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0 Belo Horizonte, 29 de Outubro de 2012 Professor: Antônio Paulo Machado Gomes UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS – DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE Disciplina: CIC046 – Contabilidade I OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS 1 Introdução A geração de resultado positivo é um objetivo das empresas, inclusive daquelas sem fins lucrativos. Uma empresa que nunca gera lucros dificilmente terá sua continuidade mantida no longo prazo. 2 Receita Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período proveniente das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu Patrimônio. A receita pode surgir da venda de bens, da prestação de serviços e também da remuneração sobre as aplicações financeiras 3 Receita Para reconhecimento de uma receita: a) A entidade tem que ter transferido para o comprador os riscos e benefícios inerentes aos bens; b) Não ter envolvimento com a gestão dos bens vendidos; c) O valor dos ingressos tem que ter mensuração confiável d) Provável recebimento e) As despesas com a obtenção da receita precisam ser mensuráveis 4 Receita Pela estrutura do próprio sistema econômico, para se obter receitas é necessário que a empresa produza um bem ou serviço que seja comprado pelo mercado consumidor. Nesse processo, diversos eventos ocorrem, sendo que a Contabilidade utiliza a seguinte terminologia: 5 Gasto É o esforço econômico com que a entidade arca na realização de uma atividade ou transação qualquer, representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos, normalmente dinheiro. O gasto pode ser classificado em investimento, custo, despesa, ou perda. 6 Investimento Consiste no gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Exemplo: aquisição de máquinas para a produção 7 Custo É o gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. É o caso, por exemplo, da matéria-prima consumida no processo de produção. 8 Despesa É o gasto relativo a bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para: a) Comercialização e distribuição dos produtos (despesas de vendas); b) Direção geral e área de apoio(despesa administrativa); c) Remuneração do capital de terceiros (despesa financeira) 9 Perda É o bem ou serviço consumido de forma anormal, ou involuntária e inesperada, que não tem a capacidade de gerar benefícios no presente nem no futuro 10 Desembolso É o esforço financeiro associado ao pagamento – saída de caixa – resultante, normalmente, da aquisição de bem ou serviço. 11 Conclusões Diante dessas conceituações, pode-se concluir que, tanto como o custo e a despesa, a perda e o investimento representam gastos. O custo ocorre efetivamente quando da transformação de matéria-prima em produto acabado. E a despesa é o gasto necessário para geração da receita. 12 Exemplos de Receitas e Despesas A empresa F3 depositou $ 1.500 em um fundo de investimentos. No final do mês, o banco pagou juros no valor $ 300 à F3, referente ao dinheiro depositado. Nesta transação, a F3: 1. Não trocou nada 2. Não adquiriu nada 3. Ganhou o direito de resgatar $1.800 do FI, em vez dos $ 1.500 que tinha depositado. 13 Exemplos de Receitas e Despesas Os juros correspondem, portanto, a uma remuneração do investimento que a empresa teve. Trata-se de uma RECEITA que gera acréscimo do ATIVO 14 Exemplos de Receitas e Despesas Para comemorar e divulgar o início das atividades, a F3 ofereceu um coquetel, no dia da inauguração, que lhe custou $ 200. O coquetel corresponde a um gasto que a empresa teve. Não constitui um Bem, nem um Direito, nem uma Obrigação ou Receita. TRATA-SE DE UMA DESPESA 15 Conclusões Receitas e despesas são computados em separado pela Contabilidade, para se apurar o resultado que depois será incluído no PL. LUCRO E PREJUIZO Despesa = Débito (aplicação) Receita = Crédito (origem) 16 ESTOQUE Estoque é toda aplicação de recursos que, diretamente relacionada à atividade-fim da entidade, gera, por si só, benefícios econômicos futuros. 