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Prática de Gestão II 30Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 Nesta unidade estudaremos a satisfação e o estresse no ambiente de trabalho. Você conhecerá os conceitos principais sobre os temas, como também, a sua influência no ambiente de trabalho. Tenha uma ótima aula! Ao estudar esta unidade de aprendizagem, você poderá: ● Analisar a influência da Satisfação e do Estresse no ambiente de trabalho. No decorrer deste material você conhecerá diferentes temas. Confira abaixo: ● Satisfação e Estresse no Trabalho. Introdução Objetivo Tópicos Abordados Prática de Gestão II 31Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 Satisfação e Estresse no Local de Trabalho A satisfação ou a insatisfação no trabalho reflete a medida da gratificação e da plenitude de alguém no trabalho. Pesquisas sobre a satisfação no trabalho indicam fatores pessoais, necessidades e aspirações como determinam essa atitude, junto com os fatores organizacional e de grupo, como o relacionamento com colegas e supervisores, condições de trabalho, políticas de trabalho e remuneração. Segundo Locke (apud WAGNER E HOLLENBECK, 2003, p. 121), a satisfação no trabalho é “um sentimento agradável que resulta da percepção de que nosso trabalho realiza ou permite a realização de valores importantes relativos ao próprio trabalho”. Três componentes chaves são importantes na definição de satisfação no ambiente de trabalho: valores, importância e percepção. O primeiro componente está ligado ao próprio conceito de satisfação, sendo que o mesmo é uma função de valores. Locke (ibid.),definiu os valores em termos daquilo “que uma pessoa deseja obter consciente ou inconscientemente”. Ainda distinguiu os valores e as necessidades, sugerindo que as necessidades são mais bem concebidas como “exigências objetivas” do corpo, que são essenciais à manutenção da vida, como as necessidades de oxigênio e água, já os valores, seriam “exigências subjetivas”, existentes na mente da pessoa. O segundo componente da satisfação no trabalho é a importância. As pessoas não diferem apenas nos valores que defendem, mas na importância que atribuem a esses valores Essas diferenças são cruciais na determinação de seu grau de satisfação no trabalho. Uma pessoa pode valorizar mais a segurança no trabalho do que todo o resto; outra pode preferir um trabalho que permita viajar bastante; outra ainda pode estar mais interessada num trabalho social do que formal, ou seja, as pessoas diferem o tempo todo em seu modo de pensar e agir, e os valores vão variando de acordo com o grau de importância dado a eles. Importante Prática de Gestão II 32Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 O último componente é a percepção, a satisfação está baseada em nossa percepção da situação atual em relação aos nossos valores. As percepções, no entanto, podem não refletir com precisão total a realidade objetiva. Quando não a refletem, é preciso atentar para a percepção que o indivíduo tem da situação e não para a situação concreta. A constante insatisfação no trabalho pode levar ao estresse. Segundo Mcgrath (apud WAGNER E HOLLENBECK, 2003, p. 121), o estresse é um estado emocional que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante. O desafio percebido enfatiza que o estresse surge da interação entre as pessoas e sua percepção do ambiente. Por exemplo, rumores infundados sobre o fechamento de uma fábrica, provocarão estresse entre os funcionários, mesmo que não exista nenhuma ameaça real. O valor importante é crucial pela mesma razão que é fundamental à definição de satisfação. O desafio só causará estresse quando ameaçar algum valor importante. A incerteza da resolução enfatiza que o indivíduo interpreta a situação em termos da percepção da probabilidade de lidar satisfatoriamente com o desafio. Wagner e Hollenbeck (2003, p.122) sugerem ainda três componentes importantes para a avaliação do conceito de estresse: o desafio percebido, o valor importante e a incerteza da resolução. Prática de Gestão II 33Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 O estresse ocorre quando a dificuldade percebida possui um valor importante para o indivíduo. Além disso, quando o nível de dificuldade é maior do que a capacidade de resolução do desafio, o resultado se torna cada vez mais incerto. É esta incerteza em relação a enfrentar o desafio que gera o estresse. Se a exposição à causa do estresse continua, a pessoa alcança a fase do esgotamento. Caso o estresse continue inabalado, podem sofrer a chamada estafa, que é um estado de exaustão que pode conduzir a dano físico grave, inclusive morte por infarto ou doença cardíaca. A reação fisiológica do corpo a esse tipo de ameaça é um processo que provavelmente já teve antes um grande valor para sobrevivência. Quando percebe uma