – vol. I
Sistema Recursal
Teoria Geral dos Recursos 
Introdução
- Natureza
Vamos identificar a natureza do recurso e o que motivou o legislador a criar métodos dessa natureza. O recurso é um termo polissêmico e, dentro do processo, tem uma designação específica, sendo um instrumento voltado a impugnar decisões judiciais. Outros métodos também possuem essa característica, como, por exemplo, a ação rescisória, que é uma ação de competência originaria do Tribunal, não é recurso, e é destinada a impugnar decisões judiciais. O próprio Mandado de Segurança pode ser utilizado para isso também. Bem como a Reclamação que também não é recurso. Logo é necessária a existência de outras características para ser classificado como recurso.
Primeiramente, precisamos entender o que motivou o legislador a criar um mecanismo dessa natureza. O sistema recursão não é algo novo, já existiam nos modelos processuais mais primitivos. Então, a motivação para a previsão da possibilidade recursal está, basicamente, em dois fatores. O primeiro está na característica natural de insatisfação do ser humano quando se sente prejudicado. Outro fator, mais objetivo, seria a possibilidade de erro. Os principais mecanismos pra possibilitar a insurgência no processo, seja por insatisfação ou erro, são os recursos. 
O conceito de recurso, como já foi falado, é um instrumento destinado a impugnar decisões judiciais, porém, para identificá-lo como tal, serão necessários outros elementos. 
Primeiramente, é preciso analisar o cenário em que o recurso é utilizado. Desta forma, percebe-se que o recurso é um método para impugnar decisões judiciais dentro da mesma relação processual. É necessário analisar esse elemento, pois existem outros métodos autônomos de impugnar decisões judiciais, como a ação anulatória, mandado de segurança, reclamação. Então, para identificar o instrumento como recurso, é necessário analisar o cenário em que está sendo utilizado, ou seja, dentro do processo.
Outro ponto a ser analisado, é o fato de que o recurso é um instrumento voluntário. Só haverá recurso se alguém o utilizar, não podendo ser qualquer um, mas sim uma das partes ou terceiros e, em alguns casos, o MP. Não há recurso de ofício. Pode parecer óbvio, pois o juiz não irá recorrer de sua própria decisão. Porém, existia uma figura no CPC de 39, que era a apelação voluntária e de oficio. A apelação de ofício seria o reexame necessário. O juiz não recorria da própria sentença, mas o nome técnico era equivocado. O que acontecia no reexame necessário, e ainda acontece, em alguns casos, sentenças do Juiz de 1º grau só têm eficácia depois que o Tribunal confirma em um procedimento de ofício. 
Um exemplo disso seria se o Juiz da 3ª Vara Cível da Comarca de Macaé proferisse uma sentença condenando o Município a pagar uma indenização de 6 mil reais para um indivíduo. Porém, essa sentença condenando a Fazenda Pública a indenizar alguém, só terá eficácia depois que o Tribunal confirmar, devendo o Juiz enviar de ofício para o crivo ou as partes requerer. Pois, caso contrário, não transita em julgado. esse procedimento está previsto hoje no art. 475 CPC. Por isso é relevante afirmar que o recurso possui a característica de ser voluntário, para não confundir com o reexame necessário.
O objetivo do recurso seria reformar a decisão proferida, quando a decisão desfavorece uma das partes e a mesma entende que houve uma injustiça, já que havia provas em contrário, esta entrará com o recurso. Pode também ter a finalidade de anular uma decisão, isso acontece quando a decisão foi ilegal do ponto de vista processual. Ex: promovi uma ação contra alguém cobrando uma quantia devida. A pessoa contesta e pede a produção de provas orais. O Juiz profere uma sentença julgando antecipadamente o mérito, dizendo que já possui provas suficientes. Condenando o réu a pagar. O réu então recorrerá pedindo a anulação pela violação do principio da ampla defesa e contraditório.
Outra finalidade do recurso ser de integrar quando a decisão for omissa, ou seja, quando não for apreciada alguma matéria, será o caso do recurso ter o objetivo de integrar o julgado. Ex: em uma contestação em relação à cobrança de uma dívida é dito que não há débito e, mesmo se houvesse, a dívida estaria prescrita. O juiz reconhece o débito e condena o réu, mas nada fala quanto à prescrição. Neste caso o réu poderá recorrer (embargo de declaração) com o objetivo de provocar a avaliação dessa matéria pela qual o Juiz se omitiu, logo, tem o objetivo de integrar a decisão. 
Resumindo, o conceito de recurso, sendo um instrumento idôneo, voluntário, manejado dentro de uma mesma relação processual, com o objetivo de reformar, anular ou integrar o julgado. A natureza jurídica é a categoria em que se enquadra o instituto. O recurso possui a natureza jurídica de incidente processual. 
Princípios 
 Constitucionais:
Devido Processo legal – art. 5º LIV CF
Deve-se destacar a própria cláusula do devido processo legal. Mas não é a avaliação do devido processo legal sob o ponto de vista formal, ou seja, dizendo que o processo só possui legitimidade se obtiver previsão legal. Nesse contexto, vemos que recurso é norma processual, sendo assim, só quem tem legitimidade para criar procedimentos recursais é legislador federal (art. 22, I CF). Embora, o judiciário tem criado tais procedimentos, como o agravo regimental, amplamente utilizado no STF. Por isso, ninguém dirá que é formalmente inconstitucional.
