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CRISE HIPERTENSIVA ● Inúmeras são as consequências deletérias da HAS crônica em órgãos-alvo ● Crise hipertensiva → uma condição em que altos níveis de pressão arterial estão acarretando prejuízo agudo ao organismo, necessitando de um controle pressórico mais rápido ○ cérebro, rins e coração ● Pseudocrise hipertensiva → paciente hipertenso crônico estágio 2 (PA > 160/100 mmHg) e apresenta sintomas não relacionados à hipertensão em si (cefaléia, parestesias, sensação de mal-estar) ○ observar o paciente em repouso, ambiente calmo e fazer tratamento direcionado a queixa principal (analgésicos, tranquilizantes) ● Erro comum é fazer anti-hipertensivos nessas pseudocrises → pode causar danos ao paciente, pois para ele, a ↓ deve ser feita de modo gradual PAM = PAS + 2. PAD / 3 ➢ Fisiopatologia ● Quadro clínico causado pelo efeito da HA ○ Uma HA grave de instalação aguda pode causar lesões orgânicas decorrentes de: ○ ruptura vascular (AVE), extravasamento de líquido (encefalopatia hipertensiva), hiperplasia arteriolar aguda (nefroesclerose hipertensiva maligna) e ↑ das pressões de enchimento ventricular (EAP hipertensivo) ● Há uma patologia aguda associada cuja a evolução está sendo agravada pela HA ○ IAM, angina instável e a dissecção de aorta ○ ↑ do pós-carga eleva o consumo de O2 pelo miocárdio → piora a isquemia cardíaca ➔ Autorregulação do fluxo orgânico ● Órgãos como cérebro, rins e o miocárdio do coração, possuem mecanismos finos de autorregulação do fluxo arterial ○ mesmo com a PAM variando, eles mantém fluxo constante, até certo ponto ● ↑ PAM → vasoconstricção ● ↓ PAM → vasodilatação ● Em indivíduos não hipertensos, a faixa é de PAM entre 60-120 mmHg ● Se PAM < 60 mmHg → hipoperfusão, mesmo com o máximo de vasodilatação ● Se PAM > 120 mmHg → possível extravasamento e ruptura vascular, pois ultrapassou a vasoconstrição máxima ● Em um indivíduo com PA normal/baixa → PA > 170 x 100 mmHg (PAM > 120 mmHg) → Crise hipertensiva ➔ Ajuste no hipertenso crônico ● No hipertenso crônico, por causa dos níveis tensionais elevados constantemente, o mecanismo de autorregulação está alterado ● Fluxo constante com PAM de 120 a 160 mmHg ● Nesses casos, só tem hiperfluxo com extravasamento se PAM > 160 mmHg (PA > 220 X 130) ○ a redução abrupta para abaixo de 120 mmHg pode levar a hipoperfusão (hipofluxo cerebral e coronariano) ● Os níveis limites de PA dependem do paciente avaliado ○ se hipertenso ou não e a rapidez de elevação da PA EMERGÊNCIA E URGÊNCIA HIPERTENSIVA ➔ Emergência hipertensiva: condição na qual a PA está causando prejuízo agudo orgânico, geralmente graves e com risco de vida, exigindo controle rápido ➔ Urgência hipertensiva: PA muito alta, mas ainda não provocou lesão de órgão-alvo. ◆ esses pacientes possuem risco considerável de evoluir com emergência hipertensiva nos próximos dias ● Deu-se os valores de PAS ⩾ 180 e PAD ⩾ 120 ➢ Abordagem das emergências hipertensivas 1) Anti-hipertensivos parenterais ● Nas emergências hipertensivas (EH), deve-se usar AH IV, pelo início ser mais rápido e serem mais potentes ➢ Nitroprussiato de sódio ● É um nitrato com potente efeito direto vasodilatador arterial e venoso ● Pode induzir ao “roubo coronariano” → ↑ da área de isquemia miocárdica ● É o anti-hipertensivo parenteral mais potente ○ Meia-vida curta ● Faz em infusão contínua, na dose de 0,25-10 μg/kg/min ● Um quadro de hipotensão pode ser rapidamente revertido com interrupção da droga ● Teoricamente tem efeito “vasodilatador cerebral” e isso prejudicaria uma encefalopatia hipertensiva, mas continua sendo usado com sucesso ● Deve ser evitado em isquemia miocárdica e na eclâmpsia antes do parto ● Metabolizado nas