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LFG - RECURSOS E PROCESSOS NOS TRIBUNAIS

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RECURSOS E PROCESSOS NOS TRIBUNAIS – TEORIA GERAL
O primeiro aspecto do conceito de recurso é que o recurso é um meio de impugnação voluntário, ele está posto à disposição do interessado, é preciso que alguém se valha dele. Portanto, dentro dessa concepção, não se pode falar de recurso necessário, um recurso legal, um recurso imposto. Por isso, exatamente porque se entende que o recurso é um meio de impugnação voluntario, no Brasil, o reexame necessário, ou remessa necessária, prevista no art. 475 do CPC, não é recurso. Todos sabem que alguma sentenças se submetem ao reexame necessário.
O segundo aspecto é que o recurso é um meio de impugnação voluntário, revisto em lei. Com relação à isso, cabe a observação do agravo regimental, que é o agravo contra a decisão proferida por relator. Ele recebe esse nome, pois o procedimento desse agravo é regulamentado pelo tribunal, embora seja regulamentado por lei.
O terceiro aspecto do conceito de recurso é um meio de impugnação previsto em lei no mesmo processo, ou seja, o recurso não instaura um processo novo, ele somente prolonga o processo em outra instância, em outro nível, ele é portanto um meio de impugnação endoprocessual. Esta é a característica que distingue um recurso de uma ação rescisória, que impugna uma decisão, que é voluntária, é prevista em lei, mas dá origem a um novo processo. O recurso prolonga a litispendência.
Essas três partes do conceito de recurso são muitos simples, não ensejam problemas. O problema surge na quarta parte, onde o recurso, além de ser um meio voluntário de impugnação, previsto em lei, no mesmo processo, procura reformar, invalidar, esclarecer ou integrar uma decisão judicial. Esses são quatro verbos que correspondem aos propósitos de um recurso, que ou reforma uma decisão, ou invalida uma decisão, ou serve para que uma decisão seja esclarecida, ou que uma decisão seja integrada.
O recurso é um ato postulatório, isso significa dizer que pelo recurso se pede algo, pelo recurso eu formulo um pedido, e como o recurso formula um pedido, ele tem sua causa de pedir. Quando eu recorro eu digo que algo aconteceu e peço uma providência. O problema, meus caros, é que a petição inicial também tem causa de pedir, a questão é que essas são a causa e os pedidos do processo como um todo, compõe o mérito da causa, e o mérito da causa nada tem a ver com o mérito do recurso, de modo que eles não se confundem.
Pedir para rever uma decisão é formular um novo pedido, com uma nova causa de pedir, de modo que todo recurso tem seu mérito, sua causa de pedir, e tudo isso não se confundem com o mérito ou causa de pedir da causa. 
Quando eu recorro, por minha vontade, eu impugno, por um meio previsto em lei, sem dar origem a um novo processo, buscando a invalidação, reforma, esclarecimento ou integração de uma decisão.
Pedir a reforma da decisão, é pedir que ela seja corrigida, aprimorada, aperfeiçoada, onde a causa de pedir do pedido de reforma é o error iudicando, é o erro de análise, é o erro de julgamento, o juiz decidiu mal, a opção que o juiz adotou foi ruim, a solução que ele deu é ruim, você não concorda com que o juiz disse. Por exemplo, o juiz afastou a prescrição, e ao afastar ele cometeu um error iudicando. Do mesmo jeito se você diz que é improcedente e você recorre para pedir a procedência. O error iudicando é uma decisão ruim, que leva ao pedido de reforma.
O segundo pedido recursal possível é o pedido recursal, onde você pede que o tribunal invalide uma decisão, ou seja, que ele a desfaça. Repare que não é corrigi-la, e sim desfazê-la, em razão de um defeito dela, um problema formal, que autoriza o pedido de invalidação da decisão. Desse modo, o que se alega é que a decisão é nula, pois possuí algum problema formal, como a decisão sem motivação, que é uma decisão nula. Quando se recorre para a invalidação de uma decisão não se alega seu conteúdo, mas sua forma. Não se adentra o campo de análise da matéria, se a decisão é errada, mas sim que é nula. Nesse caso, o que se alega é o error procedendo é o que leva à invalidade da decisão. O error procedendo é um erro de forma, ele compromete a validade da decisão.
Pode-se ainda, em um mesmo recurso, cumular pedidos, pedindo reforma e invalidação, desde que sejam partes diferentes da decisão, sendo uma cumulação própria. Pode-se ainda se pedir que seja algo reformado, e se não puder, que seja invalidado, constituindo isso uma cumulação imprópria.
O terceiro pedido possível é o de esclarecimento, onde se pede que a decisão, por obscuridade ou contraditoriedade, seja esclarecida. Esse pedido é feito no recurso e embargos de declaração
O último pedido que pode ser feito no recurso é o pedido de integração, que consiste no pedido para que uma decisão seja completada. A decisão tem uma lacuna e com o recurso pede-se que essa decisão seja completada. A causa de pedir aqui é a omissão. Esse pedido também é feito por meio de embargos de declaração.
PANORAMA DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
As decisões judicias podem ser impugnadas por várias maneiras, e o meio mais comum é o recurso. No entanto, não é apenas o recurso que serve para impugnar uma decisão judicia. Uma decisão judicial também pode ser impugnada por uma AÇÃO AUTÔNOMA DE IMPUGNAÇÃO, que é outro meio de impugnar uma decisão sem ser por recurso. A diferença entre a ação autônoma de impugnação e o recurso, é que a ação autônoma de impugnação dá origem a um processo novo. São ações autônomas de impugnação as ações rescisórias, AS RECLAMAÇÕES, o MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL, a QUERELA NULLITATIS. São demandas novas, que geram demandas novas que tem o objetivo de impugnarem uma decisão judicial.
Ao lado dos recursos e das ações autônomas de impugnação, existe um terceiro grupo de SUCEDÂNEOS RECURSAIS, que é tudo aquilo que serve para impugnar uma decisão e não for um recurso e uma ação autônoma de impugnação. Aqui se encontra o reexame necessário, o pedido de suspensão de segurança, que é um instrumento de que se vale o poder publico para sustar a eficácia de decisões contra ele, a correição parcial.
CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS
A primeira classificação é a que divide os recursos em RECURSOS DE FUNDAMENTAÇÃO LIVRE e RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA.
RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO LIVRE é aquele em que ele pode alegar o que ele quiser, ou seja, o recorrente pode impugnar a decisão por qualquer razão, como ocorre na apelação.
