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psicologia escolar

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MULTIVIX
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
AUREA CASECA
DENISE DE QUEIROZ CORREA
LUIS CLAUDIO ZANOTELI FILHO
JULIANA RIBEIRO
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO: ESTUDO DE CAMPO DE ATUAÇÃO
Cachoeiro de Itapemirim
2022
1 INTRODUÇÃO
Em termos históricos, existem diferentes interpretações da evolução da psicologia da evolução da psicologia da educação ao longo do século XX que contribuíram para sua definição atual. É uma área que aborda questões existentes na filosofia da Grécia antiga.
Porém, sua concepção enquanto campo de atuação profissional, advém do estabelecimento da psicologia na condição de disciplina científica. Após o reconhecimento da educação como área de relevância nos estudos da psicologia, vários autores contribuíram para a consolidação desse saber e seus métodos, como: Galton (1822-1911), Hall (1844-1924), W.James (1842 -1910), Binet (1857-1911). 
Também é decisiva a influência de J. Dewey (1859-1952) através da sua proposta de que a identidade e estatuto epistemológico da psicologia da educação passariam por considerá-la uma ciência-ponte entre a psicologia e a prática educativa.
A psicologia escolar começou a ser introduzida no Brasil, após o curso de graduação em psicologia ser implementado. Antes disso, a relação entre psicologia e escola ocorria através dos conteúdos da psicologia que eram úteis ao processo de ensino-aprendizagem.
Inicialmente, o foco do trabalho era no ajustamento e na adaptação do aluno, em que o psicólogo diagnosticava alunos com dificuldade de aprendizagem. Mais adiante, houve um período em que a orientação vocacional se tornou mais significativa. E pouco a pouco, a psicologia passou a lidar com as questões mais diversas e abrangentes da aprendizagem.
Vale lembrar que a profissão de psicólogo especialista em Psicologia Escolar/Educacional está regulamentada pela resolução CFP 013-2007
 
2 MOTIVO DA ESCOLHA
Nossa decisão pela psicologia escolar reside no fato da escola ser um lugar de transformação e construção do individuo da sociedade como um todo. O cuidado com a saúde mental nesse ambiente é de inequívoca importância, visto que mudanças que visam melhorar a equação de ensino-aprendizagem trazem benefícios não só a comunidade escolar, mas uma ampla camada da população.
A psicologia educacional, como também é conhecida, pode ser utilizada no diagnóstico de condições e circunstâncias que dificultam a aprendizagem. Assim como identifica melhores metodologias e propõe formas mais eficientes de produção e transmissão do conteúdo.
Além disso, em um mundo que demanda tanto das crianças e da escola, o psicólogo serve de apoio e suporte para os que se sentem sobrecarregados e desmotivados. Após a pandemia, ficou ainda mais evidente que a terapêutica psicológica é, de fato, indispensável. Portanto, para um melhor proveito das potencialidades e um manejo eficaz das dificuldades de cada aluno , a ajuda de um profissional psicólogo é cada vez mais requisitada.
3 O PAPEL DO PSICÓLOGO ESCOLAR E SUAS PRINCIPAIS ATIVIDADES 
Podemos dizer que o elemento definidor de um psicólogo escolar não é o seu local de trabalho, mas o seu compromisso teórico e prático com as questões da escola. 
No que compete à ação do psicólogo, propomos a descrição e análise da 
relação entre o processo de produção da queixa escolar e os processos de 
subjetivação/objetivação dos indivíduos nele envolvidos, como uma mediação 
necessária à superação das histórias de fracasso escolar. 
Os psicólogos da área perguntam sobre os conteúdos escolares, procuram entender como são trabalhados na sala de aula e investigam com a escola (em conversa com professora/coordenadora/diretora e em observações na escola) o que acontece quando a professora ensina, o que ensina, quando os alunos aprendem, quando não aprendem. O que ocorre que às vezes não dá vontade de ensinar, de aprender? O que acontece quando os alunos fazem uma parte do que é solicitado? Questões frequentes da aprendizagem e da relação aluno-escola.
A avaliação e a intervenção não podem se pautar por métodos que visem encontrar nos indivíduos a explicação para a "queixa". Não se trata de desfocar a criança, para culpabilizar a família e/ou a escola. O questionamento se pauta na circunstâncias que podem ser transformadas.
 