ameaça, o corpo produz substâncias químicas que elevam a pressão sanguínea e que desviam o sangue da pele e do aparelho digestivo para os músculos. Gorduras do sangue são então liberadas para fornecer um ímpeto de energia e aumentar a coagulação do sangue em caso de dano. Quando a ameaça diante do indivíduo é prolongada, têm inicio outras mudanças que preparam o corpo para uma longa batalha (WAGNER E HOLLENBECK, 2003, p. 123). O estresse, na verdade, não é um fenômeno simples, tem muitas causas diferentes originadas por diversos estressores. De acordo com Griffin e Moorhead (2006, P.82), os estressores associados ao trabalho inserem-se em quatro categorias: Prática de Gestão II 34Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 Exigências do serviço: estão diretamente ligadas à própria tarefa. Algumas ocupações são mais estressantes do que outras, por exigirem decisões rápidas sem uma quantidade suficiente de informações ou decisões com conseqüências relativamente sérias. Físicas: são estressores associados ao ambiente de trabalho. O trabalho ao ar livre, com calor ou frio excessivo, ou mesmo num escritório mal aquecido pode levar ao estresse. Instalações ruins, iluminação inapropriada, equipamentos de difícil manuseio, substâncias tóxicas podem também ser estressores que, em muitos casos prejudicam a saúde do funcionário. Função: as exigências da função podem causar estresse. A função constitui-se de um conjunto de comportamentos esperados associados a um cargo em um grupo ou organização. O estresse pode ser proveniente da indefinição funcional ou de conflitos de funções. Interpessoais: são estressores nos relacionamentos que se manifestam em confrontos nas organizações. As conseqüências do estresse interferem na saúde e no bem-estar mental. Entre esses efeitos incluem- se os distúrbios do sono, a depressão, problemas familiares, disfunção sexual, dores de cabeça, dores lombares, doenças gástricas, doenças cardíacas, problemas de pele, etc. No ambiente de trabalho, o estresse pode levar a insatisfação geral causando problemas de relacionamento e baixo desempenho. Devido às conseqüências negativas do estresse, muitas empresas lutam para limitar seus efeitos mais prejudiciais. Muitas idéias e abordagens têm sido desenvolvidas para ajudar a vencer o estresse. Diferentes programas de intervenção estão voltados à eliminação dos estressores no ambiente de trabalho, capacitando a pessoa a evitá-lo ou a lidar com ele. Estímulos a práticas de exercícios físicos, monitoramento da saúde, programas de relaxamento, técnicas de enriquecimento do trabalho, treinamento de habilidades, biofeedback, rodízio de cargos são programas utilizados em muitas empresas. Prática de Gestão II 35Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 Avaliação a Distância De volta à Revolução Industrial Nas primeiras décadas da Era Industrial, ao longo do século XIX, eram comuns as jornadas de trabalho de 14, 16 e até 18 horas por dia. Com o passardo tempo, no entanto, graças à modernização da legislação trabalhista, essa situação modificou-se e se adequou a padrões humanamente aceitáveis. Outro fator que permitiu a redução da jornada foi a inovação tecnológica, responsável pela introdução de máquinas modernas e pelo conseqüente aumento da produtividade. Essa diminuição do tempo de trabalho dos quadros operacionais menos instruídos, gerada pela evolução tecnológica, ainda hoje pode ser verificada. Segundo uma pesquisa, de 1980 a 2004, o percentual de trabalhadores que não completaram o segundo grau e trabalham mais de 50 horas semanais caiu de 11% para 9%. O surpreendente, entretanto, foi verificar a evolução desse mesmo índice para os funcionários com nível superior completo que saltou de 22% para 29%. Uma série de fatores é apontada como responsável pelas longas jornadas de trabalho dos funcionários mais instruídos. Uma delas é o aumento da competição entre esses trabalhadores. Buscando as melhores posições hierárquicas, que também lhes garantirão maior prestígio e maiores remunerações, esses indivíduos aumentam suas cargas horárias para demonstrar melhores resultados. Outra possível razão apresentada é o fato de o trabalho nas organizações ser visto atualmente como prioridade máxima. Por esse motivo, aqueles que gastam menos tempo nas empresas e vão mais cedo para suas casas são vistos como “desmotivados”, acabando por perder espaço nas organizações. Pesquisa realizada pela revista Exame, no final de 2005, apontou alguns dados impressionantes sobre os executivos brasileiros: ● 46% trabalhavam 12 horas por dia ou mais; ● 43% tiveram suas jornadas de trabalho aumentadas em três horas ou mais nos últimos 10 anos; ● 55% dormiam seis horas ou menos em média por dia; ● 69% usavam celulares ou e-mail para resolver problemas do trabalho em suas horas livres; ● 62% trabalhavam ao menos