Agora um RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA, é um recurso onde o recorrente somente pode recorrer se alegar uma das causas de pedir recursais tipicamente previstas em lei. São, desse modo, recurso de fundamentação típica, só se podendo valer dele em algumas situações, diante de alguns problemas, como é o caso do Recurso Especial, do Recurso Extraordinário e dos Embargos de Declaração. Quando o recurso é de fundamentação vinculada, é necessário na peça que haja um item separado para demonstrar o cabimento do recurso, ou seja, deve haver um “do cabimento do recurso tal”. 
Outra classificação divide os recursos em RECURSO TOTAL e RECURSO PARCIAL. Essa classificação é apresentada com duas acepções diferentes. A primeira acepção é a de recuso total e parcial de acordo com BARBOSA MOREIRA.
Para Barbosa Moreira o recurso é total quando impugna tudo quanto possa ser impugnado, ele é um recurso total, ou seja, se ele abrange tudo o que for possível. No entanto, se somente se recorre de parte daquilo que pode ser recorrido, ele é um recurso parcial. A importância disso é que, se o recurso é parcial, e uma parte da decisão não é recorrida, a parte não recorrida transitou em julgado.
Na segunda acepção, agora na para DINAMARCO, um recurso pé total quando impugna toda a decisão. Se o recurso só impugnar uma parte da decisão, ele é parcial.
A diferença é que, no caso de dois pedidos, onde o primeiro é improcedente, e o segundo procedente, quando se recorre de todos os fatos julgados improcedentes, para Barbosa Moreira o recurso é total, pois se recorre de tudo que for possívelde ser recorrido, e para Dinamarco é parcial, pois somente recorreu de uma parte da decisão. A de Barbosa Moreira parece mais interessante, pois transfere a classificação para a vontade do recorrente, pois o recurso é parcial ou total para o que o recorrente quiser, ou seja, recorrer de todo o possível ou de parte do possível.
Há que ressaltar que quando se recorre, somente é aberta a possibilidade de revisão da parte impugnada. O recurso parcial é essa limitação ao tribunal da parte que o recorrente deseja que seja reexaminada.
ATOS SUJEITOS A RECURSO
A primeira coisa é identificar os atos sujeitos a recurso, partindo de uma premissa, a de que somente decisões são recorríveis, o que faz com que os despachos, que são pronunciamentos judiciais não decisórios, sejam irrecorríveis. Vamos dividir as decisões em dois grupos. As decisões do primeiro grupo são as DECISÕES PROFERIDAS POR JUIZ e as decisões do grupo dois são as DECISÕES PROFERIDAS EM TRIBUNAL.
As DECISÕES PROFERIDAS PELO JUIZ se dividem em duas espécies, as INTERLOCUTÓRIAS e a SENTENÇA. Um juiz, ou profere uma decisão interlocutória ou uma sentença. Contra a DECISÃO INTERLOCUTÓRIA caberá AGRAVO RETIDO ou AGRAVO DE INSTRUMENTO. Contra a SENTENÇA caberá APELAÇÃO.
Dessa classificação, advêm diversos problemas e observações.
1ª observação: é preciso lembrar-se das decisões parciais, as decisões que atingem parte do processo. Alguns doutrinadores defendem que as decisões parciais são Sentenças parciais e, nada obstante sentenças parciais seriam impugnáveis por agravo de instrumento, uma situação que fugiria a esse padrão de que seria uma sentença, embora designada sentença parcial, impugnável por agravo de instrumento. Esse posicionamento é minoritário, pois permanece a ideia de que as decisões parciais são interlocutórias, por tanto impugnáveis por agravo de instrumento.
2ª observação: nos Juizados Especiais, a sentença não é impugnada por apelação, mas sim por um recurso sem nome, chamado geralmente de Recurso ou Recurso Inominado, sendo um caso de sentença não apelável. As decisões interlocutórias nos Juizados Especiais não são impugnadas imediatamente por Agravo, elas serão impugnadas no recurso contra a sentença, tem-se que esperar a sentença para impugnar as interlocutórias por meio do recurso inominado, o que denota quebra do padrão de agravarem-se as interlocutórias. Nos Juizados Especiais Federais, admite-se agravo contra as interlocutórias que tratam de tutela de urgência.
3ª observação: existem casos de que a sentença é agravável, como a sentença que decreta a falência, a sentença que julga a liquidação de sentença (475-H do C.C/2002).
4ª observação: sentenças em execução fiscal de até 50 (cinquenta) OTN não é apelável, é impugnável por outro recurso, os embargos infringentes. Esses embargos infringentes contra sentença em execução fiscal de até 50 OTN.
5ª observação: se a decisão que concede ou denega assistência judiciária gratuita for dada em autos apartados, a decisão é apelável, se não, é agravável. Somente se decide sobre justiça gratuita em autos apartados na decisão sobre o pedido de revogação de justiça gratuita e o pedido de justiça gratuita feito durante o processo.
6ª observação: sentenças proferidas por Juiz Federal nas causas que envolvem de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, município ou pessoa residente no Brasil, a sentença é impugnável não por apelação, mas Recurso Ordinário para o STJ. Ele tem a forma de apelação, somente o nome é diferente.
7ª observação: Para Belosmar, há um terceiro tipo de decisão. Além das interlocutórias e sentenças, haveria ainda as Decisões de Juiz que não admite apelação. O Juiz conhece da apelação, mas não a recebe, e essa decisão é impugnável por agravo de instrumento. No entanto, ela não será decisão interlocutória pois é uma decisão que pode acabar com o processo, por exemplo, no caso de você não recorrer. Por ela ter esse fim terminativo, ela não seria interlocutória, não sendo também, sentença, até porque é uma decisão proferida após a sentença.
Terminamos o primeiro grupo, e passamos às DECISÕES PROFERIDAS EM TRIBUNAL, onde elas se dividem em DECISÕES UNIPESSOAIS e ACÓRDÃOS. Num tribunal, ou a decisão é proferida por um membro do tribunal, ou ela é colegiada.
As DECISÕES UNIPESSOAIS ou MONOCRÁTICAS se dividem em DECOSÕES DO RELATOR e DECISÕES DO PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL, em algumas causas de sua competência.
Vamos começar a examinar o problema das DECISÕES DO RELATOR, que tem permissão para tomar, sozinho, várias decisões, em prol do princípio da razoável duração do processo, sendo isso uma forma de acelerar o processo no tribunal. No entanto, é preciso garantir à parte a possibilidade de o Órgão Colegiado possa controlar a decisão do relator, pois o relator estará falando em nome do colegiado, garantindo o contraditório. Desse modo, toda decisão de relator deve ser impugnável, por meio de Agravo Interno, também conhecido como Agravo Regimental, que cabe contra qualquer decisão de relator, segundo o art. 39 da lei 8038/90.