Se consideramos que a subjetividade só se constitui a partir das condições concretas de vida dos indivíduos, é a historicidade dos fatos apresentados como "queixa" que deverá ser investigada. Trata-se de buscarmos, com todos os envolvidos, as ações, os acontecimentos, as concepções que "produziram" a "queixa" e "motivaram" seu encaminhamento, conforme nos indica Machado 
(2000). 
 
A avaliação aqui adquire caráter investigativo e não classificatório, do que concluímos que a base de nossa avaliação é o resgate histórico das situações concretas que permitiram a existência da "queixa". Identificar as possibilidades concretamente existentes para a superação dessa condição, constitui-se no desafio da intervenção.
Pode-se afirmar que no trabalho do psicólogo educacional, tem-se : 
1. Criação de relações positivas entre estudantes e professores, bem como entre os próprios alunos.
2. Promoção de um comportamento adequado perante as tarefas apresentadas.
3. Apoio a alunos que demonstram distúrbios psicossociais persistentes.
4. Assessoria na elaboração de métodos de ensino, planos de estudo e projetos pedagógicos.
5. Auxílio a professores em sua abordagem em sala de aula.
4 MERCADO DE TRABALHO 
O mercado de trabalho nessa área da Psicologia está aquecido, e a tendência é ampliar. Isso se deve, principalmente, a três fatores, elencados a seguir.
O primeiro é a crescente preocupação com a saúde mental na sociedade, tanto no âmbito escolar quanto no corporativo e em outras esferas. Consideram-se, em especial, as altas taxas de brasileiros padecendo de depressão e ansiedade e de outras condições.
Não é que o profissional vá suplantar o espaço da Psicologia Clínica fora da escola, mas ele deve dispor de um repertório de conhecimento e ferramentas que lhe permitam identificar tais situações, ofertando acolhimento e orientação.
O segundo ponto é que, durante o cenário de Covid-19, o psicólogo se tornou um profissional muito requisitado. Diante das reconfigurações que estão em curso e vão acontecer no espaço escolar, o profissional é uma importante interface entre instituição e família-estudante nesse momento de transição.
Um terceiro fator é a aprovação da Lei Psicólogo na Escola, nº 13.935, de 11 de dezembro de 2019, que dispõe sobre atuação da Psicologia e Serviço Social nas redes públicas de educação básica no Brasil, fato muito relevante, já que dá início à inserção formal e estruturada do profissional nas escolas públicas.
5 PRINCIPAIS DESAFIOS E CONQUISTAS DA PSICOLOGIA ESCOLAR
6 CONTRIBUIÇOES PARA PSICOLOGIA NO BRASIL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Psicologia Escolar, enquanto campo de produção científica e de atuação profissional do psicólogo, caracteriza-se pela inserção da Psicologia no contexto escolar com o objetivo de contribuir para a promoção do desenvolvimento, da aprendizagem e da relação entre esses dois processos. 
Inserido neste contexto de formação coube ao psicólogo escolar, por muito tempo, classificar os alunos com dificuldades escolares e propor métodos especiais de educação, tentando ajustá-los aos padrões de normalidade aceitos socialmente. 
Entretanto, a partir do afastamento em relação à postura adaptativa e corretiva, a Psicologia Escolar tem buscado solidificar uma atuação de caráter preventivo e relacional que se sustenta muito mais em parâmetros de sucesso do que de fracasso. Conforme pontuam Neves e Almeida (2003), o fracasso escolar no Brasil configura-se como um grave problema social que demanda contribuições das diversas áreas do conhecimento, sendo que do ponto de vista da Psicologia essa contribuição torna-se relevante quando se ultrapassam as práticas conservadorasque tratam o fracasso do aluno como um problema individual ou do seu meio familiar. O fracasso escolar carrega, em sua base, a responsabilização (ou culpabilização) ao próprio aluno e à sua família, das dificuldades que vivencia em relação ao aprendizado