17 ESTOQUE Conforme o glossário do CPC PME, estoques são ativos mantidos: a) Para a venda no curso normal dos negócios b) No processo de produção para venda c) Na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos no processo de produção ou na prestação de serviços. 18 18 ESTOQUES • Os itens que compõem o Estoque variam de acordo com o ramo de atividade das entidades; • Nada impede que o Estoque seja classificado como Realizável a Longo Prazo. 19 ESTOQUE Ramo de Atividade Exemplo típico de Estoque Comércio Mercadorias para revenda Indústria Matérias-primas Produtos em elaboração Produtos Acabados 20 Exercício 1 Comércio ( ) Produtos acabados 2 Indústria ( ) Peças de reposição 3 Toda e qualquer atividade ( ) Matérias-primas ( ) Mercadorias para revenda ( ) Material de escritório ( ) Produtos em elaboração ( ) Material de limpeza 21 COMPRA DE MERCADORIAS É uma operação bem simples de ser contabilizada, quando se compra mercadorias normalmente esta fica estocada até que seja vendida, por isso, a compra de mercadorias é um bem da empresa, portanto, é um ativo. Por ficar estocada, chamamos a conta de Estoque de Mercadorias, ou simplesmente Estoque. 22 COMPRA DE MERCADORIAS Vejamos o exemplo: 1- Compra à vista de mercadorias no valor de $ 10.000. D- Estoque C- Caixa 10.000 23 COMPRA DE MERCADORIAS 2- Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 5.000. D- Estoque C- Fornecedores 5.000 24 COMPRA DE MERCADORIAS 3- Compra de mercadorias no valor de $ 8.000, sendo: 40% à vista e o restante a prazo. D- Estoque 8.000 C- Caixa 3.200 C- Fornecedores 4.800 25 VENDA DE MERCADORIAS A venda de mercadorias gera uma Receita de Vendas e é contabilizada na conta de resultados, se for uma venda a prazo sua contra partida será a conta de Contas a Receber ou Clientes que é o mais usual, como gera um direito a receber, esta conta é do ativo, vejamos os exemplos: 26 VENDA DE MERCADORIAS 1- Venda à vista de mercadorias no valor de $ 12.000. D- Caixa C- Receita de Vendas 12.000 27 VENDA DE MERCADORIAS 2- Venda a prazo de mercadorias no valor de $ 7.000 D- Clientes C- Receita de Vendas 7.000 28 VENDA DE MERCADORIAS 3- Venda de mercadorias no valor de $ 10.000, sendo: 40% à vista e o restante a prazo. D- Caixa 4.000 D- Clientes 6.000 C- Receita de Vendas 10.000 29 VENDA DE MERCADORIAS Quando vendemos mercadorias, temos que dar baixa em nosso estoque, pois, já não possuímos mais a quantidade que foi vendida. Neste momento é que contabilizamos também, o Custo da Mercadoria Vendida. 30 VENDA DE MERCADORIAS Notem, portanto, que no ato da compra de mercadorias a lançamos em Estoque e somente no ato da venda é que a contabilizamos como custo. A venda de mercadorias gera, então, dois lançamentos: um da receita e outro do custo, vejamos: 31 VENDA DE MERCADORIAS Venda de mercadorias à vista no valor de $ 10.000 , que me custaram $ 6.000. a)- D- Caixa C- Receita de Vendas 10.000 b)- D- Custo da Mercadoria Vendida (CMV) C- Estoque 6.000 32 MÉTODOS DE VALORAÇÃO DO ESTOQUE Em virtude de poder existir em estoque o mesmo material a valor unitário de aquisição diferente, no momento da requisição do material ao almoxarifado para aplicação na produção, foram criados diversos métodos para valorar o material e poder apropriar o seu custoà produção. 