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Avaliação ADM II - Renata Peixoto

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FACULDADE BAIANA DE DIREITO
DIREITO ADMINISTRATIVO II
DOCENTE: RENATA PEIXOTO
DISCENTE: ISIELE BATISTA DE SOUZA
TURMA: T5A
II AVALIAÇÃO
QUESTÃO 1:
Márcio, servidor público federal estável, foi submetido a processo
administrativo disciplinar, acusado de cobrar valores para deixar de praticar
ato de sua competência, em violação de dever passível de punição com
demissão. A Comissão Processante elaborou relatório, no qual entendeu que a
prova dos autos não era muito robusta, mas que o testemunho de Júlia, também
servidora, por si só, era suficiente para a aplicação da pena de demissão, o que
foi acatado pela autoridade julgadora competente, a qual se utilizou do próprio
relatório como motivação para aplicar a pena. Diante da gravidade da
conduta imputada a Márcio, foi também instaurado processo criminal, que
resultou na sua absolvição por ausência de provas, e o Magistrado, diante dos
desencontros do testemunho de Júlia na ação penal, determinou a produção de
cópias e remessa para o Ministério Público, a fim de que tomasse as
providências que entendesse cabíveis. O MP, por sua vez, denunciou Júlia pelo
crime de falso testemunho considerando os exatos fatos que levaram à
demissão de Márcio no mencionado processo administrativo disciplinar, e, após
o devido processo legal, ela foi condenada pelo delito, por meio de decisão
transitada em julgado. Na qualidade de advogado (a) consultado (a), responda às
seguintes perguntas:
A) No processo administrativo federal, poderia a autoridade competente
para o julgamento ter se utilizado do relatório da comissão processante
para motivar o ato de demissão de Márcio? (Valor: 2,5)
R: A comissão processante é fundamental no PAD (Processo Administrativo
Disciplinar) pois trata-se do órgão competente para apurar os fatos delituosos
praticados pelo denunciado. Bandeira de Mello destaca que: “o princípio da
motivação impõe à administração pública o dever de expor as razões de direito e
de fato pelas quais tomou a providência adotada".1 Logo, a motivação é
necessária para todo e qualquer ato administrativo, pois a falta de motivação ou
indicação de motivos falsos ou incoerentes torna o ato nulo.2 O relatório final da
comissão se constitui num conjunto de alegações do órgão instrutor e acusador
que possui grande grau de vinculação com a decisão.3
Portanto, temos que o relatório será sempre conclusivo quanto à inocência
ou a responsabilidade do servidor. Reconhecida a responsabilidade a comissão
indicará o dispositivo legal transgredido. O processo disciplinar, com o relatório
da comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
julgamento. Em regra, o julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
quando contrário à prova dos autos. Quando o relatório contrariar as provas dos
autos, a autoridade poderá motivadamente agravar a penalidade, abrandá-la ou
isentar o servidor da responsabilidade. No caso de Márcio, a comissão
processante ao apreciar as provas no relatório final identificou inconsistências
sobre a denúncia, no entanto, levou em consideração o depoimento testemunhal
de Júlia, alegando ser suficiente para a demissão de Márcio, no qual o julgador
3 ROZA, Cláudio. Processo Administrativo Disciplinar e Ampla Defesa. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2008,
p. 115
2 GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo – 10. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva 2005.
p.23.
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo – 15. ed. – São Paulo:
Malheiros, 2002. p. 70
competente o acolheu. Com relação a este fato é questionável se poderia a
autoridade competente para o julgamento ter se utilizado do relatório da
comissão processante para motivar o ato de demissão de Márcio. Bom, de
acordo com o art. 50, § 1º, da Lei nº 9784/99 (Lei de procedimento
administrativo) e o art.168 da Lei nº 8.112/90 (Regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais) no
processo administrativo federal, o relatório pode ser utilizado como motivação.