escolar, enfatizando as limitações e deficiências que, supostamente, o aluno teria. A cultura do sucesso escolar, por outro lado, privilegia as potencialidades e possibilidades em vez dos problemas e dificuldades, focaliza as diferentes alternativas individuais e coletivas de superação das adversidades, valoriza as diferenças, a heterogeneidade e a diversidade de formas de aprender, pensar e estar no mundo. Nesse sentido, a Psicologia Escolar tem buscado consolidar uma atuação que se baseia em crescimento e sucessos dos atores escolares em contraponto à ênfase em problemas e dificuldades. 
Nessa nova perspectiva de atuação, tenta-se criar espaços de interlocução com todos os atores escolares, incluindo e acolhendo os diferentes segmentos que participam e constroem o cotidiano escolar. Esses espaços têm como foco os aspectos objetivos dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem, como a conscientização dos aspectos subjetivos que os permeiam. 
Imersa em um contexto social cheio de transformações, a Psicologia Escolar tem construído atuações que buscam não somente abandonar um modelo que focaliza o problema no aluno. Ela tem se esforçado para integrar outras modalidades de trabalho que ampliem as possibilidades de sucesso dos atores envolvidos, superando as práticas psicológicas que tratam a dificuldade de aprendizagem ou o fracasso escolar como um problema individual ou do meio familiar. 
Uma das novidades na prática da Psicologia Escolar é a participação do professor no processo de acompanhamento dos alunos quando dificuldades escolares são identificadas. A inserção desse profissional na parceria com o psicólogo escolar traz um importante diferencial às ações desenvolvidas nas escolas: a possibilidade dos professores se perceberem participantes ativos e co-construtores dos processos de sucesso escolar, à medida que se apropriam de sua função e responsabilidade profissional. 
Outra frente de trabalho do psicólogo escolar junto aos professore s é a atenção à sua saúde psíquica. Em virtude do forte vínculo afetivo, do intenso investimento no outro (o aluno) e da expectativa em relação aos resultados de seu trabalho, é comum identificar professores cansados, abatidos e desmotivados diante da tarefa de ensinar. Tais situações caracterizam professores que sofrem da síndrome de burnout e que precisam da intervenção do psicólogo escolar (e de outros profissionais de saúde) para modificar este de sofrimento e reencontrar o prazer e alegria de ensinar. 
Importante destacar que atuação da Psicologia Escolar na perspectiva preventiva e relacional aqui apresentada, não se limita apenas às escolas, apesar do profissional da área ser comumente associado a ela por este ter sido o contexto no qual, historicamente, se consolidou a relação entre a Psicologia e a Educação. Apesar de um grande número de pesquisas em Psicologia Escolar ter como objeto de estudo questões que permeiam o cotidiano da escola, como as dificuldades de aprendizagem, a relação professor-aluno, a inclusão escolar, a relação família-escola, a criatividade, entre outros, a referência às instituições do sistema escolar delimita um espaço de atuação e de pesquisa que não se reduz à escola. 
Dessa forma, a Psicologia Escolar tem, entre os seus desafios, ampliar seu foco de atuação, pesquisa e produção de conhecimento para além da escola, pois diferentes contextos como creches e ONGs, por exemplo, e outros níveis do sistema educacional podem enriquecer-se do trabalho desenvolvido por profissionais e pesquisadores voltados à interface Psicologia-Educação.
 Diante deste novo cenário que vem caracterizando a Psicologia Escolar contemporânea, espera-se construir ações diferenciadas e transformadoras que, além de promoverem o desenvolvimento e a aprendizagem de todos os envolvidos no cotidiano escolar, venham também a enriquecer esse campo do conhecimento. 
 
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