hemácias em cianeto → tiocianato (fígado) ● Intoxicação pelo tiocianato → agitação psicomotora, confusão mental, fadiga, vômitos e coma ○ terapia prolongada e pacientes de insuficiência renal ● Intoxicação pelo cianeto → acidose metabólica, arreflexia, midríase, convulsões, pele rosada e hálito com odor de amêndoas amargas ○ adm nitrito de sódio a 3% e tiossulfato de sódio a 25% ➢ Nitroglicerina ● É um nitrato de ação vasodilatadora que predomina no sistema nervoso e nas coronárias epicárdicas ○ excelente efeito anti-isquêmico do miocárdio, ↓ pré e pós-carga ● Doses maiores dilatam o leito arterial ● Droga de escolha para CH do IAM e da angina instável ● 5-100 μg/min, em infusão contínua venosa ● Meia-vida de 3-5 min ● Após as primeiras 12-24h desenvolve-se tolerância ➢ Enalaprilato ● É um IECA ● É o princípio ativo do enalapril ● Pode ser uma alternativa, exceto na eclâmpsia (teratogênico) ● Início de ação é de 15 min e dura 6h ● 1,25-5 mg IV 6/6h ● Muito bom para EAP hipertensivo ➢ Hidralazina ● Vasodilatador arterial direto → bem efetivo em artérias placentárias ● Uso isolado dá taquicardia, hiper contratilidade miocárdica ● Escolha para eclâmpsia ○ 10-20 mh IV 6/6h ou 10-50 mg IM 12/12h ● Início em 10-30 min e dura 3-8h ➢ Furosemida ● Pelo efeito vasodilatador e rápida ação diurética, deve ser administrado no EAP ● Pode ser usado para potencializar outras drogas, exceto em casos de hipovolemia e na eclâmpsia ➢ Nicardipina (não tem no Brasil) ● Bloqueador de canal de cálcio do tipo di-hidropiridina ● Faz em infusão venosa de 5-15 mg/h ● Tem efeito semelhante ao do nitroprussiato de Na+, mas com menos efeitos adversos ● Não deve ser 1ª escolha em EAP, pelo seu efeito inotrópico negativo ➢ Labetalol (não tem no Brasil) ● É um alfa e beta bloqueador, agindo como vasodilatador arterial e venoso, além do efeito cardioinibitório ● Pode ser feito em ingestão contínua 2 mg/min (após bolo de 20-80 mg IV) ● Dura 3-6h após suspensão ● Não é bom para EAP, por efeito inotrópico negativo ● Droga de escolha para dissecção de aorta aguda e no AVE com PAD 120-140 ➢ Outras ● Esmolol → betabloq de T ½ de 1-2 min ○ pode ser usado em isquemia miocárdica ou dissecção de aorta ● Verapamil e diltiazem → bloq de canal de cálcio ○ para dissecção de aorta em pacientes com contraindicação aos beta-bloq ● Alfametildopa → pode ser feito na eclâmpsia (2ª droga de escolha) ● Trimetafan (não tem no Brasil) → bloqueador ganglionar ○ são drogas obsoletas, muitos efeitos adversos ○ contraindicado em isquemia miocárdica e dissecção de aorta 2) Drogas orais de meia-vida curta ● Na ausência de risco iminente de vida, ou na urgência hipertensiva, devemos usar drogas por VO ou sublingual de ação rápida ● Corrigir todos os fatores que podem ↑ PA, como dor, estresse, hipoglicemia, hipoxemia, etc ➢ Captopril ● Pode ser considerada a droga de escolha para urgência hipertensiva ● É contraindicado na gestação ● É o IECA de menor meia-vida ● Tem início em 15 min e dura 4-6h, se VO ○ 6,25-50 mg ● Ele reajustam a curva de autorregulação do fluxo cerebral ○ ↓ incidência de fenômenos de hipofluxo cerebral ➢ Diuréticos ● Furosemida é o diurético de meia-vida mais curta e de início mais rápido ● Indicado nas urgências hipertensivas, apenas em casos de refratariedade do esquema anti-hipertensivo ● Não pode em hipovolemia ● Após estabilizar, troca a furosemida por um tiazídico ➢ Nifedipina ● A principal absorção é a enteral ● Nunca foi aprovada pelo FDA ● Existem graves efeitos adversos potenciais ○ PA cai abruptamente, até para níveis de hipotensão ○ hipotensão severa, IAM, AVE, angina instável ● Não deve ser usada como 1ª linha para tratamento de crise hipertensiva ● É formalmente contra-indicada em