Para terminar os recursos contra decisões do relator, tem-se que atentar à decisão que deu provimento ao agravo interno contra decisão de relator que deu provimento à apelação, o colegiado mantém o que o relator disse, ou o colegiado não mantém o que o relator disse, momento em que de um jeito ou de outro o colegiado estará julgando o recurso que fora julgado monocraticamente pelo relator. O julgamento de agravo interno assume a natureza do julgamento feito monocraticamente. Se do julgamento da apelação cabe embargos infringentes, do julgamento do agravo interno contra decisão que julgou apelação, caberá também embargos infringentes. Súmula 316 do STJ e cancelamento da Súmula 599 do STF.
Quanto às DECISÕES DO PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE, caberá agravo. Há aqui uma peculiaridade, dada pelo art. 544 do CPC, que prevê um tipo de agravo contra uma decisão que somente o presidente do tribunal profere, a decisão que não admite recurso especial ou recurso extraordinário. Esse agravo não é agravo regimental, mas sim um agravo específico, com regras próprias, o AGRAVO CONTRA DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSOS ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO.
Terminamos as decisões unipessoais, e agora devem ser examinados os recursos que cabem contra DECISÕES COLEGIADAS, onde cabem 5 (cinco) recurso: EMBARGOS INFRINGENTES, EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, RECURSO ESPECIAL, RECURSO EXTRAORDINÁRIO e o RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL. 
1ª observação: não cabe recurso de agravo ou apelação de acórdão.
2ª observação: existe um caso de Recurso Extraordinário contra decisão de Juiz, que é o caso esdruxulo dos Embargos Infringentes em Execução Fiscal (Súmula 640 do STF).
3ª observação: contra qualquer decisão, cabem embargos de declaração.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS
O recurso, como ato postulatório que é, se submete a um duplo juízo do órgão jurisdicional, um juízo de admissibilidade e o juízo de mérito. O juízo de admissibilidade é preliminar ao juízo de mérito. O juízo de admissibilidade é um juízo sobre a aptidão de exame do pedido. O juízo de admissibilidade é um sobre a validade do ato, se o recurso for válido o pedido por ele formulado poderá ser examinado. Desse modo, o juízo de admissibilidade poderá ser positivo ou negativo, entendendo, respectivamente, o recurso como admissível ou inadmissível. Se o juízo de admissibilidade do recurso for positivo, se o recurso for admissível, será avaliado o mérito do recurso. 
Desse modo, o juízo de mérito do recurso depende de um juízo positivo de admissibilidade do recurso. O juízo de mérito do recurso é o juízo sobre a possibilidade de o pedido ser acolhido. Veja a diferença, no juízo de admissibilidade decide-se se o pedido pode ou não ser examinado, no juízo de mérito decide-se se o pedido vai ser acolhido. No âmbito do juízo de admissibilidade, devem ser usados os verbos “conhecer”, “admitir”, “não conhecer”, “não admitir”. O juízo de mérito se vale do “acolher”, “darprovimento”, “não acolher”, “não dar provimento”, “rejeitar”.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Compete, por regra, que o recurso é interposto no órgão de origem, o órgão que proferiu a decisão recorrida, ou órgão a quo. O órgão de destino é chamado de órgão ad quem. Esse órgão a quo tem competência para formular o primeiro juízo de admissibilidade, e esse juízo sempre estará submetido ao controle do segundo juízo de admissibilidade do órgão ad quem, que poderá refazer esse juízo de admissibilidade.
Quando o juízo a quo não conhece do recurso, caberá um recurso da decisão do a quo que não conheceu do recurso, pois há que se permitir que o ad quem dê a última palavra, que será feito por agravo de instrumento para o tribunal. Se o a quo conhece do recurso, e o tribunal o refaça, não o admitindo, caberá agravo regimental.
1ª exceção: o agravo de instrumento é um recurso interposto diretamente no ad quem, assim, só o ad quem fará o juízo de instrumento dele.
2ª exceção: os embargos de declaração é um tipo de recurso em que ad quem e a quo se concentram no mesmo órgão, de modo que não haverá um duplo juízo, e o juízo de mérito será do mesmo juízo que preferiu a decisão embargada.
3ª exceção: existem alguns recursos que permitem juízo de retratação pelo a quo, que pode reconhecer que cometeu um erro e revogar sua decisão, casos em que o mérito do recurso será de certo modo, apreciado pelo a quo, como se estivesse acolhendo o recurso. Quando o recurso possui esse tipo de efeito, fala-se em efeito regressivo do recurso. Temo como exemplo, a apelação contra sentença que indefere a petição inicial, o agravo de instrumento, a apelação nas causas do ECA.
4ª exceção: não se podem esquecer os embargos infringentes da execução fiscal, onde a quo e ad quem são o mesmo órgão.
NATUREZA JURÍDICA DO JUIZO DE ADMISSIBILIDADE
O juízo de admissibilidade positivo é declaratório com efeitos ex tunc, ou seja, é uma decisão de natureza declaratória com eficácia retroativa. Em compensação, o juízo de admissibilidade negativo, a decisão que não conhece do recurso, onde há uma grande polêmica com implicação práticas, onde existem 3 (três) correntes.
1ª corrente: a decisão seria declaratória com eficácia retroativa, ex tunc. Essa corrente adotada por Barbosa Moreira e Nelson Nery.
2ª corrente: a decisão teria natureza constitutiva com eficácia ex nunc, não retroage.
3ª corrente: a decisão teria natureza declaratória, com eficácia ex nunc, salvo em dois casos, onde a eficácia seria ex tunc. Os dois casos são quando o não conhecimento do recurso se dá por intempestividade ou não cabimento, casos em que a decisão terá eficácia ex tunc, sendo essa a concepção majoritária, que pode ser muito bem visualizada na Súmula 100, III do TST.
As diferenças práticas podem ser vislumbradas na aplicação das correntes à determinado caso concreto. Vejamos, se em uma lide há uma sentença no ano de 2004, onde, após, há o recurso de apelação, que em 2008 não é conhecida pelo Tribunal.
Para a 1ª corrente, essa decisão é declaratória, com efeitos retroativos, o que significa dizer que esse recurso é inadmissível desde 2004, de modo que essa decisão deveria retroagir até 2004, significando que desde 2004 a decisão já teria transitado em julgado, de modo que não caberia nem mais uma ação rescisória contra a sentença, o que gera grande insegurança jurídica, pois é como se acontecesse um trânsito em julgado sem o conhecimento das partes, isso por demora do tribunal.