Sob o ponto de vista substancial, o devido processo legal material, temos que avaliá-lo como processo justo, que dá ao jurisdicionado um cenário adequado para tutelar seus interesses. Essa é a concepção de devido processo legal do Estado Constitucional contemporâneo que permite acesso a uma ordem jurídica justa. Dentro desse contexto, o sistema jurídico deve apresentar recursos adequados para esse fim, para que o jurisdicionado possa impugnar de forma satisfatória as decisões judiciais, sem que haja o abuso do direito de ação, sendo este o grande desafio do legislador. O devido processo legal é o postulado normativo que precisa de diversos desdobramentos para ser efetivado e observado, dentre os quais se encontram os demais princípios. 
Contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV
O princípio do contraditório, do seu ponto de vista substancial, é aquele que permite ao jurisdicionado uma participação eficaz no resultado. A ampla defesa tem uma dimensão bem formal e a partir desse princípio o jurisdicionado deve ter direito aos instrumentos adequados para alcançar o resultado. Tanto é verdade, que o próprio constituinte deu esse indicativo quando prevê o contraditório e a ampla defesa dizendo na parte final: “com todos os recursos a ela inerentes”. 
Razoável duração do processo – art. 5º, LXXVIII, CF
Esse princípio foi inserido pela EC 45/04, mas já era considerado implícito, pois para ser considerado justo, devetramitar em tempo razoável. Então já era reconhecido como principio inerente ao devido processo legal. Mas o constituinte derivado resolveu colocar expressamente no texto constitucional para indicar a insatisfação quanto à morosidade da justiça. Esse princípio orienta o equilíbrio, já que para alcançar um resultado satisfatório é necessário certo tempo, porém este deve ser o necessário, ou seja, razoável. Por isso é um desafio para o legislador conferir o direito ao recurso ao jurisdicionado e ao mesmo tempo não violar a razoável duração do processo. 
Todos os princípios acrescentados por essa emenda, embora não diga respeito apenas aos recursos, foi orientado justamente por conta de uma mazela do sistema recursal que diz respeito à distribuição dos recursos do processo. O art. 93, XV da CF prevê a imediata distribuição do processo. 
Outros princípios:
Duplo grau de jurisdição
Já foi considerado um princípio constitucional. Significa que o jurisdicionado tem o direito da revisão dos julgados por um órgão superior e, preferencialmente, colegiado. Não está expressamente definido no texto constitucional, por esse motivo, há uma divergência quanto a sua natureza ser constitucional ou não. A definição do contraditório e ampla defesa com todos os recursos a ela inerentes é um indicativo do duplo grau de jurisdição, já que é mais comum que os recursos sejam julgados por outros órgãos. A própria estrutura da organização do poder judiciário sugere o duplo grau, mas não é expresso. 
Quando CF entrou em vigor, era bem aceito como um princípio constitucional, mas começamos a ter uma serie de reformulações nas normas processuais, e para que elas fossem levadas a efeito no sistema dos recursos, acabaram esbarrando no duplo grau sendo considerado como garantia constitucional. Então, passaram a surgir segmentos doutrinários defendendo que este princípio não tinha base constitucional. 
Então as primeiras reformas do sistema processual precisavam modificar os e para ganharem espaço e alcançarem o objetivo, precisavam, em alguns casos, fragmentar o duplo grau. Ex: a modificação em 2002 do art. 515, §3º que cuida de um dos efeitos da apelação que é o que diz o que o Tribunal pode avaliar ou não. O Tribunal, em regra, no recurso de apelação, pode avaliar tudo que foi discutido no processo de 1º grau, é o recurso que tem esse efeito bem amplo. Porém, se o Juiz não julgasse o mérito da causa e essa sentença fosse objeto de apelação, o Tribunal não poderia analisar o mérito, pois quem tem competência originária para julgar o mérito, primeiramente, é o Juízo de 1º grau. Então, o resultado de uma apelação dentro desse exemplo, deverá retornar os autos ao Juiz de 1ª instância para proferir outra sentença, agora de mérito. Esse §3º do art. 515 diz que se a sentença extingue o processo sem resolução de mérito e a causa dessa seja exclusivamente de direito está imediata a condição de julgamento, o Tribunal, se entender que o Juiz errou, julgará o mérito, não retornando os autos, caso a causa esteja em condições de julgamento. Isso se chama teoria da causa madura, pois sendo no início do processo, deve voltar, se entender que o Juiz errou ao extinguir. Então o Tribunal, se a causa estiver madura, deve dar provimento à apelação e julgar o mérito. 
Discutiu-se então a violação do duplo grau de jurisdição sendo este considerado um princípio constitucional, porém, este princípio não está expresso, logo passaram a desconstruir o princípio como uma garantia constitucional justamente para poder legitimar reformas dessa natureza (reformas mais ousada), para poder fazer com que os recursos não gerassem uma delonga exacerbada do processo. Existem outros exemplos, pois essa questão já foi superada. Tivemos recentemente uma lei que passou a permitir que o Juiz, ao pegar uma apelação, se a sentença dele estiver pautada em uma súmula, não recebe o recurso, não violando nenhuma garantia constitucional por não entender mais este princípio como tal. É muito bom que o ordenamento tenha o duplo grau, mas se não tiver, o processo não deixará de ser justo. 
