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Balanço_de_Pagamentos

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BALANÇO DE PAGAMENTOS
A - Introdução: Balanço de pagamentos é um instrumento da contabilidade social referente à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo. Ele registra o total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais. Existem duas contas nas quais se resume as transações econômicas de um país, e a soma das duas contas fornece a balança global de pagamentos: a conta corrente, que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem como pagamentos de transferência; e a conta de capital, que registra as transações de fundos, empréstimos e transferências. Os dados do balanço de pagamentos são publicados em milhões de dólares norte-americanos, em valores correntes, sem ajustamento sazonal. Compreendem o país como um todo e estão compilados de acordo com os critérios estabelecidos na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional – BPM-5. As seguintes informações são publicadas mensalmente:
1. transações correntes: exportações, importações e saldo da balança comercial; receita, despesa e saldo de serviços e rendas; receita, despesa e saldo de serviços totais e os relacionados a transportes, viagens internacionais, seguros, financeiros, computação e informação, royalties e licenças, aluguel de equipamentos, governamentais e outros serviços; receita, despesa e saldo de rendas, incluindo salários e ordenados, renda de investimento direto (lucros e dividendos e juros de empréstimos intercompanhia), renda de investimento em carteira (lucros e dividendos e juros de títulos de dívida) e renda de outros investimentos (inclui juros de empréstimos, financiamentos, depósitos e outros ativos e passivos); saldo de transferências correntes; e saldo de transações unilaterais correntes;
2. conta de capital: saldo da conta capital (inclui as transferências de patrimônio e compra e venda de ativos não produzidos/não-financeiros);
3. conta financeira: total da conta financeira;
1. receita, despesa e saldo de investimentos diretos; retorno, saída e saldo de investimentos diretos brasileiros no exterior (retorno, saída e saldo de participação no capital e amortização, desembolso e saldo de empréstimos intercompanhia); ingresso, saída e saldo de investimentos diretos estrangeiros no país; ingressos de investimentos diretos estrangeiros no país destinados a participação no capital na forma de moeda (autônomos e privatizações), conversões (autônomos e privatizações) e mercadorias; retornos de participação no capital; desembolso, amortização e saldo de empréstimos intercompanhia
2. receita, despesa e saldo de investimentos brasileiros em carteira, receita, despesa e saldo de investimento brasileiros em ações - com destaque para o programa BDR – Brazilian Depositary Receipts – e receita, despesa e saldo de títulos de renda fixa (bônus, notes, commercial papers), com destaque para as aplicações em bônus relativos à formação de colaterais (plano Brady); receita, despesa e saldo de investimento estrangeiro em carteira negociados no país e negociados no exterior; receita, despesa e saldo investimentos estrangeiros em ações; receita, despesa e saldo de investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa (bônus, notes e commercial paper), com destaque para a troca de bônus; receita, despesa e saldo de investimentos estrangeiros em títulos de curto prazo
3. total de operações com derivativos, ativos e passivos;
4. total de outros investimentos (inclui os créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, outros ativos e passivos e operações de regularização); total de outros investimentos brasileiros, classificados em: empréstimos – receita, despesa e saldo de empréstimos de longo prazo, saldo de empréstimos a curto prazo, moeda e depósitos separados por bancos e demais setores (destaque para a movimentação das garantias colaterais – plano Brady) e outros ativos, com receita, despesa e saldo de ativos de longo prazo e ativos de curto prazo pela movimentação líquida; total de outros investimentos estrangeiros, compreendendo desembolso, amortização e saldo de crédito comercial de longo prazo e o líquido de crédito comercial a curto prazo, desembolso, amortização e saldo de empréstimo de longo prazo da Autoridade Monetária – destaque para as operações de regularização (FMI e demais instituições) – desembolsos, amortizações e saldo dos empréstimos a longo prazo dos demais setores, discriminados pelos credores externos (organismos internacionais, agências governamentais, créditos de compradores e empréstimos diretos); moeda e depósitos pelas variações líquidas e os saldos de outros passivos de longo e curto prazos;
4. erros e omissões;
5. variação dos haveres da Autoridade Monetária.