Para a 2ª corrente, a decisão que não conheceu do recurso não produz efeitos retroativos, somente para a frente, de modo que torna-se possível que se entre com uma ação rescisória.
Para a 3ª corrente, onde há a possibilidade de retroação nos casos de intempestividade ou não cabimento, casos em que não caberia ação rescisória após dois anos do trânsito originário da sentença.
REQUISITOS DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Os requisitos de admissibilidade dos recursos se dividem em dois grupos, os INTRÍNSECOS, pois se refere ao direito de recorrer, e os EXTRÍNSECOS, pois se refere ao exercício do direito, à forma. São REQUISITOS INTRINSECOS o cabimento, legitimidade, interesse e inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer. Já os EXTRÍNSECOS dividem-se em tempestividade, preparo e regularidade formal.
O primeiro requisito de admissibilidade é o CABIMENTO, que ocorre quando a decisão for recorrível e o recurso for o correto. Quando se estuda o cabimento do recurso, a doutrina costuma identificar três normas fundamentais do recurso. A primeira é a regra da taxatividade dos recursos, que diz que somente existem os recursos previstos em lei, em rol taxativo. A segunda regra relacionada ao cabimento é a regra da singularidade ou unirrecorribilidade, que diz que somente é possível utilizar-se de um recurso para impugnar um recurso de cada vez. No entanto, existem mitigações em relação a isso, como o cabimento de recurso especial extraordinário contra o mesmo acórdão, obviamente cada um com um objetivo. A terceira norma relacionada ao cabimento é o princípio da fungibilidade dos recursos. De acordo com o princípio da fungibilidade dos recursos, um recurso indevidamente interposto pode ser aceito como o recurso correto. No entanto, se exige que para a aplicação da fungibilidade, se observem alguns pressupostos. O primeiro deles é a inexistência de erro grosseiro, que é erro não lastreado na jurisprudência ou doutrina, ou seja, ninguém diz que cabe aquele recurso, e o recurso foi manejado. O segundo deles é um pressuposto que a jurisprudência exige, que é o respeito ao prazo do recurso correto, de modo que é até possível que se entre com o recurso errado, mas deve ser respeitado o prazo do recurso correto. Isso busca evitar com que se utilizem recursos incorretos, aproveitando-se da fungibilidade para contornar a perda de um prazo.
O segundo requisito de admissibilidade é a LEGITIMIDADE, que está prevista no art. 499 do CPC, que diz que pode recorrer a parte vencida, o Ministério Público, enquanto fiscal da lei – mesmo que ninguém recorra -, o terceiro prejudicado, sendo este todo aquele que poderia ter intervindo no processo e até então não interveio – com prazo que se inicia conjuntamente ao prazo da parte.
O terceiro requisito é o INTERESSE RECURSAL, que é composto pela utilidade e necessidade do recurso. Ou seja, o recurso tem o poder propiciar algum proveito para o recorrente e deve ser necessário para isso, um instrumento sem o qual esse proveito não poderá ser alcançado. Deve-se pensar se esse recurso pode melhorar a situação do recorrente Se esse proveito só poderá ser alcançado pelo recurso, ele é necessário. Diz-se que se a parte sucumbiu, o há interesse. No entanto, pode não ter havido sucumbência e ainda assim haver interesse recursal. Por exemplo, o terceiro, embora não sucumba, ele tem interesse recursal. Na extinção sem exame do mérito, é o réu quem ganha, mas será que ele não poderia recorrer para pedir uma improcedência, já que ela é melhor para ele do que uma não resolução do mérito? Em relação à isso, a doutrina costuma dizer que não há interesse recursal se o seu recurso se limitar à discussão do fundamento da decisão, de modo que será um recurso absolutamente inútil, pois não traz um real proveito à parte. Trata-se de lição clássica. Eis o problema. Existem duas situações que a prática demonstrou que essa lição clássica necessita de ao menos uma revisão.
1ª situação: quando a coisa julgada é secundum eventum probaciones, a improcedência por falta de prova não faz coisa julgada. Agora a improcedência por ausência de direito faz coisa julgada. No caso de se aplicar a improcedência secundum eventum probaciones é dada por falta de provas, o réu poderá recorrer ao tribunal requerendo que seja trocado o fundamento para falta de direito, fazendo com que haja agora, uma coisa julgada a favor do réu. Esse recurso discutirá apenas fundamentos.
2ª situação: quando se recorre face a uma fundamentação, de modo a evitar a formação de umprecedente, que surgiria com o trânsito em julgado, já que o que abre o precedente é a fundamentação, não o dispositivo. Há aqui um interesse recursal na fixação do precedente.
O quarto requisito é A INEXISTÊNCIA DE FATOS IMPEDITIVOS OU EXTINTIVOS DO DIREITO DE RECORRER, ou seja, são fatos que não podem ocorrer para que o recurso seja admitido, por isso o requisito se constitui da inexistência de fatos, sendo, portanto, um requisito negativo. A doutrina costuma referir-se a três exemplos desse fato. O primeiro deles é a desistência do recurso, que pressupõe que o recurso já tenha sido interposto, de modo que, se eu recorro e depois desisto, não é possível que se recorra novamente, pois este recurso será inadmissível, pois já houve a desistência antes. A desistência de um recurso impede que se recorra novamente. A desistência do recurso não depende de aceitação do ocorrido, e nem depende de homologação, podendo ela ser apresentada até o início da votação. O segundo deles é a renúncia ao direito de recorrer, que é sempre feita antes de se recorrer, de modo que a renúncia extingue o direito de recorrer. Essa renúncia é expressa e não depende de consentimento da outra parte. O terceiro é a aceitação da decisão, já que se a parte aceita a decisão, não há a possibilidade de se recorrer, sendo um caso clássico de preclusão lógica. A aceitação pode ser expressa ou tácita. A aceitação tácita ocorre quando o sujeito pratica atos incompatíveis com a pretensão de se recorrer, como o cumprimento espontâneo da decisão. Repare que cumprir espontaneamente é diferente de cumprir por determinação judicial, caso em que haverá a possibilidade de recurso.
