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SEPSE Emergências clínicas 2021/2- Thaynara Silva Definição: Resposta desregulada do hospedeiro à infecção, que causa lesão tecidual, disfunção orgânica e morte. Sepse= Disfunção + Infecção (provável ou presumida) somando 2 ou + pontos no SOFA ou 2 pontos no qSOFA Sepse grave: expressão abolida! Toda sepse por si só é grave! Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) NÃO é usada mais-> pode ser usada na triagem (ILAS- Instituto latino Americano de Sepse) recomenda para os países em desenvolvimento. Choque séptico: Necessidade de vasopressor para PAM ≥65mmHg + lactato > 2mm/L (18 mg/dL) na ausência de hipovolemia Sepse e choque séptico são emergências médicas! Consenso SEPSIS 3=> Instituiu o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment)- Avaliação sequencial de insuficiência de órgãos. É a causa mais relevante de choque distributivo; É uma das principais causas de morte na maiora das UTIs; Qualquer ag. Infeccioso pode ser responsável por um quadro séptico: bactéria, vírus, fungos outros parasitários; A causa mais comum de sepse é a pneumonia; Sepse é a principal causa de Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA). Fisiopatologia Infecção (patógeno e suas toxinas)- Principais sítios: PNM , infecções intra-abdominal e ITU. Mediadores pró-inflamatórios: TNF-alfa, IL-1, IL-6 Marcadores :PCR e Procalcitonina + Imunossupressão concomitante Sepse ocorre quando a liberação de mediadores pró-inflamatórios em resposta a uma infecção excede os limites do ambiente local levando a uma resposta generalizada. Fatores de risco: Internação em CTI; Infecção nosocomial; Bacteremia; Idade avançada; Imunodepressão; História de hospitalização prévia; PNM. Redução da utilização do O2 Diminuição da fosforilação oxidativa (mitocôndria) Marcador de risco= Suscetibilidade genética individual ao desenvolvimento de sepse. Quais são as disfunções orgânicas? - SNC: Encefalopatia “tóxico-metabólica”: Delirium; Hiperatividade; Hipoatividade; Rebaixamento do Nível de Consciência; Coma; Déficit de atenção. - Cardiovascular: Hipovolemia (aumento da permeabilidade vascular + perdas + vasodilatação NO); Taquicardia; Aumento da pressão de pulso (PAS e PAD ficam mais próximas-> pulso periférico fino) Extremidade quente; Choque distributivo (RVP baixa DC normal ou alto); Aumento do lactato-> Não está chegando sangue para oxigenar (hipoperfusão)-> produção de Ac. Láctico-> Acidose metabólica AG elevado; Miocardiodiopatia da sepse (10-15%): é transitória com duração de até 2 semanas; Aumento das câmeras cardíacas e queda da Fração de Ejeção. - Respiratória: Lesão do endotélio pulmonar-> edema intersticial e alveolar-> Distúrbio V/Q, complacência diminuída. Lesão pulmonar aguda e SDRA - Renal: Alteração funcional aguda ou crônica agudizada-> Oligúria, aumento de ureia e creatinina-> aumento da morbimortalidade. -Fígado: hiperbilirrubinemia e colestase. - Hematológica/coagulação: Coagulopatia de consumo/ CIVD-> microtromboses/sangramentos/petéquias Alargamento de TP e TTPa, aumento de D-dímero, queda de plaquetas e fibrinogênio. Quadro clínico Específico de cada foco infeccioso Disfunções orgânicas: Rebaixamento do nível de consciência; Hipotensão; Extremidades frias e pegajosas; TEC alentecido; Motting: livedo reticular; Dispneia; Oligúria. Sistêmicos: Febre; Taquicardia; Taquipneia. Choque séptico: é classificado como distributivo. Segundo o consenso de SEPSIS 3: Sepse + Lactato>2mmol/L (18mg/dL) mesmo após reposição volêmica adequada OU Vasopressor NECESSÁRIO para manter a PAM> 65 mmHg. Triagem/ Rastreamento Quick SOFA- qSOFA Objetivo: reconhecer rapidamente as principais disfunções orgânicas associadas à sepse. Ferramenta de TRIAGEM para pacientes graves, não usar para diagnóstico e nem definição de sepse. Parâmetros Pontuação Frequência Respiratória ≥ 22 irpm; 1 ponto Alteração do nível de consciência Escala de Coma de Glasgow ≤ 13; 1 ponto PAS ≤100 mmHg 1 ponto Rastreamento Alto risco de sepse: >65 anos de idade; (cuidado com idosos, pois estes costumam não apresentar taquicardia) ICC; DPOC; IRC; Neoplasia; Imunossupressão. Sinais clínicos de gravidade: Ileo adinâmico-> RHA ausente; Oligúria; Toxemia acentuada; Má perfusão; PAS< 90mmHg; ECG<13. Diagnóstico: Critérios SIRS 2 ou mais dos 4 critérios: Temperatura >38,3°C ou <36°C FC> 90 bpm FR>20 irpm OU PaCO2 < 32mmHg Leucócitos> 12.000/mm ou <4.000/mm ou bastões> 10% (células imaturas, desvio à esquerda). SOFA- Avaliação Sequencial de Insuficiência de Órgãos SOFA- Uso no pronto-socorro, emergência ou avaliação inicial. Escore validado para predizer mortalidade em pacientes com infecção. NÃO É DIAGNÓSTICO!! É ESCALA DE FALÊNCIA DE ÓRGÃOS-> PROGNÓSTICO Pode ser avaliado na admissão e recalculado a cada 48h Tem que saber como cada sistema é avaliado no SOFA Como o sistema respiratório é avaliado? Relação PaCO2/FiO2 Como o sistema hematológico é avaliado? Hemograma completo com Plaquetas Como o sistema renal é avaliado? Dosagem de Creatinina ou Cálculo do Débito urinário Como a função hepática é avaliada? Dosagem de Bilirrubina total Como o sistema cardiovascular é avaliado? Aferição da PA e cálculo da PAM Como o estado neurológico é avaliado? Escala de Coma de Glasgow Nota mínima=0 Nota máxima 24 Quais sistemas são avaliados no SOFA? Cardiovascular; Respiratório; Hematológico; Gastrointestinal; Renal; PAM= PAS + 2 x PAD/3 Quais exames solicitar para calcular SOFA? Hemograma BTF Cr Gasometria arterial Sequência na sepse Infecção suspeita qSOFA ≥2 Diagnóstico etiológico Importante para adequação de Antibioticoterapia inicial e avaliar a possibilidade de tto cirúrgico adjuvante Determinar foco infeccioso: Raio X-tórax-> PNM USG de abdome-> Abdome agudo inflamatório EAS e urocultura-> ITU LCR (bioquímica, bacteriológico, cultura, látex)-> Meningite Hemocultura Possíveis focos de infecção: PNM; Otite; Sinusite; Mastoidite; Faringoamidalite; Infecção urinária; Sim->Avalie disfunção orgânica com SOFA Não->Sepse ainda suspeita Sim SOFA ≥2 Sepse Não->Apenas monitorar sintomas Medidas iniciais PAM= PAS + (2 x PAD) / 3 Abcessos superficiais ou intra-abdominais; Peritonite; Flebite; Artrite séptica; Osteomielite; Cateter infectado; Celulite; Meningite; Enterocolite. Principais achados dos exames laboratoriais: Leucocitose com desvio à esquerda (Quanto mais intensa >15.000 leucócitos maior a possibilidade de bacteremia e sepse); Neutrofilia; Plaquetopenia (por CIVD); Neutropenia-> indica mau prognóstico nos casos graves; Anemia progressiva (hemólise por endotoxinas); PCR VHS Procalcitoninas Exames gerais: monitorizar a repercussão sistêmica da infecção Gasometria arterial; Lactato; Ur e Cr; TGO, TGO; BB; FA; Coagulograma. Suspeitar de Pseudomonas aeruginosa nos seguintes pacientes: - PNM em pcte com VM/UTI; - Infecções pulmonares em pcte com fibrose cística; - Otite externa maligna; - ITU (ptte em usuários de SVD); - Queimaduras; - Sepse em lactentes debilitados e RNPT; - Infecções oculares graves; - Meningites por punção. Tratamento- Sepse Surviving Campaing (SSC, 2018) Hora de ouro: Pacote da primeira hora O que fazer na primeira hora após reconhecimento de sepse/ choque séptico? Medir o nível de lactato. Avaliar perfusão. Medir novamente se o lactato inicial estiver