Taxatividade
Conforme foi dito, só é considerado recurso o que o legislador federal cria como tal. Os principais recursos estão no elenco do art. 496 do CPC, sendo eles: apelação (art. 513), agravo, embargos de declaração (art. 535), embargos infringentes (art. 530), recurso ordinário (art. 539), recurso extraordinário (art. 542, II), recurso especial (art. 542, II) e embargos de divergência (art. 546). O agravo pode ser de instrumento (art. 522), o retido (art. 522), o interno (art. 557, §1º), o inominado (art. 532) e o de admissão (art. 544), fora o regimental que não está previsto no CPC. (pegar os artigos no NCPC). A nível de taxatividade, o novo CPC acaba com o agravo retido, os embargos infringentes e o agravo inominado. 
Unicidade/unirrecorribilidade
 	A decisão judicial, dentro do contexto do princípio da unicidade, comporta um recurso. Um recurso para atacar cada decisão. Se houver mais de um recurso possível, deve ser atacado um por vez. Ex: para a sentença (não sendo no juizado), cabe o recurso de apelação. Ex²: Decisão interlocutória cabe agravo. Ex³: embargos de declaração, em regra, podem ser utilizado para impugnar qualquer decisão, desde que tem ponto obscuro ou contraditório. Se for usar este recurso, utilize-o primeiro. Depois do resultado, utilize uma apelação (por exemplo). 
	Posteriormente, estudaremos cada recurso para que no final do curso possamos saber qual recurso é cabível para determinada situação. Terá apenas uma hipótese em que poderá usar dois recursos para impugnar a mesma decisão. Isso vai acontecer em algumas situações de acórdãos (decisão dos tribunais). Será possível, nesses casos, se utilizar do especial e do extraordinário para impugnar o mesmo acórdão que tiver vício constitucional e infraconstitucional (aprofundaremos depois).
Proibição da reformatio in pejus
A situação jurídica do recorrente, de quem ofereceu o recurso, não pode piorar com o resultado do recurso. Logo, se o recurso for negado, o resultado é mantido. Ex: o réu é condenado a pagar 30 mil reais de indenização a parte autora. O réu oferece recurso de apelação e, no resultado desta, não pode haver uma piora em sua situação jurídica. Não pode ser julgado a pagar uma quantia maior, por exemplo. o que pode acontecer, no máximo, é o reconhecimento da apelação, porém mantida a decisão. 
O princípio da proibição da reformatio in pejus possui duas exceções (agora 3 - vem caindo bastante este princípio). Primeiro, quando o resultado do recurso for anulação, a situação do recorrente pode piorar, por exemplo: o juiz extinguiu o processo sem julgamento de mérito por vício processual não saneado, mas a causa estava em condições para isso. Se transitar em julgado sem recorrer, como não houve resolução de mérito, em tese, o pedido pode ser reapresentado, pois a coisa julgada é formal. Agora, se o autor recorre, pode haver o julgamento de mérito no tribunal, já que a causa está madura. O tribunal pode julgar o pedido como improcedente, julgando o mérito desfavoravelmente em relação à parte autora. Piorando sua situação. Logo, a teoria da causa madura pode levar a piora da situação do recorrente. 
A segunda exceção se encontra no caso de vício processual pela incidência do efeito translativo do recurso. Quando o tribunal, no julgamento do recurso, anula a decisão de ofício, o que poderá piorar a situação do recorrente. Ex: o autor pediu para que o réu seja condenado a pagar 30 mil e o juiz o sentenciou a pagar 15. Tanto réu como autor tem o interesse de recorrer (sucumbência recíproca). No tribunal foi reconhecido um vício no processo, como uma incompetência absoluta, logo a sentença foi anulada de ofício. 
Outra exceção ao princípio seria a sucumbência recursal. Vamos supor que esse último exemplo esteja tramitando perante Juizado Especial. O autor recorreu da sentença e foi negado o provimento na integralidade na turma recursal. O réu, então, será condenado nos ônus sucumbências,ou seja, sucumbência recursal (não tem na justiça comum) que são as custas processuais e honorários advocatícios do resultado do recurso. Serão novas custas já que no JEC não há, salvo se comprovada a má fé. O novo CPC está incorporando isso (a incidência de novas custas) para quem perde o recurso. Uma forma de inibir recursos considerados temerários, indo de encontro com o princípio da previsão da reformatio in pejus, pois o recorrente acaba tendo uma piora na sua situação, mesmo que não seja dentro da ação, mas de qualquer forma seria um agravamento. Isso ainda será incorporado no novo CPC, mas no Juizado Especial já é uma realidade. Concluindo, o recurso poderá no JEC e no novo CPC gerar sucumbência recursal, ou seja, a condenação do recorrente das custas processuais. 
Fungibilidade
Esse princípio não possui previsão na legislação processual atual, tinha apenas no CPC de 39. No CPC atual, uma de suas características está na sua exposição de motivos, sendo o resgate da melhor técnica processual. No CPC de 73, o legislador achou que tinha resolvido os problemas do sistema recursal gerava muitas vezes a necessidade de se aproveitar um recurso por outro pela falta de precisão do legislador na indicação do cabimento do recurso. 
Então, era possível se aproveitar um recurso quando fosse interposto outro, desde que não fosse caso de erro grosseiro. O legislador do CPC de 73, que está em vigor, não projetou o princípio da fungibilidade. A doutrina que influenciou os tribunais nesse contexto, passou a não ser simpáticos ao princípio da fungibilidade. O que significa: Usou recurso errado, erro grosseiro, não conheço o recurso. Salvo em casos, muito excepcionais, isso seria possível. Em caso de dúvida quanto à natureza da decisão, haverá dúvida no recurso. Dúvida objetiva (fundamentada) quanto à natureza da decisão e não erro grosseiro. Utilizar recurso dentro do prazo que o tribunal entende como correto. 