A balança comercial é compilada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) com base nos registros alfandegários no SISCOMEX. Os dados de serviços e rendas, transferências correntes, conta capital e financeira são compilados com base nas operações de câmbio realizadas nas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio, considerando, também, as transações em moeda nacional realizadas entre residentes e não residentes. Essas operações são compulsoriamente registradas no Sistema de Informações Banco Central (SISBACEN-CÂMBIO). Adicionalmente, são consideradas informações provenientes de pesquisas em empresas privadas, relatórios de órgãos governamentais e dos balancetes de instituições financeiras.
C - Apresentação das contas:
Conta Corrente: foram excluídas algumas transações, que passaram para as contas de capital e financeira. As operações com derivativos e ganhos de capital dos investimentos passaram para a conta financeira.
Serviços: além dos convencionais (transporte, viagens, seguros e governamentais), foram criadas contas para serviços financeiros, computação, royalties e aluguel de equipamentos, antes incluídas na rubrica “serviços gerais”. O item serviços financeiros (serviços bancários) como corretagens, comissões, tarifas, etc. não são mais incluídos na conta de juros.
Rendas: registra a remuneração do trabalho e as rendas de investimentos: lucros, bonificações, dividendos e juros da dívida.
Transferências Unilaterais: corresponde às remessas na forma de bens e moeda, para consumo corrente. Excluem-se as transferências relativas a patrimônio de migrantes internacionais, alocadas na conta capital.
Conta Financeira: registra as transações com ativos e passivos financeiros entre residentes e não-residentes. Existem quatro grupos: investimento direto; investimentos em carteira; derivativos e outros investimentos. Na conta financeira, cada grupo é desdobrado em ativos e passivos. Um é destinado a registrar os fluxos de ativos externos detidos por residentes no Brasil e outro para registrar a emissão de passivos por residentes cujo credor é não-residente.
Erros e Omissões: feitos os lançamentos, o total líquido teoricamente é igual a zero; existem discrepâncias estatísticas nos dados utilizados, e esta conta se presta a compensar a sobre/subestimação dos componentes registrados.
D - Resumo Geral de um BP:
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Transações Correntes: (a+b+c+d)
	a. Balanço Comercial (mercadorias)
	b. Balanço de Serviços
	c. Balanço de Rendas
	d. Transferências Unilaterais
2. Conta Financeira
3. Conta de Capital
4. Erros e Omissões
5. Balanço de Pagamentos: (1+2+3+4)
Necessidade de Financiamento Externo: (-) entre transações correntes e investimentos estrangeiros diretos.
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E - Contabilidade do BP: As contas do balanço de pagamentos de um país registram as transações entre residentes e não-residentes de um país. Toda transação internacional entra nas contas do balanço de pagamento duas vezes: como crédito (+) e como débito (-). Este é o princípio das partidas dobradas. Existem dois tipos de contas: Operacionais e de “Caixa” (reservas Internacionais). As Contas Operacionais correspondem aos fatos geradores das transações, como, exportações,importações, seguros, juros, investimentos, etc. As Contas de Caixa registram o movimento de meios de pagamentos internacionais – reservas e ouro monetário. 
Lançamentos contábeis: Uma conta operacional é creditada quando a transação dá origem a uma entrada de recursos para o país; uma conta operacional será debitada toda vez que a transação der origem a uma saída de recursos do país. As contas de caixa são lançadas como na contabilidade empresarial. Lança-se a débito o aumento de caixa (reservas) e a crédito a diminuição de caixa.
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Exemplos:
Um país faz uma exportação, recebendo à vista.
 Débito: Reservas
 Crédito: Exportações
Um país faz uma importação, financiada a longo prazo. 