	Agora, comecemos a avaliar os requisitos extrínsecos. O primeiro deles é a TEMPESTIVIDADE, que consiste na necessidade de interposição do recurso no prazo. Em relação a isso, deve-se lembrar que fazenda pública, ministério público e parte assistida por defensor público tem direito a prazo em dobro para recorrer. Fazenda pública e ministério público tem prazo simples para contra razoar recurso, sendo em dobro para parte assistida por defensor público. Litisconsortes com advogados diferentes também tem direito a prazo em dobro, mesmo se os advogados diferentes forem do mesmo escritório. No entanto, de acordo com a Súmula 641 do STF, não há prazo em dobro para recurso se somente um dos litisconsortes tiver sucumbido, pois, nesse caso não há interesse recursal para os dois litisconsortes, não havendo a necessidade do prazo em dobro. Com relação ao recurso precoce, interposto antes do prazo, o STF entende que o recurso interposto antes do prazo é intempestivo, ou melhor, extemporâneo, pois está fora do prazo. O STJ entendia assim, mas modificou seu posicionamento acertadamente, pois o recurso daria a parte por intimada. Outro questão é a Súmula 216 do STJ, que define que a tempestividade de recurso interposto para o STJ é dada na data do protocolo, e não na data de postagem nos Correios. Se na fluência do prazo recursal falece uma parte ou de seu advogado, o prazo será integralmente devolvido, após a intimação da parte, herdeiro ou sucessor, contra quem começará a correr novo prazo após nova intimação.
O PREPARO é o pagamento das despesas relacionadas ao processamento dos recursos, praticado antes de se recorrer. Essas despesas se dividem em duas partes, sendo essas partes a taxa, que é o valor que se paga como custa judicial, e de outro as despesas postais, os portes de remessa e retorno dos autos. No momento do recurso o preparo deve ser comprovado. Existem duas exceções à essa regra. A primeira delas é que nos juizados especiais estaduais, admite-se que se faça o preparo em até 48 horas após a protocolização do recurso. A segunda delas é que o preparo da apelação pode ser feito em até 5 dias após a apresentação da apelação, conforme art. 14, II da lei 9289/96. Existem recursos que dispensam o preparo, por expressa previsão legal, como os embargos de declaração, agravo retido, o agravo do art. 544 e agravo regimental. Existem ainda os sujeitos dispensados de realizar o preparo, que são a fazenda pública, o ministério público, e os beneficiários da justiça gratuita. O art. 519 do CPC dispõe que quando fique demonstrado justo motivo para não ter sido feito o preparo, o juiz relevará a pena de deserção, fixando novo prazo para que seja feito o preparo. Com base nesse dispositivo o STJ já decidiu em Recursos Repetitivos que se o expediente bancário termina antes do expediente forense, pode-se recorrer sem se efetuar o preparo, desde que o faça no primeiro dia útil seguinte, pois se entende ter havido justo motivo, pois a parte tem direito ao tempo total do expediente forense para recorrer, não devendo o expediente bancário limitar o prazo de recurso. Há, por último, a regra prevista no art. 511, § 2º do CPC, que dispõe que nos recursos preparados à menor, se a parte não complete o preparo, será o mesmo julgado deserto. Esse dispositivo não se aplica aos Juizados Especiais, segundo o STJ.
O último requisito de admissibilidade dos recursos é a REGULARIDADE FORMAL, como por exemplo, ser assinado por advogado, ser escrito – já que só se admite por meio oral o agravo retido e os embargos de declaração oral nos Juizados Especiais -, ter fundamentação – em cumprimento ao princípio da dialeticidade dos recursos.
EFEITOS DOS RECURSOS
O primeiro efeito do recurso, o mais básico, é o efeito de IMPEDIR O TRÂNSITO EM JULGADO, prolongando a litispendência. Deve-se lembrar que para Barbosa Moreira, que adota a corrente 1, o recurso inadmissível não impede o trânsito em julgado.
O segundo efeito que um recurso pode ter é o EFEITO REGRESSIVO ou de RETRATAÇÃO, como os Embargos de Declaração e os Agravos de Instrumento.
O terceiro efeito que um recurso pode ter é o EFEITO SUSPENSIVO, que significa que a decisão recorrida não produzirá efeitos enquanto não houver sua confirmação. Desse modo, o recurso prolonga a ineficácia da decisão recorrida. Esse efeito suspensivo pode ser legal, ou seja, definido por lei, portanto, automático, que é o que acontece, por exemplo, em regra, com a Apelação, ou atribuído por efeito da decisão do juiz, que dá ou não efeito suspensivo ao recurso, de modo que todo recurso pode ter efeito suspensivo, seja ele automático, ou por determinação judicial.
O quarto efeito que um recurso pode ter é o EFEITO EXPANSIVO SUBJETIVO. A regra é que o recurso só produz efeito para aquele que recorre, mas existem situações em que o recurso pode expandir seus efeitos para outros sujeitos, além do recorrente. O primeiro exemplo disso são os embargos de declaração que interrompem o prazo para o embargante e para o embargado. O segundo exemplo é o recurso de litisconsorte unitário, beneficia o litisconsorte que não recorreu, conforme art. 509 do CPC. O terceiro exemplo é o recurso de devedor solidário, que beneficia o outro devedor, que não recorreu, se veicular matéria comum à todos, esse recurso beneficiará a todos os outros, conforme o art. 509, Parágrafo Único do CPC.
O quinto efeito que um recurso pode ter é o EFEITO SUBSTITUTIVO, que consiste no fato do julgamento do recurso substituir a decisão recorrida, que deixa de existir em detrimento da decisão que julgou o recurso, que assume, portanto, o lugar da decisão recorrida. Esse efeito somente se produzirá se o recurso for julgado, não sendo esse efeito gerado por recurso inadmissível ou que não tenha seu mérito julgado. No entanto, há um caso em que o mérito do recurso é julgado, mas não há substituição, que é quando há o provimento de um recurso para invalidar a decisão, onde não haverá a substituição da decisão recorrida, mas sim sua anulação, o que torna necessário que seja proferida nova decisão. Observe-se também o seguinte, se o recurso é julgado improcedente, há sim a substituição, por uma decisão igual à decisão recorrida.
O sexto e último efeito é o EFEITO DEVOLUTIVO, que é um efeito próprio de quase todos os recursos. Esse efeito transfere o exame da decisão impugnada ao órgão ad quem, de modo que devolveré transferir. Existem, no entanto, recursos que não transferem, mas somente devolvem, para o mesmo órgão, como os Embargos de Declaração e os Embargos Infringentes de Alçada do em execução fiscal. Alguns autores dizem que quando a devolução se dá para o mesmo órgão, não haveria efeito devolutivo.
Há ainda quem divida o efeito devolutivo em efeito devolutivo imediato e efeito devolutivo diferido. O efeito devolutivo imediato ocorre quando o recurso devolve, transfere a competência imediatamente, que é o que acontece, por exemplo, com o agravo de instrumento. Agora existem casos em que a devolução só ocorre quando houver confirmação posterior do recurso, onde é necessário ratificar o recurso posteriormente, para só então a devolução se aplicar. Ou seja, se recorre, mas não há devolução imediata, sendo o que acontece com o agravo retido. Feitas essas considerações introdutórias sobre o tema, examinemos as dimensões do efeito devolutivo. A doutrina identifica no efeito devolutivo duas dimensões, uma HORIZONTAL ou EXTENSÃO DO EFEITO DEVOLUTIVO e uma VERTICAL ou PROFUNDIDADE DO EFEITO DEVOLUTIVO, ou EFEITO TRANSLATIVO.