Ex: indeferimento de parte da petição inicial. Se fosse da integralidade, seria uma sentença e, consequentemente, recurso de apelação. Mas se foi em parte, trata-se de sentença ou decisão interlocutória? Ex²: exclusão de litisconsorte no processo. Extinguiu-se o processo sem resolução de mérito para aquela pessoa que esta saindo. Trata-se de sentença ou decisão interlocutória? Ex³: indeferimento da reconvenção. Agravo ou apelação?
Então, houve a necessidade de solucionar um problema prático. Essas dúvidas foram sendo acomodadas. Mas até se acomodar, ocorreu dúvida objetiva sobre a natureza jurídica da decisão. Então, aceitou-se o princípio da fungibilidade, dando provimento a qualquer das duas opções recursais, nesse caso. Quando as dúvidas foram se acomodando, os Tribunais voltaram a ser mais rígidos, estabelecendo três critérios para aceitar um recurso por outro. Primeiro: ter dúvida objetiva sobre a natureza jurídica da decisão. Segundo: não ocorrer erro grosseiro. Terceiro: utilizar o recurso dentro do prazo que o tribunal entende como correto (ou seja, usa o prazo menor). O novo CPC está acabando com esse problema, pois esta unificando os prazos para 15 dias, salvo embargos de declaração. 
Desistência do recurso
Art. 501 CPC - Art. 998 NCPC – não há grande mudança 
O recurso, como vimos, é um instrumento voluntário manejado dentro do processo e considerado instrumento adequado para impugnar decisões judiciais. O caráter voluntário do recurso pressupõe a possibilidade de desistência. É possível desistir do recurso sem a anuência da parte contrária ou litisconsortes (recorridos), pois se o recurso não prosseguir ou for desprovido, a situação dos recorridos não mudará. Neste caso, o recorrido não terá interesse em dar prosseguimento, já que sua situação não mudará com a desistência, e se tivesse o interesse, já teria se utilizado do recurso.
Diferentemente do que ocorre quando há desistência de uma ação, pois se uma pessoa promove uma ação, instaura-se um processo e ela desiste, é possível que a parte contrária tenha interesse em dar prosseguimento, pois é possível que o réu deseje que o mérito seja julgado, já que a desistência da ação resultará em coisa julgada meramente formal. Então, o réu poderá ser importunado novamente. Ao passo que se houver julgamento de mérito, o réu poderá ter a chance de comprovar suas alegações e não ser mais importunado por isso. Por esse motivo, o réu deve se manifestar quanto a desistência da parte autora.
Na desistência do recurso, também não haverá necessidade de anuência do litisconsorte, já que se ele quisesse melhorar sua situação no processo, já teria o feito, pelo principio da autonomia dos litisconsortes. 
	Após a emenda constitucional 45, tivemos uma série de reformas com o intuito de melhorar a prestação jurisdicional. Foram firmados alguns acordos, chamados de pactos republicanos, entre os três poderes para que o acesso a uma ordem jurídica justa fosse alcançada. Dentro desses acordos, ficou estabelecido que o poder executivo e o poder legislativo iam operar reformas na legislação processual para tentar tirar essa deficiência do poder judiciário. O Ministério da Justiça montou uma comissão para reforma do poder judiciário e para isso pediu apoio a uma comissão de juristas, principalmente daqueles do instituto brasileiro de direito processual, para formular uma serie de antiprojetos para reformular o CPC. Esses projetos foram encaminhados para o Ministério da Justiça que encaminhou para o Congresso para se transformarem em projetos.
Dentro esses projetos, tivemos a lei 11418/06 e a lei 11672/08. Uma delas regulamentou o requisito de admissibilidade da repercussão geral (recurso extraordinário) que inseriu o art. 543-A CPC e também o art. 543-B CPC. O art. 543-A dispõe sobre a repercussão geral e como ela será avaliada. O art. 543-B fala do recurso extraordinário repetitivo, que acontece quando vários recursos extraordinários chegam ao Tribunal versando sobre uma questão semelhante (processos em que há questões meramente jurídicas). Quando, nestes casos, o Tribunal mantém seu posicionamento em todos os recursos, a regra desse artigo estabelece que tais recursos não irão para o STF, ficando suspensos no Tribunal e um (ou alguns) é(são) selecionado(s) como representativo. Esses selecionados serão encaminhados, e se o Supremo entender que têm repercussão geral, os recursos serão julgados. Caso contrário, não entendo haver repercussão geral, os recursos sobrestados não serão admitidos. Isso representa uma otimização, quer dizer, ao invés do STF se debruçar em vários processos, fará o mesmo em considerável menor quantidade (normalmente 1 a 3 processos, chamados de recursos pilotos). A lei 11672/08 acrescentou o art. 543-C que admitiu o mesmo procedimento no caso de recursos especiais repetitivos com fundamento em idêntica questão de direito. 
Em nenhum dos parágrafos desses artigos mencionados a desistência recursal é mencionada. Isso seria um novo modelo de processamento dos recursos extraordinários e especiais que, na maioria das vezes, serão julgados desta maneira. A reforma do poder judiciário teve como principal norte a otimização e a eficiência. Porém, após a lei entrar em vigor, um dos primeiros processos selecionados como representativo da controvérsia foi objeto de desistência. Desta forma, o novo modelo seria frustrado, pois todo o trabalho de selecionar, afetar e processar seria em vão. O STJ então entendeu que o(s) recurso(s) representativo(s) da controvérsia não pode ser objeto de desistência por estar transportando interesse público. Isso não está sumulado, mas restou como entendimento firmado. 