 Débito: Importações
 Crédito: Financiamentos
O exemplo anterior pode ser imaginado como sendo composto de duas transações:
Primeiro, o país recebe o financiamento, depois efetua a importação.
Débito: Reservas
Crédito: Financiamentos
Débito: Importações
Crédito: Reservas
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F - A Identidade Fundamental do Balanço de Pagamentos
Qualquer transação internacional automaticamente ocasiona dois lançamentos equivalentes no balanço de pagamentos, resultando na identidade fundamental: transações correntes + conta financeira + conta capital = 0
Balanço de compensações oficiais (balanço de pagamentos): é o equivalente contábil do saldo em transações de reservas oficiais. É a soma do saldo em transações correntes, do saldo da conta capital, da parcela da conta financeira, exclusive as reservas e da discrepância estatística.
Exemplo: A balança de pagamentos do Brasil em 2004 foi -$2.2 bilhões, isto é, houve um aumento de reservas. Um balanço de pagamentos negativo pode sinalizar que o país está reduzindo seus ativos de reservas internacionais ou incorrendo em dívidas para com as autoridades monetárias estrangeiras.
Exemplo de relatório do Balanço de pagamentos: Setor Externo - NOTA PARA A IMPRENSA - 23.2.2012
FONTE: http://www.bcb.gov.br/?ecoimpext
I - Balanço de pagamentos - Janeiro de 2012: O balanço de pagamentos registrou superávit de US$ 363 milhões em janeiro. As transações correntes foram deficitárias em US$ 7,1 bilhões, acumulando, nos últimos doze meses, déficit de US$ 54,1 bilhões, equivalente a 2,17% do PIB. A conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$ 7,3 bilhões, destacando-se os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos (IED) e em carteira, US$ 5,4 bilhões e US$ 4,9 bilhões, respectivamente. A conta de serviços apresentou déficit de US$ 3,4 bilhões em janeiro, 38,7% superior ao registrado para o mesmo mês de 2011. As despesas líquidas com transportes somaram US$ 646 milhões, aumento de 52,1% na mesma base de comparação. O item viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$ 1,3 bilhão, ante déficit de US$ 1,2 bilhão em janeiro do ano anterior, com aumento de 12,3% nos gastos com viagens ao exterior e de 10,1% nas receitas oriundas de gastos de viajantes estrangeiros no Brasil. Dentre os demais itens da conta de serviços, ocorreram elevações nas despesas líquidas com seguros, 17,1%; royalties e licenças, 57%; e aluguel de equipamentos, 42,4%. Houve declínio nas despesas líquidas com computação e informações, 7%; e serviços governamentais, 77,6%; e redução das receitas líquidas de serviços financeiros, 34,2%. Os outros serviços registraram ingressos líquidos de US$ 861 milhões, 18% abaixo do resultado do mesmo mês do ano anterior. As remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$ 2,6 bilhões no mês, redução de 30,6% em relação a janeiro do ano anterior. As saídas líquidas de renda de investimento direto totalizaram US$ 920 milhões, ante US$ 1,3 bilhão no mesmo período comparativo, redução de 31,1%. As remessas líquidas de renda de investimentos em carteira somaram US$ 1,2 bilhão, resultantes de despesas líquidas de lucros e dividendos, US$ 268 milhões, e de juros de títulos de renda fixa, US$ 936 milhões. A despesa líquida de renda de outros investimentos somou US$ 484 milhões, ante US$ 437 milhões registrados em janeiro do ano anterior. Assim, as despesas líquidas totais de lucros e dividendos atingiram US$ 981 milhões, redução de 47,8%, enquanto as despesas líquidas de juros somaram US$ 1,6 bilhão, recuo de 12,9%.
As transferências unilaterais acumularam ingressos líquidos de US$ 178 milhões, praticamente inalterados em relação a janeiro de 2011.