A DIMENSÃO HORIZONTAR DO EFEITO DEVOLUTIVO é a dimensão que delimita o que o tribunal terá de reexaminar, qual a parte da decisão o tribunal terá de reexaminar, e é por isso que se usa o termo extensão, área, horizonta, pois se verificará qual a área, os limites, o alcance das partes que o tribunal terá de reexaminar. Essa extensão é determinada pelo recorrente, sendo ele que estabelece os limites que o tribunal apreciará, isso porque o tribunal, ao julgar o recurso, terá de julgá-lo nos limites do pedido do recurso. Pode-se dizer inclusive que a regra que determina que a extensão do efeito devolutivo é determinada pelo recorrente é manifestação do princípio dispositivo. Art. 515, caput do CPC.
Já na DIMENSÃO VERTICAL DO EFEITO DEVOLUTIVO, há a determinação de quais as questões são transferidas para o tribunal para que ele possa julgar o capítulo impugnado, ou seja, é preciso saber quais são as questões que o tribunal terá de examinar para decidir sobre a parte impugnada. Essas questões que sobem pela profundidade do efeito devolutivo são todas as questões suscitadas no processo e as questões de ordem pública – que podem não ter sido suscitadas. Ou seja, sobe tudo de tudo que foi impugnado, ou seja, todas as questões suscitadas e de ordem pública que dizem respeito à parte recorrida sobem. A extensão do efeito devolutivo bitola a sua profundidade. Art. 515, § 1º, 2º do CPC.
RECURSOS EM ESPÉCIE
A APELAÇÃO é o recurso contra sentença, e por um tradição do direito brasileiro as regras para a apelação funcionam como regras gerais, de modo que boa parte do assunto apelação já acabou por ser visto em teoria dos recursos.
O ponto mais peculiar que não foi ainda estudado sobre a apelação é o efeito suspensivo da apelação, que, por regra, é automático. Ou seja, a apelação prolonga a ineficácia da Sentença. No entanto, há casos em que a apelação não tem esse efeito suspensivo automático, de modo que esse efeito tem que ser pedido. Pelo código não regular isso, há muitas dúvidas de como requerer o efeito suspensivo, de modo que restam duas opções. Ou se apela e após se entra com uma cautelar no tribunal para pedir o efeito suspensivo ou se apela e já pede o efeito suspensivo no bojo da própria apelação. Caso o juiz negue, caberá agravo de instrumento. A segunda opção é mais bem vista pelo STJ, embora ambas sejam viáveis e corretas. Pode ainda acontecer a apelação ter efeito suspensivo para um capítulo e não ter efeito suspensivo para o outro capítulo.
Comecemos a examinar os casos em que a apelação não tem efeito suspensivo automático, que estão elencados no art. 520 do CPC, não concedendo efeito suspensivo automático nas sentenças que: (1) homologuem a divisão ou a demarcação de terras, (2) condene à prestação alimentícia, (3) ---, (4) que decide o processo cautelar, (5) que rejeita liminarmente embargos à execução sem julgá-los improcedentes – verificado nos casos em que os embargos à execução, que são uma forma de o executado se opor a execução de título extrajudicial. Se o juiz rejeita liminarmente esses embargos, ou os julga improcedentes, decisões favoráveis ao exequente, decisão que se dará por meio de sentença, elas são apeláveis, mas sem o efeito suspensivo, pois nesse caso a rejeição liminar ou a improcedência vão produzir efeitos imediatos, que é permitir a retirada do efeito dos embargos, que estavam suspendendo a execução, que agora, volta a correr -, (6) contra sentença que julga procedente de instituição de arbitragem – quando, por exemplo, há uma convenção de arbitragem, uma parte se nega a utilizá-la, a outra vai a juízo para obriga-la, e essa sentença tem efeitos imediatos, (7) contra sentença que confirme os efeitos da antecipação de tutela, não havendo efeitos suspensivos em relação àquilo que foi antecipado e confirmado em sede de liminar, se aplicando também nos casos em que a sentença revoga a tutela antecipada, ou seja, a revogação é imediata, de modo que a apelação não suspende a revogação da tutela antecipada.
Além das hipóteses do art. 520, existem ainda outras hipóteses em que a apelação não terá efeito suspensivo automático, como a (1) sentença que decreta a interdição, (2) sentença que julga procedente o mandado de segurança, (3) sentença em ação coletiva, (4) sentença em ação de despejo, (5) sentença que defere adoção, salvo adoção internacional ou que enseje possível risco de dano ao adotando, (6) sentença que concede habeas data, (7) sentença que destitui ambos os pais do poder familiar.
Vejamos agora o problema do § 3º do art. 515. Imaginemos uma sentença terminativa, como aquela em que o mérito não é examinado. Se o sujeito apela de uma sentença terminativa, ele apela de uma sentença em que o mérito não foi examinado pelo juiz. Tradicionalmente, em uma situação como esta, o tribunal não poderia avançar para examinar o mérito, mas isso está superado, sendo possível que o tribunal avance para julgar o mérito que não foi julgado na primeira instância, o que é chamado por alguns autores de julgamento direto do mérito pelo tribunal ou julgamento per saltum. Para que o tribunal possa avançar sobre o mérito não analisado na primeira instância, é necessária a observância de alguns pressupostos. 
O primeiro deles é a necessidade de a apelação ser provida, pois se ela for improvida é porque o juiz acertou, não havendo necessidade de o tribunal adentrar o mérito. O segundo deles é a causa estar madura, não havendo nada que precise ser feito para que a causa possa ser julgada. Desse modo, se o mérito não foi julgado pelo juiz indevidamente, pois já está pronto para ser julgado, e já está pronto para ser julgado, não há necessidade de mandar o processo à primeira instância, bastando julgá-lo no tribunal. Há ainda um terceiro pressuposto, sobre o qual orbita certa polêmica. Ele diz que para que o tribunal aplique o §3º do art. 515 do CPC, isso deve ser pedido pelo apelante.
Vejamos agora o cabimento ou não de inovação em matéria de fato na apelação. Caberá inovação em matéria de fato na apelação em duas situações, a primeira delas, se os fatos forem novos, por força do art. 462 do CPC. A segunda situação é quando, embora os fatos sejam antigos, o acesso da parte à eles só se deu, por um justo motivo, neste momento.