Para evitar esse problema, o Novo CPC trouxe no parágrafo único do art. 998, uma disposição que permite mesmo sendo objeto de desistência um recurso representativo de controvérsia, não vai impedir o julgamento da tese que ele está transportando. Ou seja, teve a desistência, mas a análise da questão jurídica será realizada. Assim, o primeiro ponto estranho será que a desistência do recurso não vai resultar em transito em julgado. O segundoponto estranho está no fato do judiciário julgar teses e não causas. O que parece é que não haverá a homologação da desistência enquanto não for julgada a tese.
Atos sujeitos à recurso
Recurso é um instrumento destinado a impugnar decisões judiciais, não significa que para cada decisão existe um único tipo de recurso. Em alguns casos será necessária a análise do teor da decisão para assim definir o recurso adequado. As decisões judiciais possíveis são: 
Sentença:
Normalmente, sentenças são alvos de recursos de apelação ou embargos de declaração. O conceito de sentença está no art.162, §1º CPC, que não é um bom conceito. Diz que sentença é o ato do Juiz que implica em uma das hipóteses dos arts. 267 ou 269. Existe decisão interlocutória fundamentada no art. 269, por exemplo, bem como existe sentença que não está pautada em nenhum dos dois artigos mencionados, a que extingue execução tem fundamento no art. 794. O novo CPC no art. 203 §1º NCPC traz um conceito melhor.
O fato é que não importa se a sentença é definitiva (resolveu o mérito) ou terminativa (não enfrentou o mérito), importa se ela é recorrível. Existem situações em que o recurso não será viável não por não ser cabível, mas porque faltou outro requisito. Por exemplo, as partes fizeram um acordo, porém depois uma delas ficou insatisfeita e decidiu apelar. O recurso de apelação é cabível, já que é sentença, porem, falta um requisito, que neste caso é a ausência da preclusão lógica, já que feito um acordo sem vícios não há compatibilidade no recurso pela parte. Existe sentença que é irrecorrível, tal como podemos ver no Juizado Especial, porém isso é uma exceção. 
Decisões interlocutórias:
A decisão interlocutória possui uma definição muito tímida no art. 162, §2º CPC, que diz que se trata de decisão incidente no processo. Porém, com as reformas, o sistema processual passou a aglutinar mais fases do que tinha. Antes das principais reformas do CPC, cognição, execução e até tutela de urgência, só poderiam ser alcançadas por processos separados. Então, acaba o de conhecimento para começar o de execução que deverá citar o réu novamente, etc. depois das reformas, o processo ficou no formato sincrético, cognição, execução, cautelar no mesmo processo. Por isso, passamos a ter decisões interlocutórias com conteúdo mais intenso, exemplo: a decisão que julga a impugnação da execução. Então o conceito do código atual não é satisfatório.
O conceito presente no art. 203, §2º NCPC é por exclusão, dizendo que o que não se enquadrar no §1º, sendo do juiz de 1º grau e não for despacho, será decisão interlocutória. Ex: um caso decisão interlocutória, primeira instância, você ajuizou uma ação de cobrança na Comarca de Macaé e faz o requerimento de uma prova oral e o Juiz indefere, dizendo que a prova documental é suficiente. Outro caso, agora em uma ação de indenização, com pedido genérico, não sendo possível aferir o dano na propositura da ação. O juiz profere uma sentença ilíquida cujo valor vai ser apurado em liquidação de sentença. Na liquidação de sentença, o Juiz decidiu a favor do liquidante, definindo os valores, decidindo o mérito. Este também seria o caso de decisão interlocutória. Uma decisão interlocutória pode ser também no caso deferimento ou indeferimento de tutela de urgência, o que seria também o caso de uma decisão intensa. 
Dependendo da decisão interlocutória, o agravo ter formatações diferentes. Um agravo de instrumento que vai direto para o Tribunal ou um agravo retido, o recurso fica retido nos autos e só vai ser avaliado por ocasião de uma eventual apelação. Voltando no primeiro exemplo, de indeferimento da prova oral, pode ser o caso de agravo retido. Pois pode ser que no final o Juiz profere sentença integralmente favorável a parte que teve sua requisição indeferida. Então não há motivo para remeter tal matéria ao tribunal naquele momento. Então porque não recorrer sobre o fato do indeferimento de prova oral após a decisão? Deve ser agravado no momento certo por conta do regime de preclusão, ou seja, não falou agora, precluiu. 
O novo CPC elimina o agravo retido. Passando a funcionar como é na Justiça do Trabalho. Fica consignado em ata a insatisfação. Sendo esta matéria analisada em preliminar da possível apelação. A finalidade é a mesma, o fato é que não precisa ser formalizada a insatisfação pela via recursal. 
Acórdãos: 
O art. 163 CPC diz que acórdão é toda decisão de Tribunal. Esse conceito também é insatisfatório, pois Tribuna profere decisão monocrática, que é proferida por um julgador no Tribunal quando ele é autorizado. Normalmente, as decisões dos Tribunais são acórdãos, pois são colegiadas. Mas existem exceções, que são muitas, por exemplo, quando o recurso é manifestamente inadmissível, o art. 557 autoriza, ou quando veicula matéria que está confrontando diretamente súmula, quando é manifestamente improcedente. 