Os investimentos brasileiros diretos no exterior registraram retornos líquidos de US$ 385 milhões, compreendendo aplicações líquidas de US$ 462 milhões em participação no capital de empresas no exterior e US$847 milhões em retornos referentes principalmente a desembolsos de empréstimos recebidos por matrizes brasileiras de suas filiais no exterior. Os investimentos estrangeiros diretos somaram ingressos líquidos de US$ 5,4 bilhões. Os ingressos líquidos em participação no capital de empresas no País, incluídas as conversões em investimentos, atingiram US$ 5 bilhões, enquanto os desembolsos líquidos de empréstimos intercompanhias totalizaram US$ 407 milhões.
Os investimentos estrangeiros em carteira apresentaram entradas líquidas de US$ 4,9 bilhões em janeiro, dos quais US$ 4,3 bilhões em ações e US$ 638 milhões em títulos de renda fixa. Os investimentos em títulos de renda fixa negociados no País apresentaram ingressos líquidos de US$ 555 milhões, comparados a US$ 385 milhões registrados em dezembro de 2011. As captações no mercado externo resultaram em ingressos líquidos de US$ 83 milhões. Os bônus negociados no exterior apresentaram amortizações líquidas de US$ 63 milhões, destacando-se a reabertura do Global 21, que resultou em captação de US$ 825 milhões, e as amortizações de Global 12, US$ 736 milhões, e de Global 18, US$ 87 milhões. Os investimentos em notes e commercial papers registraram captações líquidas de US$ 167 milhões, ante US$ 1,4 bilhão em dezembro do ano passado. As amortizações líquidas de títulos de curto prazo somaram US$ 22 milhões, comparados a US$ 2,7 bilhões no mês anterior.
Os outros investimentos brasileiros no exterior resultaram em aplicações líquidas de US$ 4,9 bilhões, compreendendo sobretudo amortizações líquidas de empréstimos de curto prazo, US$ 1,3 bilhão, e elevação de depósitos no exterior de bancos brasileiros, US$ 6,4 bilhões.
Os outros investimentos estrangeiros no País registraram ingressos líquidos de US$ 1,3 bilhão. O crédito comercial de fornecedores registrou desembolsos líquidos de US$ 161 milhões. Os empréstimos de médio e longo prazos somaram ingressos líquidos de US$ 1,9 bilhão, resultado de desembolsos líquidos de organismos, US$ 339 milhões; de compradores, US$ 208 milhões; e de empréstimos diretos, US$ 1,4 bilhão; e de amortizações líquidas a agências, US$ 114 milhões. Os empréstimos de curto prazo somaram amortizações líquidas de US$ 222 milhões.
II - Reservas internacionais: As reservas internacionais atingiram US$ 355,1 bilhões em janeiro de 2012, aumento de US$ 3,1 bilhões em relação ao montante do mês anterior. A receita de remuneração das reservas totalizou US$ 410 milhões, enquanto as demais operações externas, relacionadas principalmente a variações de preços e de paridades, elevaram o estoque em US$ 2,7 bilhões.
III - Dívida externa: A posição estimada da dívida externa total em janeiro de 2012 totalizou US$ 300,3 bilhões, elevação de US$ 2,9 bilhões em relação ao montante estimado para dezembro de 2011. A dívida de longo prazo totalizou US$ 261,5 bilhões, aumento de US$ 3,2 bilhões, enquanto a de curto prazo atingiu US$38,8 bilhões, retração de US$ 221 milhões. Os principais fatores de variação da dívida externa de longo prazo foram as captações líquidas (não incluída a variação por paridades) de empréstimos ao setor não financeiro, US$ 976 milhões, e empréstimos a bancos, US$902 milhões. A variação por paridades elevou o estoque em US$ 1,3 bilhão. A retração da dívida externa de curto prazo decorreu de amortizações líquidas de empréstimos tomados pelo setor não financeiro, US$ 210 milhões.

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