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Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES BIOELETROGÊNESE DO NERVO Bioeletrogênese é a propriedade que as células excitáveis (neurônios e células musculares) têm de gerar um potencial elétrico de membrana e conduzi-lo. O movimento dos íons através da membrana gera a corrente elétrica. As funções gerais do sistema nervoso incluem a detecção sensorial, o processamento das informações e a expressão do comportamento. A detecção sensorial é o processo pelo qual os neurônios transformam a energia ambiental em sinais neuronais. Ela é feita por neurônios especiais, chamados receptores sensoriais. Diversas formas de energia podem ser sentidas, incluindo a mecânica, luminosa, sonora, química, térmica e, em alguns animais, elétrica. NEURÔNIOS Unidade funcional do sistema nervoso capaz de gerar e conduzir sinais elétricos (potenciais de ação). Os circuitos neurais são formados por neurônios conectados sinapticamente. A atividade neuronal é, geralmente, codificada por sequências de potenciais de ação propagados ao longo dos axônios nos circuitos neuronais. Encefalograma → pode medir a atividade elétrica dos neurônios. FUNÇÕES • Identificam transformações no meio externo; • Atuam na transmissão das informações para outras células; • Comandam as respostas do corpo. Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES POTENCIAL DE REPOUSO Entre o citoplasma e o fluido extracelular há uma diferença de potencial elétrico (diferença de voltagem). Nas células excitáveis em repouso – quando a célula não gera ou conduz sinal elétrico – esse potencial é mantido por: • Diferença nas concentrações gerada pela bomba de Na+/K+; • Permeabilidade seletiva da membrana – ela é muito mais permeável ao K+ do que ao Na+ no repouso (canais vazantes de K+). o Força química para o potássio sair e força elétrica atraindo o potássio para a membrana, criando a diferença de voltagem na membrana. Potencial de repouso da membrana: aproximadamente -65 mV POTENCIAL DE EQUILÍBRIO Para qualquer dado gradiente de concentração de um íon, o potencial de membrana que se opõe exatamente ao gradiente de concentração é chamado de potencial de equilíbrio. Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES É a diferença de potencial elétrico na membrana, equilibrando o gradiente de concentração de determinado íon. ESPÉCIE IÔNICA CONCENTRAÇÃO NO CITOPLASMA (mM) CONCENTRAÇÃO NO FLUIDO EXTRACELULAR (mM) POTENCIAL DE EQUILÍBRIO (mV) K+ 400 20 -75 Na+ 50 440 +55 POTENCIAL ELÉTRICO DE MEMBRANA É o desequilíbrio elétrico entre os meios interno e externo da célula. Essa diferença acontece por conta da permeabilidade seletiva da membrana e do gradiente de concentração dos diferentes íons. POTENCIAL GRADUADO OU ELETROTÔNICO Potenciais graduados nos neurônios são despolarizações ou hiperpolarizações que ocorrem nos dendritos e no corpo celular devido abertura de canais de Na+ sensíveis a ligantes externos (liberação de neurotransmissores) ou a estiramento da membrana. Essas mudanças no potencial de membrana são denominadas “graduadas”, pois sua amplitude é diretamente proporcional à força do estímulo (um grande estímulo causa um grande potencial graduado). É decremental (sua amplitude diminui conforme é conduzido) – perdem força ao se distanciarem do ponto de origem – e suas respostas são locais e não propagáveis. INTERIOR EXTERIOR K+ K+ Gradiente de concentração Gradiente elétrico Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES Sinais simultâneos vão se somar. • Respostas passivas: aquelas que não chegam ao limiar de disparo do potencial de ação. POTENCIAL DE AÇÃO A condução de sinais pelos neurônios acontece por conta de alterações nas cargas elétricas da membrana celular. São sinais elétricos que possuem força uniforme, são gerados na zona de gatilho do neurônio e atravessam dela até a porção final do seu axônio. Potenciais graduados hiperpolarizantes Potenciais graduados despolarizantes Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES Os canais iônicos dependentes de voltagem presentes na membrana axonal se abrem sucessivamente enquanto a corrente elétrica viaja pelo axônio. A entrada adicional de Na+ na célula reforça a despolarização, e é por isso que, diferentemente do potencial graduado, o potencial de ação não perde força ao se distanciar do seu ponto de origem. FASES DO POTENCIAL DE AÇÃO Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES 1. A membrana está em repouso, sem receber nenhum estímulo. 