O novo CPC traz um novo conceito de acórdão no art. 204 NCPC, dispondo que se trata de decisões colegiadas, em Tribunais ou turmas recursais. Pois existem decisões de órgãos colegiados no poder judiciário que é acórdão, porém o órgão não é de natureza de Tribunal, exemplo disso seriam as turmas recursais dos Juizados Especiais, que são formados por juízes de 1ª instância, porém de forma colegiada que julgam os recursos inominados.
Para identificar qual o recurso cabível para o acórdão, é preciso analisar qual é o tipo do processo em que o acórdão foi proferido. Analisa-se também o quórum em que o resultado foi alcançado, e também o próprio Tribunal que proferiu o acórdão. Por exemplo, se for um acórdão proferido pelo STF de controle de constitucionalidade em uma ADIn. O máximo que pode haver, em sede de recurso, seria um embargo de declaração (vai recorrer pra onde?). 
Outro exemplo, seria o caso de um julgamento de improcedência de pedido em primeira instância (sentença), foi interposto o recurso de apelação, e caiu na 3ª câmara civil do STJ. O acórdão nesta apelação foi de não provimento do recurso na integralidade, por unanimidade. O recurso cabível para impugnar esse acórdão, pode ser, além de embargos de declaração, o recurso especial ou extraordinário. Dependerá se foi uma má interpretação de uma lei, ou violação da constituição, para assim analisar a viabilidade do recurso. Por outro lado, neste mesmo exemplo, foi dado o desprovimento a apelação para reformar a sentença do Juiz de 1ª instância por maioria (2 a 1). Neste caso, caberá embargos infringentes. 
Decisões monocráticas:
São decisões unipessoais nos recursos ou em ações de competência originária. Também existe decisão monocrática pelo órgão da presidência ou vice-presidência de Tribunal, que possui função precípua administrativa. Porém, possui dentro do regimento interno, às vezes determinado por lei, atribuição judicante a esses órgãos, que em geral são administrativas. Então, em alguns casos podem ter atribuição judicantes, proferindo decisões monocráticas. Exemplo: processo de homologação de sentença estrangeira. Para surtir efeito no Brasil, uma sentença estrangeira deve passar pelo crivo do STJ. Se não houver impugnação, quem homologa é o presidente do tribunal. 
Outro exemplo: uma ação civil pública ajuizada pelo MP para suspender as atividades de uma obra pública em Macaé, pois esta violando o meio ambiente. É pedido a suspensão imediata e o juiz defere. É difícil um Juiz não deferir liminar de ação civil pública ambiental. Porém, o pedido de suspensão da eficácia da liminar poder ser feito, de acordo com lei especial, e tal pedido será de competência do Presidente do Tribunal. Isso seria o caso de uma decisão monocrática. 
Então, decisões monocráticas são unipessoais, nos recursos ou em ações de competência originária, por relatores, ou por presidente ou vice-presidente de acordo com o que a lei ou regimento interno define. Art. 557 CPC. Recursos cabíveis: agravo interno (decisão do relator), agravo regimental (decisão de presidente ou vice-presidente do Tribunal).
Despachos:
Os despachossão os demais atos do Juiz sem cunho decisório para dar andamento ao processo. Exemplo: ação ajuizada, Juiz avalia petição inicial com o preenchimento dos requisitos, e despacha com a intenção de citar o réu. Então, não há conteúdo decisório, embora em alguns casos, encontremos atos revestidos de despacho onde há uma decisão. Neste caso, deve ser analisado se gerou prejuízo ou não, se é realmente um ato disfarçado, e observar se há possibilidade de recurso. Porém, se for mesmo de natureza de despacho, é irrecorrível, conforme art. 504 CPC - art. 1001 NCPC.
Requisitos de admissibilidade (pressupostos recursais)
Os recursos, de uma forma geral, passam pelo crivo de dois juízos de valor diferentes, o primeiro deles é destinado a verificar aspectos formais. Uma vez presentes tais aspectos, será feita a analise da pretensão do recurso, ou seja, o mérito. Não é muito diferente da perspectiva da ação, já que o Juiz verifica a presença das condições da ação e os pressupostos processuais antes de avaliar o mérito. O recurso é a mesma coisa, só que com suas especificidades. Primeiro é preciso analisar o objeto desse juízo de admissibilidade, para que depois seja entendida a dinâmica procedimental dessa avaliação, tudo isso de forma genérica para depois analisarmos de cada recurso.
Esses elementos são chamados de requisitos de admissibilidade (doutrina clássica), também chamados de pressupostos recursais. Então, esse bloco de elementos destinado a verificar a viabilidade do recurso, tem duas vertentes: os requisitos intrínsecos e os extrínsecos. Os requisitos intrínsecos são referentes ao próprio direito de recorrer. Já os extrínsecos são mais externos e ainda mais formais, são referentes ao exercício do direito de recorrer. 
Requisitos intrínsecos 
 Cabimento/recorribilidade da decisão: 
Resumidamente, esse requisito verifica se a decisão é recorrível e, assim sendo, será feita a analise se o recurso é cabível. A primeira coisa a se fazer é analisar se o ato, objeto do recurso, possui cunho decisório, pois, em regra, se é decisão haverá recurso cabível, resta saber qual. Em regra, pois em alguns casos a lei não permite que se recorra da decisão, são casos excepcionais e, quando acontecem, o legislador vai ser expresso ou então vai deixar claro, permitindo uma interpretação. 