33 33 Critérios de avaliação do estoques • Os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo de aquisição ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor; • Gastos incorridos e necessários para colocar o ativo em condições de uso pela entidade devem ser considerados no custo de aquisição do estoque CPC 16 (R1) 34 34 Critérios de avaliação do estoques • Composição do custo de aquisição: – Valor da nota fiscal de aquisição – Gastos com frete – Seguro – Armazenamento quando pagos pelo comprador – Tributos incidentes sobre a compra (quando o comprador não puder recuperá-los) 35 35 Inventário e controle de Estoques • Inventários são levantamentos ordenados dos itens de estoques: –Permanentes –Periódicos 36 36 Controle Permanente dos Estoques Controle de itens de estoque concomitante às vendas, atrelando o CMV (controle físico / financeiro) ao valor do estoque remanescente. 37 37 Controle Permanente dos Estoques A cada venda realizada a empresa baixa o estoque da mercadoria negociada. Por qual valor baixar o estoque? Qual será o custo da mercadoria vendida? 38 38 Preço / Custo Específico; PEPS (FIFO): vendem-se primeiro as primeiras unidades adquiridas; UEPS (LIFO): vendem-se primeiro as últimas unidades adquiridas; Custo Médio Ponderado Móvel: divisão do valor global pelas unidades existentes. Observação: se nada restar em estoques, os CMV’s são idênticos, independentemente do método utilizado. Avaliação dos estoques 39 PEPS PEPS - O PRIMEIRO A ENTRAR É O PRIMEIRO A SAIR Este método, de origem estrangeira, é amplamente conhecido como FIFO, que é a abreviatura de First In - First Out. Significa que o primeiro valor a entrar é o primeiro valor a sair 40 PEPS Por exemplo, supondo que uma empresa tenha tido a seguinte movimentação em seu estoque: Dia 10: Comprou 05 unidades por $ 1.000 cada = $ 5.000 Dia 15: Comprou 02 unidades por $ 2.000 cada = $ 4.000 Dia 20: Comprou 03 unidades por $ 3.000 cada = $ 9.000 TOTAL: 10 unidades = $18.000 41 PEPS Dia 30 foram vendidos 08 unidades por $ 30.000,00. Dessa forma o custo da mercadoria vendida foi: 05 unidades x 1.000 = 5.000 02 unidades x 2.000 = 4.000 01 unidade x 3.000 = 3.000 T o t a l 12.000 42 PEPS Resultado: Receita 30.000 Custo (12.000) Lucro 18.000 No estoque permaneceram 02 unidades a 3.000,00 cada perfazendo um total de 6.000,00. 43 UEPS UEPS - O ÚLTIMO A ENTRAR É O PRIMEIRO A SAIR Da mesma origem do anterior, é amplamente conhecido como LIFO, que é a abreviatura de Last In - First Out. Significa que o último valor a entrar é o primeiro valor a sair, utilizando o exemplo acima teremos: 44 UEPS UEPS - O ÚLTIMO A ENTRAR É O PRIMEIRO A SAIR 03 unidades x 3.000 = 9.000 02 unidades x 2.000 = 4.000 03 unidade x 1.000 = 3.000 T o t a l 16.000 45 UEPS Resultado: Receita 30.000 Custo (16.000) Lucro 14.000 No estoque permaneceram 02 unidades a 1.000,00 cada perfazendo um total de 2.000,00. 46 CUSTO MÉDIO PONDERADO Consiste em valorar o custo e o estoque pelo custo médio, este método é o mais utilizado, tanto pelo comércio como pela indústria, pois, possibilita alocar a cada produto o custo médio da matéria prima empregada. 47 CUSTO MÉDIO PONDERADO Atualmente com os sistemas informatizados este método torna-se muito simples. No comércio, por exemplo, no ato da venda à medida que o caixa registra o produto pelo seu código de barras, automaticamente acontece a baixa do estoque e a apropriação do custo pelo valor médio ponderado naquele momento. 48 CUSTO MÉDIO PONDERADO Custo Médio: $ 18.000 dividido por 10 unid. = $ 1.800 por unidade. Então nesse exemplo o custo da mercadoria vendida será de: $ 1.800 x 08 unid. = $ 14.400 49 Custo Médio Resultado: Receita 30.000 Custo (14.400) Lucro 15.600 No estoque permaneceram 02 unidades a 1.800,00 cada perfazendo um total de 3.600,00. 