dois finais de semana em média por mês; ● 32% tiravam dez dias ou menos de férias ao ano. Diante de tudo isso, uma pergunta faz todo o sentido: se a tecnologia contribuiu para a redução da jornada dos operários, incrementando a produtividade das fábricas, por que ela não fez os mesmos pelos administradores? A resposta é simples: basta olharmos para todas as funcionalidades de nossos celulares; smartphones, palm tops; notebooks; netbooks e ipads. Enquanto os aprimoramentos tecnológicos das indústrias ocorreram nas máquinas e ferramentas existentes no local de trabalho, tonando as tarefas dos trabalhadores mais rápidas de serem executadas e reduzindo eventuais erros, a moderna tecnologia a serviço da administração é portátil e permite aos executivos conectarem-se aos sistemas organizacionais 24 horas por dia. Prática de Gestão II 36Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 Outro fato importante, levantado pela professora Betania Tanure, da Fundação Dom Cabral, é que os administradores passaram a considerar o trabalho em excesso como símbolo de sucesso. Por essa mesma razão, mesmo os jovens funcionários passam muitas horas nas empresas para seguir este exemplo. O filosofo e consultor Mario Sergio Cortella levanta ainda outra questão. Segundo ele, os trabalhadores têm medo de não estarem “à disposição” quando as tarefas aparecerem. Diante disso, eles se mantêm conectados pelo celular ou notebook, de modo a impedir que outra pessoa atenda ao chamado e assuma a função. Temerosos desse fato, os executivos passam a querer ser encontrados a qualquer momento para mostrar aos superiores sua disponibilidade e dedicação. Com tudo isso, já eram esperados os diversos efeitos na vida dessas pessoas: distanciamento da família, ausência de amigos próximos, sedentarismo, depressão e poucas atividades de lazer. Evidentemente, existe a contrapartida financeira: de 1990 a 2005, a remuneração média dos presidentes de organizações cresceu em 315%. No entanto, como já foi dito, a qualidade de vida e o bem-estar cobram seus preços. Outra pergunta emerge: o que as empresas estão fazendo para proteger seus funcionários dos efeitos maléficos do trabalho excessivo? Muitas já vêm adotando políticas para reduzir a jornada de trabalho e aumentar a qualidade de vida de seus funcionários. Entre essas medidas estão a redução do expediente nas sextas-feiras; a instalação de academias e spas nos próprios prédios e, até mesmo, o apagar de luzes em um horário determinado durante a semana. Para essas empresas, seus funcionários produzirão melhores resultados, vistos que estarão mais descansados e felizes e terão menos problemas na vida particular. Fonte: ROBBINS, Stephen; JUDGE, Timothy A. e SOBRAL, Filipe. Comportamento Organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Após ler o caso, entre em nosso fórum semanal e responda as seguintes questões: ● Como a competitividade e a tecnologia têm influenciado o comportamento dos gestores neste novo milênio? ● Que outros fatores colaboram para o excessivo número de horas trabalhadas? ● Como esse excesso de trabalho tem afetado o nível de estresse dos gestores? Para saber mais sobre estresse no ambiente de trabalho acesse: http://www.aedb.br/seget/artigos07/1215_SEGET0701Stress.pdf Atividade Obrigatória Prática de Gestão II 37Satisfação e Estresse no Trabalho U N ID A D E 05 Síntese Vimos nesta aula que: Segundo Locke (apud WAGNER E HOLLENBECK, 2003, p. 121), a satisfação no trabalho é “um sentimento agradável que resulta da percepção de que nosso trabalho realiza ou permite a realização de valores importantes relativos ao próprio trabalho”. A constante insatisfação no trabalho pode levar ao estresse. O estresse é um estado emocional que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante; O estresse, na verdade, não é um fenômeno simples; tem muitas causas diferentes originadas por diversos estressores; Os estressores associados ao trabalho inserem-se em quatro categorias: Exigências do Serviço; Físicas; Função e Interpessoais; As conseqüências do estresse interferem na saúde e no bem-estar mental. Entre esses efeitos incluem-se os distúrbios do sono, a depressão, problemas familiares, disfunção sexual, dores de cabeça, dores lombares, doenças gástricas, doenças cardíacas, problemas de pele, etc. No ambiente de trabalho, o estresse pode levar a insatisfação geral causando problemas de relacionamento e baixo desempenho. ● GRIFFIN, Ricky W.; MOORHEAD G. Fundamentos do Comportamento Organizacional. Tradução: Fernando Moreira Leal, André Siqueira Ferreira. São Paulo: Ática, 2006. ● WAGNER III, John A; HOLLEMBECK, John R. Comportamento Organizacional: criando vantagem competitiva. Tradução: Cid Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva: 2003. Bibliografia Recomendada
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