angina, IAM, TIA, AVE e dissecção de aorta ● É bom para negros e IRA preciptada pleo captopril ● 5-10 mg VO ○ início em 5-15 min e dura de 3-5h ➢ Clonidina ● É um alfa-2-agonista central e imidazólico ● Início de 0,5-2h e dura de 6-8h ● Faz 0,2 mg VO, seguido de 0,1 mg 1/1h (não passar de 0,8 mg) ● Tem efeito sedativo → contra-indicado em paciente de comprometimento neurológico grave ➢ Propranolol ● Beta-bloq ● Quando feito por VO, na dose de 10-40 mg, tem início em 0,5-2h e uma duração de 8-12h ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA● Aumento súbito e significativo da PA pode ultrapassar os limites da autorregulação do fluxo cerebral e → extravasamento do líquido → edema cerebral ● Os microvasos cerebrais perdem capacidade de autorregulação e dilatam-se pelo efeito lesivo da HA ● Para pacientes hipertensos crônicos → PA > 24 x 12 já é suficiente ➔ Sinais e sintomas ● O 1º é a cefaleia, geralmente fronto occipital ou holocraniana (pior pela manhã, após o sono) ● Sínd. da hipertensão intracraniana e edema cerebral, de forma insidiosa ○ náuseas, vômitos, ↓ nível de consciência, crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas ● Hiperreflexia, sinal de babinski, mioclônus ● DX é AVE hemorrágico ○ AVEh geralmente é súbito ● TC sempre indicada ● RNM pode encontrar “sínd. da leucoencefalopatia posterior” → edema reversível ➔ Conduta ● Internado + medicação anti-hipertensiva ● Preferir EV de T ½ curta para baixar a PA de forma rápida ● Pode fazer nitroprussiato de Na+, nicardipina ou labetalol ● ↓ PAM em 25% na 1ª hora ● Manter PA em torno de 160 x 110-100 nas próximas 2h-6h ● Evitar reduções intensas, pois pode resultar em isquemia e AVEi ● Depois de estabilizado, o esquema de anti-hipertensivos orais deve ser iniciado/retomado ● Manter 135 x 85 nas 24h-48h subsequentes ● O nitroprussiato pode piorar a vasodilatação cerebral e o edema, mas sua eficácia em ↓ PA suplanta esse problema AVE HEMORRÁGICO ● A maioria dos AVEh ocorrem em indivíduos hipertensos ● Uma súbita elevação da PA é o gatilho para o evento hemorrágico ● Edema cerebral e a hipertensão intracraniana resultantes desencadeiam o reflexo de Cushing (↑ PA e ↓ FC) ● Os altos níveis tensionais podem piorar o sangramento e o edema ○ mas a normalização também pode ser deletéria, porque causa isquemia nas áreas de vasoespasmos e no tecido cerebral edemaciado ● Edema cerebral aparece em 30% dos casos ○ craniectomia descompressiva ● Pacientes de AVEh < 6h é tratado dia cordo com PAS ○ PAS > 220: ↓ PA em até 25% na 1ª hora, usando drogas parenterais de fácil titulação. Redução paulatina posterior. ○ PAS entre 150-220: reduzir PA para < 180, sem contudo, deixar a PA cair abaixo de 140 mmHg nas primeiras horas ➔ Sinais e sintomas ● Suspeitar de AVEh em paciente com cefaleia súbita, associada ou não a: ○ crise convulsiva focal ou generalizada, ↓ do nível de consciência, instalação súbita de déficit neurológico ● Hemorragia subaracnóide geralmente não se manifesta com déficit focal ○ o que chama atenção é cefaleia súbita, com posterior queda do nível de consciência ○ rigidez de nuca nos primeiros 2 dias ● Quadro de déficit focal súbito, sem alteração de nível de consciência sugere mais AVEi ➔ Conduta ● Após internação, monitorizar PAM e PIC ● Iniciar anti-hipertensivos venosos (nitroprussiato de sódio, nicardipina, labetalol) ● Se hemorragia subaracnóide → nimodipina (60 mg 4/4h) → efeito protetor neuronal ● Manitol como adjuvante à terapia do edema AVE ISQUÊMICO ● É uma das principais complicações de HAS crônica ● Quando uma artéria cerebral é subitamente ocluída → isquemia cerebral → áreas de necrose ● A circulação colateral mantém alguma perfusão da área periférica (protegendo da