Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Definição: Politrauma: conjunto de lesões traumáticas simultâneas em diversas regiões, órgãos ou sistemas do corpo, em que pelo menos uma delas pode colocar o paciente em risco de morte. Epidemiologia: O TCE é a principal causa de óbito na população infanto juvel e apresenta morbidade significativa. Causas traumáticas que levam ao óbito: atropelamento, quedas, afogamento, suicídio/homicídio (adolescentes). Tratamento: Avaliação rápida das lesões; Medidas para suporte de vida; Tudo isso para uma abordagem sistematizada; Tem-se início do atendimento na fase pré-hospitalar; A primeira hora de atendimento é considerada a hora de ouro. Particularidades da anatomia e fisiologia da criança: Cabeça: grande em relação ao corpo; Pescoço curto; Musculatura cervical: mal desenvolvida; Cavidade oral: pequena com língua grande; Laringe: posição cefálica e traqueia curta; Lactentes: respiração predominantemente nasal; Caixa torácica: proteção reduzida a órgãos nobres; Grandes vasos/mediastino não são fixos (maior risco de pneumotórax hipertensivo); Superfície corpórea maior – aumento na perda de calor e maior risco de hipotermia/acidose metabólica; Maior dificuldade de interação com a criança (ficam assustadas). Aspectos da criança politraumatizada: Politrauma relacionados à óbitos; Podem ser imediatos após o trauma Posteriores a 4 horas; E tardios; Importância do atendimento pré-hospitalar: a maiorias das lesões são consideradas tratáveis entre o trauma e o atendimento hospitalar. Atendimento pré-hospitalar: Manutenção das vias aéreas; Controle de sangramentos externos e do choque; Imobilização do paciente; Transporte imediato ao hospital apropriado mais próximo. Metas do atendimento pré-hospitalar: - Otimizar o tratamento no local do trauma; - Notificar o hospital que admitirá o paciente; - Preferência: centro de trauma pediátrico; - Abreviar permanência da criança no local do trauma; - Situações de desastre: privilegiar os que tem maiores possibilidades de sobrevida. Exame primário – ABCDE: A: manutenção de vias aéreas + proteção da coluna cervical. B: respiração/ventilação. C: circulação com controle da hemorragia. D: avaliação neurológica. E: exposição/controle do ambiente. Despir o paciente e prevenir hipotermia. A – Manutenção das vias aéreas + proteção da coluna cervical: Componente mais crítico; Limpar e aspirar corpos estranhos; Atentar fraturas faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas; Não hiperestender, hiperfletir ou rodar a cabeça e pescoço; Elevar a mandíbula ou levantar o queixo; Intubação – indicações: parada respiratória; falência respiratória; obstrução de vias aéreas; ECG menor ou igual a 8; necessidade de suporte ventilatório prolongado. Se indicada intubação, deve-se preceder a ventilação com bolsa – máscara e oxigênio; Sedação/analgesia adequada (SRI); Cricotireoidostomia em trauma facial grave. Cuidados com a coluna cervical: comprometimento anatômico x funcional. Anatômico: lesão óssea vertebral; funcional: lesão da medula espinal sem anormalidade radiológica. B – Respiração e ventilação: Vias aéreas pérvias e ventilação adequada; Ventilação adequada – correto funcionamento dos pulmões/expansibilidade da parede torácica; Inspeção, percussão e ausculta; Drenagem torácica: indicação diante de hemotórax ou pneumotórax hipertensivo. 