Logo, a autoridade competente para o julgamento poderia utilizar o relatório da
comissão processante. Acerca desse fato Maria Silvya Zanella di Pietro entende
pelo cunho sugestivo do relatório, o que não obriga a autoridade julgadora a
decidir de maneira semelhante, contudo, sempre ressaltando a necessidade de
fundamentação:
"A fase final é a de decisão, em que a autoridade poderá
acolher a sugestão da comissão, hipótese em que o
relatório corresponderá à motivação; se não aceitar a
sugestão, terá que motivar adequadamente a sua
decisão, apontando os elementos do processo em que se
baseia".4
B) A condenação penal de Júlia poderia ensejar a revisão do processo
administrativo disciplinar que levou à demissão de Márcio? (Valor 2,5)
R: Observa-se que Márcio foi demitido em processo administrativo e absolvido
em processo penal, que repercute no processo administrativo, assim este tem
direito a reintegração ao cargo que ocupava. Nestes casos a sentença penal
absolutória é título penal hábil para a reintegração. A prova testemunhal de Júlia
foi o fato ensejador da demissão de Márcio e sua condenação pelo crime de
falso testemunho, pelas mesmas circunstâncias, se apresenta como fato novo
4 DI PIETRO, Mara Sylvia Zanela. Direito administrativo. 10. ed. São Paulo: Atlas,
1999.p.86
suscetível de justificar a inocência do servidor e promover a revisão do processo
administrativo disciplinar, baseado no art. 174, da Lei nº 8112/90. Que
predispõe que: "O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias
suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade
aplicada".5
QUESTÃO 2:
Disserte qual a relação entre o processo decisório orientado pelas
evidências e o exercício da competência discricionária pela Administração
Pública. (Valor 5,0) Obs. Nesta questão o número mínimo e máximo de
linhas são 10 (dez) e 25 (vinte e cinco), respectivamente.
R: Para efetuar esta correlação se faz necessário frisar que estamos diante de
matéria de Governança pública. Esta trata-se do processo pelo qual atores
estatais e não-estatais interagem para formular e implementar políticas dentro de
um conjunto, predefinido de regras formais e informais que moldam e são
moldadas pelo poder” (Banco Mundial, 2017). Está pautada no Decreto nº
9.203/17. Este diploma legal, estabelece em seu art. 6º, parágrafo único, III que
compete à alta administração dos órgãos e das entidades, implementar e manter
mecanismos, instâncias e práticas de governança que promovam o processo
decisório fundamentado em evidências. Este, por sua vez, consiste em uma
política informada por evidência (PIE), ou seja, que essencialmente se utiliza
do conhecimento científico e literário na tomada de decisões no que se refere às
políticas públicas aplicadas com as melhores comprovações disponíveis. Como
ocorre por exemplo na área da saúde. Neste contexto surge a indagação de qual
5 BRASIL. Decreto Lei 8.112 /1990. DETERMINADA PELO ART. 13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE
DEZEMBRO DE 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm
Acesso em: 25/11/2021.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm
seria a relação entre o processo decisório orientado pelas evidências e o
exercício da competência discricionária pela Administração Pública. Acerca de
discricionariedade administrativa, Bandeira de Mello elucida que esta:
"é a margem de liberdade que remanesça ao administrador
para eleger, segundo critérios consistentes de razoabilidade,
um, dentre pelo menos dois comportamentos cabíveis, perante
cada caso concreto, a fim de cumprir o dever de adotar a
solução mais adequada à satisfação da finalidade legal, quando,
por força da fluidez das expressões da lei ou da liberdade
conferida no mandamento, dela não se possa extrair
objetivamente, uma solução unívoca para a situação vertente”.6
No entanto, observa-seno cenário brasileiro que nem sempre as decisões
tomadas por gestores públicos são as melhores, o que ocorre é uma relativização
do que seriam esses "critérios consistentes de razoabilidade". Assim, a
liberdade concedida é erroneamente interpretada como um aval aos tomadores
de decisão que baseado em: "experiências próprias, interesses sociais,
disponibilidade de recursos, oportunidade política, influência de legisladores,
lobistas, mídia e opinião pública;"7 Criam: "intervenções sem efeito, ainda que
realizadas com muita vontade política, tendem a ser extintas ou reformuladas
em sua totalidade".8 O resultado são políticas ultrapassadas, iguais e passíveis
dos mesmos erros. Assim a PIE é um meio eficaz para orientar o gestor com as
melhores evidências possíveis acerca do setor/serviço que pretende ser
transformado.
8 RAMOS, Maíra Catharina; DA SILVA, Everton Nunes. Como usar a abordagem da Política
Informada por Evidência na saúde pública? Saúde em Debate - 2018. p.207
7 RAMOS, Maíra Catharina; DA SILVA, Everton Nunes. Como usar a abordagem da Política
Informada por Evidência na saúde pública? Saúde em Debate - 2018. p.207
6 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Discricionariedade e controle jurisdicional, São Paulo,
Malheiros, 2012. p.48.

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