necrose) → “área de penumbra isquêmica" ○ a perfusão dessa área depende da PA ● A ↓ súbita da PA pode aumentar o infarto cerebral, por ↓ penumbra isquêmica → recomenda-se não tratar a PA na fase aguda do AVEi ○ Apenas se muito alto (> 20 x 120) ● Recomendação se não for usar trombolítico → ↓ inicial da PA em 15% nas primeiras 24h após AVEi ● Nos candidatos aos trombolíticos (T < 4,5h) → só pode fazer se PA < 185 x 110 mmHg ● Nas primeiras 24h após a trombólise, a meta é manter PA < 180 x 105 mmHg ● Nitroprussiato é o de escolha, mas pode usar labetalol ● Contraindicada nifedipina ● Se paciente de AVEi estiver com PA > 140 x 90 mmHg durante a hospitalização, já neurologicamente estável → é seguro iniciar terapia anti-hipertensiva oral IAM E ANGINA INSTÁVEL ● Nas SCA costuma ocorrer ↑ de PA pela própria isquemia, que desencadeia reflexo autonômico de ↑ do tônus adrenérgico ○ ↑ consumo de O2 pelo miocárdio ○ pelo ↑ da PA, da FC e do RVP ● O tratamento tem objetivo de ↓ pós-carga sem ↑ FC ou reduzir de forma exagerada a pré-carga ● Meta → PAS < 140 mmHg (evitando < 120) e PAD de 70-80 mmHg ● Beta-bloq são os de escolha (metoprolol, esmolol) e a nitroglicerina ● A nitroglicerina dilata artéria coronária (melhora oferta de O2 para o miocárdio) ● Hidralazina, nitroprussiato, nifedipina não são indicados (podem fazer “roubo coronariano”) ● Nitroglicerina IV deve ser usada nas primeiras 48h se tiver hipertensão, isquemia persistente e IC (congestão pulmonar - ↓ pré-carga) ○ contra-indicada em hipotensão, IAM de VD e uso de inibidores de fosfodiesterase-5 nas 48h anteriores ○ seu uso não exclui emprego de drogas que ↓ mortalidade, como beta-bloq e IECA ● Os beta-bloq IV são usados se o paciente não tem sinais de IC ou fatores de risco para choque cardiogênico DISSECÇÃO AÓRTICA AGUDA ● É o evento no qual há uma súbita ruptura da camada íntima da aorta como um “rasgo”, o que deixa o sangue penetra entre a íntima e a camada média da artéria → “dissecando” ● O espaço dissecado é chamado de “falsa-luz” ● É preciso ter fraqueza de parede da aorta ○ aterosclerose (íntima); média (necrose cística hereditária) ○ + força de cisalhamento do sangue ● Essa força significa o “impacto tangencial do sangue” sobre a parede da aorta ○ ↑ contratilidade miocárdica = ↑ força de cisalhamento ● As consequências catastróficas → ruptura da camada média e adventícia → tende a ser fatal ● O local da hemorragia depende da porção da aorta que rompeu e as suas relações anatômicas ○ ruptura de aorta ascendente leva a hemopericárdio + tamponamento cardíaco ○ ruptura de aorta descendente torácica → hemomediastino ou hemotórax, com choque obstrutivo (compressão da cava) ou hemorrágico ○ na aorta descendente abdominal → hemorragia digestiva franca ou um hemoperitônio, com choque hemorrágico ➔ Classificação de Bakey ● Tipo I ○ 70% dos casos ○ rasgo na ascendente e a dissecção estende-se pela aorta ascendente, arco aórtico e aorta descendente ● Tipo II ○ 5% dos casos ○ rasgo na aorta ascendente e a dissecção é restrita à aorta ascendente, não passa a artéria inominada ● Tipo III ○ 25% dos casos ○ rasgo na descendente (além da subclávia esquerda) e a dissecção é restrita à aorta descendente ○ III A → dissecção apenas na aorta descendente torácica ○ III B → estende-se para a aorta abdominal ➔ Classificação de Stanford ● Tipo A → 75% dos casos ○ compromete aorta ascendente (Tipo I, II de Bakey) ● Tipo B → 35% dos casos ○ não compromete aorta ascendentes (tipo III de Bakey) ➔ Sinais e sintomas ● Os tipos I e II fazem início súbito de uma dor torácica retroesternal, de grande intensidade, associada a náuseas e sudorese ● Depois a dor vai ↓ e dá lugar a uma dor na região dorsal do tórax (extensão para aorta