Um exemplo de exceção está no art. 543-A (mencionado anteriormente) que fala da repercussão geral em recurso extraordinário, que após a EC 45 o jurisdicionado não cosegue mais provocar a jurisdição constitucional em um caso concreto com uma pretensão meramente individual. Antes dessa emenda isso era possível, então bastava preencher os demais requisitos, demonstrar que houve violação da constituição no caso concreto e conseguia levar esta discussão ao STF. Os próprios Ministros do STF deram como exemplo a briga de vizinho e o roubo de galinha que chagavam ao STF, para defender a repercussão geral. Mas então se constatou que o STF tem quefazer o papel de corte constitucional, logo não pode ficar resolvendo problema de vizinho. Então foi estabelecido que será necessário o preenchimento do requisito da repercussão geral, que significa que a pretensão recursal extraordinária deve ter uma repercussão coletiva de alguma forma, deve atingir uma quantidade de pessoas, deve ser relevante. Então foi inserido pela EC 45 o §3º do art. 102 da CF, que fala do requisito da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso concreto, e para regulamentar o tratamento processual desses pressupostos processuais e ai foi feita a Lei 11418/06 que inseriu os artigos 543-A e 543-B do CPC. No primeiro artigo está disposto que o STF, em decisão irrecorrível, não conhecerá o recurso extraordinário que não oferecer repercussão geral nos termos dos parágrafos posteriores. 
Então na hora de avaliar se a decisão é recorrível, normalmente é, mas o legislador pode identificar que não é adequado se recorrer. Se nada diz, em tese cabe recurso. Deste modo, deve ser analisado se o objeto do recurso é uma decisão interlocutória, se é sentença, acórdão, decisão monocrática ou despacho de cunho decisório. 
Um exemplo de situação em que o legislador não diz expressamente que a decisão é irrecorrível, mas diante do contexto chega-se a essa conclusão, como no caso do art. 527 CPC. O agravo de instrumento é o recurso cabível para atacar decisão de juiz de 1ª instância que não é sentença, pois sentença é apelação. Na maioria dos casos, esse agravo é por instrumento, ou seja, vai direto no Tribunal recorrer da decisão de 1ª instância. Este recurso será distribuído imediatamente para um órgão colegiado, onde haverá um relator que conduzirá o recurso, podendo decidir sozinho nos casos do art. 527, o inciso I seria a hipótese de desprovimento do recurso nos casos do art. 557, ou, se não for o caso, no inciso II deste artigo o agravo de instrumento é convertido para agravo retido quando não for caso de urgência, o inciso III pode deferir efeito suspensivo da decisão, ou antecipar a tutela do recurso no próprio recurso por decisão monocrática. O legislador não diz que cabe recurso para o órgão colegiado nos casos dos incisos II e III, mas chega-se a conclusão que é a decisão monocrática é irrecorrível pelo disposto no parágrafo único deste artigo que diz que a decisão proferida nos incisos só pode ser revista no momento do julgamento do agravo ou quando o próprio relator reconsiderar. Logo, não cabe recurso interno. Pela própria mudança na redação dos incisos antes da reforma pela lei já é possível chegar a essa conclusão, pois antes dizia expressamente qual recurso interno era cabível e depois da reforma foi retirada a possibilidade.
Depois de analisar se a decisão possui cunho decisório e por isso, em regra (salvo exceções – exemplos acima), possui recurso, de segundo plano é preciso saber qual recurso é cabível. Normalmente a lei vai indicar qual recurso é cabível, vide art. 513 CPC – 1009 NCPC, art. 522 CPC – 1015, art. 530 CPC, art. 535, etc. É claro que em algumas situações restará dúvida, porém se propor recurso equivocado, é a morte processual, pois transita em julgado.
Um exemplo de dúvida: impetrado mandado de segurança contra abuso de poder pela secretaria do município, foi negado o pedido na sentença, cabendo recurso de apelação. Foi para o Tribunal de Justiça e por maioria reformou-se a sentença. Caberia, em tese, recurso de embargos infringentes para o município, já que foi acórdão não unanime. Mas a lei própria impõe que não caberá por se tratar de mandado de segurança. Por se tratar de uma lei nova, pode haver dúvida. Bem como, no caso de dúvida quanto à natureza da decisão judicial. Se for uma dúvida fundamentada, gerada também na doutrina e nos Tribunais, é possível até aplicar o principio da fungibilidade. Mas se não for o caso, será considerado erro grosseiro e o recurso não será admitido. 
Legitimidade: 
A legitimidade recursal seria o segundo requisito intrínseco. O art. 499 CPC – art. 996 NCPC dispõe que o recurso pode ser interposto pelas partes (a questão de ser a parte vencida ou não será analisada no próximo requisito), pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. As partes são legítimas por razoes obvias e devem apenas cumprir com os requisitos gerais.
 O Terceiro precisa manifestar o interesse para recorrer, sendo um interesse jurídico, que é a motivação que o faz intervir no processo. Em alguns casos excepcionais existem criaturas que podem intervir sem interesse jurídico, isso acontece com o Poder Público nas hipóteses em que a lei autoriza intervenção especial na Fazenda Pública por interesse meramente econômico. Mas em regra o interesse deve ser jurídico. O amicus curi é um terceiro que tem a função precípua de promover um fluxo discursivo no processo, para auxiliar o julgador a proferir o julgado. Sua atuação será mais ou menos intensa a depender do processo. Porém não poderá recorrer de nenhuma decisão. Pois sua função é de mero auxiliar. Nesse momento é preciso saber que o fundamento que motiva a intervençãode terceiro por intermédio de recurso é o fundamento jurídico. O art. 499, §1º CPC vai dizer isso.