50 Comparação dos Resultados: PEPS UEPS MÉDIO Receita 30.000 30.000 30.000 Custo (12.000) (16.000) (14.400) Lucro 18.000 14.000 15.600 51 CONTROLE PERIÓDICO DOS ESTOQUES Nesse método, a apropriação do custo é feita apenas no final de cada exercício, é obtido pela contagem física de cada tipo de mercadoria. Esta operação é denominada Inventário de Estoque. 52 CONTROLE PERIÓDICO DOS ESTOQUES Este método normalmente é utilizado pelo comércio e indústrias de pequeno porte que normalmente produzem apenas um tipo de produto. Seu custo se dá pela equação: Custo = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final. Abreviando temos: EI + C - EF 53 CONTROLE PERIÓDICO DOS ESTOQUES Supondo que uma empresa tenha tido a seguinte movimentação em seu estoque: Estoque inicial: 02 unidades à $ 90,00 cada. Dia 10: Comprou 02 unidades por $ 100,00 cada. Dia 15: Comprou 03 unidades por $ 110,00 cada. Dia 20: Comprou 04 unidades por $ 120,00 cada. Dia 30: Verificou-se que havia apenas 05 unidades no estoque. 54 CONTROLE PERIÓDICO DOS ESTOQUES Aplicando a equação EI + C - EF teremos: Estoque inicial: 02 unidades Compras ( 02 + 03 + 04 ): + 09 unidades Estoque final: - 05 unidades Quantidade vendida: 06 unidades 55 CONTROLE PERIÓDICO DOS ESTOQUES Depois de conhecida a quantidade vendida temos que calcular o custo médio ponderado: Quantidade Valor unitário Total 02 90,00 180,00 02 100,00 200,00 03 110,00 330,00 04 120,00 480,00 11 1.190,00 Custo médio unitário: 1.190,00 dividido por 11 unidades = 108,18 Então, multiplicando as 06 unidades vendidas por 108,18 teremos o custo total de 649,08. 56 56 Tem como finalidade eliminar dos estoques a parcela de custos que provavelmente não seja recuperável. A aplicação desse critério deve ser na avaliação dos inventários de final de cada ano. Dessa forma, perdas resultantes de estragos, obsolescência etc, são reconhecidas no exercício em que tais perdas ocorrem e não no exercício em que o estoque é vendido. Para estoques de matérias-primas, almoxarifado e outros materiais utilizados na produção, o valor de mercado é tido como o preço de reposição. Já o conceito de valor de mercado para produtos acabados e mercadorias para revenda representa o valor realizável líquido. Método de custo ou mercado, dos dois o menor 57 Método de custo ou mercado, dos dois o menor Supondo que uma empresa apresente a seguinte situação, para venda de seus produtos: A B C 1. Preço de venda 8,00 12,50 5,00 2. Despesas para vender 2,25 2,05 2,00 Embalagem 0,45 0,25 0,10 Frete 1,50 1,50 1,50 Comissões 0,30 0,30 0,40 3. Valor líquido realizável (1-2) 5,75 10,45 3,00 4. Custo (de aquisição ou fabricação) 5,00 10,00 3,50 Perda Estimada p/ redução ao vlr. recuperável - - (0,50) 58 Exemplo - Evento Método de custo ou mercado, dos dois o menor D – Despesa com Perda Estimada p/ redução ao vlr. recuperável C – Perda Estimada p/ redução ao vlr. recuperável (redutora Estoque) 59 O estoque final de um período é, obviamente, o estoque inicial do período seguinte. Considere as informações: Estoque Inicial: 10 unidades a $ 10,00 cada; Compras 1: 5 unidades a $ 11,00 cada; Compras 2: 6 unidades a $ 11,70 cada; Vendas 1: 7 unidades Compras 3: 4 unidades a $ 12,00 cada; Vendas 2: 12 unidades Quais os valores de CMV e do Estoque Final ($) pelo PEPS, UEPS e CMPM? Avaliação dos estoques 60 Referências Bibliográficas • SZUSTER, Nata et al. ContabilidadeGeral. 3ª. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Cap. 6. • BORINELLI, Márcio e PIMENTEL, Renê. Curso de Contabilidade para Gestores, Analistas e Outros Profissionais. São Paulo: Atlas, 2010. Cap. 6
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