descendente) ● A dor então migra para região lombar (aorta abdominal) ● Dor cortante ou rasgante ou em aperto ● IAM é um diferencial ○ na dissecção, a dor forte é logo no começo, no IAM ela geralmente é progressiva ● Tipo III → dor súbita na região dorsal torácica ou toracolombar ● Diferença significativa de pulso ou PA > 20 mmHg entre MMSS ● Déficit neurológico focal ou sopro carotídeo intenso, por causa da dissecção da inominada ou da carótida ● Sopro de insuficiência aórtica aguda, por dissecção dos folhetos aórticos ● A dissecção da aorta abdominal pode estender para as renais → hipertensão severa renovascular ○ sopro sisto diastólico na topografia de artéria renal ● Complicações de DAA ○ tamponamento cardíaco, compressão de mediastino (choque com turgência jugular), choque hemorrágico + síndrome do derrame pleural e ascite ➔ Diagnóstico ● Depois de afastar diagnóstico de SCA pelo ECG + marcador de necrose ○ deve-se pensar em dissecção de aorta ● A dissecção pode acometer coronária, o que faria um IAM associado ● Presença desinais sugestivos de DA, contraindica uso de trombolítico, mesmo se tiver SUPRA ● Sempre pensar em DA em paciente de dor torácica associada à AVC ● RX, ecocardiograma transtorácico, eco transesofágico, TC ● RX vê alargamento de mediastino (aorta ascendente) ○ sinal do cálcio → separação > 1 cm entre a calcificação da parede aórtica (íntima) e o contorno externo da aorta ● Tipo A (tipo I e II) ○ aorta ascendente e/ou arco ○ o melhor é o eco transesofágico → vê a falsa-luz ○ TC com sensibilidade de 85-95% e RM com 98% ○ Aortografia caracteriza a anatomia da dissecção de aorta, mas é invasivo e nefrotóxico ● Tipo B (tipo III) ○ aorta descendente e abdominal ○ tanto TC como RM são escolhas e possuem boa sensibilidade ➔ Tratamento medicamentoso ● O objetivo é ↓ a PA e a força contrátil do miocárdio ● PAS deve ficar entre 100-120 nos primeiros 20 min→ droga inotrópica negativa deve ser usada (beta-bloq) ● Labetalol pode ser usado em monoterapia ● Associação de nitroprussiato de sódio + propranolol venoso ○ propranolol na dose de 1 mg IV em bolo, de 5/5 min, até ↓ FC para < 60 min ● Esmolol também é uma opção ● Se contra-indicação aos beta-bloq → verapamil ou diltiazem ● É contraindicado hidralazina, minoxidil, diazóxido → dilatadores diretos; nifedipino ● Trimetafan era, antigamente, a droga de escolha para dissecção de aorta ● Se a PA está normal, fazer apenas beta-bloq ● Se choque hemorrágico→ ressuscitação volêmica e uso de aminas vasopressoras ● Tamponamento cardíaco deve ser tratado cirurgicamente ➔ Tratamento cirúrgico ● O risco de complicações graves na dissecção de aorta torácica proximal é muito alto, mesmo com uso de remédio, por isso sempre está indicada cirurgia ● Estabilizar o paciente com fármacos primeiro ● Se em choque franco, tamponamento ou complicação grave (AVEi) → imediatamente para cirurgia ○ ressecção do rasgo ○ descompressão da falsa-luz ○ na descompressão desobstrui os ramos da aorta e os folhetos se ressuspendem ● Mortalidade cirúrgica depende da estabilidade clínica pré-operatória do paciente ● A cirurgia do arco aórtico é mais complicada ● Na dissecção tipo B, a indicação cirúrgica é controversa ○ geralmente trata-se de modo conservador, mas se faz obstrução, hipertensão renovascular, ruptura ou expansão → cirurgia ➔ Prognóstico ● A tipo A ○ 30% morre nas primeiras 24h; 50-70% na primeira semana e 90% do primeiro mês ○ hemopericárdio com tamponamento cardíaco ● Tipo B → tem melhor prognóstico ○ mortalidade de 25% do 1º mês ● Complicações pós-operatórias tardias → recorrência de dissecação, formação de aneurisma de aorta e risco de ruptura HIPERTENSÃO ACELERADA MALIGNA NEFROESCLEROSE HIPERTENSIVA MALIGNA ● É