4°/5° EIC na linha axilar média, sendo dreno proporcional à criança. Se suspeita de pneumotórax hipertensivo: toracocentese/punção de alívio. Evitar distensão gástrica. Sonda naso/orogástrica; Lembrar que em trauma craniofacial grave não se deve passar sonda naso/orogástrica – risco de migração da sonda para o SNC; Fazer oximetria de pulso. C – Circulação e controle da hemorragia: Controlar hemorragias externas; Suporte de função cardiovascular e perfusão sistêmica; Restauração e manutenção do volume sanguíneo adequado; Lembrar que a principal causa de óbitos passível de evitada é falta de diagnóstico no manejo de sangramentos internos em traumas abdominais fechados. Intervenção cirúrgica pode ser necessária em ambiente hospitalar para controle definitivo de hemorragias internas; Hemorragias externas: compressão direta sobre ferimentos, fraturas desalinhadas de ossos longos e lesões tegumentares. Atentar-se para alguns sinais clínicos: aumento da FC; diminuição dos pulsos periféricos; aumento da TEC (tempo de enchimento capilar); extremidades frias; diminuição do nível de consciência (comprometimentos circulatórios mais graves). Esses sinais aparecem geralmente quando temos sangramento com perda maior que 15% de volume sanguíneo. Manter a diurese em torno de 1mL/kg/hora – sondagem vesical de demora; Hipotensão – é um sinal tardio: só vai ocorrer se tiver perda de 30% do volume sanguíneo, portanto, a reanimação fluídica deve ocorrer antes da hipotensão. Acesso vascular: rápido, de preferência 2 cateteres de grosso calibre em MMSS; intraósseo caso via venosa não possa ser obtida; acesso venoso central – Seldinger/Dissecção. Definições e sistematização do atendimento/conduta: Perfusão sistêmica inadequada com PA normal (TEC> 3s, paciente oligúrico/anigúrico, com alteração no nível de consciência): - Choque compensado: bolus cristaloide – 20 mL/kg 10 a 20 minutos e reavaliação após; - Se choque após 2 bolus de cristaloides: hemácias 10 mL/kg; - Se choque persistente após reposição volêmica e controle de hemorragias externas, investigar hemorragias internas – locais como tórax, abdome e pelve. Hemotórax: exame clínico e radiológico (imagem abaixo – opacidade total em hemitórax esquerdo); Pelve: instabilidade com alargamento lateral (fratura de osso do quadril na imagem abaixo, com alargamento da sínfise púbica que pode ocasionar sangramento interno); Abdomen: US FAST ou LPD em ausência de FAST/falsopositivo. D – Avaliação neurológica: Exame sumário das pupilas; ECG: se menos ou igual a 8, risco maior de mortalidade e de sequelas neurológicas graves; Rebaixamento do nível de consciência pode ser resultado de trauma direto no cérebro ou má perfusão cerebral. E – Exposição: Retirar roupas para facilitar execução de procedimentos e visualização de lesões ou deformidades; Exame completo dos segmentos corpóreos; Monitorar temperatura – crianças apresentam superfície corpórea maior, com rápida perda de calor; Oferecer calor radiante, cobertores elétricos se necessário. Considerações para evitar erros: - Cada serviço deve ter um check list do trauma; - Erros comuns: não retirar roupas, estimativa errada do peso, não imobilização do pescoço, infusão de líquidos sem aquecimento, não ofertar oxigênio nos primeiros minutos; - Monitorização cardíaca contínua; - Sondagem vesical contínua. Quanto à sondagem vesical, existem contraindicações: sangue meato peniano, equimose perineal, sangue no escroto e fratura pélvica. Exame secundário: Iniciar após término do ABCDE; História clínica + exame físico completo; Reavaliar todos os sinais; Comorbidades, alergias e uso de fármacos; Solicitar Raio X – protocolo: cervical, tórax e pelve; Palpar ossos para identificar fraturas ocultas; Avaliar e tratar a dor sem sedar o paciente. Transporte da criança politraumatizada - Objetivos: Atendimento adequado em menor tempo possível; Assegurar vias aéreas pérvias e acesso venoso; Monitorar parâmetros vitais; Evitar deterioração do paciente. Situações que indicam transferência em UTI: Via respiratória instável; Comprometimento respiratório; Choque descompensado ou hemorragia contínua; Risco significativo de hemorragia; ECG menor que 12; Monitorização intracraniana– cateter de PIC; Fratura instável de vértebra; Trauma de extremidade com possível comprometimento arterial do membro.
Compartilhar