A apelação é proposta perante o juiz da sentença, ele vai receber a apelação, e ao recebe-la ele pode, logo, não admiti-la. Se ele não admitir, caberá agravo de instrumento. Se ele admitir, mandará ouvir o apelado, que poderá contrarrazoar, que, sendo apresentadas, abre ensejo ao juiz fazer um novo juízo de admissibilidade e admitir, ou não, a apelação. Desse modo, o juiz da causa faz dois juízos de admissibilidade da apelação, antes e depois das contrarrazões.
Se a apelação é contra entendimento sumulado, o juiz pode até não receber a apelação, pois ela se coloca contra entendimento sumulado, constituindo o que se chama de Súmula impeditiva de recurso.No entanto, existem casos em que a apelação nessas situações terá de subir, mesmo com a sentença baseada em Súmula. Os casos são os que a apelação alega a nulidade da decisão, pois ela não está discutindo a decisão, seu conteúdo, mas sim sua forma. Ou seja, se a apelação é por error in procedendum, ela terá de subir. O segundo caso é o de o apelante, na sua apelação, fazer o distinguishing, que pode demonstrar que a súmula não se aplica naquele caso, de modo que ele não discute a tese sumulada, mas sim a aplicação dela no caso, querendo, desse modo, preserva-la. A terceira situação é a que o apelante demonstra razões para o overruling, ou seja, se ele traz argumentos que justifiquem a superação da súmula, e é isso que faz com que a jurisprudência mude. Deve-se lembrar de que caberá agravo de instrumento do não recebimento.
Os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO são um recurso bastante esquisito, a começar por ser um recurso cujo prazo é de cinco dias, um recurso que não tem preparo, um recurso que será julgado pelo mesmo órgão que proferiu a decisão embargada. O juiz julga os embargos da sentença. O colegiado julga os embargos do acórdão. O relator julga os embargos contra decisão dele próprio.
A natureza jurídica da decisão que julga os embargos de declaração. A decisão que julga os embargos de declaração se incorpora à decisão embargada, passando a fazer parte da decisão embargada, assumindo a sua natureza jurídica.
Caberá embargos de declaração de qualquer decisão, mesmo decisão de relator. O Supremo diz que não cabe embargo de decisão de relator, recebendo-os como agravo regimental. No entanto, não basta saber qual a decisão embargada, isso porque os embargos de declaração é um recurso de fundamentação vinculada, de modo que não é possível que se embargue alegando qualquer coisa, sendo necessário que se aponte uma das hipóteses típicas de embargos. A primeira hipótese é de haver obscuridade na decisão. A segunda hipótese de haver contradição na própria decisão. A terceira hipótese é a de haver omissão na decisão. A quarta hipótese é a de haver erro material na decisão. A quinta hipótese é a de decisão ultra ou extra petita. A sexta hipótese é a do art. 897-A da CLT, que prevê o cabimento de embargos de declaração em caso em que se aponta erro no exame dos requisitos extrínsecos de admissibilidade do recurso (tempestividade, preparo e regularidade formal). A sétima hipótese é a prevista na lei dos Juizados Especiais, que admite embargos de declaração quando houver dúvida na decisão.
Se os embargos se baseia em uma obscuridade, contradição, omissão, possui erro material, ou cometeu erro nos requisitos de admissibilidade extrínsecos, o acolhimento dos embargos há de mudar a decisão, de modo a sanar o que foi alegado. Essa possibilidade de modificação da decisão pelos embargos de declaração existe, desde que os embargos sejam acolhidos. Ou seja, os embargos de declaração possuem sim natureza modificativa. Com relação à isso, apesar de o CPC não prever contrarrazões para os embargos declaratórios, se se torne possível que haja efeitos modificativos do embargo, há a necessidade de, para concretizar o contraditório, ouvir o embargado.
Nos casos em que uma parte apele, e a outra embargue, e o juiz acolha os embargos, modificando a decisão que então se modificou, deixando de ser a decisão que foi apelada pela segunda parte, abre-se a possibilidade de se aditar a apelação, tendo em vista a assunção da natureza jurídica da decisão embargada pelos embargos. Isso é chamado de princípio da complementaridade, que garante o direito da parte que já havia recorrido, de complementar o seu recurso se a decisão impugnada tiver sido modificada.
A súmula 418 do STJ diz que, mesmo com o julgamento improcedente dos embargos de declaração face à acórdão, que não modifica em nada o acórdão, a parte tem que voltar a juízo e ratificar o recurso especial interposto antes dos embargos de declaração da outra parte.
FALTAM AS AULAS DA SEGUNDA PARTE SOBRE EMBARGOS DECLARATÓRIOS
RECURSO ESPECIAL E EXTRAORINÁRIO (RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS)
Esses assuntos devem ser estudados conjuntamente, vez que o recurso especial nada mais é do que o velho recurso extraordinário quando a competência era única do STF, agora transferida para o STJ.
Ambos os recursos, extraordinário e especial, tem o prazo de 15 (quinze) dias, interpostos no tribunal ad quo, que fará o primeiro juízo de admissibilidade, e só então irão para o tribunal superior, e são recursos que não tem efeito suspensivo automático, cabendo, portanto, ao recorrente, pedir esse efeito suspensivo, que deve ser pedido no tribunal de origem, o ad quo, enquanto não for feito o juízo de admissibilidade no tribunal ad quo, cabe ao presidente do tribunal local, examinar esse pedido de efeito suspensivo. Já tendo sido feito o juízo de admissibilidade na origem, o pedido de efeitos suspensivo será feito ao tribunal ad quem. Isso é consolidado em duas súmulas do STF, as Súmulas 634 e 635, ambas do STF.