uma crise hipertensiva, onde altos níveis pressóricos cursam com lesões vasculares progressivas → retina e rins ● Crise hipertensiva acompanhada de retinopatia, com ou sem injúria renal aguda associada ● Fundoscopias com exsudatos, hemorragias (retinopatia grau III) ou papiledema (retinopatia grau IV) + HA rapidamente progressiva ● Pacientes evoluem com emergência hipertensiva ou IR progressiva ➔ Fisiopatologia ● O marco da doença é a lesão vascular ● Nos rins há nefroesclerose maligna: arteriosclerose hiperplásica ○ necrose fibrinoide da íntima + hiperplasia em “bulbo de cebola” da média ➔ Dados clínicos ● É mais comum em negros ● Pode está assintomático com com vômitos, cefaleia, alterações encefalopatias ● Ur e Cr ↑ ● EAS com proteinúria, hematúria, cilindrúria ● Pode se instalar anemia hemolítica microangiopática ● Uma causa secundária de HAS é comumente associada ○ sempre pesquisar HAS secundária nesses pacientes ➔ Tratamento ● Anti-hipertensivo parenteral → ↓ PAM até 25% na 1ª hora ● Paciente inicia/retoma o tratamento das drogas orais ● A insuficiência renal pode piorar num primeiro momento (pela ↓ da perfusão), mas espera-se resolução das lesões vasculares e retorno a TFG OUTRAS EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS ➢ Crise do feocromocitoma ● Tumor hipersecretante de catecolaminas (adrenalina/nora) ● Hipertensão severa, taquicardia, fadiga e sudorese ● Pode haver encefalopatia hipertensiva ou EAP ● Tratamento com alfa-bloq fentolamina (2-5 mg IV 5/5 min até controle da PA) ● Na ausência de fentolamina, pode fazer prazosin VO ● Nunca fazer beta-bloq isoladamente, pois bloqueia os receptores beta-vasculares e as catecolaminas ficam agindo sobre os receptores alfa-1 (de vasoconstrição) → exacerbando a crise ● Evitar diuréticos, pode precipitar choque hipovolêmico ➢ Intoxicação com cocaína ● Fazer altas doses de diazepam + anti-hipertensivos que não o beta-bloq ➢ Síndrome de Rebote ● Após suspensão dos anti-hipertensivos de modo abrupto "clonidina e metildopa” ● Suspendendo abruptamente os medicamentos, os níveis de nora começam a subir e faz a crise ● Tratar com a re-administração desses fármacos e desmame paulatino ABORDAGEM NA URGÊNCIA HIPERTENSIVA ● Paciente com PA ⩾ 180/120 mmHg que está assintomático ou oligossintomático ● Deixa internado até PA de 160 x 100 mmHg ● Faz controle com anti-hipertensivos VO ● Não é indicado nifedipino (risco de queda abrupta → AVE, IAM) ● Passar para casa esquema anti-hipertensivo, geralmente tiazídico + outra droga de T ½ longa EDEMA AGUDO DE PULMÃO ● Cerca de 13% das ICA fazem quadro sindrômico de EAP ● EAP pode acontecer em ICFER ou ICFEN ○ na ICFER tende a ter prognóstico pior ● Principais desencadeadores ○ crise hipertensiva ○ insuficiência mitral aguda ○ SCA ● ICA nova ○ congestão pulmonar sem congestão sistêmica ○ o tratamento quer redistribuir o volume da circulação pulmonar para a periférica ○ uso de vasodilatadores e diuréticos + pressão positiva da ventilação não invasiva ○ VNI quer ↓ trabalho da musculatura respiratória e evitar hipoxemia ● Principal indicação de VNI → congestão pulmonar + FR > 25 + Sat O2 < 90% ○ VNI ↓ taxa de intubação e mortalidade pelo EAP cardiogênico ● VNI ajuda a ↓ PA, pois ↑ pressão intratorácica e assim ↓ retorno venoso ○ isso dificulta sua utilização em pacientes hipotensos ou paciente de SCA ● Opioides deprimem o sensório, causam hipotensão , náuseas e ↓ de drive ventilatório ○ não são proibidos, mas devem ser usados com cautela ● IC crônica descompensada → congestão pulmonar e sistêmica ○ o tratamento quer negativar o balanço hidrossalino ○ diuréticos + vasodilatadores e, eventualmente, ionotrópicos
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