elevado (>2mmol/L) Coletar Culturas nos primeiros 30 min 2 pares de hemocultura em 2 sítios periféricos distintos-um parem cada sítio. Cateter venoso profundo. Sítios acessíveis e que tenha correlação com suspeita: urina, escarro ou pele Alto VPN= São úteis para afastar infecção. Adm ATB de amplo espectro – o atraso do ATB aumenta a mortalidade de 4-7% por hora Adm 30 mL/Kg (A depender do paciente) de cristaloides para hipotensão ou se Lactato >4 mmol/L Leg raise: elevação de MMII Adm vasopressores para manter PAM ≥ 65mmHg ou hipotensão persistente durante ou após infusão de fluidos. Não é necessário esperar o término da ressuscitação volêmica inicial com 20ml/Kg para iniciar o vasopressor caso o pcte esteja hipotenso e mal perfundido. Noradrenalina (droga de escolha) * 0,01-2 mcg/Kg/min Choque refratário: Associar vasopressina, até 0,03 UI/min Dopamina: casos específicos (pcte com risco de taquiarritmias ou com bradicardia absoluta ou relativa). Considerar dopamina com vasopressor de primeira opção em bradicardia sinusal Dobutamina: 2,5 a 15mcg Choque cardiogênico associado Fluidoterapia para ressuscitação no choque séptico Uso de vasopressores em choque séptico em adultos Pode corticoide? Choque séptico adequadamente compensado com volume e vasopressores-> Não se sugere. Não compensado-> hidrocortisona IV 200 mg/d em infusão contínua (recomendação fraca) NÃO USAR PARA TRATAR SEPSE -Eritropoietina: Não se recomenda o uso de eritropoetina para o tratamento da anemia associada à sepse; -Plasma fresco congelado: Não se recomenda a utilização de plasma fresco congelado para corrigir anormalidades de coagulação na ausência de sangramento ou procedimentos invasivos planejados; -Concentrado de hemácias se Hb>7g/dL; -Imunoglobulina; -Nutrição parenteral precoce; -Antitrombinas. A escolha do ATB Cobertura para Gram + e – pertinentes Sempre descalonar após resultado das culturas= Buscando a dose com o menor espectro de ação possível, baixa toxicidade e baixo custo. Controle cirúrgico do foco Pneumonia Cefalosporina + Clarito/ Quinolona/Pseudomonas se dça pulmonar Urina: gram negativo Cefalosporina 3 geração- Ciprofloxaxino / Quinolona Abdominal Cefalosporina 3 geração/ quinolona + Metronidazol Hospitalar Gram negativo multirresistente (G-MDR) Cefalosporina 4 geração OU piperacilina tazobactam Pele: Gram positivo Oxacilina Vancomicina se MRSA Foco não definido Descalonar com o resultado das culturas O que esperar da ressuscitação inicial? Como o paciente está após a hora de ouro? Pressão Venosa Central entre 8-12 mmHg PAM ≥ 65mmHg Débito urinário ≥ 0,5 mL/Kg/h Sat venosa central de 70% ou sat de oxigênio venosa mista de 65% Se lactato elevado-> ressuscitação com cristaloide para normalizar lactato Sinais de que não está indo bem: TEC lentificado; Livedo/Motting; Oligúria. Ventilação mecânica VM protetora: VC<6ml/kg de peso corpóreo previsto em pacientes adultos com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) induzida por sepse. Recomenda-se um limite máximo para pressão de platô de 30 cmH2O em pacientes adultos com SDRA. Controle glicêmico Duas medidas de glicemia > 180 mg/dL-> Insulina Meta ≤ 180 mg/dL Profilaxia da trombose venosa profunda Recomenda-se o uso de HBPM em vez de HNF para profilaxia de TEV, na ausência de contraindicações ao uso de HBPM Enoxaparina 40mg SC 1x/dia Profilaxia de úlcera de estresse Atualmente não é muito recomendado Para pacientes com sepse ou choque séptico que tenham fatores de risco para sangramento gastrintestinal Inibidores da bomba de prótons ou Antagonistas do receptor da histamina-2.
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