O Ministério Público pode recorrer como parte quando estiver como parte, mas quando não se tratar desse caso, poderá recorrer nas hipóteses em que fez intervenção como custos legis, como fiscal da lei. Isso está no art. 499, §2º CPC.
Interesse:
O Interesse no recurso está atrelado ao prejuízo. Logo, pode recorrer quem de alguma forma sofreu prejuízo com o julgado, tanto é que a lei diz no art. 499 CPC que pode recorrer a parte vencida. Nessa configuração do prejuízo, é possível se identificar o que se chama sucumbência recíproca, ou seja, que o pedido foi julgado procedente em parte. Logo, pode haver prejuízo de ambas as partes, já que, por exemplo, a parte autora pede a condenação do réu em 30 mil reais, porém o réu alega que nada é devido. O Juiz profere sentença condenando o réu, porem em 15 mil reais. Nesse caso, as duas partes podem se sentir prejudicadas. Então, se a procedência é em parte, terá a sucumbência recíproca. 
Esse prejuízo deve ser real, pois se consagrou entendimento de que somente o autor tem o interesse de recorrer de sentença terminativa, ou seja, o processo foi extinto sem julgamento do mérito, neste caso só autor poderá recorrer, pois apenas ele sofreu prejuízo. Mas se levarmos em consideração que o réu fez uma defesa consistente e tinha a intenção de que o mérito fosse julgado para que resultasse em coisa julgada e não haver mais a possibilidade de ajuizar a ação. Então, o réu teria o interesse em recorrer, porém é entendimento consolidado dos Tribunais que apenas o autor teria sido prejudicado. Diferentemente do que pensa parte da doutrina, que entende que o julgamento do mérito também e direito do réu. Se for o caso de reconvenção e a mesma também for extinta, o réu poderá recorrer, até porque a reconvenção sustenta o procedimento mesmo se o processo for extinto por qualquer motivo. 
Outra questão importante sobre interesse é o principio proibição da reformatio in pejus, que seria o principio que orienta que o recorrente não pode ter sua situação piorada com o recurso que ofereceu. Isso significa que se não melhorar, também não vai piorar. Se o recurso não for provido, a decisão será mantida. É claro se estivermos na situação de sucumbência recíproca e se deparar com interposição de recurso tanto do autor como do réu, poderá acontecer. Mas não pelo resultado do recurso do recorrente, mas pelo resultado do recurso da parte contrária. Então esse princípio orienta o interesse de agir, pois quando a parte recorre, busca uma melhora na sua situação, não podendo assim piorar. 
Ausência de preclusão lógica:
A presença de preclusão lógica geraria o não conhecimento do recurso, pois ocorre no caso de ato incompatível com o exercício do direito de recorrer. Seriam as hipóteses da renúncia e da aquiescência (aceitação tácita). Quem renuncia ou demonstra, por meio de atos, a aquiescência, não poderá recorrer. 
O art. 502 trata da renúncia, que independe da parte contrária. Renúncia não se confunde com desistência, pois a primeira é prévia, pois antes de recorrer a parte pode renunciar. A desistência é posterior, interpõe o recurso e desiste. Se houve renúncia, não há recurso, pois seria um ato incompatível. 
O art. 503 dispõe que não poderá recorrer caso pratique algum ato inequívoco (que sinalize a falta de vontade em recorrer), seria a aceitação tácita. Exemplo: o réu é condenado a pagar certa quantia ao autor e realiza o pagamento. Porém, ainda no prazo, interpõe recurso. O pagamento seria um ato de aceitação, logo, o recurso não será conhecido, pois se praticou ato incompatível. Nos dois casos o recurso não será conhecido por haver preclusão lógica.
No novo CPC, essas disposições estão no artigo 999 e 1000, sem maiores alterações.
Requisitos extrínsecos
Tempestividade:
A tempestividade é aferida de acordo com a previsão do prazo previsto na lei para interposição do recuro. Algumas observações sobre tempestividade são importantes. Primeiro, os prazos referentes aos recursos são próprios e peremptórios, ou seja, são referentes às pessoas que estão litigando ou que estão fora, mas estão autorizadas, e estão sujeitos a preclusão temporal. Passou o prazo do recurso, houve a preclusão temporal. Na maioria dos recursos cíveis, o prazo é de 15 dias para interpor e para responder (art. 508 CPC). Porém, existem outras disposições que tratam de prazos, por exemplo, o art. 522 diz que das decisões interlocutórias caberá agravo no prazo de 10 dias. Embargos de declaração possuem prazo de 5 dias, como prevê o art. 536. O agravo de admissão possui prazo de 10 dias, vide art. 544. O agravo interno possui prazo de 5 dias, como prevê o parágrafo único do 557. O agravo retido deverá ser interposto imediatamente e oralmente no caso de decisão interlocutória proferida em audiência de instrução e julgamento, conforme §3º do art. 523 CPC, por exemplo, no caso de indeferimento de testemunhas. 
Os prazos fluem a partir da intimação, salvo se a decisão for proferida em audiência, neste segundo caso, passará a correr da leitura da sentença, ou da a partir da publicação, como disposto no art. 506 CPC – 1003 NCPC. 
O novo CPC prevê no §5º do art. 1003, salvo embargos de declaração que continuará com 5 dias de prazo, todos os prazos de recursos serão de 15 dias e serão computados apenas em dias úteis. O agravo retido foi extinto no novo código, pois está em desuso, já que no final, tudo será conduzido pela apelação. 
	Outras questões importantes sobre tempestividade são (próxima aula).
Preparo:
 Regularidade formal:

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