2. Um estímulo despolarizante aumenta o potencial elétrico em uma resposta localizada ao estímulo. Abrem-se canais sensíveis, por exemplo, a estiramento – dependendo do estímulo. 3. Isso faz com que a despolarização possa chegar ao limiar de excitabilidade, em que os canais de Na+ dependentes de voltagem começam a se abrir, e assim acontece o disparo do potencial de ação. 4. Com a entrada de Na+, ocorre a DESPOLARIZAÇÃO da célula. 5. Os canais de Na+ inativam rapidamente e os canais de K+ começam a se abrir lentamente. 6. O K+ vai para o meio extracelular, e assim ocorre a REPOLARIZAÇÃO. 7. Como os canais de K+ são lentos, eles demoram a fechar, ocorrendo uma HIPERPOLARIZAÇÃO. 8. Quando esses canais dependentes de voltagem se fecham, uma menor quantidade de K+ sai da célula. 9. Ocorre a restauração e a célula volta ao potencial de repouso. Anestésicos locais como a lidocaína bloqueiam os canais de sódio. Sem a entrada de Na+, o potencial de ação não pode ser propagado e os neurônios sensíveis à dor não disparam a informação, logo, não há percepção de dor. PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO Tudo ou nada, unidirecional e auto-propagável. A presença de dois portões nos canais de Na+ possui um importante papel no fenômeno conhecido como período refratário. Uma vez que um potencial de ação tenha iniciado, um segundo potencial de ação não pode ser disparado durante cerca de 2 ms, independentemente da intensidade do estímulo. Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES • Esse retardo, denominado período refratário absoluto, representa o tempo necessário para os portões do canal de Na+ retornarem à sua posição de repouso. o Nesse período, os canais de K+ ainda estão abertos. • Devido ao período refratário absoluto, um segundo potencial de ação não ocorrerá antes de o primeiro ter terminado. • Como consequência, os potenciais de ação não podem se sobrepor e não podem se propagar para trás. O período refratário relativo segue o período refratário absoluto. Nele, alguns dos portões dos canais de Na+ já retornaram à sua posição original. • Outro potencial de ação pode ser disparado, desde que seja maior do que o normal. Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES Emanuely Serafim Campana – Psicologia UFES VELOCIDADE DO POTENCIAL DE AÇÃO 1. Diâmetro do axônio – quanto maior o diâmetro do axônio, mais rápido o potencial de ação se move. 2. Mielinização do axônio – em axônios mielinizados as fibras nervosas possuem membranas resistentes, minimizando o vazamento de corrente para fora da célula. a. A bainha de mielina limita a quantidade de membrana em contato com o líquido extracelular, e as partes expostas (Nódulos de Ranvier) alternam-se com os segmentos mielinizados, o que aumenta a velocidade da condução. Condução saltatória: a mielina isola eletricamente alguns segmentos e os canais de Na+ responsáveis pela geração de potencial de ação são muito concentrados nos nodos de Ranvier, assim, o potencial de ação é regenerado em cada nodo, sendo conduzido para o próximo, parecendo “pular” de um para o outro. Isso aumenta a velocidade de condução do potencial de ação. Mielina: revestimento que isola o axônio; no SNC ela é formadapor oligodendrócitos, no SNP por células de Schwann. SILVERTHORN, D. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7ª ed., Artmed, 2017. KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy - Fisiologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. CORTEZ, C. M.; SILVA, D. Fisiologia aplicada à psicologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
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