Os recursos extraordinários, enquanto gênero, pressupõe o esgotamento das instâncias ordinárias. Os recursos extraordinários são recursos de fundamentação vinculada, devendo-se encaixa-lo em uma das hipóteses típicas, sendo tais hipóteses definidas pelo texto constitucional. Desse modo, diz-se que os recursos extraordinários são recursos de efeito devolutivo restrito, pois somente se pode valer de recursos extraordinários para impugnar questões de direito, seja direito federal – Resp -, seja direito constitucional – RE. Exatamente por conta disso tudo, se diz que não cabe recursos extraordinários para reexame de fatos, de provas – Súmula 07 do STJ. Veja bem, não se pode pedir o reexame de provas, mas nada impede que se peça o controle das regras de observação de provas, ou seja, do direito probatório. Note-se que não se pretende o reexame da prova, mas sim um controle da aplicação do direito probatório, discutir o direito probatório. Do mesmo modo, não é cabível recurso extraordinário para discutir interpretação de cláusula contratual, conforme Súmula 05 do STJ. No entanto, às vezes, a interpretação de uma cláusula contratual define qual é o direito aplicável ao caso, e isso se vai saber a depender de como se interpreta aquela cláusula. Quando isso acontece de a intepretação de uma cláusula contratual determinar qual é o direito que se aplica ao caso, caberá recurso especial, se a discussão da interpretação de cláusula contratual for necessária para se descobrir qual o direito aplicável ao contrato. É dentro desse contexto que surge a conhecida figura do prequestionamento, figura que possui três correntes. Para a primeira corrente, o prequestionamento é um ato da parte que consiste no ato de a parte ter suscitado, durante o processo, a questão que está sendo arguida no recurso. Desse modo, se a parte recorre discutindo um tema ainda não suscitado, o recurso não será admitido por falta de prequestionamento. Para a segunda corrente, só há prequestionamento se a questão tiver sido suscitada e o tribunal recorrido tiver se manifestado sobre ela, não se exigindo somente a prévia provocação, mas também a manifestação do tribunal. Já a terceira corrente, o prequestionamento é a prévia manifestação sobre a questão na decisão recorrida, de modo que se a questão foi enfrentada na decisão recorrida supriria o prequestionamento.
Qualquer que seja a concepção adotada, o prequestionamento é uma exigência de admissibilidade dos recursos extraordinários, de modo que se não houver prequestionamento, o recurso nem será conhecido. Outra observação é que se a segunda situação acontecer, indiscutivelmente há prequestionamento, pois supre a primeira e a terceira corrente. Outra observação é que a terceira corrente é bem aceita como hipótese de prequestionamento, pois se a questão não foi manifestada, e o tribunal a coloca de ofício, deve ser possível a interposição do recurso.
O STF aceita o prequestionamento ficto, que ocorre quando não há a manifestação expressa do tribunal a respeito do fato impugnado,mas devidamente embargado. O STJ não aceita essa hipótese.
Há ainda a possibilidade do prequestionamento implícito, que é aquele em que a questão foi examinada, mas não houve menção ao artigo de lei. Esse prequestionamento é admitido nos tribunais superiores.
 Se o recurso extraordinário, enquanto gênero, depois de sua admissibilidade, não há nenhuma restrição. Admitido o recurso extraordinário, a jurisdição do tribunal superior se abre, e o tribunal superior terá de julgar novamente a causa, reexaminado todas as questões relevantes para o julgamento da causa em relação ao capítulo impugnado, inclusive questões de fato, de prova. Veja, o recurso não pode ser admitido para reexaminar prova, mas uma vez admitido o recurso, ele terá de julgar novamente o impugnado, o que inclui as questões de fato, de prova, de ordem pública, conforme Súmula 456 do STF.
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS RETIDOS – ART 542, § 3º.
Imagine uma decisão interlocutória, e dessa decisão, seja interposto um agravo de instrumento, e que o tribunal conheça e julgue esse agravo. Do julgamento do agravo, cabe Recurso Especial ou Extraordinário (Súmula 86 do STJ). Esse recurso Especial ou Extraordinário fica retido, preso nos autos, não subindo imediatamente, sendo essa a situação em que o recurso especial ou extraordinário fica retido. Isso não se aplica, ou seja, não se retém recurso em processo de execução. A jurisprudência ampliou os casos em que essa retenção não se aplica, não cabendo também em decisão que verse sobre tutela antecipada e competência. Havendo retenção, há que se pedir o destravamento do recurso, sendo entendimento do STJ que esse pedido pode ser feito de qualquer maneira, podendo ser feito por ação cautelar, petição simples e etc.
Em relação ao recurso retido, ele fica retido e como todo o recurso retido, ele deve ser confirmado depois, e essa confirmação deve ser feita quando somente couberem os recursos especial ou extraordinário da decisão final nas instâncias ordinárias.
RECURSO ESPECIAL
O recurso especial só cabe contra acórdão de TJ ou TRF, por isso que não cabe Recurso Especial de decisão de turma recursal de juizados especiais. As hipóteses de Recursos Especiais estão previstas no Art. 105, III da CRFB, que são cabíveis quando a decisão recorrida contrariar, ofender de qualquer maneira, tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência. No entanto, se a violação for à tratado que diz respeito a direitos humanos, aprovado com quórum qualificado, não se aplica o recurso especial para o STJ, mas sim o extraordinário para o supremo, Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal. A terceira possibilidade é quando o acórdão der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Esse recurso tem o objetivo de uniformizar a jurisprudência no país.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
O Recurso Extraordinário cabe contra qualquer decisão, desde que seja final nas instâncias ordinárias, por isso cabe no âmbito dos juizados especiais, inclusive de decisão de juiz, naquele caso da Execução Fiscal nas casas de alçada, de 50 OTN’s. Não caberá recurso extraordinário contra decisão de proferida no processamento de precatórios, por entender-se tratar de decisão administrativa. Não caberá ainda recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar. Não cabe recurso extraordinário por ofensa reflexa, oblíqua, indireta à Constituição. Ofensa reflexa é aquela que pressupõe o exame de lei.
O recurso extraordinário é, talvez, o principal instrumento do controle difuso de constitucionalidade, e o controle difuso de constitucionalidade tem passado por uma transformação muito significativa no Brasil, sobretudo em um aspecto. Há o entendimento que as decisões em controle difuso criam um precedente com eficácia erga omnes, fixando um precedente que servirá a todo mundo que estiver naquela situação.
Quanto à repercussão geral do recurso extraordinário, exigida pela emenda 45 de 2005, passa a ser um requisito de admissibilidade do recurso extraordinário, que só será conhecido se a questão nele discutida tiver repercussão geral, que consiste na demonstração de que a causa transcenda o interesse pessoal, ou seja, o ali discutido, transborda da sua causa. O constituinte estabeleceu outras exigências, como a de que só o STF pode examinar a repercussão geral, de modo que o ad quo não pode dizer quem não há repercussão geral, somente o ad quem. O ad quo pode até não aceitar o recurso por você nem alegar ou tentar demonstrar a repercussão geral, mas adentrar neste mérito de avaliar ou não, só o supremo pode. Para o Supremo dizer que não há repercussão geral, 8 dos 11 ministros precisam dizer que não há repercussão geral. Isso quer dizer que, se 7 ministros do supremo disserem que não há repercussão geral, haverá repercussão geral. Desse modo, se quatro disserem que há repercussão geral, haverá repercussão geral, conforme art. 543-A.
Protocolo Banco do Brasil: 8653871

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